10.31.2006

Escorço

No meu 2º ou 3º ano de faculdade, na aula de desenho fizemos nus. Lembro-me do professor estar a falar do escorço*, de como esta é a posição mais difícil de desenhar. Porque o olho vê algo que o cérebro percepciona de forma diferente. Ou seja, se um pé estiver de frente e apenas conseguirmos ver uma ínfima parte da perna, ainda assim sabemos que a perna tem um certo cumprimento, logo a nossa pecepção visual é de uma perna de tamanho normal (e não daquela ínfima parte). É por isso que se torna difícil de desenhar: porque temos que ver só com os olhos, sem interferência do cérebro.

Isto aplica-se ao desenho, mas a verdade é a que tantas e tantas coisas se podia aplicar. Quantas vezes não obliteramos a realidade, enganados pelas nossas noções pré-formatadas, pelas nossas hormonas, pelo nosso cérebro, por nós próprios?
É o escorço, é o que é.


*arte de representar os objectos em proporções menores que a realidade; efeito de perspectiva, segundo a qual os objectos, vistos de frente, apresentam dimensões reduzidas ; (do priberam.)

10.30.2006

Cada vez mais

tenho dificuldade em encontrar roupa que me sirva.
Não fui eu que encolhi, os tamanhos é que alargaram tanto que o 34 me fica grande. O que vale é que na secção de criança da Zara a roupa é tudo menos infantil.

(post a compensar ali o "fora de forma" em baixo).

10.28.2006

No meio

da composição de 15 linhas no mínimo sujeita ao tema "o que eu quero ser quando for grande", aparece uma frase no minímo curiosa:

"[...]Quando eu fôr adulta vou sair à noite, vou a discotecas como a minha mãe vai com as amigas dela.[...]"

Bonita impressão para passar à professora...

Estou tão fora de forma

que o mais pequeno apanha-me a fazer uns abdominais e grita:

- Mãe, pára de fazer ginástica!
- Porquê?
- Puque morres!

(parei logo com aquilo, claro, não fosse dar-se o caso da criança até ter razão).

10.26.2006

Primeiro dia

do segundo ano catequese, confusão de pais, crianças, catequistas e paroquianas (naquela paróquia fazem catequese mais de 200 miúdos).

Pelos corredores, conversas soltas:

"- Ai fica com a C. A.? É a filha da Zezinha e do António?" (para a criança):"Olhe, vai ficar com uma catequista muito querida!!!!"

"- Não, na quinta não pode mesmo ser, é que o meu marido é MÉDICO e faz urgências à 5ª feira, por isso não dá mesmo jeito:"

Tudo dito em tom muito alto e afectado, não vá a "Tia C." (directora dos catequistas) estar a ouvir.

E na missa das crianças da catequese dobram a lingua 5 vezes para não chamar "tio" ao frade que dá a missa.

Esta gente leva à letra o sermão de Jesus que reza: "Bem-aventurados os pobres de espírito pois deles será o Reino do Ceús."

10.25.2006

No meio dos pontapés,

sustos, "ruáaaa, eu sou uma coba má", arranhadelas, agarrado ao meu pescoço antes de ir fazer a sesta:

- Gotas de abacinhos, mãe?

(gosto tanto, tanto, meu querido).

10.20.2006

Menos uma preocupação




Os exemplos pouco dignificantes não a convecem minimamente. Rapou-lhes o cabelo todo porque, pura e simplesmente, não gosta dessas bonecas pirosas.

Gosta de outras, claro.

10.17.2006

Supie

Conto-lhe coisas de quando era bebé, ainda é bebé mesmo não usando fralda, dorme na cama de grades e usa chucha e ó-ó para adormecer. Conto-lhe de como quando era um bebé pequenino cabia todo inteirinho no meu colo e adormecia a beber o leitinho, isto porque quer subir para a cadeira do carro sozinho (e sobe).
Então (estava-se mesmo a ver) do alto do seus 29 meses declara-me que já não é bebé, é "gande e vai ser o supie homem", que quer dizer o Super-homem e eu digo que é mas é o homem-sopa, o supie-homem, e rimos muito os dois.

E agora interrogo-me se devo mostrar-lhe este filme, para que apreenda as realidades da vida desde já, que melhor do que ser supie é mas é ter dinheiro.



Descradamente roubado ao Arrastão.

10.15.2006

Na cidade



"The most exciting, challenging and significant relationship of all is the one you have with yourself. And if you find someone to love the you you love, well, that's just fabulous."

10.13.2006

A Mãe Galinha abriu uma loja nova, muito gira. Vão espreitar aqui.

descartável/não descartável

Na roupa prefiro a quantidade (descartável). Nas pessoas prefiro a qualidade (não descartável).

Ainda o raio do cromossoma

De que vale não ter brinquedos bélicos em casa se uma colher de pau é "uma eshpada, tchá, vou matá-te!" (já para não falar de todos os paus e pedras que encontra na rua).

10.10.2006

Lista de palavrões da criança mais nova

  1. Poça!
  2. Porra!
  3. Foga!
  4. Caaças!
  5. Chiça penico!

(e o dia todo a dizer, "não se diz isso, diz-se antes bolas" mas já sem saber muito bem o que é que é pior).

Não gosto

De fotografias sem pessoas.

Às vezes

(muitas vezes) apetecia-me o silêncio prolongado.

10.09.2006

Ai se eu aqui escrevesse o que me apetece

Levava com uma flag de tamanho gigante.

10.06.2006

Pensar em grande aos 28 meses

- Mãe, eu vou sê gande e fote. Quando eu sê gande, eu vou conseguí voade!

10.03.2006

Annus Horribilis

O ano começa e comemos passas. Não entendo bem esta tradição e nem gosto de passas, mas como-as naquele dia por superstição, não vá o diabo tecê-las.
Nessas passas vão, uma a uma, as nossas expectativas para aquele ano (saúde, saúde para os miúdos, um emprego), já disse que não gosto de passas e só as como naquele dia por superstição, não vá o diabo tecê-las?

O ano começa e temos dentro de nós uma série de resoluções, ou vão elas aparecendo ao longo desse ano, podemos não saber muito bem quais são mas sabemos certamente quais não são.

O ano ainda mal começou e já se foi um projecto, um projecto vital (vital de vida). Recuperamos como podemos, temos outros projectos, pois claro.

O ano ainda vai a meio e descobrimos que alguém em quem confiámos nos traíu de todas as formas possíveis de trair alguém, afinal nessas 12 passas deixámos muita coisa de fora (saúde para o resto da família, que acabem todas as guerras) e mesmo das que pusemos dentro nem todas foram cumpridas (ou culpa nossa, esquecemos o que não comecem novas guerras).

Ainda falta para o ano acabar e já só lhe vemos o fim, duvidando mesmo de que o fim seja o princípio de algo ou apenas a continuação disto tudo, afinal o que é um ano, um mês, senão conceitos que não podem ser pensados em absoluto, quantas vezes um ano leva dentro de si mais de dez, quantas vezes passa num dia só.

Dentro desse ano, porém, nem tudo foi mau, alguns dos pedidos das passas foram mesmo atendidos e, se fomos dessas pequenas árvores que balançam à miníma rajada, descobrimos ter tutores (o nome das estacas que seguram a árvore ao chão) em quem nos apoiarmos durante o difícil percurso.

À F., S.F., S.M., R.N., R.T.S. e M., muito obrigada por estarem lá, sempre.

10.02.2006

Esgotadas todas as teorias

Agora a nova é: querem magoar-se um ao outro? Pois esgatanhem-se até ao fim do mundo e não quero queixinhas.
(umas nódoas negras, arranhões, puxões de cabelo e palmadas depois acabam agarrados a pedir desculpa e aos beijinhos. Basicamente chegam ao mesmo resultado, demoram é um bocado mais).

Dúvidas existenciais

Leram-me na palma da mão que não passo dos 50. E agora, deixo de usar antirugas?

Reduzo-me à minha insignificância

Todas as minhas fotografias (digitais) cabem em apenas 2 cds.

10.01.2006

Do espanto

Os meus filhos têm uma força interior que eu não imaginava.

pessoas com extremo bom gosto