2.28.2007

Lei de Lavoisier

"Na natureza nada se perde, nada se ganha, tudo se transforma".

É por isso que na manhã seguinte a uma discussão onde o termo "litigioso" surgiu vezes demais, a minha casa está mais aspirada do que nunca.

E descubro, debaixo da cama da minha filha, que ela tem 20 pares de sapatos.

2.27.2007

Rebenta a bolha

Agora já me cansei de viver na corda bamba (teve piada por uns tempos).

2.26.2007

Numa semana

Quantas coisas cabem dentro de uma semana? Quantas conversas, pessoas novas, as pessoas de sempre, risos, choros, gritos, reuniões, conselhos, jantares, lanches, pulos, discussões, beijos, abraços e despedidas cabem numa semana?

2.25.2007

Quando saiu

mesmo tendo gritado "vou-me embora!". Mesmo tendo batido a porta com toda a força que conseguiu, ninguém sequer pestanejou.
É que há muito tempo que a presença dele era uma ausência.

2.24.2007

Olho o meu corpo

e não o reconheço. Perdi tanto peso nos últimos tempos que nenhuma roupa me serve, os numeros nas lojas começam a seguir ao do meu corpo, ele não encaixa. Pareço uma miuda daquelas dos anúncios da anorexia, o que num corpo de quase 40 anos não é minímamente estético.
Agora pensando bem, talvez seja isso mesmo que ele queira, o meu corpo, volatizar-se, sublimar-se aos poucos (sem grandes dramas), ir desaparecendo.
Primeiro começar a ficar baço e a perder a cor até se tornar completamente transparente e desaparecer no ar.

Lembro-me dos balões da EuroDisney, as caras de Mickeys a vogarem sorridentes no ar presas nuns fios com umas caras iguais mais pequenas, de plástico, na ponta. Os fios agarrados a essas carinhas para os balões não fugirem no ar e nos gritos dos miúdos que os deixaram escapar.

O meu corpo é agora como um desses balões, preso por um fio e com algumas carinhas de contrapeso: o riso deles, os comprimidos, as conversas com o médico, as conversas com a sogra e com as amigas.
Tudo o resto é ausência. Ausencia de vida. Dele. Do corpo dele (seria o meu contrapeso?), do cheiro dele, da vida como era antes.
Um dia será o dia de largar os contrapesos e deixá-lo ir, em paz. Será hoje?

2.22.2007

Hoje o meu pai faz anos

O meu pai é um bocado super-homem, como a maioria dos homens (mania que são fortes e essas coisas). Mas o meu pai é o meu super-homem, e isso não há-de mudar nunca (por muito que nos zanguemos). Há quem diga que sou como ele (no mau feitio e assim), o que também é facilmente explicável pela genética.

Parabéns.

2.21.2007

É tão bom

quando duas amigas saem de dentro do computador e se juntam numa mesa à conversa sem parar. E se os miudos saem também e até se dão bem e passam o tempo todo a brincar (para desgosto de alguns seguranças).
É tão bom.

Naquele dia

enquanto conduzia para baixo, em direcção ao mar, verificou com surpresa que ele estava estranhamente revolto. Estranhamente porque o dia estava ameno, de sol, quase sem uma brisa e no entanto, aí estava ele, as ondas rebentando nas pedras como se as quisessem destruir.
Parou o carro e saiu para observar, tinha ainda alguns minutos para chegar, e que não os tivesse, eles haviam de se produzir de uma maneira ou de outra.
Olhou para o mar como costumava olhar desde sempre, tentando descobrir entre os limos, as pedras e a areia o significado de alguma coisa que, no fundo, sabia não significar nada.
Nem todas as coisas tinham que ter atrás de si um sentido oculto e profundo, algumas eram só o que eram. E neste caso, era apenas o mar que estava tempestuoso, sem mais.

2.19.2007

Não, estas coisas é que precisam de ficar registadas

Eu afinal não quero nada ser super-nada. Prefiro ser essa pessoinha que comete erros uns atrás dos outros e mal se aguenta a prozacs.
Prefiro ser essa pessoinha que, quando se farta de cometer erros para cima dos outros, se levanta e (mesmo que doa, porque ainda não se transformou em super-nada) pede desculpa por dar mais importância aos sentimentos dos outros do que ao seu enorme e insuflado ego.
Prefiro ser assim, sim, nem fraca nem forte, ou fraca e forte ao mesmo tempo que é assim afinal que somos todos (os humanos não super) e nem me importar muito (ou nada mesmo) com o que os outros pensam disso

2.18.2007

Pensamento gráfico num domingo de manhã

E se o sapato gigante que está no topo do Lux pisasse violentamente o enorme balão "Amo-te Lisboa SEAT" da praça do comércio?
O estrondo seria muito grande?
Voariam bocados encarnados por toda a praça, chegando mesmo ao rio onde vogariam como sacos do lixo abandonados?

2.16.2007

Há mesmo coisas para as quais um homem faz alguma falta (II)

A minha mini-Hermione foi para a escola com o nó da gravata ao contrário porque eu (e já me ensinaram milhares de vezes) não sei dar nós de gravata.

2.15.2007

Eu bem disse que a pergunta era estúpida

Virtual, não virtual, sentimentos, o que interessa isso?

Bom, bom é ser-se assim uma espécie de super, passar-lhes ao lado e nem ter que os disfarçar.

Hei-de lá chegar, talvez um dia (ou não), quem sabe, a supermulher.

Enquanto não, limito-me a ser esta pessoínha cujo único objectivo é chegar ao fim do dia inteira.

Ontem, hoje

deixar tudo em autogestão e fugir para longe. Ainda que o longe seja um longe relativo, dentro desse novelo sem pontas.

Ontem, hoje, ser ultrapassada pela vida, pelo sono, pelo excesso, pela falta, pelos comprimidos.

Deixar tudo cair à volta propositadamente e sentar-me devagar à espera do estrondo que, seguramente, virá.

2.14.2007

Valentine's score:

filha - 2
mãe - 0

ok, ok.

Dia do namorados

O mail da netcabo entupiu (excesso de tráfego) ou será só o meu ;) ?

2.12.2007

Virtual*

Eu sei que é uma pergunta estúpida, eu sei que nem sequer faz sentido fazê-la, mas nas relações vituais os sentimentos são também virtuais? E nas relações não virtuais, não há sentimentos virtuais?


*Algo que não é físico, apenas conceitual (Da Wikipedia).

2.11.2007

48 horas

De encontros ocasionais (Alexandre, não me esqueci da promessa).
De desencontros furtuitos.
De encontros maravilhosos.

E não fui à missa mas passeei-me afirmativamente pelos corredores labirínticos do Liceu Camões onde chegaram a perguntar-me se já tinha 70 anos. Tenho, estou é bem conservada.

2.09.2007

Hoje

Volto a casa.

2.07.2007

Pronto admito

a muito custo, mas admito.

Há coisas para as quais um homem faz alguma falta: 20 minutos a tentar configurar o Fifa-não-sei-quê para a X-Box porque o mini-homem queria à força jogar àquilo, as equipas que lá ficaram nem sei bem quais foram (ao menos que desse para configurar uns uniformes giros) e ao fim de 2 minutos "isto é uma seca! Vou pôr outro jogo!".
(Delicioso o pormenor da musica dos Tribalistas no pause do jogo).

2.06.2007

Durante muito tempo

Esteve lá um porta-aviões. Era um porta-aviões daqueles grandes, dos filmes, cheio de aviões estacionados em perpendiculares exactas.
Durante muito tempo esse porta-aviões esteve ancorado na base militar à espera que, um a um, os aviões fossem sendo chamados para alguma guerra. Essa era apenas a sua função, carregar os aviões, e durante todo esse tempo nenhum levantou voo.
Eram tempos de paz.
Os aviões, estacionados em perpendiculares exactas, temiam e ansiavam (não numa medida exacta de temor e ansiedade, era assim uma coisa que variava, por vezes era mais o temor que a ansiedade, outras tantas seria o contrário) que os chamassem para a guerra.
Imaginavam que quando fossem chamados, lhes seria difícil vencer o atrito com as rodas, seria custoso (depois de todo aquele tempo de inactividade) atingirem a velocidade necessária para levantarem voo. Chegavam mesmo a questionar-se se ainda conseguiriam voar, a lembrança de voos era já uma coisa de contornos esbatidos, uma vaga sensação de prazer e liberdade, mas nada de muito concreto, nada de muito inquietante.
É claro que chegou o dia. Nenhum dos aviões se recorda muito bem do princípio, tal foi a velocidade à qual a coisa se passou, do mar calmo e silencioso a sirenes ruidosas, a ordens gritadas e confusas, contrariando-se, sobrepondo-se umas às outras em catadupa.
Sabem que foram, quase empurrados (no meio do pavor, íam ver tiros, íam ver mortes, íam ver o mundo fora do porta-aviões) e que, num instante, se viram no meio do ar, voavam, tinham o ceu à frente deles sem limites, podiam percorrê-lo em qualquer direcção, podiam dar cambalhotas e loopings sem parar, e já só questionavam era que raio de medo tinham tido afinal e se algum dia quereriam voltar ao porta-aviões (é provável que não).

2.05.2007

Educar deve ser das coisas mais incongruentes que existem

Enquanto tento explicar à miuda porque é que deve falar sobre as coisas que lhe custam, enquanto tento dizer-lhe que, se ficar com todas essas dores lá dentro elas acabam por rebentar e dar numa maior, enorme.

Enquanto lhe digo que quando choramos, gritamos e damos pontapés é porque estamos a tentar expulsar qualquer coisa que não queremos dentro de nós (mas mãe tu nunca choras), passo o dia a dizer que não aceito birras, que não se fala naquele tom, que não admito choramingos e que não quero ouvir disparates, nem gritos, nem faltas de educação.

2.03.2007

Marca território

como os gatos: tira o redutor da sanita da casa de banho dele e vem pô-lo na sanita da minha casa de banho.

Pronto, afinal

até vou votar (descobri que posso usar outro documento com a morada coincidente).

Ou todas as causas são boas para voltar a casa.

2.02.2007

Estar na minha esplanada é bom



Estar na minha esplanada a almoçar com duas amigas, dois miúdos que se enrolam na areia, lutam, riem, brincam, correm, comem, não comem, não choram nem fazem birras é muito bom!

2.01.2007

Se leres isto,

se entenderes isto, quero que saibas que há muito pouco tempo me lembrei de que gostava das tardes de chuva. Que aquele sitio com vista para o mar ainda é o sítio mais bonito do mundo. Quero que saibas que sim, que também guardei esses momentos, não apenas os maus e os terríveis. Que não os deixei serem esmagados por todas as más recordações e agora convivem todos pacificamente na gaveta do no regrets. Que não guardo mágoas nem rancores por ter percorrido um caminho menos perfeito, porque foi esse o caminho que me levou até aqui.
Disse-te que um dia seria assim, como vês não demorou muito. Agora espero o mesmo de ti, (ainda que não leias este post) que não tentes lutar quando eu quero paz, que não tentes fingir pazes quando estás a lutar lá no fundo.
Espero ainda.

pessoas com extremo bom gosto