12.31.2008

Começar o ano com mais uma dívida que não posso pagar

Acabo de receber uma multa por não ter a inspecção feita. 250 euros. Alguém quer comprar um rim? Ou um pulmão? Ou contribuir para uma causa completamente meritória?

12.30.2008

2008



Não faço balanços nem resoluções, essa é uma das lições* que aprendi este ano: não vale a pena fazer planos que ultrapassem o sitio e hora onde vou jantar nessa noite.
A outra foi que nenhum homem heterossexual quer ser realmente meu amigo (para além das três honrosas excepções que confirmam a regra) por isso sigamos para bingo, ao terceiro mail, mensagem ou tentativa de contacto não só não respondo como apago.

* Foram poucas, mas preciosas.

Da razão

Eu regojizo-me por cada hora que passa sem pensar em ti. Eu tenho amigos, amantes, filhos...e um trabalho que eu adoro, onde sou boa. No entanto, estou amarrada a ti. Não percebo porquê. Talvez seja masoquista. Ou então sou uma mulher de um só homem. Não sei... É tudo tão difícil. Não quero viver com mais ninguém que não tu. Os outros homens aborrecem-me.

Cenas da Vida Conjugal, Ingmar Bergman, 1973

12.29.2008

Mesmo eu

que quero tudo e um par de botas, tanta coisa que não cabe num só post, entre um emprego na minha área, imensos pares de sapatos novos, viagens ao outro lado do mundo, um laptop novo, um marido fabulosamente rico, no fundo no fundo peço só uma única coisa para 2009. Que o meu filho não esteja doente.

Mais um

magnífico post da Vieira. Na mouche, as usual.

(sim, sim, foi o Hamas que rompeu o cessar-fogo)

Suspeito bem que não sou a única da blogosfera a andar seca de inspiração

só leio listas com o melhor de 2008 e isso parece-me sinal evidente que ninguém tem nada de interessante a dizer.

12.24.2008

Do espírito natalício



O Natal é uma excelente oportunidade para enviar mensagens a tipos a quem achamos piada mas não temos desculpa para meter conversa nas outras alturas do ano.

12.22.2008

Em compensação o PBD acerta sempre

Há mulheres que não lutam pelo que querem, pelo que merecem. Abandonam os seus sonhos, os seus ideais, capitulando-se a tristes fantasmas e a emoções vazias de um passado do qual um dia fugiram. Há mulheres que não lutam pelo que querem, pelo que merecem.
[...]Há homens que têm o que não deveriam. São aves de rapina, abutres que pairam sobre os corpos estendidos e inertes à procura do momento certo para o saque e o esventramento.


Mas sempre achei que esse tipo de pessoas se merecia, se completava de alguma forma torpe e desviada.

Tanto disparate num só post

Hoje em dia uma mulher perdoa tudo a um homem, até violências e traições, mas não perdoa ser mal fodida.

Há tantas, mas tantas que nem têm noção (dêm graças a Deus sim, porque senão a espécie estaria já à beira da extinção)

Das pessoas como eu

Pode parecer de uma enorme incoerência, ter ideias próprias muito definidas mas não me dar ao trabalho de as tentar impôr aos outros. Eu uso o argumento liberal "tenho as minhas ideias mas os outros têm o mesmo direito a tê-las e assim vivemos todos em paz, cada um na sua". Ignoro se o faço por preguiça ou por desejo de conciliação, mas para quem me conhece não há-de ser grande novidade. Eu sou a pessoa mais ambígua que conheço*.

*(a maneira soft de dizer que mudo de opinião todos os dias).

12.18.2008

Eu já

Eu já passei a noite numa cela de prisão por um crime que não cometi
Eu já me apaixonei por um homem antes de o ver
Eu já tomei chá num castelo que serviu de inspiração ao Disney para criar os das princesas
Eu já atravessei o equador
Eu já tive desvitalizei um dente sem anestesia
Eu já casei sem ninguém da minha família saber
Eu já entrei na residência secreta da Opus em Lisboa
Eu já roubei morangos de uma estufa e fui apanhada
Eu já fui assediada no emprego
Eu já tive um filho de parto natural e sem anestesia
Eu nunca comprei telemóveis nem relógios
Eu já beijei um homem que era casado (com outra)
Eu já acordei em casa de um estranho
Eu já desmaiei a ver a minha filha ser cosida
Eu já vi o meu filho actuar na Aula Magna
Eu já tive medo de viver
Eu já desenhei uma casa para um personagem de um livro do Boris Vian
Eu já pesei 42 quilos
Eu já joguei Tetris até ficar com lágrimas nos olhos
Eu já tive um filho por cesariana
Eu já voei durante 23 horas seguidas
Eu já escrevi numa máquina de escrever
Eu já tomei banho de piscina à noite completamente vestida
Eu já entrei no castelo da Bela Adormecida
Eu já conduzi bêbada
Eu já achei piada a uma mulher e ela não percebeu
Eu já achei que tinha uma amiga que depois afinal não era assim tão amiga
Eu já sorri para um homem na rua só porque me apeteceu
Eu já ganhei um concurso de televisão
Eu já tive mais dinheiro do que aquele que conseguia gastar
Eu já comi carne de rena
Eu já passei três dias e três noites sem dormir para ganhar uma aposta
Eu já atravessei o Golfo de Bótnia num navio
Eu já vivi num hotel
Eu já gastei todo o dinheiro que tinha numa peça de roupa
Eu já tive 100% num teste de matemática
Eu já chorei a ver um filme (vários)
Eu já tive saudades e nunca confessei
Eu já fiz uma sesta dentro de um submarino
Eu já fui feliz sem o perceber

(copiado deste post do Visconde)

Dos disparates

Isabela, até estava com a ideia de criar um blog - podia chamar-se Obvio-qq-coisa, por exemplo - depois ía aqui e copiava os posts todos, mas mudando a ordem para não ficar igual. Não é boa ideia?

Este post é para bloggers

Toda a gente sabe que escrever e manter um blog não passa de um enorme exercício de egocentrismo. Mesmo num blog colectivo - eu escrevi num blog com mais 11 mulheres e bem sei o que me continha para não publicar um post em cima de uma colega para que ela pudesse ter o seu post em tempo de antena, devida e plenamente comentado - andamos em bicos de pés e olhar suplicante ("choose me, me!") a exercer o nosso umbiguismo à grande.
Isto parece mal, mas vejamos melhor: ao exercermos aqui o nosso egocentrismo sem grandes pejos, estamos no fundo a evitar a necessidade de o espalhar à volta no resto das situações. Ou seja, podemos guardar para o dia-a-dia o exercício da generosidade plena com os outros. Em resumo, nós bloggers somos moralmente superiores ao resto das pessoas (ou todos os meios são válidos para chegar a esta conclusão final, mas reparem que usei a expressão plural - "somos" e evitei a singular - "sou").

12.17.2008

Descobri finalmente o meu relationship status

It's complicated.

Fabuloso. É complicado. Na verdade, é mais "sou complicada". Mas para o resto do mundo "sou suficientemente complicada para ser impossível*".
A última vez que olhei para o meu BI dizia no estado civil "casada", mas devia era mesmo dizer "é complicado".

*impossível de aturar, entre outras coisas.

Começo a desconfiar que algo de errado se passa

Quando dois amigos chegados são nomeados Directores Gerais de qualquer coisa no mesmo mês e a minha maior preocupação laboral é que me esqueci do carregador da Nintendo em casa e agora vou perder os avanços no Super Mario Bros (já ía no nível 4, ok?).

(Isso e que desculpa suficientemente convincente dou para me baldar à festa de Natal da empresa que está marcada para Sábado e é coisa para durar o dia inteiro - na manhã seguinte ao tradicional jantar de Natal dos amigos e que é coisa para durar até ao início da festa de Natal da empresa).

12.16.2008

Hoje recebi o meu primeiro presente de Natal



Gostei muito. Também gostei que o meu Amigo me conhecesse o suficiente para acertar num presente para mim, logo de caras. Logo eu que quanto melhor conheço os homens, pior os entendo (o que não é o mesmo do que dizer que vou passando a gostar menos deles, ou a ter menos pachorra).

(ao meu Amigo, Parabéns de novo, é mais do que merecido)

12.15.2008

Neura de segunda de manhã



diz o João - vi um filme e lembrei-me de ti, o "deserto vermelho".

Não faço ideia do que fala, mas vou imaginar que foi pelas minhas enormes semelhanças com a Monica Vitti.

(era bom, era)

Verifico com algum alívio

que já retiraram a campanha da Triumph da rua. Nada contra a Claúdia Vieira, bem gira a miúda. É a campanha em si que me transtorna. Quem é que se quer lembrar que é dona-de-casa quando está a comprar lingerie?
Pessoas que criaram a campanha e pessoas que aprovaram a campanha, querem ver comunicação fabulosa? Olhem para aqui.

12.12.2008

O meu desejo-secreto-de-lanche



foto my funny eye

Churros com chocolate quente.

Sad but true

A maioria das pessoas não tem noção.

12.11.2008

Questões verdadeiramente importantes*

Será que o rapaz da loja da Nespresso já me reconhece, da quantidade de vezes que lá vou tomar cafés gratuitos?
Não recomendo o de tangerina, mas o de caramelo é óptimo.

*para mim.

Alguém que me faça uma OPA hostil ao blog, por favor

Aliás, eu vou fingir que é hostil, porque a minha vontade é que alguém pegue nisto e o torne numa coisa legível, com interesse e piada que a minha verve há muito se foi (juntamente para a pachorra para tudo o que me rodeia).
Acho mesmo que vou propôr à minha filha que me faça o take over da coisa em troca de algumas alcavalas (uma caixa de pastilhas deve chegar), afinal a miúda até tem jeito para a escrita e um ego tão grande como o meu - mãe, quando tiver uma rua com o meu nome, se puder optar entre um beco e uma avenida, vou escolher a avenida - realmente também não vejo interesse em almejar insignificâncias.

12.10.2008

Sou só eu?

Quando vou a uma casa de banho pública imagino sempre, mas sempre, que há uma câmara escondida.

Carta mais ou menos ao Pai Natal

Sentei-me no café depois de deambular por lojas. Quando verifiquei as horas faltavam oito minutos para ter de voltar à secretária. Queria que estes oito minutos fossem elásticos e infinitos, queria agora ficar à conversa com a minha mãe a tarde inteira sem olhar para as horas, queria poder voltar a entrar na loja do lado e tocar em todos os lápis Viarco e cadernos vintage, queria ter tempo. Tempo para folhear todos os livros de fotografia da Bertrand (sim, a Fnac pode ter mais mas a Bertrand é mil vezes mais bonita e menos atafulhada de pessoas), tempo para trazer a minha filha ao Chiado, tempo para ir os ir buscar cedo à escola.
Por isso, querido Pai Natal, se puderes adicionar à minha lista - junto com a viagem a Moçambique e escala nas Seichelles, viagem à Disney Paris, Mac Book Pro de 18", curso de fotografia, botas pretas - um balde de tempo, era maravilhoso. Obrigada.

12.09.2008

Só consigo saber os meus pontos de vista políticos*

Através de testes.


Liberal
Os liberais/libertários entendem que as pessoas são iguais em direitos e que o governo toma muitas decisões que deveriam ser tomadas pelos próprios indivíduos. Diferentes dos conservadores de direita, os liberais acreditam que a moral não deve ser imposta pelo governo, mas que as pessoas devem ser livres para buscar a verdade e a felicidade, pois uma ação só pode ser verdadeiramente virtuosa se decorrer da livre escolha. E, ao contrário da esquerda, os liberais entendem que, numa economia livre do protecionismo estatal, o lucro de uma pessoa corresponde à satisfação da necessidade de outra, gerando prosperidade para toda a sociedade.



(* nem sabia que tinha uns...ando a apanhar com lavagens cerebrais há 14 anos e agora dei nisto).

O meu amigo esqueceu-se do nosso almoço

e nem é isso que me chateia, é o facto de eu ter previsto a coisa de tal forma que vim preparada para isso porque já calculava que fosse acontecer (embora nunca tenha acontecido antes).
Eu quero a minha ingenuidade de volta.

Concealing

Apanham as coisas do ar não sei muito bem como. Há muito que deixei de ser criança, não sei como é ter o potencial de aprendizagem no máximo.
Vejo que ele escreveu koala numa folha mas não sabe como nem porquê, assumo que tenha visto escrito na televisão um programa de coalas e a palavra tenha ficado cravada na memória à espera de ser transcrita para um papel sem razão nenhuma, sem esforço, glória ou mérito.
No outro dia a propósito de não sei quê ouvi-a exclamar bem, eu não fazia isso nem por nada, nem que me dessem um apartamento em Nova Iorque e penso, para que quer uma miuda de 9 anos um apartamento em Nova Iorque, o que imaginará ela de Nova Iorque - o sonho é estudar na Parsons School of Design (NY) e ter a casa refeita pelo Ty (Extreme Makeover), de preferência com piscina e campo de jogos (se calhar, em NY) - tudo coisas que vê na televisão e nem vê tanta televisão como isso.
E então preocupa-me mais ainda, que coisas apanharão comigo, com o meu péssimo feitio neura constante chorrilho de asneiras só para tirar o carro de manhã, no que estarei eu a torná-los, os meus meninos pequeninos e quero um concealer para a alma, que não me possam ver ler entender e pensem que está tudo bem que podem ser felizes e rir à vontade, este ano até teremos árvore de Natal mesmo que o Natal seja bipartido e estilhaçado como nos dois anteriores e que acreditem vai correr tudo bem.

12.05.2008

Porque apanhei chuva

tenho o cabelo às ondas (revelação verdadeiramente ESPECTACULAR, eu sei).

Eu não gosto de ter o cabelo às ondas.

Descobri um blog engraçado de uma miúda. Tenho a certeza que achei engraçado por me identificar tanto com ele e fiquei com saudades das minhas fotografias. Não é que tenha deixado de gostar das fotografias é que aqui no emprego não consigo ver nada - PC bloqueado até ao Flash e monitor de 11'' - e em casa não tenho tempo e estou demasiado cansada.

Estou bloqueada e às ondas por fora e lisa e vazia por dentro.

Sei como cheguei aqui mas não faço ideia de como vou sair e quero como as outras pensar que vai aparecer alguém que me vai salvar um emprego maravilhoso com um monitor de 18'' o euromilhões e tempo para os meus filhos empregada todos os dias viagens uma casa e um carro novos e caramba assim de repente todos os meus sonhos ficaram reduzidos a coisas materais e eu podia ter vergonha disto mas a verdade é que penso "ainda bem" porque toda a gente sabe que os sonhos materiais são os mais fáceis de realizar desfazer ou trocar por outros.

12.04.2008

Worst mom award

Pela manhãzinha, de papel na mão e ar de desespero:
-Porque é que eu tenho de andar sempre atrás da mãe para me assinar um mero papel?

(isso ou estou a criar a criança de 9 anos mais responsável do mundo).

Não sei se as coisas funcionam

assim por ondas. Ou se acontecem porque sim e só reparamos nelas quando nos dizem alguma coisa. Sou muito pouco crente em coisas do destino. E no entanto, extremamente perseverante naquilo que quero como destino. Ainda que essa perseverança se traduza em nada (porque também sou muito cobarde).
Mais do que agir teimosamente em função do que quero, ocupo-me preguiçosamente a não desejar mais nada.
Basicamente, isto que a Vieira escreve tão melhor do que eu alguma vez conseguiria (também vim a ouvir essa música no carro, a viagem toda a lamentar-me por ser assim - o que não passa de uma estupidez, é o mesmo do que queixar-me por ter olhos castanhos e não verdes ou 1,65 m e não 1,75 m de altura).

12.03.2008

Resposta ao comentário de uns 4 posts abaixo

[...]o anão do sarko vem da linhagem do bonapartismo gaulês. querem, podem e mandam. logo, o que o tornou "sexy", tanto quanto um gajo que só lê a bola poderá averiguar, foi, justamente, o casamento com a carla. a partir desse momento, a sua alcunha de "presidente bling bling", com que a inefável imprensa francesa o apelidava, elidiu-se nas brumas da sobriedade que a senhora bruni lhe impôs. até politicamente. senão, vejamos: aquela coisa de ser o enfant terrible da europa, qual mexilhão que mexe em tudo, abrandou, e passou a uma liderança mais sofisticada e, presumo, eficaz.o ponto de viragem terá sido a faustosa viagem do casal presidencial à old britannia, onde a madame bruni-sarkozy exibiu uns elegantíssimos vestidos e sapatos prada e afins. (mas que digo eu, não percebo nada de traparia)[...]

O anão Sarko representa aquilo que vocês homens gostam de ver em vós próprios, valida o conceito "os homens não se querem bonitos" ou "importante é a conversa, desde que eu tenha conversa conquisto qualquer uma, mesmo uma top model italiana". Ora lamento, mas não é bem assim. Parem de olhar para ele como se fosse o salvador da pátria, o homem é um palhaço, acontece que até alguns palhaços têm sorte.

[...]o bourbon é um tótó. percebo tanto o encanto do príncipe como o poder sedutor que atribuem ao santana lopes [...]

Acredito que seja um totó, mas é um totó giro, com charme. Não há melhor.
O Santana está mais para Sarkozy do que para Filipe: palhaços com a mania que têm piada (pelo Sarko não posso falar, mas já almocei ao lado do Santana e tive o desprazer de reparar que para além de palhaço é babão. E essa é a espécie mais rastejante de homem que pode haver).

[...]o amado é um beto, com penteado à f****, com uma política de xoninhas e de acocoramento face às mais atrozes ditadurazecas do planeta - há quem lhe chame realpolitik[...]

Trasanda a charme esse homem. Como político, parece realmente estar-se um bocado nas tintas. Mas quem não estaria com o governo que temos (e com o chefe de governo que temos).

[...]o passos, terá a sua graça. tem imagem e, sobretudo, voz. um timbre de tenor, que, se se rodear das pessoas certas, o podem levar longe. talvez se não exibisse uma pose tão institucional, apenas ligeiramente, colhesse mais resultados.[...]
o nuno melo não percebo. no fundo, no fundo, obama rules.

Também não posso explicar o Nuno Melo, é giro. Vamos dar esta por empate com a Diana Chaves: para mim é uma miúda com arzinho de sopeira, para vocês é uma tipa toda boa que entra nas novelas e usa vestidos por onde se pode, eventualmente, espreitar a lingerie.
Os americanos parece que também acharam que o Obama rules. Veremos.

Sugestão de Natal

Para quem não tem tempo nem paciencia para as compras de Natal (como eu e 99,9% das pessoas do mundo)

(ou ainda hei-de entender porque deixámos que o Natal se tornasse neste tipo de sacrifício comercial).

12.02.2008

A minha visão muito pessoal de inferno

situa-se ali algures num troço da 2ª circular, de um lado o estádio com o maior número de energúmeros do país, do outro a aberração arquitectónica a que chamam Colombo, à frente e atrás trânsito insuportável, qualquer dia da semana, a qualquer hora.
O amor maternal é uma coisa muito bonita, ai do próximo que tentar insinuar que não faço sacrifícios suficientes pelos meus filhos, leva logo com a descrição pormenorizada duma manhã a percorrer os corredores da aberração à procura de uma coisa muito específica para oferecer aos miúdos (o sacana do fato encarnado leva com os créditos todos, o trabalhinho fica para nós) tendo de escutar, entre outras pérolas, conversa de empregadas de loja - nos anos 70 usavam-se cai-cais? ah não sei, não percebo nada de História - seguida por uma discussão acesa com um neandertálico de cachecolinho encarnado ao pescoço que assumiu que eu teria que "dar a volta" a um parque de estacionamento para que ele pudesse entrar em contramão e estacionar no meu lugar (guardo com algum carinho a expressão boçal do homem "vai dar a volta, A VOLTA", aquilo se é apanhado pela Quercus já não o largam, tem de consistir espécie em vias de extinção) quem me manda enfiar num parque de estacionamento do estádio em dia de jogo, talvez tenha algo a ver com o facto de eu não imaginar NEM QUERER SABER se havia jogo ou não

12.01.2008

Da alimentação

A melhor parte do fim de semana sem crianças é a ausência total de rotinas e obrigações. Não consigo explicar bem porquê mas o facto de ter de comer a certas e determinadas horas uma certa e determinada comida é qualquer coisa que me tira automaticamente o apetite, razão pela qual estou sempre magra.
No domingo acordei meia zonza e não tomei o pequeno almoço, bebi café. Uma hora depois estava a horrorizar a amiga que dormiu comigo* ao comer camarões al ajillo que tinham sobrado do jantar da noite anterior e amendoins picantes de sobremesa (almoço? brunch? who cares). À hora do lanche comi um hamburguer - não consigo determinar se me apetecia ou se queria marcar algum ponto especial na permissividade alimentar que tão raramente me é permitida.
Ao jantar horrorizei mais algumas amigas com a descrição do meu percurso alimentar desse dia. Pelo menos antes de uma delas se lembrar que há uns quatro anos e dois filhos atrás comia feijoada ao pequeno almoço. Pois.

*não pretendo justificar, imaginem o que quiserem.

11.29.2008

Os políticos mais sexy

A minha escolha pessoal:


Nacional:
Nuno Melo (CDS)
Pedro Passos Coelho (PSD)
Luis Amado (PS)

Internacional:
Filipe de Burbon
Obama

11.28.2008

Do Natal no Chiado

So many people, so little space.
Ou começo a compreender as pessoas que detestam o Natal.
Eu não detesto o Natal, mas tenho de detestar a aglomeração de pessoas, as filas para pagar em todo o lado, os encontrões.
A minha amiga veio de Maputo e diz que já não está habituada a tanta gente num mesmo sítio. Diz "vocês vivem assim com este desconforto e nem se apercebem que não há privacidade nas mesas de restaurante, que não há espaço para respirar, que é incómodo estar de pé no Inverno com frio e chuva na rua quando se sai à noite" e tenho de lhe dar razão, nós vivemos com este desconforto e achamos normal, como achamos normal haver filas e encontrões em todas as lojas durante um mês por ano, e nem nos damos ao trabalho de tentar descobrir se há sítios onde não existam filas, seguimos directamente para o IKEA e para o Allegro, o desconforto, a falta de espaço e de tempo também são coisas que achamos muito naturais como se fosse normal viver sem espaço e apertado e à espera de lugar em todo o lado.

Eu avisei

que era uma pessoa interessante. Não acreditaram?
O Philip Seymour Hoffman é meu facebook friend.

11.27.2008

A minha irmã está a fazer um documentário sobre mim

Surpreendente, eu ser a pessoa que ela escolheu para fazer um documentário? Nem por isso, apesar de poder não parecer por aqui, eu sou uma pessoa mesmo muito interessante.
Então pede-me que lhe envie umas fotografias minhas de quando era miúda..."antigas, analógicas". De onde é que ela pensou que eu iria sacar fotografias minhas em miúda com formato digital?

Comentários reabertos

a pedido do meu Amigo.
Ou há poucas coisas que os meus amigos me peçam e eu não faça. O que implica por vezes fazer coisas estúpidas. Siga.

11.26.2008

Está deitado do meio das duas

Eu sou tão radical-não-quero-meninos-na-minha-cama-à-noite mas o sono tira-me a genica para ralhar e às vezes acordo com um ou dois na minha cama.
Está no meio das duas e enrola o nosso cabelo, uma madeixa em cada mão, como faria com o próprio caso não o tivesse rapado.
Está no meio e quando acorda diz - linda - e aponta para mim e em seguida diz - linda - e aponta para ela.
Pergunto-lhe se só está a dizer aquilo porque quer que nós gostemos mais dele e ele não nega, ri-se e encolhe-se mais dentro do edredon para que eu não veja que se está a rir.
Encolho os ombros - o teu irmão tem perfil de político - eu que odeio isto nos homens, a dissimulação.
E ela aterrorizada, careta de enjoo - mãe que nojo ele vai falar e só dizer aquelas coisas secantes que ninguém entende, que nojo.
E sei que ela não lê o blog mas são os genes, não enganam, qualquer dia é ela que escreve estes posts e começo a dar razão quando me dizem "igualzinha a si".

11.25.2008

Those who live by the sword

Claro que o Darwin é um truque de ilusionismo. O próprio Darwin descreveu a evolução em condições muito específicas de sobrevivência (para o ser humano, seriam campos de concentração por exemplo).

A maior parte das relações é gerada no momentum: o momento em que duas almas estão suficientemente desesperadas de solidão para se reverem uma na outra como gémeas.

Os problemas começam quando o desespero desaparece (pelo menos numa das partes) e em que nos apercebemos que o romance é só uma variante do consumismo*: assim que alguma coisa se torna nossa, perde a piada toda e temos de ir comprar uma nova.

* e é mesmo, a componente orgânica da coisa tem o mesmo fundo, libertação de hormonas que provocam bem estar e merdas dessas.

11.24.2008

Simpsonized

Eu e minha miúda viemos aqui e saímos assim:




(estamos com um bronze fenomenal, não estamos? Era bom era)

Do ALA*

Vou procurar livros a uma estante em casa dos meus pais e reparo na mesa de cabeceira da minha mãe: uma pequena torre de livros ergue-se em direcção ao tecto num equilibro precário. Parece-me que desde a última vez que olhei para aquela mesa de cabeceira a torre era ligeiramente menor. Espreito a lombada dos livros para confirmar aquilo que imagino, estava certa, a maior parte do volume da torre corresponde a três calhamaços do António Lobo Antunes.
Pelo menos um deles sei que o vi nas férias do Verão de há dois anos, e sei isto porque também eu fiz uma tentativa de o ler e desisti. O que significa que, pelo menos aquele, a minha mãe está a tentar lê-lo há cerca de ano e meio (os outros se calhar há mais tempo). Tenho de admirar a minha mãe. Eu também não consigo ler aquilo (para depressões bastam-me as minhas obrigadinha) mas ao menos ela continua a tentar.

*devidos direitos de autor ao Arcebispo da Cantuária.

11.22.2008

Do desafio

A Maria Inês, do Lisbon Story passou-me o desafio: “colocar uma foto individual; escolher uma banda/artista de eleição; responder às perguntas com títulos de canções da banda/artista escolhido; e desafiar 4 bloguistas para passarem a outro e não ao mesmo”.



Pesquisei no Pod e escolhi Kings of Convenience (qualquer coisa que não oiço tanto como devia como se torna evidente pelo meu mood presente).

1) és homem ou mulher? Toxic Girl
2) descreve-te: The Weight of my Words
3) o que as pessoas acham de ti? I Don't Know What I Can Save You From
4) como descreves o teu último relacionamento: Failure
6) onde querias estar agora? Leaning Against The Wall
7) o que pensas a respeito do amor? Parrallel Lines
8) como é a tua vida? Little Kids
9) o que pedirias se pudesses ter só um desejo? The Girl from Back Then
10) escreve uma frase sábia: Winning A Battle, Losing The War

Passo para:

Catarina
(a minha princesa)
João (o melhor arquitecto do mundo)
Rita (quando for crescida quero ter metade da tua energia)
Ervilha (pausa-do-trabalho-para-responder-à-clarinha-sim?)

11.21.2008

Da dormência II

Ontem queixei-me acordei para a vida enervei-me e no fundo regozijei-me por este período ter acabado. É só uma fase tinha dito o meu amigo.
Ontem não almocei sozinha a máquina de café ficou arranjada o iPod desbloqueou o meu outro amigo já não está acossado.
Hoje estou com a maior neura e almocei mesmo sozinha tive de desmarcar um jantar com amigos continuo no mesmo buraco de ontem mas com maior lucidez. É só uma fase disse o meu amigo, e eu quero que esta tenha sido só uma breve interrupção dessa fase.
Porque ontem eu não entrei no metro manhã cedo já só a reparar nas pessoas feias e que falam tão alto algumas cheiram demasiado a perfume outras demasiado a falta de banho se calhar não têm casa de banho coitadinhas eu quero lá saber das desgraças dos outros deixem-me viver na ignorância.
Ontem eu quando subi as escadas rolantes da Baixa-Chiado não tinha um homem parado à minha frente com uns sapatos abertos atrás como chinelas e calças brancas e como isto me irritou tanto que subi pela escadaria normal mesmo sabendo que demorava mais e me cansava o dobro. Ontem eu não tinha entranhado no nariz o cheiro das pessoas com banhos a menos parecendo colado a mim talvez nem tenham casa de banho coitadinhas para desgraças bastam-me as minhas não preciso de mais obrigadinha e não tinha lido esta notícia nem ficado com vontade de vomitar chorar gritar morrer porque o mundo inteiro não passa de uma enorme cloaca deixem-me viver na ignorância de tudo.

Da MTV

Sou uma mãe pouco liberal. A minha filha é uma menina exemplar que rebenta ocasionalmente em birras explosivas, lembro-me de uma "as minhas amigas dizem que a mãe é muito estranha, não me deixa usar bikinis, nem bonés, nem ver os Morangos com Açúcar!". Agora vê os Morangos com Açúcar, em alguma coisa tenho de ceder.
À hora do almoço vi parcialmente um programa na MTV chamado "Date my mom". É um daqueles em que um/uma escolhe entre três rapazes/raparigas para sair num date, baseado numa saída com a mãe.
Comecei a ver na mãe 2, a senhora saiu com um rapaz para que este escolhesse o seu filho. No final do date com a mãe, pergunta o seleccionador "porque hei-de escolher o teu filho e não um dos outros?" - ao que esta responde, laconicamente - "porque terás a melhor noite da tua vida, ele tem um pirilau (sic) enorme". Chega a mãe 3, mini saia, bronze instantaneo, cabelo pintado de loiro, define-se "às vezes sou casada mas agora não e só quero é divertir-me". No date mãe/seleccionador, fazem pinturas corporais e ela exclama várias vezes "tens a certeza que és gay? É que não tiras a mão do meu rabo (sic)" e "apalpas-me como se não fosses gay". Esta mãe queimou as hipóteses do filho ao dar repetidas vezes a entender que ele era extremamente efeminado, depois do outro ter dito várias vezes que gostava do tipo másculo (Freud explicaria).
Preciso de dizer quem foi escolhido? O 2, claro, o que um bom marketing não faz.
Preciso de dizer porque é que a MTV estará banida das televisões lá de casa?
Quando me vier com a história "as minhas amigas dizem que a mãe é muito estranha, não me deixa usar bikinis, nem bonés, nem ver MTV", compro-lhe um bikini.

Coisas que me chocam

Tendo em conta a natureza do BPP e a sua dimensão, dificilmente o Banco de Portugal e o ministério poderão dar luz verde ao aval de 750 milhões. Daí terem procurado antes encontrar uma solução que resultasse na absorção da instituição por outra.

Se esta via falhar, admite-se que o BdP e as Finanças acabem por dar um aval, embora de menor valor, e mais adequado à dimensão do banco de João Rendeiro. Outra hipótese de salvamento pode passar pelo BdP, que, do ponto de vista legal, tem possibilidade de ajudar um banco em dificuldades (metendo lá dinheiro). Neste caso, o Governo indicará administradores provisórios para o BPP.

Os esforços das autoridades para "salvar" um banco como o BPP é evitar o risco sistémico. Ou seja: que a des-

confiança no sistema financeiro se alastre a todo o sector, em particular à banca comercial que recebe depósitos e dá crédito à economia.


Comecem lá a tratar as coisas pelos nomes. "Capital de risco" é na verdade "Capital-que-teria-algum-risco-se-a-merda-do-governo-não-injectasse-milhões-de-cada-vez-que-um-banqueiro-se-vem-chorar-da-crise".

11.20.2008

O homem mais bonito do mundo



foto Peter Stackpole


Ou, no mínimo, o único que conseguiria vestir aquela indumentária e ainda estar de cair para o lado.

(amanhã acabo de ver o livro, acho)

Padrinhos de Portugal

Conheço a Catarina há cerca de 150 anos e o ano passado falou-me deste seu projecto.
Pediu-me que lhe fizesse o site, eu aceitei.
A oferta continua de pé (embora o blog também esteja muito bem), estou certa que tens o meu número.

Da dormência

Já a vinha sentindo há algum tempo, começou por uma leve impressão nos dedos dos pés que foi subindo insidiosamente, quase sem se fazer sentir, pois essa é a característica da dormência, não deixar sentir.
Não posso dizer que foi mal-vinda. Há qualquer coisa de tranquilo na dormência, na ausência de pânico, no encolher de ombros sistemático.
Mas comecei a ficar cansada e então o meu amigo disse tens de arranjar um sentido qualquer para a tua vida. Um sentido. Reparo no pequeno caos que se foi instalando à minha volta, nas roupas dos meus filhos que já não lhes servem, no aspirador que se avariou, nos projectos que tinha e que fui deixando de ter.
Almocei com um outro amigo no outro dia, aconteceu-lhe uma coisa desagradável. Fico furiosa quando coisas dessas acontecem aos meus amigos. Coisas que saem fora do falta de dinheiro amor tempo sexo vontade de tens de arranjar um sentido qualquer para a tua vida há alguém que o ameaça, que o faz sentir acossado estupidamente.
O meu iPod caiu ao chão e está avariado tens de arranjar um sentido qualquer para a tua vida e de repente essas duas coisas que me são preciosas, o meu amigo acossado e o meu iPod avariado são uma única coisa que me acorda tens de arranjar um sentido qualquer para a tua vida sinto subir uma fúria tens de arranjar um sentido qualquer para a tua vida e apetece-me bater na pessoa que acossa o meu amigo, apetece-me espezinhar o iPod tens de arranjar um sentido qualquer para a tua vida tenho sono e a máquina do café não funciona foda-se tens de arranjar um sentido qualquer para a tua vida subi de novo as escadarias da Baixa-Chiado foda-se hoje almoço sozinha foda-se a luz da falta de gasolina já se acendeu no tablier foda-se a mensagem que tinha de mandar ontem a uma amiga não foi processada por saldo insuficiente foda-se ainda nem recebi o salário de setembro foda-se tenho um emprego que não gosto foda-se tenho de arranjar um sentido qualquer para a minha vida.

11.19.2008

Is it me?

Logo a seguir a ter publicado o post abaixo dois amigos vieram perguntar-me - um por sms, o outro por msn - a quem me estava a referir em concreto.
Não é que estivessem interessados nas personagens, queriam os links das mamas ao léu.

(suspiro)

Eu vou procurar muitos muitos e depois publico aqui, prometo.

Síndrome de Tourette II

Custa-me um bocado ler homens que considero inteligentes, informados e com algum bom senso quando começam a escrever sequências de posts babados sobre tipas boas ou começam a repetir links para blogs de mamas ao léu e assim. Eu sei que deste/outro lado estão seres humanos normais, somos todos adultos e alguns de nós gostam de sexo. Só que quando leio esses posts acabo por verificar que esses homens - que admiro pela escrita e pelas ideias - não passam de babões e isso não deixa de ser uma pequena desilusão. Não por serem homens normais, mas por não mostrarem pejo em exibir essas fraquezas de forma tão pública. E é que assim não passam da cepa torta, poucas coisas são menos atraentes para uma mulher do que um tipo a fazer figura de tarado obcessivo.

(não estou a incluir o Miguel Marujo, por razões que me parecem óbvias).

Copo qualquer coisa

(não consigo decidir se é meio cheio ou meio vazio, realmente, não vejo objectivo em voltar a tentar).

Copo meio vazio

De repente entender que no meio dessa liberdade está uma enorme preguiça em mudar alguma coisa, em arriscar, o que pode implicar ficar exactamente no mesmo ponto para sempre (e, não sendo necessariamente mau, também não é necessariamente bom).

Copo meio cheio

De repente perceber a enorme liberdade que é, nenhuma pena inusitada, perda de sono, nenhuma ansiedade a olhar para o telemóvel ou a abrir o email ou a fazer seja o que fôr.

11.18.2008

Síndrome de Tourette

Nunca simpatizei especialmente com a senhora até agora.
Só disse o que todos os políticos pensam mas sabem perfeitamente que não podem dizer.
Mais um erro de casting, parece-me (este ao menos enche jornais e blogs, será coisa para durar pelo menos umas duas semanas).

Da cocaína

Vamos a entrar em casa e a algaraviada do costume deixa o teu irmão passar não vás para aí acende a luz mãe ela pisou-me ele pisou-me primeiro és parva e cocaína.

- Cocaína?????? - assumi que antes dos cinco anos não falaríamos de drogas duras, enganei-me pelos vistos.
- Então...aprendi no CSI.
- CSI??????
- É um jogo de playstation que o pai tem lá para maiores de dezoi...sseis, ou catorze, ou qualquer coisa. - ela a tentar justificar a coisa
- Catorze?
- Ah...oito, acho que é para maiores de oito. - aqui apercebeu-se que só se enterrava mais
- Está mal, quer dizer que os fetos em gestação não podem jogar ao CSI.
- Cocaína, cocaína... - ele a ver se levantava mais polémica.

Nem se dêem ao trabalho de me tentar enrolar, em casa do vosso pai fazem o que ele deixar.
Sempre gostei muito daquele ditado, mulher honesta não tem ouvidos.

11.16.2008

Do Blindness

É, acima de tudo, muito fiel ao livro.
O Gael Garcia Bernal pareceu-me um erro de casting. É tão fofo que não se consegue fazer odiar. Na pior das hipóteses parece um rapazinho a precisar de Ritalina
Sempre imaginei o cão das lágrimas como um Golden Retriever (sei que o Saramago também não gostou do cão), mais um erro de casting.
O filme é estranho, confuso (a meio, tal como tinha acontecido no livro, comecei achar estranho ainda conseguir ver) mas fotografia é linda e a realização parece-me muito boa (a mim que não percebo nada de cinema). Acredito que esta sensação estranha que deixa esteja relacionada com o final, já muitas vezes me apercebi que um fim pode salvar ou afundar completamente o filme (como o Thelma and Louise, um filme absolutamente execrável cuja única lembrança que deixa é o final, apoteótico).
No caso do Blindness (tal como no livro) fica a sensação de incompleto, quando terminou a projecção ninguém se levantou do lugar, à espera de algo mais, suponho. É propositado, o livro continua no Ensaio sobre a Lucidez. O filme, aposto, não terá sequela.

A propósito, parabéns.

11.14.2008

Número de vezes

que cumpri o meu objectivo semanal: zero.

(típico, bem sei).

11.12.2008

Sou velha demais

para jogar ao Sonic quando já não consigo ver o boneco por ele estar a correr depressa demais?

(enganei-me no jogo)

Demorei algum a tempo a perceber

mas cheguei lá. Não era o costume, mas era. Uma variação do mesmo, vá.
Só demorei mais porque já aprendi a perdoar tudo - a não querer saber.
Mas era uma dor funda, diferente. Não mais do mesmo mas ao mesmo tempo era apenas mais do mesmo.
É desligar é. E estar sempre tudo bem por já nada existir que possa estar mal (aprendi contigo, meu amor segundo).
É desligar sempre, para sempre.

Da esquizofrenia

Acabo de fazer um post sobre paróquias a seguir a um sobre blowjobs. A sequência não foi intencional, mas calhou bem (depois do pecado, o perdão - se bem que no caso seja mais "depois de falar no pecado, falar no perdão").

Dos valores

Fui à paróquia comprar o catecismo (livro para a catequese dela) e ele trouxe um pequeno escapulário numa mão (carro da Hot Wheels na outra). Eu feliz da vida, que consegui no meio de tanto consumismo educá-los com fé e alguns valores "trazes isso?" "sim" "é de jesus" "sim" "gostas de jesus" "sim" "é por isso que trazes isso?" "não, é para fazer de garagem do meu carro".

(o pragmatismo ganha sempre, não há escapatória) .

Lindo



aqui (via Rititi)

(em cor-de-rosa, que fofo)

A minha mala pesa meia tonelada

facto do qual me apercebo ao subir mais uma vez as escadas rolantes da estação Baixa-Chiado a correr (não é para todos, aviso já, só para os extremamente bem preparados fisicamente).
Então resolvo inventariá-la, a ver se amanhã quando correr escadaria acima consigo bater a minha marca pessoal de 1 minuto 23 segundos e 2 décimas (sim, inventei, é provável que demore muito menos).
A ver:

  1. iPod

  2. pacote de bolachas meio comido

  3. saco da hussel com 4 chocolatinhos para as caixas deles

  4. telemóvel

  5. carregador do iPod

  6. máquina fotográfica

  7. livro meio lido (Morte em Veneza, Thomas Mann)

  8. outro livro um terço lido (O Som e a Fúria, William Faulkner)

  9. chaves de casa

  10. bilhete de metro

  11. chave do carro

  12. Nintendo DS

  13. Carteira

  14. carregador da Nintendo DS

  15. 3 comprimidos Ben-U-Ron

  16. esferográfica

  17. talões de Multibanco

  18. brincos-pesadíssimos-que-tirei-ontem-porque-já-não-aguentava

  19. comprimido Jabasulide
    (chamar-lhe "mala" é um aforismo, na verdade não passa de um entertainment center)

    11.11.2008

    F*** Murphy

    Há um ano e meio que não ía ao cabeleireiro. Hoje fui ao cabeleireiro (graças à minha mãezinha). Há não sei quantos dias que não chovia. Agora está a chover.

    Da vida ao lado de um consultório médico II

    O médico fala, fala muito. Quer explicar tudo e acaba por explanar teorias sobre a liberalização do serviço médico a uma empregada de loja brasileira - é a favor da liberalização total. Chego à conclusão que gosta é mesmo de falar e que a medicina é um pretexto que usa para pregar sermões aos incautos que lhe entram consultório adentro. Esta sensação é reforçada pela extensa lição a que fui sujeita ontem ao medir a tensão.
    Eu também falo muito. O meu pavor é chegar a um nível destes. Por favor, no dia em que isso começar a acontecer (não estou longe, bem sei) mandem-me calar, a sério.

    11.10.2008

    Da vida ao lado de um consultório médico

    - Tenho andado com problemas de gases.
    - Bebe muito leite?
    - Como iogurtes, sempre me disseram que iogurtes fazem bem.
    - Os iogurtes fazem bem às pessoas que não são intolerantes aos iogurtes.

    (tenho diversão até ao fim da semana).

    Era delicioso,

    o chocolate quente. Eu e a minha filha a aprendermos onde fica o Curdistão. Às vezes penso que vai saltar directamente para a adolescência sem passar sequer pela puberdade, do fácil que é esquecermos que ela tem só 9 anos. Desistiu de domar os rapazes, veio sentar-se em silêncio ("o que é o facebook?"), voltou a domá-los com uma cabana feita de edredons e livros de histórias. Afinal era fácil, depois de mortos e ressuscitados umas 100 vezes, só queriam abrigo. Se calhar quem devia aprender com ela era eu.

    (foi muito bom)

    Perguntinha

    Qual a razão pela qual qualquer português quando fala com um espanhol ensaia um meio-castelhano-meio-português que até a mim me custa a entender, quanto mais a eles. Não conseguem assumir competência nos espanhois para entender português normal?

    Da inocência

    Aos 4 sente-se muitas vezes injustiçado. É quase sempre o mais pequeno em todo o lado, todos mandam nele, o poder que detém resume-se ao que adquire através de birras e negociações em que, eventualmente, cedemos ao que pede. Ou seja, é quase nenhum. Muitas vezes tenta aplicar-me castigos mas, como respeita hierarquias, tem de pedir ao meu pai para os aplicar ("vou pedir ao avô para te pôr de castigo").

    - Quando escrever a carta para o Pai Natal, digo-lhe que não traga presentes para a mãe! - Vai ao quarto buscar um bloco e uma caneta e volta - Mãe, como é que se escreve "não traga presentes para a mãe"?

    Objectivo para esta semana

    Chegar suficientemente a horas para não ter de subir a correr as escadas rolantes da Baixa-Chiado. Os glúteos agradecem. Os pulmões odeiam-me.

    (possivelmente se chegar a horas a coisa inverter-se-á).

    11.07.2008

    Modo (quase) obesa

    depois de guardar no frigorífico a fatia de bolo de chocolate que não consegui comer com as minhas amigas ao almoço, outra amiga manda-me um mail que diz "já comprei um chocolate delicioso".
    O mundo conspira para me engordar.

    (desculpem o tema repetitivo, mas estou muito fascinada com esta coisa da comida, não sabia o que era).

    Mudei de emprego pois foi

    E, para ser justa, a nova função não é propriamente exigente. O que implica que passe muitas horas do dia a fazê-las (pausa para imaginar um pequeno anão sentado entre as rodas dentadas de um relógio a tricotar segundos). Isto é chato. E faz-me pensar em comida a toda a hora. Eu acho que ainda não tinha percebido que a comida existia. E agora sei. E chocolate quente. Existe. É bom. Cheira bem. Parece ser maravilhoso. Vou engordar. Eu preciso de engordar. Mas vou ficar uma lontra.

    (help)

    Mesmo não concordando com muitas coisas que diz, continuo a admirar o Saramago

    Se a mim me mandassem dispor por ordem de precedência a caridade, a justiça e a bondade, daria o primeiro lugar à bondade, o segundo à justiça e o terceiro à caridade. Porque a bondade, por si só, já dispensa a justiça e a caridade, porque a justiça justa já contém em si caridade suficiente. A caridade é o que resta quando não há bondade nem justiça.

    11.06.2008

    Pão e Circo

    Estamos a anos luz. Por aqui vivemos acomodados na ilusão de que já conquistámos tudo, de que os políticos são todos iguais, de que nem vale a pena exercer o acto mais básico, mas também mais importante da democracia, o voto.

    Pois sim, ninguém se entusiasma com as eleições em Portugal, qual o espanto? É beber do exemplo americano. Aquilo é espectáculo. São cartazes pensados, desenhados, giros. Discursos feitos para vender. Candidatos escolhidos pelo carisma. São papelinhos a voar. São pins oferecidos aos montes. É a Sarah Jessica Parker fotografada ao telefone numa sede de campanha. É a Oprah. É Marketing político, gestos estudados ao milímetro.
    É circo e portanto, entusiasma.
    Em Portugal as campanhas resumem-se a uns senhores muito formais enfiados em fatos do Rosa & Teixeira a debater os mesmos assuntos estafados de há 30 anos, sempre com vocabulário mais adequado a sermões de faculdade do que a convencer quem quer que seja a votar neles. É preciso estoicismo para aguentar um Prós e Contras, seria preciso uma grua para levantar os eleitores do sofá a um Domingo perante um cenário tão pouco entusiasmante.
    Nunca entendi porque é que em Portugal não existem agências que se dediquem à imagem dos políticos, que seja necessário recorrer a estrangeiros para aprimorar um personagem (e nem sequer os melhores). Vender um político é mais aborrecido do que vender um queijo?

    Promessa eleitoral

    Prometo que volto a votar no dia em que aparecer um político que faça discursos destes, ao invés do costumeiro "Portugueses e portuguesas, em virtude do actual panorama..."

    Demasiada formalidade é anti-cool.
    E, claro, recuso-me a contribuir para a falta de coolness, já bem basta os fatos que eles usam.

    Geekness

    Pela primeira vez em quê, um ano, almoço sozinha. O que significa 15 minutos para almoçar, 45 para fazer outras coisas. E o que escolho fazer no Chiado, ver montras? Ir às compras? Tomar café na esplanada mais bonita de Lisboa (Bairro Alto Hotel)?
    Não. Entrar na cave da Fnac e passar os 45 minutos inteirinhos a ler um livro. E é que nem cheguei a meio.

    (estou cada vez mais geek, qualquer dia até começo a frequentar a cinemateca).

    11.05.2008

    Picture perfect



    (foto roubada à minha querida princesa, espero que ela não se importe)

    11.04.2008

    O inferno não são os outros

    são os alarmes dos carros dos outros.

    Isso e os monitores de 13 polegadas, ou lá o que é isto. Impossível ver fotografias nisto. Impraticável descortinar qualquer gráfico nisto.

    (a minha vida a andar para trás).

    11.03.2008

    Tenho demasiado sono

    ou preguiça para entender as causas fracturantes da blogosfera (é blogosfera quando se fala do universo geral dos blogs e bloga quando nos referimos ao nosso pequeno mundo dentro dos blogs? Estas denominações são por si só uma causa com potencial fracturante).
    Os contentores. Eu acho que sou contra, mas ainda não tive pachorra de ler nada sobre o assunto.
    As eleições americanas. Estou-me um bocado a borrifar, até porque não posso votar, mas aquela mulher dá-me um bocado volta ao estômago desde que a vi sentada em cima de uma cabeça de urso (not in a good way, se é que existe tal) e não gostaria de a ver aparecer muitas vezes, mesmo sabendo que a figura do vice presidente é totalmente indiferente para o mundo em geral e para os norte-americanos em particular. Com o nível de azar do homem, seria coisa para termos presidente-sentada-em-cima-da-cabeça-do-urso praticamente desde o início do mandato.

    Impossible is nothing*

    Vamos acreditar (lema do director-geral da minha ex-empresa, aquela que está na falência)

    *roubei o título, não te importas, espero.

    11.01.2008

    Revesti a minha vida social



    foto Herb Ritts

    de relações platónicas.
    Poderia fazer aqui uma nova prelecção sobre essas relações e, embora não mentisse (continuo a achar que as relações perfeitas são as que não chegam a concretizar-se), também não estaria a dizer a verdade toda.
    A outra parte foi a que contei ao meu Amigo à hora do almoço, o meu nível de exigência físico atingiu um pico tal que hei-de ser castigada por isso: serei condenada a passar o resto dos meus dias com um homem lindo de morrer e estúpido como uma porta.

    10.31.2008

    Visto de cima

    o átrio enorme parece minúsculo. É o cais da estação Baixa-Chiado e está apinhado de gente que se amontoa.
    Um segurança passa à frente de todas as pessoas que se acotovelam, paradas escrupulosamente antes da linha amarela com bolas em relevo. Imagino que peça para se chegarem para trás por segurança, as pessoas são muitas e poderão empurrar-se demasiado. Penso como é irónico ele fazer isso de costas para a linha e mesmo na beira do cais, da posição onde estou parece demasiado tentador para alguém que se encontre perto dele dar-lhe um leve encontrão mesmo sem querer ou por curiosidade de ver um corpo cair à linha. Que som fará quando a carruagem vier, que pedaços serão despedaçados primeiro, o que veremos, ficaremos cobertos de sangue e de massa encefálica?

    (porcaria de imaginação gore)

    Subi as escadas a correr

    para ir buscar qualquer coisa, o telemóvel, chaves de casa e chaves do carro na mão. Subi e lembrei-me, em criança tanto invejei os objectos que só os adultos podiam usar, umas chaves de casa, chaves do carro. O quanto quis ser adulta só para poder segurá-los, chamá-los meus, o desprezo que os adultos pareciam ter por eles e o quanto eu iria prezá-los.
    Mal sabia eu a pouca piada que tem possuir um carro, uma chave de casa. É sempre assim, as coisas perdem logo a magia toda quando se tornam nossas.

    10.30.2008

    Serviço informativo

    Ontem à noite o mundo mudou. Para melhor.
    A minha nova sobrinha* nasceu.
    Bem-vinda M.!

    *não, não somos irmãs

    Chiado



    "Atravesso um mundo rural suspenso na iminência do aguaceiro, uma manta de arrozais descosida pela linha ferroviária, planícies perto e vulcões na distância, aldeias imóveis, mesquitas e madrassas, camponeses curvados, mulheres em chador, crianças em rodopio. Apetece pensar que as pessoas são mais felizes neste universo pastoral: Mas não são, a relação do ser humano com a felicidade é igual em todo o lado."
    Gonçalo Cadilhe, A lua pode esperar

    Aproveito estes primeiros dias para tirar fotografias como os turistas. Sei que não durará muito, o meu estado de graça. Serão poucos mais os dias em que ninguém se importa com os meus erros, poucos mais os que me espantam, nos quais consigo ver a cidade reflectida nos olhos assombrados dos turistas.
    Em breve será banal escalar as profundezas da estação de metro, daqui a pouco não me maravilharei com os rapazes na rua vestidos com fatos de mergulho e um cartaz a pedir abraços. Vou deixar de reparar nas fachadas com letreiros antigos e nos cafés fashion remodelados por estrangeiros. Será para mim igual almoçar nos Armazéns do Chiado ou no Nood, por isso registo aqui agora.
    Percorro a rua com a máquina na mão, ninguém estranha, menos ainda aqui onde todas as coisas peculiares se juntam, onde as línguas se misturam, onde os pedintes se distinguem com dificuldade dos outros e sempre pelo tom de voz, nunca pelo aspecto.

    E depois penso nisso, que viajar é ter esse assombro constante, e não me admira que seja tão viciante para quem já viajou muito (não sou eu, infelizmente) continuar a querer viajar sempre e mais.

    10.27.2008

    Penso muito nisso



    foto Martin Schoeller


    Naquilo que conhecemos das pessoas que lemos todos os dias. Achamos que conhecemos, talvez pesemos as suas palavras e as interpretemos de forma completamente distorcida. Nós não somos o que escrevemos, o que lemos, o que dizemos, o que mostramos, o que escondemos. Nós somos um somatório e uma subtracção de tudo isso. Admitir que podemos aqui (bloga) encontrar afinidades, proximidades, intimidades, inimizades, é admitir que as podemos encontrar em todo o lado (e podemos). Na sala de espera de um consultório, num banco de escola, num amigo de um amigo, num colega de emprego, numa pessoa na qual batemos no carro.
    Mas aqui como lá fora, todas essas coisas exigem tempo, dedicação, disponibilidade, química.
    Nem sempre são possíveis. São muitas mais as vezes as quais se tornam impossíveis.
    É por isso (aqui como em todo o lado) precioso encontrar, manter essas relações. Assumir que elas não estarão sempre lá. Elas não estarão sempre lá. Só isso.

    10.24.2008

    Paz



    foto Elton Melo

    Alguém se deu ao trabalho de me escrever um longo mail a insultar-me numa língua estrangeira, pelo facto de eu não ter respondido a mails de engate dele.
    O blog é meu, eu não obrigo ninguém a lê-lo, era o que me faltava ter de me justificar pelas razões pelas quais o mantenho, se tenho ou não comentários e porquê, se respondo ou não aos mails que me enviam pelo endereço do blog - respondo sempre, a menos que não me apeteça.
    Eu que me gabava de nunca me ter desentendido com ninguém na blogosfera em quatro anos e quatro blogs diferentes, finalmente encontrei quem se tenha ofendido imenso apenas por eu não ter feito...nada.
    Posso continuar a gabar-me, acho. Eu hoje fiz as pazes com o mundo e o mundo comigo.

    Em podendo escolher*



    foto Georges Antoni


    Preferiria ser esta. É menos aborrecido e mais honesto. Eu aborreço-me com (demasiada) facilidade.

    *(é claro que poderia escolher, não fosse a minha moral a minha maior e mais forte carcereira)

    10.23.2008

    Do metro

    Não sei se para o comum dos mortais é tão complicado como para mim andar de metro. Desde a máquina dos bilhetes, aos canais abertos/fechados/de dois sentidos/de sentido contrário, passando pelo mapa da coisa e terminando nas direcções do cais, tudo é passível de aprendizagem e me confunde. Bem sei que é questão de hábito, mas uma vez não habituada, como hei-de entender o que significa "zapping" na máquina de bilhetes (ainda não sei), ou saber de cor que estações ligam a outras, quanto tenho de andar dentro de uma ligação para chegar ao cais seguinte ou qual o percurso mais rápido entre duas estações (que com ligações diferentes podem duplicar o numero de estações e ainda assim demorar metade do tempo por ter menos mudanças de linha).
    O pior de tudo para mim é quando chego à estação onde quero sair e dou de caras com um cais, setas para lados contrários e direcções como "praça da alegria" ou "rua do salitre".
    Ora tirando três anos, eu vivi toda a minha vida aqui, o que dá 30 anos a percorrer a cidade, tenho a sensação que conheço razoavelmente as ruas, sei onde é a rua do salitre, não faço ideia de onde fica a praça da alegria. E isto acontece-me em todos os cais (tirando aqueles em que não conheço nenhuma das ruas).
    Custava muito por pontos de referência para o comum-dos-mortais-que-não-decora-o-mapa-toponímico-de-lisboa, tipo "S. Jorge" e "Tivoli"?

    Não sei o que o resto das pessoas faz quando está perdida, eu a conduzir perdida vou sempre atrás do carro com mais pinta (claro que já fui parar ao fim do mundo com este esquema brilhante). Eu no cais do metro e extremamente atrasada para uma reunião, sigo o blogger mais bem apessoado que encontro. Ainda dizem que os blogs não servem para nada*.

    *bom, o meu não serve mesmo para nada.

    (sim, saí no lado certo).


    10.22.2008

    Dos esqueletos nos armários

    Na casa onde cresci não falávamos sobre sexo. Na casa dos meus pais, falar sobre dinheiro era (é) feio e, à mesa, impensável (pior ainda do que os cotovelos sobre o tampo ou pôr a faca na boca).
    Como é que não dei em prostituta é qualquer coisa que roça o mistério.

    (empenhei-me em contrariar tudo o que os meus pais defendiam menos as regras de boa educação, valha-me isso).

    Em criança/adolescente



    foto Joshua Hoffine


    quis ser psiquiatra. Não psicóloga, não psi-qualquer-coisa, psiquiatra.
    Atraía-me o abismo da loucura, o desequilíbrio químico do cérebro que tornava pessoas que tinham sido bebés fofos, crianças adoráveis, possivelmente adolescentes normais, em adultos capazes de actos horrendos, de auto-mutilações e sabe-se lá mais o quê.
    Algum filme que terei visto, possivelmente.
    Agora que penso nisso, nada me parece atraente nessa função; nem sequer acredito na psicanálise, os psis são médicos e essa é a profissão menos apelativa do mundo (com excepção talvez para pedicures e cozinheiros), tocar em corpos estranhos, cheirá-los, ouvir os seus queixumes, aturar os seus humores, conviver com a morte e a doença todos os dias, em todos os momentos.
    Mas ainda sinto o apelo de ficção-cientifica da alteração de humores, da mudança de personalidade, das cambiantes da mente por factores externos.
    Ontem ao comentar com uma amiga que estava farta de estar tão indiferente, quando preferia ter vontade de andar aos tiros a tudo, ela responde-me com uma frase de psicologia positiva, uma espécie de tirada de coaching comportamental e depois desculpa-se "oh, estou assim muito positiva, é dos anti depressivos, não tenho culpa".

    Pior ainda é quando vem tudo junto

    Por vezes, tal como em hora-de-ponta há quebras de tensão, também em momentos de ponta há quebras de tesão.

    (pequeno reminder de como a vida pode ser ainda pior do que comer bolachas de pipocas)

    10.21.2008

    Da próxima vez que me perguntarem porque não tenho comentários no blog, faço minhas as palavras da Ana

    [...]Ter comentários num blog é o mesmo que deixar aberta a porta da nossa casa e deixar entrar no nosso espaço, mexer nos nossos objectos, gente que vai ao teatro ver espectáculos da Teresa Guilherme, gente que lê livros da Margarida Rebelo Pinto e afins, gente que gosta da Rita Ferro Rodrigues e da Margarida Pinto Correia, gente que participa em eventos como a mais bela bandeira do mundo, gente que vive em Agualva-Cacém e vai para Quarteira e Armação de Pêra passear, debaixo do ordinário sol algarvio, nalgas esturricadas, cheias de celulite e estrias.[...]

    é ler tudo, tudo, tudo.

    Serviço Público

    ou descobri como se descartam os posts-fantasma (posts que apagamos do editor de texto mas que já foram cachados nos leitores de feeds, ficando por isso para sempre nos feeds de quem subscreveu) - sou pouco esperta, tive de ver publicado assim para entender como era - não é apagar o post. É editá-lo e escrever "post apagado" ou qualquer coisa semelhante.

    Apercebo-me



    foto Erik Almas

    através de um comentário na caixa de outro blog (e não só) que fui-me gradualmente transformando nessa pessoa inócua e sem pecadilhos que algures no tempo almejei ser. E que quase sempre fui.
    Bloquei-me de tal forma que por vezes (quase sempre) não parece existir outra possibilidade e nisso nem tudo é mau.
    É como comer uma daquelas bolachas integrais feitas de pipocas: não sabem a nada, não engordam e provavelmente são boas para todos os órgãos do corpo. Mas não dão gozo absolutamente nenhum.

    (detesto-me assim)

    10.20.2008

    Dos dinossauros benzocas

    - O tio Rex comia chocoletes dos outros dinossauros mortos.
    - Chocoletes? Que bom eram assim muito docinhos?
    - Não, mãe! O tio Rex só comia os crânios dos outros.

    De vez em quando,



    Bernard Henri Levi

    quando a esperança começa a esmorecer imenso, Deus envia uma amostra para os Media para que a fé não desapareça por completo. Eles existem, homens simultaneamente giros, com pinta e inteligentes. Claro que depois, quando aprendemos a ler as entrelinhas de Deus, há qualquer coisa que se clarifica ainda mais; existir existem, mas são casados.

    10.17.2008

    Trust source

    Perguntando a qualquer informático que mails devemos abrir ou não, a resposta será provavelmente "trust source". É abrir os que vêm de fonte segura, de quem conhecemos.
    Claro que isto não previne o spam, as pessoas que conhecemos também enviam spam. E mensagens que dão sorte. E piadinhas batidas.
    Mas pelo menos evitamos algum spam. Ou por outra, se apanharmos um vírus, ou formos vítimas de phishing, pelo menos estamos acompanhados pelos nossos amigos.
    É aplicar o conceito em larga escala. O nosso universo social ficará certamente reduzido, mas muito mais seguro.

    (porque toda a gente sabe que só os estranhos é que nos enganam).

    Ontem



    foto Robert & Shana Parkeharrison


    Recebi um mail em resposta a um Curriculum que enviei. Era um mail muito agradável, parabenizando-me pelo meu "percurso profissional" (coisa que desconhecia ter) entre outros cumprimentos. Umas linhas à frente percebi o motivo: a pessoa que o enviara pretendia que eu trabalhasse para ele sim, mas de graça.
    Ainda assim, foi simpático, por isso na resposta vou evitar contar que ambas as empresas onde trabalhei ultimamente (a actual e a anterior) abriram falência.
    Até porque estou convencida que não passa de uma coincidência absurda.

    10.16.2008

    Na escala da Vieira

    Eu teria de ser esta:

    [...]A modelo/apresentadora/relações públicas de discoteca foleira, que finge que tem fome para parecer feliz e saudável. O procedimento é em tudo idêntico ao da pessoana, com a diferença de que aquela não gosta nem nunca gostou de comer e é por isso magra/magérrima, embora faça questão de dizer em público que adoooora comer, que come de tudo e que o seu prato favorito é feijoada, mas que nunca engorda nem vai ao ginásio, pois já nasceu assim, é genético, tal como a mãe e a avó. Esta, quando a comida lhe chega, tanto lhe faz como lhe fez e ingere apenas o suficiente para se manter de pé, fingindo que o faz com genuíno prazer, para se enquadrar no ambiente.[...]

    Só que eu não sou bem assim. Eu como pouco, mas mal. Eu nunca pus os pés no ginásio. Eu só como chocolates, comida frita ou grelhada desde que tenha muito molho, massas, arroz, batatas. Adoro hidratos de carbono, dispenso a carne. Eu fico cheia com três dentadas num chocolate. Eu sou muito magra. O suficiente para algumas pessoas acharem que sou demasiado magra (leia-se magra de forma não muito atraente). E agora? Vou-me encharcar em comida só porque tive a sorte de não engordar como as outras? Vou tentar ganhar peso só para não ser olhada de lado como se fosse anoréctica? Vou fustigar-me porque as outras mulheres da minha idade pesam o dobro de mim e às vezes tenho de me vestir na secção de crianças? Ou porque uso o numero de calças mais pequeno que existe?

    É isso ou ir ali comer mais um bocadinho da mousse de chocolate que a minha avó me mandou ontem.

    (decisão difícil).

    Depois de um mês de insónias



    foto Edward Weston

    O sono serve como desculpa para tudo; para sair de casa de gabardine e sandálias, para demorar muito tempo a fazer seja o que for, para não ligar a todas as coisas a desabar à volta, para deambular sem sentido pela net, para ignorar todos os apelos, para chegar tarde a todo o lado.

    Sim, não restam senão ruínas, mas ao menos que se possa dormir descansado sobre elas.

    (eu posso passar fome e frio, o que me enlouquece é a falta de sono).

    10.15.2008

    Eu pensava que era explorada

    afinal sou é uma espécie de poetisa.

    (melhor)

    Porque deixou a sesta



    foto Lilya Corneli


    Chega às nove da noite embebido em sono. Aninha-se no meu braço no sofá e enrola-se como um gato. Esconde a cara, tem a chucha e não quer que ninguém veja (em casa sou um bocadinho bebé, na escola sou crescido). Ela deita-se ao lado.
    Durante tanto tempo estive demasiado imersa noutras coisas para reparar nisto. Eles, nós, são casa. Somos casa. Não é o sítio onde estamos, o que temos ou o que não temos.
    É isto, o cheiro a cabelo lavado, o toque da pele, o calor que emana deles. Estejamos onde estivermos, é isto.

    (medo).

    10.14.2008

    Publicidade institucional



    'OLHAR AS ARTES DO OUTRO',

    a decorrer no Museu de Artes Decorativas Portuguesas da Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, será realizada amanhã, dia 15 de OUTUBRO, pelas 18H00, a conferência

    'Nós (e) os JUDEUS',

    Pela Prof Doutora Maria José Ferro Tavares,
    Historiadora da presença judaica em Portugal e Professora jubilada da Universidade Aberta, Lisboa.

    Este ciclo de conferências é organizado no âmbito do Ano Europeu para o Diálogo Intercultural e em conjunto com a Associação MultiCulti - Culturas do Mediterrâneo e com o apoio da Fundação Euro Mediterrânica Anna Lindh para o Diálogo das Culturas.

    Museu de Artes Decorativas Portuguesas
    Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva
    Largo das Portas do Sol, nº 2
    1100-411 Lisboa
    tel. 21 881 4600
    fax. 21 881 4683
    www.fress.pt

    10.13.2008

    Às pessoas que me lêem pelos feeds

    Ignorem por favor os três posts anteriores a este. Eu vou tentar fazer o mesmo.



    foto David Nightingale

    10.09.2008

    Da carestia



    foto Carl de Keyzer

    Durante muito tempo, toda a vida parece-me agora, persegui essa sensação de segurança que só me lembro de ter em criança. À noite, deitada na cama, ouvindo os sons da cozinha lembro-me de pensar que nada me poderia alguma vez atingir.
    Acho que persegui essa sensação de tal forma que tive de a arrasar de todo, de destruir tudo aquilo que tinha construído em torno dela para ver se ela se mantinha. Não manteve, antes desapareceu por completo mas sobrevivi sem ela, ainda que para isso tivesse de ir desligando fios. O problema de ir desligando é que há sempre fios que vão na voragem (afinal não era esse, era o do lado) ou corremos o risco de os ir desligando um a um até irem todos à vida.

    (tenho tantas saudades de viajar. gostava de ir à india. a minha filha tem cara de indiana. é tão bonita).

    10.07.2008

    À porta do supermercado



    foto Richard Avedon

    Estão vários como ele. Mas ele é diferente. Vejo-o a correr para o meu carro e antes ainda de estacionar estou a afirmar "hoje não lhe dou moeda" mas sei que não é verdade. Ele enfeitiçou-me e não há vez nenhuma que não lhe dê a moeda. Ele não pede. Limpa-me uma mancha de resina que anda há meses no capot do carro. Sorri quando saio. Gosta do meu filho e o meu filho gosta dele. Sorri muito. Chama "lagarto" ao meu filho por ele ser do Sporting. Cheira a vinho mas tem um discurso absolutamente coerente. E sobretudo, sorri sempre, não se queixa, antes dá a impressão que tomou a profissão de arrumador como coisa séria, carreira a seguir na vida e a desempenhar na perfeição.
    Faz-me pensar, o que fará uma pessoa como ele, fluente na fala, transbordante de simpatia, amoroso com as crianças ("olha a mana, vai para o pé da mana"), escolher este modo de vida dependente da caridade dos outros.

    Já dentro do supermercado estaco à frente da prateleira dos vinhos. Não percebo nada de vinhos e atormentam-me as memórias que cada um deles me traz de alguém - O Monte Velho do V., o Duas Quintas do T., o P.P. do P., e por aí adiante - penso nele, provavelmente entende mais de vinhos do que eu e ajudar-me-ia a escolhe-lo.

    Quando saio, é ele que vem a correr, limpou-me o resto do capot e vem-me ajudar com os sacos. Ao meu agradecimento responde, laconicamente, "não custa nada ajudar". Sorri ainda.

    A coisa é simples, nós é que a complicamos.

    10.05.2008

    Da Academia do Cérebro

    Por algum motivo que terá possivelmente a ver com o facto de o meu emprego ser tão intelectualmente estimulante como ler a caras, tenho jogado muito a esta coisa numa consola de um dos meus filhos.
    Tento ignorar o facto de o jogo ter sido concebido para crianças e eu nem ter nunca tido mais de um "B" no exame final, afinal o meu cérebro está a expandir-se (segundo eles) e isso é que conta.
    No final do exame a massa informe com óculos que faz de professor dá a avaliação nas várias matérias. Ora eu, tendo resultados aceitáveis na maioria das matérias, falho miseravelmente na "lógica".
    Não me espanta. E espantar-me-ei ainda menos quando a massa de óculos finalmente se deixar das prelecções politicamente correctas e disser a verdade:
    "Embora você tenha a mania que é esperta, os seus raciocínios não têm absolutamente lógica nenhuma. Cada vez que tiver de tomar uma decisão, pese cuidadosamente todos os parâmetros da decisão, aconselhe-se com todas as pessoas que conhece e por fim faça exactamente o contrário daquilo que decidiu. É a melhor hipótese que alguma vez terá de acertar em alguma coisa".

    10.03.2008

    Noutros dias penso que sim



    foto Helmut Newton

    que deveria fazê-lo. Na impossibilidade de te ter, não podendo recorrer à lobotomia para curar a absoluta insanidade de te querer ter, deveria ao menos poder culpar-te por isso (a culpa é tua, sabes), deverias ser tu também a carregar ao menos metade desta bagagem, deveria poder acordar-te a meio da noite com gritos histéricos quando não consigo dormir. Não é justo ter que entrar todos os dias na minha casa vazia (detesto entrar em casa, sabias, não não sabias, sabes tão pouco de mim) tens de ser tu a aturar as minhas crises e não outros, inocentes.
    Ser civilizada, ter de guardar tudo isto como nada (o mesmo que peço - exijo - dos outros que sentem o mesmo por mim), sem nada mostrar, é o que torna pessoas normais em assassinos.
    O pior de tudo, o mais ridículo, é eu saber - sei - que todo o meu desespero não passa de um auto-jogo mental. No dia em que te tivesse, desprezava-te como fiz quando eras meu.

    10.02.2008

    Momento orgulho de mãe*

    - Olha aqui o que a mãe pôs no blog ontem.

    - Ah, isso é da Vera Wang, não é?

    *escrito in loco, in situ, aka no chão da sala.

    10.01.2008

    Eu hoje acordei assim



    Sim, sim eu também tenho momentos-princesinha-pirosa-sainha-de-tule-e-piruetas-de-ballet-aos-7 anos ou achavam que as sapatilhas lá em cima eram só para enganar?
    Este vou atribuir ao facto de ter conseguido finalmente, ao fim de três noites, acabado de ver o fiel jardineiro. Aqueles últimos 20 minutos foram soporíferos, mas bonitos.

    9.30.2008

    Da beleza consensual





    foto Ramus Mogensen


    Depois de debater aqui a beleza e a sua falta de consenso, eis que dou de caras com uma fotografia da Monica Bellucci.
    Linda de morrer, com um corpo magnífico, bem capaz de ser o espécime feminino mais perto da perfeição que já vi.
    Já ouvi homens menosprezar a beleza consensual apenas por isto, sentir necessidade de ir buscar ao um catálogo desconhecido amostras de beleza discutível cujo único mérito é não ser óbvia.
    Já vi mulheres fazer o mesmo, mas de forma diferente. Os homens que apreciamos têm sempre estilos muito diferentes, mesmo entre amigas que se vestem e penteiam da mesma maneira.
    Conseguimos usar o mesmo bikini, mas depois achamos piada a homens diferentes (ou sou eu que tenho uma sorte enorme com as amigas, nunca coincidimos).
    Não vejo menos mérito na beleza óbvia, sim, ela está ali e nem se esforçou para isso.
    Mas desprezar qualquer coisa só porque ela apareceu sem trabalho é fruto de alguma herança religiosa do passado. Actualmente já podemos julgar as coisas pelo seu valor, ou não?

    9.29.2008

    Porque sem elas

    não poderíamos escrever aqui (nem noutros lados).

    I love typography

    Flashdance



    Um amigo disse-me um dia que a maior parte da educação sentimental dele foi feita a partir de música lamechas. A minha há-de ter sido feita a partir de filmes dos anos 80.
    Depois onde é que a coisa descambou já não sei precisar.

    9.28.2008

    Tenho vergonha

    dos meus erros ortográficos.

    E foram logo dois, em dois posts seguidos. Tendo sido apropriadamente corrigidos (sim, eu agradeço que me corrijam), devem lá estar registados nos feeds para sempre. A considerar se devo tirar os feeds, registo eterno dos meus pontapés na gramática.

    In memoriam



    Paul Newman 1925-2008

    9.26.2008

    Os meus agradecimentos

    pelo esclarecimento.
    Eu não lia, agora serei tentada a fazê-lo.
    Ou não. A minha paciência quando se esgota raramente volta.
    É pessoal, claro, o ermita congratular-se-à com isso.


    daqui, viaOpen Eye

    Uma foto captura um momento. Só que, por vezes, um momento encenado.
    Outras ainda, quando nem a encenação é suficiente, a fotografia é composta.
    Um momento é composto.
    Quantos momentos foram compostos na nossa memória? Agora que queremos mesmo apagar pedaços traumatizantes, porque não podermos adicionar outros: reconfortantes, elecrizantes, fascinantes?
    Poderemos um dia tratar a memória como um pedaço plástico e moldável, esquecendo o que não queremos mais lembrar, lembrando o que nunca nos aconteceu mas que nos teria feito felizes se tivesse acontecido?

    (eu quero).

    9.25.2008

    Vejo-a a entrar na escola

    por entre as grades.

    - É tão bonita, a mana, não é?
    - Sim.
    - Achas mesmo - Tom de absoluta surpresa, assumi que ele diria "não, é parvalhona" - a cara, é bonita?
    - Não. Nas roupas que ela veste.

    Tão pequenino e com tanta noção de estilo. Meu rico filho.

    daqui


    Eu acho que não. Digo a toda a gente que não.
    Mas por dentro, há uma parte de mim que acredita que sim.
    Eu prezo mais esta parte do que qualquer outra. É ela que me faz sentir viva.

    9.23.2008

    Das mensagens



    foto Nan Goldin

    vim a casa e lembrei-me de ti. Hoje não trabalho.


    Claro que lembraste. Sabes que eu estou a pensar noutro.
    Não te preocupes, em tempos foi ao contrário, estava com ele e pensava em ti.

    Da reunião de pais

    - O que é que o professor disse sobre mim?
    - Que tu lês mal, não fazes os exercícios de Matemática, só fazes disparates nas aulas...
    - Oh, vá lá, a sério.
    - Não disse nada, eu não perguntei. Só as mães que tinham dúvidas é que fizeram essas perguntas.
    - E o computador? Aquilo é tão manhoso...
    - Ainda não é para já. É para o avô, se ele quiser.
    - Não. É para mim.
    - Tens um computador no quarto, precisas de mais?
    - Sim, queria um portátil.
    - Também eu queria. O meu está a dar o berro.
    - Gostava era daquele da maçã.

    [a coisa promete]

    9.22.2008

    Qualquer dia ainda defendo a volta aos corpetes



    foto Horst P. Horst

    Tem certamente a ver com ter acabado de ler "Um quarto com vista para a cidade" que concluo, nem todas as mudanças que impomos uns aos outros em sociedade resultam bem.
    Tudo era bem mais simples quando todos os lugares a ocupar estavam bem demarcados. Pouca mobilidade, opções reduzidas, mas sem dúvida segurança.
    Sempre achei que demasiadas opções confundem mais do que ajudam. Mas admito que possa ser uma questão muito pessoal.

    Sejamos justos

    eu há bocado passei uma meia hora ao sol, estendida num puf que me caiu, literalmente, do céu.

    Da televisão a meio do dia

    o conceito why bother em larga escala, aplicado a todos os canais sem excepção. Só os velhos, doentes e crianças pequenas é que estão em casa a esta hora, não vale a pena fazer programas para isto.

    ("as famílias portuguesas estão quase em falência técnica" tem de ser a melhor frase que ouvi nos últimos tempos. Aquilo terá teleponto?)

    Preciso de férias

    e ontem ao lanche queixei-me ao meu amigo. Eu não preciso de férias. Precisava de não ter insónia crónica e cavalgante, não faço ideia de quando dormi a última noite seguida.
    Então, e porque a vida tem estas porcarias cada vez que abrimos a boca, ele aparece-me do pai a arder em febre, eu imagino-me a levá-lo ao médico de manhã e a passarmos o resto do dia muito sossegados, em sestas, a ver televisão, sem fazer nada.
    Imagino, porque depois (e porque a vida tem sempre estas merdas, agora em vernáculo) passo a manhã em salas de espera, os dois com uma neura terrível, chegamos a casa e eu tenho que trabalhar e ele só chora, quer por força que eu jogue na consola dele o jogo que não consegue, eu com um artigo para fazer e ele aos berros, à hora do almoço o telefone a tocar e mais um folheto para fazer (nem instalei ainda as fontes, estive a fazer douradinhos), e agora também não consigo instalar porque tenho de ler todas (todas) as instruções do jogo do MacQueen, os mails estão a cair e será certamente mais trabalho, mas tenho-o a respirar em cima de mim mãe por favor, joga comigo e tenho tanto sono, sim, sim, mais valia ter ido trabalhar.

    9.19.2008

    Ao almoço

    o meu Amigo disse-me, em tom de confissão, "Os homens gostam é que não lhes liguem nenhuma".
    Não era propriamente novidade e respondi-lhe que também nós, afinal somos todos, e mais parecidos uns com os outros do que queremos admitir.

    É por isso, porque quero que me deixes em paz de vez, que te vou encher a caixa de mails de mensagens fofas, que te atrofio o telemóvel com sms ridículas, que te ligo sabendo que não atendes para deixar a minha voz aos sussurros no teu voice mail, que espero à porta do teu prédio e te persigo pela rua até à pastelaria onde tomas o pequeno almoço, que encho os teus posts de comentários desapropriados, que não paro de fazer piscar a tua janela de messenger com palavras indecentes ao longo do dia, que espero pela hora em que sais para ir ao café e, à frente dos teus colegas, te faço uma cena de ciúmes de qualquer coisa que não tenho.
    E é por isso que tiro da gaveta a cópia da tua chave que não cheguei a devolver e te espero sentada no sofá às escuras até de manhã, que enfio na mala do teu portátil post its com frases copiadas de livros manhosos, que deixo debaixo da tua almofada fotografias nossas de outros tempos, que te acordo a meio da noite com toques de campaínha.

    Ou então não.

    9.17.2008

    9.16.2008

    Por alguma razão

    que me escapa completamente ao entendimento, faz parte do meu job description (e de todos aqui na empresa) fazer dog-sitting a um cão.
    Regra geral o cão tem uma sitter fixa. No entanto, na ausência desta, cabe-me a mim o papel. Ora eu não entendo nada de cães, não fui criada perto de animais, e hoje esta falta de entendimento fez com que eu me visse forçada a apanhar dejectos do cão à porta de um café. Acho que mereço um aumento. Ou no mínimo um dia de férias, à laia de compensação.
    [...]pensava que os homens que não gostavam de mim, ou me maltratavam, deviam ser muito mais extraordinários do que os outros, que me adoravam. Como se fossem uma raridade. Há aqui um elemento de interrogação, de conquista, como se fosse à caça.

    E de vaidade.

    Exactamente. (risos) Por que é que este não olha para mim? Um colega podia ser estúpido, mas bastava o facto de não notar a minha presença para achar logo que era um tipo especial.

    Curioso. Ainda hoje é assim. As mulheres sempre se sentiram entediadas pelos deslumbrados.

    Sem dúvida. O sadomasoquismo mete também vaidade, usou a palavra certa.[...]

    Gosto

    da MFM.
    Já tinha gostado quando li o Bilhete de Identidade e gostei ainda mais ao ler a entrevista. Identifico-me com ela em tanta coisa. O que é capaz de fazer de mim uma espécie de intelectualóide (por muito que queira negar).

    9.15.2008

    Por alguma razão

    que não compreendo mas aprecio, os meus almoços de família são na Gulbenkian, a um Sábado ou Domingo.
    Este Sábado, o momento alto foi quando a minha avó viu finalmente o alargador da minha irmã ("que coisa tão estúpida foste fazer"). Foi moderada, parece-me.

    A vingança é um prato que se come frio

    Às quatro da manhã os bares da Bica estão fechados e os do Bairro Alto já deram o que tinham a dar. Aborrecidinha, resolvi devolver a insónia a quem tanto se aplicou a oferecer-ma, várias vezes.
    Não resultou, óbvio. Não recebi uma mensagem bem disposta em troca, foram duas.
    Estamos mal quando nem uma vingançazinha da treta consigo levar até ao fim.

    (lembro-me agora que tenho um fraquinho por homens que guiam só com uma mão. Nada original, portanto, gostar de bad boys).

    pessoas com extremo bom gosto