10.03.2006

Annus Horribilis

O ano começa e comemos passas. Não entendo bem esta tradição e nem gosto de passas, mas como-as naquele dia por superstição, não vá o diabo tecê-las.
Nessas passas vão, uma a uma, as nossas expectativas para aquele ano (saúde, saúde para os miúdos, um emprego), já disse que não gosto de passas e só as como naquele dia por superstição, não vá o diabo tecê-las?

O ano começa e temos dentro de nós uma série de resoluções, ou vão elas aparecendo ao longo desse ano, podemos não saber muito bem quais são mas sabemos certamente quais não são.

O ano ainda mal começou e já se foi um projecto, um projecto vital (vital de vida). Recuperamos como podemos, temos outros projectos, pois claro.

O ano ainda vai a meio e descobrimos que alguém em quem confiámos nos traíu de todas as formas possíveis de trair alguém, afinal nessas 12 passas deixámos muita coisa de fora (saúde para o resto da família, que acabem todas as guerras) e mesmo das que pusemos dentro nem todas foram cumpridas (ou culpa nossa, esquecemos o que não comecem novas guerras).

Ainda falta para o ano acabar e já só lhe vemos o fim, duvidando mesmo de que o fim seja o princípio de algo ou apenas a continuação disto tudo, afinal o que é um ano, um mês, senão conceitos que não podem ser pensados em absoluto, quantas vezes um ano leva dentro de si mais de dez, quantas vezes passa num dia só.

Dentro desse ano, porém, nem tudo foi mau, alguns dos pedidos das passas foram mesmo atendidos e, se fomos dessas pequenas árvores que balançam à miníma rajada, descobrimos ter tutores (o nome das estacas que seguram a árvore ao chão) em quem nos apoiarmos durante o difícil percurso.

À F., S.F., S.M., R.N., R.T.S. e M., muito obrigada por estarem lá, sempre.

8 comments:

100nada said...

Eu também não gosto de passas. Não as como, substituo por pinhões. Dá o mesmo resultado, umas coisas sim, outras não.
Este texto está tão bonito e comovente, bolas!

Clara said...

Cat, obrigada :)). Sabes com quem aprendi a dos tutores? Contigo.
Bjs

Anonymous said...

eu substituo por uvas brancas, que é essa a tradição e superstição da minha família...

Fitinha Azul said...

Beijocassssssssss

Anonymous said...

AMIGA,

não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe!!
Tambem tive uma fase dificil: o Pai muito doente, não sabiamos se ia sobreviver, entretanto morre a minha única tia (do lado do Pai)nesse Natal, e logo a seguir a minha avó também faleceu. Senti-me tão desamparada, uma «revolta» enorme,... Pensava «quando acaba este sofrimento?»

Anonymous said...

AMIGA,

não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe!!
Tambem tive uma fase dificil: o Pai muito doente, não sabiamos se ia sobreviver, entretanto morre a minha única tia (do lado do Pai)nesse Natal, e logo a seguir a minha avó também faleceu. Senti-me tão desamparada, uma «revolta» enorme,... Pensava «quando acaba este sofrimento?»
E o sofrimento acabou devido às estacas que me seguraram e à fé que me transmitiram.
FORÇA AMIGA

Uma das MESTRES - F

Anonymous said...

Entendo-te muito bem! Muito bem mesmo! Em tudo o que dizes! (Até em relação às passas de que também não gosto, mas que também como!)

Também tive um ano assim (não igual ao teu, mas mau. Sabes de que ano estou a falar, não sabes?). Também senti que me faltava o chão debaixo dos pés e que não havia nada à frente.

Mas há!
Há muitas coisas boas, à tua frente! Porque tu mereces, e também porque é assim a vida!
Não tarda muito, vais olhar para trás e sentir alivio. E vais sentir-te mais livre, mais leve, e mais forte! Garanto-te!

Beijinhos, muitos!

Margarida

Anonymous said...

Embora esta fase seja menos boa, vais ultrapassa-la!!!E no q a mim me diz respeito em relação à arvore, vais puder contar sempre com a minha parte do ramo.bj gd da S.M

pessoas com extremo bom gosto