12.31.2007

2007

Li hoje vários balanços do ano 2007. Não tencionava fazer o meu mas não resisto à pirosada.
2007. Devia talvez marcá-lo como um ano de referência na minha vida. Juntamente com 1999, são os dois anos da minha vida adulta em que mais mudei.
Mudei de casa, de cidade, de vida, de estado civil. Conheci muitas pessoas novas, algumas das quais se tornaram meus amigos, outras talvez ainda se venham a tornar. Tive relações e acabei com todas. Tomei mais comprimidos do que na minha vida inteira, fiz alguns disparates, acertei algumas (poucas) vezes. Ri, chorei, dormi pouco, saí bastante, comi mal, caí, levantei-me (muitas vezes). Descobri sobretudo que, uma vez tudo partido e desfeito, ao refazer-se não se torna igual mas sim 100 vezes mais forte. Tornei-me uma melhor pessoa para mim própria (agora só falta para os outros), já não sou esta pessoa (estes registos servem para alguma coisa afinal) e só por isso valeu a pena este ano.
Comecei.
Em 2008 continuarei. Sei muito bem que será um ano excelente. Para todos os que me acompanharam este ano aqui, obrigada pela companhia, pelos comentários, por terem pachorra de me lerem (não sei bem como).

12.28.2007

A E. veio da Sibéria

não sei há quanto tempo. É rechonchuda, muito loura e tem sempre um ar sorridente. A primeira vez que a vi foi há 5 anos, quando fui estagiar para Espanha e ela foi apressadamente contratada para limpar a minha casa. No meio do seu português arrussado explicou-nos que nessa altura, na terra dela estavam 40º negativos, o que era perfeitamente normal para aquela altura do ano.
A E. limpa agora a casa da minha mãe, da minha avó e a minha. Quando vai a casa a E. demora 3 dias inteiros para chegar, meio dia para a viagem de avião, o resto do tempo de comboio. Por isso a E. só vai a casa de 2 em 2 anos ou mais. A E. tem um filho do marido português, tem mais de 40 anos mas parece ter pouco mais de 30.
Hoje de manhã, ao lembrar-me dela tive um pensamento absurdo (eu não sou muito boa pessoa, para o caso de não terem reparado). Não me apetecia ir trabalhar e lembrei-me que se fosse a E. teria um emprego bem pior (raio de consolação) e ao mesmo tempo sei que pensei qualquer coisa como "mas pelo menos tem alguém que lhe ature as crises" (esquecendo-me providencialmente que eu quando era casada não tinha ninguém que me aturasse as crises e que pensava das minhas amigas solteiras coisas como "pelo menos é solteira", coisa que me parecia ser a compensação para todos os males).
Por isso dá para imaginar o choque quando a meio da manhã recebo uma mensagem da minha mãe a avisar que a E. hoje não viria. O marido morreu-lhe.

12.27.2007

O Natal

trouxe-me de volta a minha amiga. Por breves instantes é um facto, mas trouxe. E quando chega pede-me, as usual, conselhos sobre o namorado.
Dou-lhe umas dicas sempre da minha maneira bruta de ver as coisas mas pensando que não, corrigindo-me, tu não precisas de conselhos meus, antes preciso eu dos teus. Como tudo seria facilitado se também na vida possuíssemos canetas de bezier para ir suavizando as maneiras abruptas de ser, as formas angulosas com a qual fomos esculpidas. Ou, no caso, eu.

12.22.2007

Andei este tempo todo a ignorar o Natal



e claro que ele acabou por me acertar em cheio.

Se o Natal é perdão, vou tentar. Mas não garanto, o mais provável é ficar tudo na mesma.

Para todos os que me lêem, um feliz Natal. Para os que não lêem também.

12.20.2007

Não sabia

o que era a Byblos e agora fiquei cheia de vontade de conhecer.

Ontem jantei com amigas

O problema da mulheres não é analisar demais as relações. É não viverem para o futebol e por isso passarem o tempo (quase) todo a falar de relações e não de jogos, passes, remates e treinadores.

12.19.2007

Cecília, estou contigo



Já toda a gente sabe que o presidente de França anda com uma ex-top model, a lindíssima e serena Carla Bruni. Eis que a população masculina à volta do mundo vem aclamar Sarkozy, o anão meio atarracado.
Compreendo muito bem o ponto de vista dos homens, a costumeira palmada nas costas e piscar de olho que costumam trocar entre eles nestas ocasiões, e o íntimo pensamento "Se aquele consegue, eu que não sou assim tão feio também poderia andar com a Carla Bruni". Claro que sabem bem que o apelo do Sarkozy não está na maneira de ser nem de se apresentar, mas no mero facto de ser o presidente de França.
Há mulheres que acham graça a isso, como a Carla.
Outras que nem por isso, como a Cecília.

8

Tem um bloco de desenho. Uma boneca por página e vem-me mostrar. A bailarina, a popular, a desportista.
"Mãe, gosta do meu travesti? Tem barba." É uma boneca com barba de 5 dias.
Tremo quando penso no que possa vir a seguir.

12.17.2007

Do livro da minha vida

Nunca tive um livro que pudesse considerar da minha vida, até ler o "Sinais de Fogo" do Jorge de Sena. Na verdade conto ainda viver mais uns anitos, posso perfeitamente encontrar mais uns dois ou três (daí que não o possa mesmo considerar assim, com a quantidade de livros que quero ainda ler).
É uma espécie de auto-biografia, na idade adulta deu-me para isto, gostar de auto-biografias mais do que dos outros livros, como se ler a vida nas palavras dos outros fosse realmente importante. Em mais nova prendia-me muito mais pelos livros completamente fantasiosos.
No "Sinais de Fogo" tenho um carinho especial pela Mercedes. É a principal figura feminina e está muito mal definida pelo autor. Oscila entre a rapariga tontinha e uma mulher manipuladora e falsa. Ela é o motor de toda a história mas nunca se chegam a definir as motivações que a levam aos comportamentos que tem e eu fiquei à espera até ao fim do livro que o esclarecimento chegasse (nunca chegou).
Na verdade, todas as personagens femininas são um pouco maltratadas pelo Jorge, suponho que à altura em que escreveu o livro o sexo feminino fosse um poço de escuro desconhecimento para ele, oscila entre o fascínio e o desprezo pelas mulheres (totalmente misógino). Como compreendo o Jorge. Eu se tivesse tido talento para a escrita escreveria assim também sobre homens.

Vou passar esta a 6 homens: Qual é o livro da vossa vida (ou o que mais vos impressionou) e porquê? Respondam por favor. À laia de vingança podem depois passá-la a 6 mulheres (ou homens).
Antídoto, , Pitx, Leão, António e Otium.

12.15.2007

É um homem

grisalho, cinquenta ou sessenta anos. Sai do Hipopótamo* e entra dentro de um carro muito velho que está estacionado à porta e tem um autocolante enorme no vidro traseiro onde se lê "Jesus". Felizmente resolveu deixar Jesus à porta. Pela hora (5 da tarde) trata-se de um empregado da casa, não de um cliente.
Não sou moralista para condenar quem paga para fazer ou quem é pago para fazer, é-me indiferente, há quem queira (ou precise) de fazer e quem queira (ou precise) de ser feito. Como diria um economista, o mercado auto-regula-se. Já quem vive da exploração da coisa me parece muito baixo moralmente.


*a boite de alterne.

12.14.2007

O meu colega que nunca vi mas com quem falo ao telefone

e tem a mania que é engatatão:

-Mas a S. conhece-me, pergunta lá.

-Cuidadinho com a S., essa menina tem 19 anos.

-Sim, e depois, tu és muito mais velha não?

-(contendo o bocejo) Sou uma senhora de idade, sim.

-O quê, trinta?

-Por aí.

-Essa é a idade mais interessante da mulher.

-(contendo o vómito) Ai, sim? Então porquê?

-Porque ainda tem energia mas já tem suficiente experiência para preferir qualidade a quantidade.

-(fonix, que estupor) Lamento, qualquer mulher prefere qualidade a quantidade. (deve ser por isso que não te safas).

Do Natal II

Talvez pareça muito presumido da minha parte dizer que não gosto do Natal. Na verdade eu não tenho nada contra o Natal. É uma festa, há jantares aos molhos, pessoas que vêm de fora, tradições a cumprir. Nada tenho contra isto, acho maravilhoso. O que não acho grande coisa é aquilo que fizeram do Natal. Vejamos, trata-se do nascimento de Cristo que estamos a celebrar, alguém no meio das luzes a piscar, dos supermercados apinhados, do trânsito infernal, dos anúncios a brinquedos non-stop se lembra disso?
Bem sei que nem todas as pessoas são católicas. O que celebram então? O pai natal da coca-cola? O subsídio de natal? As iluminações das ruas?
Há uma série de tradições que se misturam caoticamente, não faço ideia do que seja para uma criança a época do advento. Ou por outra, sei. São chocolates para sacar de um calendário, catálogos de presentes potenciais, roupa desconfortável obrigatoriamente vestida na véspera, jantar à pressa a olhar para o relógio à espera da meia-noite.
O que seria do Natal se não existisse o subsídio de natal? Existiria espírito algum? Certamente não existiriam luzes nas ruas (a coisa é supostamente paga pelos comerciantes que deixariam de ter o retorno), seria mais triste?
Eu gosto do Natal, dispenso é toda a obsessão com compras que inunda a época.

12.13.2007

Andar de metro

é uma experiência fantástica. Para quem não tem o privilégio de o poder fazer todos os dias (sem ironia, detesto conduzir) e o reserva para os dias em que tem que ir à Baixa (bom, eu não tinha que ir à Baixa) hoje ainda para mais sem pagar (o Tratado de Lisboa, pois, esse acontecimento) é mesmo uma experiência fabulosa.
O exercício físico - desviar-me de potenciais sítios onde os saltos ficam mesmo encaixados - e a cultura que se ganha - não sabia que existiam homens com botas de crocodilo brancas e agora já sei - são bonus a acrescentar ao facto de não ter que andar duas horas à procura de lugar para estacionar.

12.12.2007

Não foi desta



Não ganhei o tal concurso, o meu post (aquela bela porcaria, para ser muito sincera) nem foi nomeado. Que se lixem os 1000 euros, é só dinheiro, pena tenho mesmo é de já não ir provar o risotto do Pedro e de não levar o ao meu japonês favorito.
Por falar nisso não consigo convencer ninguém a vir comigo jantar ao meu japonês, não haverá nenhuma alma caridosa que me queira acompanhar?

foto roubada aqui.

12.11.2007

12.10.2007

A justiça na forma do costume

A quantidade de criminosos que anda por aí à solta continua a ser uma coisa admirável. Por exemplo, os arquitectos que desenharam o Colombo. Andam aí e até são premiados. Incrível. A pena deles cumprem as pessoas que, como eu, são obrigadas a olhar para a coisa um mínimo de duas vezes por dia.
E ainda me surpreendo como não param de lhe fazer acrescentos, como um monstro a quem crescem sem parar novas e mais assustadoras partes do corpo.
Os rapazes do eufigénia verde ou lá o que era bem que podiam começar a aplicar as tácticas deles a conceitos urbanos. Não me vão dizer que aquilo não polui mais do que o milho transgénico.

12.09.2007

Ou estou

cheia de sono, ou alguém está desesperado por me contactar. No espaço de uma hora, tudo aquilo em que toquei caiu ao chão (não tenho bem culpa por inteiro, o Newton já explicou, 9.8 m/s2). Então é assim: tenho o telemóvel ligado (e, espantoso, com som), o messenger não, mas respondo a mails (se os vir).

12.06.2007

Mau timming

Leio na Visão que seguradoras vão começar a comercializar o "life-style insurance" em Portugal. Por uns meros 700 euros por ano, pode-se garantir a manutenção do estilo de vida após acidentes ou divórcios. Mal pensado (nem vou fazer considerações ao facto de risco ser elevadíssimo, imagino que as condições de adesão e eventual usufruto sejam ridículas). Por uns meros 700 euros por ano eu agora poderia continuar na minha vida de dondoca cuja maior preocupação no mundo era descobrir a que praia ía tomar café nessa tarde.

Puto,

acho que ainda há um par de lençóis cá em casa aos quais não deste o teu tratamentozinho nocturno, os da tua irmã. Vê lá se tratas disso hoje, sff, estás a falhar.

Ai, a continência devia vir num chip embutido, programável desde o dia do nascimento. O que se poupava em fraldas? Altamente ecológico, não era André?

12.05.2007

Depois

de me chamarem "neo-liberal" no fim de semana, fui a correr fazer o teste.
Fiquei ali no limite do liberal de direita, quase a fugir para o liberal de esquerda, muito moderadinha, graças a Deus. Mais para o lado do Dalai Lama do que do Milton Friedman (gosto muito mais do Dalai Lama do que do Milton Friedman).
Hoje disse a um dirigente do Bloco de Esquerda que era do PNR* e só denotei pena na voz dele. Para verdadeiro nojo teria de me ter declarado da Nova Democracia, se calhar.

*só para o maçar.

12.04.2007

Do Natal

Pediu-me para levar a árvore e, obviamente, deixei. A árvore, que parecia concebida para aquele canto da sala antiga, não ia caber na minha sala minúscula (nem em lado nenhum).
Levou também os enfeites. Não sei sequer se deixou algum anjinho ou pai natal pelo meio. Montou-a com os miúdos na casa dele(s). Finalmente terei uma boa desculpa para não brincar às folhas verdes de plástico a imitar pinheiros? Debato-me entre a vontade de ter apenas o presépio e achar que eles precisam de coisas a lembrar o Natal dentro de casa.

12.03.2007

Sonhei-te

outra vez. Fiz de propósito, quando acordei a meio da madrugada imaginei que te sonhava e aconteceu. Sonhei-te como sempre te conheci, da mesma maneira como te vi sempre e em tudo era semelhante à realidade, esse sonho. Era portanto um sonho casto e inocente como o de uma criança. Não tenho problemas em manter contigo uma relação perfeitamente inocente, que são afinal as únicas que consigo manter. Já tenho problemas em manter nenhuma relação, sobretudo problemas de compreensão. Por isso se me leres (bem sei que não lês, mas gosto de imaginar que sim) ficas a saber. Que até em sonhos és inocente (já eu não posso dizer o mesmo).

12.02.2007

Durante muito tempo

assim foi. Falava muito, mas raras vezes sobre mim. Ouvia muito os problemas dos outros e vivia-os para que não tivesse que assumir os meus.
Durante quase toda a minha vida foi assim, assumir fraquezas era perder aos olhos dos outros. Ainda hoje detesto assumir sofrimentos. Eu não sofro, não tenho falta de sono nem de dinheiro nem de pessoas de quem gosto nem de objectivos. Eu sou perfeita e quase sempre tenho uma vida muito boa. Agora é mesmo verdade. Eu tenho uma vida muito boa. Porque pese embora o facto de não ter tudo aquilo que quero (eu quero muitas coisas, mas poucas são materiais) tenho muito daquilo que nem imaginava que podia ter. Mais do que se calhar mereço. Acima de tudo, já tenho é pouca necessidade de esconder seja o que for. E vendo bem, isso é quase tudo.

Ontem

trabalhei, fui ao circo, tive um jantar, dancei.
Tenho oito dias de trabalho pela frente. Trabalho no dia de Natal. E na véspera. A minha avó, condoída pelos meus horários absurdos, vai mandar a empregada dela para me limpar a casa. A empregada da minha avó ganha mais do que eu. Aguardo pelo fim da presidência da ue para mendigar qualquer coisa melhor. Não tenho pressa. Terá o meu corpo aprendido a esperar antes de se lançar no escuro da primeira situação que lhe apareça só para fugir à actual? Se sim, já valeram a pena todos estes últimos meses miseráveis.

12.01.2007

Por azar

ou se calhar é coisa corrente, mas também vi e não gostei. Senti-me como se estivesse a espreitar a senhora na casa de banho. Não é bonito e eu não gosto de espreitar ninguém na casa de banho.

pessoas com extremo bom gosto