2.28.2008

Boost de autoestima

Estamos os dois na casa de banho e solto o cabelo, o meu cabelo que já não é cortado há um ano e que me chega ao meio das costas, com um aspecto esquisito, "um dia destes a mãe tem que ir ao cabeleireiro".

-"porquê, mãe, tás linda, mesmo linda".

O meu filho tem um fetiche por cabelos compridos (se não tem, terá certamente).

2.27.2008

Amor



daqui.

Constato com alegria

que das muitas (milhares, milhões) de pessoas que aqui passaram, nenhuma a não ser o Otium foi capaz de responder à minha pergunta "Para que é que serve um blog".

Aparentemente andamos todos aqui um bocado perdidos (menos o Otium).

2.26.2008

O meu blog em crise de identidade

Afinal para que serve um blog?

2.25.2008

Agora é a pedido

Digam vocês de que cor querem o background. A cor com mais votos ganha (o tom depois fica ao meu critério).

Um bocadinho à nora, confesso

Estava plenamente convencida que os Óscares eram para a semana (embora na prática vá dar ao mesmo, a única coisa que vale a pena ver dali são os vestidos).

A partir de agora, se só puder ler um blog por dia vai ser este. Nunca me ri tanto com um blog.

2.23.2008

Vou buscar

a minha filha à missa e à porta da igreja está um homem sentado no chão com um cartaz. O cartaz diz "Tive um acidente e não posso trabalhar, tenho dois filhos, ajudem-me por favor". Está escrito sem erros e ao passar por ele o homem desfia uma ladainha. Respondo-lhe não tenho carteira e é verdade, venho só buscar a minha filha e deixei tudo no carro mal estacionado.
É óbvio que isto não interessa nada ao homem, sou eu que me justifico porque acho sempre que tenho que dar dinheiro quando alguém pede, porque podia ser eu ali sentada, não estou assim tão longe. Quando disse não tenho carteira não me estou a justificar para ele mas sim para mim, digo para mim não posso dar dinheiro ao homem (que podia ser eu) porque não trouxe a carteira. Sei bem que ele não me ouve e prova disso está em que, ao entrar e voltar a sair meros instantes depois, ele ao ver-me desfia novamente a ladainha e respondo-lhe não trouxe a carteira, já lhe tinha dito mesmo sabendo que não me estou a justificar a ele, por esta altura já entendi que não fala português, este homem (que deixou de ser homem e se tornou no "poderia ser eu" e mesmo no "se calhar um dia sou eu").
E então a senhora de idade que vende revistas da igreja, noutro lado da porta, começa também, que ele não tem nada que estar ali, que há sinais escritos proibindo pedintes à porta da igreja e aponta para os sinais numa vitrine, realmente lá está o sinal com desenho explicativo (provavelmente para os pedintes que não saibam ler ou não entendam português) e respondo-lhe mas está a chover, tanto aqui está abrigado, e ela, as revistas na mão, os lábios esborratados de um baton rosa choque, mas eu é que não estou para o aturar, não lhe interessa que ele tenha sofrido um acidente e tenha dois filhos para sustentar, talvez pense como eu que isso poderá nem ser verdade, mas que interessa isso, alguém pede sem precisar de pedir? Há razões mais válidas ou desesperadas para pedir?

Tinha prometido

não era?

Antes de sair o meu colega desejou-nos "Bom Fim de Semana" e "Não olhem para o PC" mas já sabíamos que seria impossível. O que me inspira a escrever estas porc...posts. Já disse um dia destes que me limito a chegar aqui e descarregar qualquer coisa, mas antes preciso de facto de as carregar comigo. Há coisas sobre as quais não escrevo, ou se escrevo não as torno perceptíveis, apesar do que possa parecer eu gosto pouco de me expor e claro que me exponho aqui, como uma espécie de exercício. Confesso que acabei por aplicar isto na vida também, fui descobrindo que talvez não seja assim tão grave expor-me, às minhas fraquezas, desde que comecei a escrever.
Quase sempre vou no carro e os pensamentos ocorrem em catadupa, se tiver alguém ao meu lado falo (eu também falo muito), como em geral não tenho aproveito a conclusão desses pensamentos para pôr aqui. Outras vezes não tenho nada para escrever e ao ler blogs de outros acabo por me lembrar de qualquer coisa que queria dizer, formulo umas teorias fabulosas (de fábula) que esqueço em 3 segundos.

Este post, por exemplo. Na 6ª fui ao cinema, sozinha. Ir ao cinema à 6ª, sozinha é deprimente, é programa de casalinho, era também o que eu fazia quando era um casalinho e não sei porquê mas é ainda tradição de meia Lisboa. Não só vou ao cinema sozinha como vou ao mesmo cinema que ía à 6ª acompanhada. E não é como nenhuma espécie de castigo, é porque gosto de muito poucos cinemas em Lisboa e porque descobri que adoro ir ao cinema sozinha. O único problema é não ter ninguém com quem comentar o filme à saída.
No sábado saí com a minha melhor amiga (um bocadinho ridículo dizer isto aos 30) e com dois amigos. Há qualquer coisa em encontrarmos pessoas com quem gostamos de sair, as pessoas com quem gosto mais de sair é com eles, assim, dois casais (eu e ela e eles os dois), se calhar um bocado improvável mas é assim, como explicar as sinergias (finalmente consegui escrever esta bela palavra) que sentimos com algumas pessoas e com outras não?
No Lux, um DJ obcecado com a Radio Cidade ou coisa do género, uma rapariga meia histérica no meio da pista, o post formou-se sozinho às 6 da manhã. Depois, quando o escrevi, não ficou grande coisa. Ficam assim estas notas sem sentido, o meu blog é um Moleskin virtual.

No fundo o que escrevo são apenas as palavras que quero ver livres de dentro de mim, só para as libertar. Faz sentido?

Passo o meme para o Otium, a Xana, o JB e o Comendador. O que é que vos inspira a escrever posts?

2.19.2008

Estou cansada

Ser feliz também cansa.

2.17.2008

De repente no meio Lux

uma rapariga chora, emocionada e abraça-se aos amigos todos. Não sei o motivo mas imagino que tenha sido pedida em casamento ou qualquer coisa assim. Fico a pensar naquilo, há mais de 10 anos terei eu feito o mesmo? Não ali, noutra discoteca e nessa mesma noite de há mais de 10 anos, o carro meio destruído e horas passadas numa cela ao lado de um corpo cheio de crostas, de manhã a advogada - "diga que ficou noiva" - "olhe, sabe, eu não vou dizer nada, nem era eu que ia a conduzir".
Devo ter continuado a ignorar os sinais, deu no que já se sabe, pensando assim nestas coisas era como se todas as campainhas do mundo estivessem a tocar e eu surda, eu a fazer-me de surda.
E depois de ver esse filme, "There will be blood", um bocado desiludida com o filme, mas a lembrar-me que de facto o inferno são os outros, somos nós uns para os outros. O problema é que o paraíso também.

2.16.2008

Não sou

uma pessoa nada mística, mas desde que me conheço que tenho fé. Nasci numa família nada crente e sempre olharam para esta minha particularidade com estranheza, um encolher de ombros e um "há-de crescer, há-de-lhe passar". Não passou. Sinto-me privilegiada por possuir isto e, se me socorri da fé em momentos de crise, também em todos os outros ela não me abandonou. Não sei se a fé me salvou ou se serei algum dia salva de alguma coisa (nisso não creio, na necessidade de nos salvarmos mas sim na de nos redimirmos), como referi, nunca me conheci de outra forma, logo não sei se seria diferente se não tivesse fé. Ultimamente agarrei-me a ela de uma forma diferente, na pior altura da minha vida ela serviu para acreditar, para me iluminar, para me aguentar não como um sofrimento necessário mas sim como uma crença no futuro. Em momentos de maior desespero cheguei a ouvir Deus a sussurrar-me palavras de conforto ao ouvido e, embora saiba que foi o cérebro que as gerou (não sou assim tão alucinada), quem me diz que não foi Deus que as sussurrou mesmo?
Ontem, estranhamente, senti que Deus me pegava ao colo mas tentei afastar esta sensação. De manhã permanecia. À tarde tinha a certeza que Deus não só me tinha pegado ao colo, como me tinha levado para um local mais verde. Obrigado.

2.14.2008

Do dia

Na minha tabela de preferências está lá ao lado das saias da Floribella e dos toques para telemóveis com música pimba. É um dia brega, copiado de uma tradição qualquer anglo-saxónica e não vejo porque raio as pessoas se deixam consumir e enredar nas tradições que lhes espetam na cara só porque há espalhados pelos locais de comércio símbolos alusivos à coisa.
Nunca comemorei, não ignoro a data por não ter namorado, quando tinha também fazia por esquecer a data (não surpreendemente, conseguía), embora confesse que a colecção inteira do "Sex and the City" que o meu ex me ofereceu há uns anos não me foi totalmente desagradável, claro que o fez uns dias antes (creio que odiava ainda mais do que eu o dia dos namorados).
Recordo-me sempre, mas sempre, de ter 14 ou 15 anos, de ficar meia deprimida por não ter namorado (porque eu sempre fui esta pessoa altamente fácil de lidar e com extremo bom feitio) e do meu avô me oferecer um chocolate como prenda de consolação. Hoje o meu avô está no hospital, pelo sim pelo não saquei 2 chocolates da máquina (e comi-os, sim) ainda fiz uns comentários politicamente incorrectos aos meus filhos e no fim de tudo apercebi-me que já nem a capacidade de me indignar com estas coisas tenho, que já me passa tudo ao lado e que não sei se fui eu que fui ficando indiferente a tudo por não ser capaz de lidar com nada ou se foram as coisas que me tornaram indiferente para ser capaz de lidar com tudo.

2.13.2008

Post para o comendador

A mala caiu no chão com um baque surdo enquanto Clara se atirou para a poltrona do quarto. Sentia-se exausta das muitas horas de voo, com a cabeça a zumbir e a tentar processar as horas de jet lag. Entrara pelas traseiras para que George não se visse obrigado a abri-lhe a porta a meio da noite e agora olhava para o pda, hesitante entre a ânsia de ver as mensagens recebidas e o cansaço. Não seriam muitas pois Stefan, o PA, já as teria filtrado devidamente. Levantou-se e foi buscar o aparelho. Estavam apenas as mensagens pessoais, convites para galas de angariação, o aniversário de um amigo, nada de muito interessante. Parou para pensar na resposta ao convite de Richard para passar uns dias na sua ilha, por um momento imaginou-se na praia, no meio do mar quente, deitada sobre a areia com os pensamentos a derreter ao sol. Um convite para jantar de um embaixador qualquer, viúvo e charmoso. A tudo isso responderia amanhã, agradecendo, declinando amavelmente (pelo menos o mais amavelmente que Stefan conseguisse). A operação na Serra Leoa correra bem, tinha entregue vacinas e alimentos ao departamento da sua fundação sediado no local, louvara a madre encarregue do departamento, uma freira pequenina e enérgica de 60 e muitos anos, pelo excelente trabalho. E agora, com a cabeça finalmente livre (pelo menos até daí a 3 dias, quando viajaria para a Índia) via-se a invejar o espírito da madre, certamente ela não sentiria essa solidão imensa mesmo no meio de um ror de gente conhecida. Ela não teria atormentantes memórias de uns dias passados em Paris com alguém que finalmente tinha feito cessar essa solidão. O Comendador era seguramente um homem difícil de esquecer.
Clara sentou-se na cama e ligou o laptop. Calmamente escreveu um post no seu blog, Conto de Fuga. Gostava daquele espaço onde podia por uns momentos ser uma pessoa normal com uma vida normal. Gostava de saber que algures no mundo alguém a imaginava muito banal e por vezes gostavam de ler a sua vida banalmente imaginada. Quase sempre Clara achava que aquele blog era o que a mantinha em contacto com o mundo real e não a deixava desligar-se por completo.

2.12.2008

Da idade

Aos 30 já não me irrito porque nenhum homem quer ser meu amigo. Chateio-me porque alguns querem mesmo ser meus amigos.

Aos 30 mando umas balelas para o ar. Aos 20 já mandava mas não havia ninguém para as ouvir e acreditar. Agora tenho a audiência dos de 20. O ar absolutamente apavorado que segue o "quando chegares à minha idade vais ver" já compensa o esforço de inventar umas tretas.

Agora um recadinho: não ligues, apaga e pronto. No fundo o que eles querem é audiência, serem ouvidos , serem lidos, se tiver que ser da pior maneira possível, seja. Ignora-o (só deixo o recado aqui porque já não tenho mesmo outra maneira de o fazer, acho mal). Um beijo.

2.10.2008

Tenho que dar mais crédito

ao Sarkozy do que da última vez. O homem é um estratega com algum mérito. Lá está ele na sua vidinha quando de repente a mulher lhe troca as voltas e decide separar-se deixando-o a braços com uma crise conjugal publicada em todos os media do mundo, do tablóide mais obscuro à CNN. E o que faz ele? Não esconde o que não consegue esconder e antes trata de arranjar rapidamente uma namorada giríssima, passeia-a a redor do mundo e vai dando de comer aos abutres que o perseguem com fotografias esplêndidas em cenários perfeitos como a Disney e o Cairo. Até aqui tudo banal. A estocada final foi mesmo de mestre: ao fim de andar a alimentar capas de jornais durante semanas com o romance Branca de Neve-anãozinho, casa-se com a rapariga cessando imediatamente qualquer exposição pública da sua vida da única maneira que ela podia ser cessada: acabando o interesse que alguém pudesse ter naquilo. Haverá matéria menos digna de capas ou de manchetes do que um casamento feliz? Boooooooooooooring.

2.07.2008

Não sou uma pessoa de grandes gestos

mas gostava de ser, é pena. Não sou uma pessoa de grandes gestos por pura cobardia e é pena. Às vezes penso que perco muito e que só as pessoas que arriscam tudo é que conseguem tudo o que querem. Outras acho que vai dar ao mesmo (deve ser a cobardia a falar).

Agora metia-me num comboio, ou no carro e fazia os quilómetros que nos separam. Se nunca o fizer, acho mesmo que não nos voltamos a encontrar.

2.04.2008

Desde o momento em que li

isto que o carrego comigo. É preciso que se diga que admiro muito a Vieira, que lhe bebo as palavras como sagradas, que não só lhe invejo a mestria na escrita como a maneira totalmente independente como escreve, eu sou um pouco assim também, mas mais comezinha, mais pequena, ainda me incomodo demais com o que os outros pensam de mim para escrever como a Vieira e limito-me a admirá-la e a pensar que um dia também eu conseguirei fazer o mesmo (mas com menos talento nas palavras).
Quando li esse texto lembro-me de ter achado "pronto, o pouco sentido que a minha vida tinha perdeu-se por completo". Mas realmente é parvo. Que sentido poderá o sofrimento dar a uma vida? Dor, agonia, o Corpus Cristi, a remissão de pecados, aprender, sofrer, viver, sofrer, crescer, sofrer.
De há uns tempos para cá tem sido esse o meu ciclo. A dor não dá sentido à vida, não nos faz melhores, não nos evoluí, nada nos ensina a não ser que somos frágeis. Não fui melhor mãe da minha filha por tê-la tido de forceps sem epidural do que do meu filho que nasceu de uma cesariana escolhida.
Não me tornei superior no dia em que acordei no hospital meia submersa num charco de sangue, sozinha. Nesse dia em que pedi que o meu marido me fosse levar um café porque desmaiava de enxaqueca e em que ele me beijou culpado sabe-se-lá do quê. Desse dia em que lhe vomitei o beijo (ou o café em forma de beijo) e que fim mais apropriado pode ter um casamento do que uma poça de sangue e beijos vomitados?
Não sou melhor nem mais nada agora em que a minha vida é uma sucessão de maus momentos do que era quando tudo era perfeito e envolto numa neblina transparente de beleza.
Não, o sofrimento não nos torna melhores nem superiores a nada, basicamente ele nada nos ensina a não ser a fugir dele.

É isso

sim, mas também consoante a hora do dia, o dia do mês, a cor do céu, a hora a que se acordou...

2.03.2008

A vida tinha a obrigação de ser mais cinematográfica

De manhã, ligeiramente atrasada como sempre, conduzindo como um taxista como sempre que vou atrasada, um carro em marcha atrás a sair de um lugar de estacionamento bate no meu carro.
Uma batida leve, quase sem marcas, sem feridos, perfeita. Se estivesse num filme sairia de dentro do carro que me bateu um homem altamente atraente e trocaríamos números de telefone. Como estava na vida real vejo-me a trocar o meu número com o da D. Maria da Conceição, uma senhora pequenina e amorosa que mora mesmo ali ao lado.

2.02.2008

Há uns tempos

Encontrei um blog (ou devo dizer uma blogger?) muito bem escrito. Há muitos blogs bem escritos, outros que nem por isso mas que me fazem rir, ou me informam quando passo o dia enfiada num mundo à parte sem iluminação de qualquer tipo, enquanto me emburreço infinitamente, infidavelmente.
Mas o blog que encontrei, não sei, é bem escrito mas mais do que isso, tem substância e enche-me de qualquer coisa mais do que uma página de jornal. E como sempre, sinto-me pequena e insignificante, esmagada, quando leio autores assim, tão insignificante que nem tenho coragem de deixar um comentário só para dizer "gosto muito" que no fundo era só o que queria dizer.
Por isso deixo aqui, que é um desabafo e uma voz interior, aqui onde ninguém me ouve nem se interessa.
Era só isso, gosto muito.

pessoas com extremo bom gosto