10.31.2007

Descubro

a lista dos 100 maiores génios vivos, via Casa na Praia. Vou tentar esquecer que quem publicou a lista se gaba de serem os seus compatriotas britânicos os que figuram em maior numero na lista, quando a empresa de consultadoria que emitiu a lista o fez baseado num inquérito enviado a...britânicos (duuuuh). Para além deste facto, não entendo porque está o Tarantino em último lugar (abaixo do Paul MacCartney!) e porque aparece a J.K. Rowlings tão em baixo na lista, em 83º (abaixo do Paul MacCartney!) e o Chomski tão acima, em 32º (acima do Paul MacCartney!).

10.30.2007

Sim

ana, é muito bom poder dizer "moro em Nevolgilde". Já o "trabalho em Massarelos" não será assim propriamente o sonho de muitos portuenses.
Eu já residi (parolinho, não é, "residi"?) em Ramalde. O que pode ser muito bom ou muito mau, mas é sempre giro deixar os outros nesta dúvida.

Descobri

este blog.

Vejo-o dedicado ao Boris Vian e ao seu livro "A espuma dos dias". Li o livro há uns anos, detestei-o.

No entanto gosto muitíssimo do título. É poético e traz reminiscências, os dias desfazem-se, descompletam-se, aí está um dia inteirinho à nossa frente quando acordamos, mesmo à espera de ser arrastado, repleto de fomes e sonos, terá mais ou menos conversas dentro dele, estas serão pouco, muito ou qualquer coisa interessantes. Em cada dia aprenderemos algo, raros serão aqueles em que não aprendemos nada. Ganharemos qualquer coisa, perderemos outras, em alguns dias ficaremos no break-even, noutros gastaremos mais do que aquilo que ganhámos.

Mas do livro, para além de ser completamente esquerdista, de tentar passar da maneira mais dissimulada ideias básicas do comunismo, é todo ele um non-sense pegado. E não tenho nada contra o non-sense, se for bem escrito mas no caso pura e simplesmente não resulta.
Fala demasiado em ratos o que, para uma pessoa como eu que imagina tudo visualmente ao mais pequeno detalhe e tem absoluto nojo destes animais, não é agradável.
Para além disso tive que o ler obrigatoriamente para um trabalho de Arquitectura de Interiores, no qual tinha que desenhar a casa do Colin (ou como alguns colegas meus lhe chamaram, a casa dos ratos). E a casa do Colin mudou de configuração umas 10 vezes ao longo do livro.
Coisa fácil, portanto. É possível fazer um bom trabalho quando se odeia o objecto que o define?

10.29.2007

Pergunta-me uma amiga:

"Qual é a tua vocação?".

O tipo de pergunta que não faço a mínima ideia como responder.

Vou ao Priberam:

Vocação: do Lat. vocatione

s. f.,
acto de chamar;
inclinação ou propensão natural para um estado ou profissão;
predestinação;
escolha, talento.


Um amigo meu vai para padre porque, nas suas palavras, a sua vocação não era casar e ter filhos.
Eu acho que a minha também não é, e no entanto fi-lo. Sem convicção, é um facto, aconteceu. Na minha vida as coisas acontecem e eu reajo-lhes. Sem planear grande coisa (talvez por isso depois nada corra lá assim muito bem).
Este meu amigo, a partir do momento em que decidiu ser padre, largou as rédeas da decisão e entregou-se nas mãos de Deus e da sua Ordem. A isto chamam "voto de obediência". Nem é um voto, parece-me cada vez mais um privilégio, não ter que decidir absolutamente nada. Ficamos livres de falhar.
Não é minha vocação viver uma vida consagrada, também. A minha fé, embora existente, não está a esse nível nem de perto, sou demasiado cínica.
Se calhar não tenho é vocação nenhuma.

10.28.2007

Ainda

disto, basta frequentar qualquer parque infantil a um Domingo à tarde para se ver como as células básicas da sociedade vivem e se propagam como um tumor, metastaseando tudo à volta com o tédio que lhes é inerente. É deprimente, secante e não aconselhado a gente que pensa casar em breve.

Ainda mais frustrante

Ter visto o "Fiel jardineiro" todo e adormecer quase no final, sem perceber como acaba o filme. E claro que posso ir alugá-lo, mas só para ver os 10mns do fim parece-me estúpido.

Frustrante é

acordar às 9 e 11 de Domingo, feliz da vida porque o miúdo não me obrigou a acordar antes do nascer do sol num fim de semana, e descobrir que afinal são só 8 e 11.

10.27.2007

Orientações II

Li algures num blog de lésbicas algo semelhante a "irrita-me imenso que as mulheres heterossexuais digam que se vão voltar para as mulheres quando as coisas correm mal com os homens. Isso é assumir que nós somos mais fáceis, que estamos de mais disponíveis do que eles".

Realmente, pensando minimamente na coisa até é espantoso é como mulheres conseguem ter relações amorosas com outras mulheres, complicadinhas como somos.

Como será no início da relação, ambas a fazerem-se de difíceis e com joguinhos uma para a outra, que se conseguem encontrar no meio deste caminho?

Como será, se ambas sofrerem TPM e a data de ambas coincidir? Matam-se uma à outra?

Como será a comunicação entre ambas, sempre cheia de meias palavras e de "nunca sabes o que eu quero" mas em estéreo, de uma para a outra e da outra para a primeira de novo?

Terá as suas vantagens, claro.

As duas quererem ir às compras e poderem trocar peças de roupa entre si (a tal coisa do roupeiro duplicado).

Ambas terem um sex-drive semelhante e não serem tão incompatíveis como a maior parte dos casais ao fim de uns anos.

Não terem necessidade de contracepção.

Bom mesmo era poder aproveitar as vantagens de ambas as opções (que são de facto tudo menos opcionais), nem que fosse em períodos alternados. Mas claro que aí teríamos que levar com as desvantagens de ambas...


post dedicado à Sem-se-ver e à Arlindinha (saudades).

10.26.2007

Hum

Vejamos, quando escrevi "ninguém lhes pega" não me estava a referir a todos os solteiros, apenas aos que tenho a infelicidade de conhecer. Não poderia acreditar nisso ou então entrava já para as Clarissas (e que bem se deve estar lá) sem passar pela casa da partida.
Ainda tenho uma espécie de fé cega em que o mercado, não sendo abundante, não se extinguiu por completo. Claro que a maioria deles são "damaged goods" mas mais pela reacção (são solteiros logo é porque não querem ser doutra forma) do que pela acção em si (serem solteiros).

Ah, e há mesmo mulheres que são parvas, é óbvio.

A

minha escola
é a 58ª no ranking do JN, a 43ª no da SIC.

Se não achasse isto tudo uma treta, até poderiam ser argumentos para explicar a minha superioridade intelectual, fisíca, moral. É pena.

10.25.2007

Sem pachorra para variar

não leio nada, arranquei metade do meu carro a estacionar, tudo me irrita, os mínimos problemas dos outros enervam-me, não quero saber, querem trocar?

Entretanto descobri um blog interessante e um activista da Quercus
bem apessoado (na Visão), que são um bocado agulhas num palheiro.

10.24.2007

Ah, mas agora

é que já não concordo Vieira, de todo.
Não posso garantir, mas desconfio assim com muita força que meninos com mães assim crescem uns pequenos monstros de egocentrismo e perfeccionismo, muitíssimo mal preparados para viver no mundo real, adultos tremendamente desajustados que nunca disseram uma mentira aos pais, nunca fugiram para ir sair à noite, nunca namoraram às escondidas nem apanharam uma bebedeira.

10.23.2007

Tenho um sinal

dentro do olho (na íris). Tenho outro no mesmo olho, naquela parte de baixo onde a pálpebra bate quando o olho fecha (tem algum nome específico, esta parte do olho?). Tenho sinais nas partes mais inusitadas o corpo: dentro do umbigo, nas palmas das mãos, nas plantas dos pés, no couro cabeludo.
Quando mostrei ao meu ex marido (ainda éramos casados na altura) o meu sinal na íris, respondeu-me qualquer coisa como Isso é perfeito para o engate, viravas-te para alguém e "queres ver o meu sinal no interior do olho?".
Isto sim era um verdadeiro sinal.

10.22.2007

Tem

a certeza Pedro?
Porque eu só vou conhecendo é homens casados, de vez em quando um ou outro solteiro mas daqueles que só o são porque ninguém lhes pega.
Por isso, imagine, para mim, a célula básica da sociedade continua a ser o casamento. E ainda bem, porque não me vejo nada a formar o tecido social massivo.

10.21.2007

Gosto

da expressão "realismo mágico".
Gosto do blog a Arte de Ler.
Gosto (muito) do Gabriel Garcia Marques.
Melhor só se descobrisse o que raio significa "realismo mágico".

Eu devo ser uma pessoa muito desinteressante

Dos pesadelos recorrentes que tenho há anos, desde a infância, o único de que me lembro é de perder os sapatos e andar descalça e aflita à procura deles.
A variante agora é encontrá-los no fim do sonho.

10.20.2007

Das diferenças que são, afinal, iguais

Num documentário que vi há uns tempos, um homem tinha ataques, uma espécie de convulsões que surgiram após um traumatismo craniano. Durante esses ataques, ele tinha visões, coisas religiosas, ouvia Deus falar com ele, experienciava sensações de fé muito fortes, coisas assim.
Foram feitos testes e conseguiram por fim determinar a área do cérebro dele que era afectada durante os ataques. Essa área foi identificada como sendo responsável pelo sentido de religiosidade, pela adoração e fé.
Facções crentes disseram que, por fim, essa era a prova que Deus existia: criara-nos com essa área activa para que tomássemos consciência da Sua presença.
Descrentes afirmaram que isso era a prova da inexistência de Deus: era apenas uma área do cérebro que, ao tornar-se mais ou menos activa, criava a ilusão da fé.

Da escrita aqui

quando criei a Clara foi como se quisesse apenas mostrar o meu lado mais luminoso (agora entendo porque escolhi este nome). Um tempo depois fui, noutro blog, uma outra autora com uma escrita mais obscura.
Calo-me aqui quando sinto que a escrita está a resvalar para o lado mais depressivo, mas claro está que escrevo noutro lado.
Vou criando alter-egos aleatoriamente, tenho já uns 5 ou 6, não sei se convivem alegremente dentro de mim, se me vão tornando progressivamente mais esquizofrénica.

Só para avisar

as várias pessoas que vieram aqui dar em buscas no google por "seduzir uma mulher numa discoteca" que não dou workshops sobre o assunto, foi actividade à qual nunca me dediquei (seduzir uma mulher numa discoteca) e, não podendo jurar a pés juntos, tenho a forte impressão que nunca me vou dedicar à causa.

É admirável que alguém procure guidelines destas no google.

10.10.2007

Esfoliação*

Enquanto estou neste processo, pauso aqui. É provável que arranque indevidamente algumas camadas, paciência, é essencial fazê-lo por agora.


*do Lat. exfoliare,
separar, por esfoliação, a casca ou pele;
descamar.

10.08.2007

Cada vez mais

passo tempo a dar razão aos outros, o que deve significar que a vou perdendo cada vez mais (ou ganhando, nem sei bem).

Sim, Leão, tinha razão, a vida é maravilhosa e essas coisas todas.

Ou sou eu que estou num buraco tão fundo que já só me rio, assim como assim chorar não ia servir de nada.

10.07.2007

Mais um repost

isto não é falta de imaginação, é mais andar em círculos sem parar.

"é a dor dos músculos retesados pelos gritos calados, pela raiva surda que faz zumbir os pensamentos. É querer desatar a correr sem parar nunca, sem querer saber em que direcção, até os músculos aguentarem sem colapsarem.
É apenas não querer estar aqui (nem em lado nenhum no fundo), não querer saber de nada, de ninguém, de nunca.
É não querer ser, esperar, ficar, agir, correr, parar, dormir, acordar. É no fundo não querer nada a não ser que isto passe e, já agora, depressinha sim?"

10.06.2007

No feriado

fui à Estufa Fria ver isto.
Sábado vejo-me obrigada ao IKEA (ter só 3 cadeiras em casa não faz maravilhas pela nossa vida social, é um facto).
O ratio de pessoas giras por metro quadrado entre as duas coisas é perfeitamente desproporcionado. A mesma coisa posso dizer se comparar a World Press Photo com qualquer ida ao supermercado e até mesmo a coisa-um-bocadinho-medíocre-do-Berardo com qualquer praia da Linha num fim-de-semana de Verão. Tenho meditado um bocadinho nisto e a conclusão que retiro é: a cultura embeleza. Com um bocado de sorte é capaz de emagrecer também.
Esqueçam as plásticas, as dietas, a maquilhagem.
Esqueçam o Colombo, o Lux ao fim-de-semana, a Fnac, as sessões de cinema da meia-noite.
Querem ver homens giros? Enfiem-se dentro de um museu.

10.05.2007

Posso repostar?

posso, afinal esta coisa é minha (plo menos até alguém a flagar).

"Em alguns raros momentos de (i)lucidez passa-me pela cabeça que os homens, coitados, têm mesmo uma vida de duras tarefas. Para além de terem que se mostrar uns aos outros extremamente machos, saber de cor o nome de uns 30 ou mais jogadores de futebol (sendo que alguns, oriundos de países longínquos são bem difíceis de pronunciar, quanto mais de decorar), gabarem-se de conquistas (o que na maioria das vezes os obriga a esforços notórios de imaginação e auto-convencimento), manterem tesão mesmo quando estão cheios de problemas (ou alcool), e ainda terem que, para conquistar uma mulher, conseguir manter uma conversa com espécimens femininos que na maioria das vezes lhes demonstra o maior dos desprezos (ainda que fingido e fazendo parte do jogo).
Ao pé disto, as depilações a cera quente umas vezes ao ano e os cremes espalhados duas vezes por dia na cara para manter a pele "jovem" parecem brincadeira de criança.

Uma das coisas mais injustas para eles são os piropos: a maioria das mulheres gosta de receber piropos mas não sob a forma de tiradas pirosas do tipo "magoaste-te muito quando caíste do céu?" e outras que tais, já ouvidas e reouvidas.
Os únicos piropos aceitáveis são aqueles que nunca ouvimos antes ou seja, podemos fingir que acreditamos que aquele foi mesmo inventado para nós e não papagueado 300 vezes antes (e mesmo assim muitas vezes vamos torcer o nariz e fingir que ignoramos, it's all part of the game).

O último que ouvi assim (homens aprendam que eu não duro sempre) foi numa discoteca apinhada, horas avançadas da noite, já no momento do engate puro e duro, um puto com uns bons 10 anos a menos do que eu: "Tens planos para os próximos 20 anos?".
Ainda rendeu umas boas gargalhadas, especialmente no dia seguinte ao fazer a revisão da noite (claro que a ele não lhe rendeu grande coisa).
E ainda teve sorte de só levar com as gargalhadas, porque a resposta da minha miúda pré-pré-pré-pré adolescente seria, segundo ela, "Sim, ser avó, por exemplo!"."

10.04.2007

Hoje descobri

que o padre da minha paróquia tem o sugestivo nome "Cónego José Traquina".

Não sei muito bem o que pensar disto.

A ver se me faço entender melhor

o que eu queria dizer era que, se já quando não há dúvidas as coisas correm tão mal tantas vezes, quando as há então é quase fatal. Não só porque todas as dúvidas têm razão de existir (mesmo sem fundamento) mas porque causam sempre uma espécie de envenenamento daquilo com o qual se relacionam.

Infelizmente a maioria dos erros não os conseguimos evitar com a experiência dos outros (era tão bom que assim fosse).

10.03.2007

Na Pública

desta semana (porque raio leio sempre as revistas e os jornais com atraso?), magnífica reportagem sobre o parque da Gorongosa, com testemunhos directos da minha amiga (que faz lá voluntariado).

Instinto

segundo Darwin, seremos os herdeiros daqueles que se reproduziram mais, ou seja daqueles que acreditaram que não poderiam viver sozinhos e precisavam de uma alma gémea para se completarem. Pesada carga genética carregamos em nós e tão visível é, bastando olhar em volta. A maioria das relações que vejo não passam de duas solidões juntas (o que não deixa de ser uma razão legítima) mas mais tarde ou mais cedo isso fica mesmo patente a olho nu.

10.01.2007

Às vezes penso que se escrever

sem parar sobre qualquer coisa que não me apetece carregar comigo ela eventualmente se soltará, como uma dor gritada, passa a doer menos, como uma dor chorada.
Outras vezes parece que não.

Mais um

muito bom.

Ainda não,

afinal.
Eu que não acredito no destino só gostaria de poder inverter esse minuto em que fui. Poderia ter ido noutro dia qualquer, noutra hora, mas não, tinha que ter ido nessa.
Eu que não acredito em destino só queria mudar esse pequeno, ínfimo pormenor.

Agora pondero ir para aqui, para fugir à questão. Sabendo o que isso pode significar. Que a paz tem que ter um custo alto, sim, ou não será verdadeiramente paz.

pessoas com extremo bom gosto