3.31.2008

Not so secret post



A frase, embora fabulosa, não é minha. No entanto, tendo-me sido transmitida num contexto online, vou considerar que não devo direitos de autor ao publicá-la.

Do amor por catálogo

Conheci-o numa dessas noites do costume BA-CS-Lux, descobri-o divorciado e com o mesmo nome do meu ex marido. Não sei porquê dei-lhe o meu endereço de blog e enviou-me mails longos e cheios de compreensão do género "já passei por isto", aos quais devo ter respondido com três ou quatro linhas educadas. Mas era simpático e uma vez ligou-me meia hora depois de eu ter publicado um post depressivo, isto quando a pessoa com quem eu andava o ignorou totalmente (é sempre assim, não é?), já não faço ideia de que post era.
Um dia, eu já de volta, convidou-me para sair e fomos a um desses bares que só abre no Verão, sítios onde não faço questão de ir embora até possam ser bastante agradáveis (se nos abstrairmos da frequência). Passou a noite a falar da ex mulher, a contar-me os detalhes do divórcio, ouvi-o, pensei em como ficavam facilitadas as coisas quando acabavam entre duas pessoas que já não gostavam uma da outra (era o meu caso, não era o dele). Mas a minha cabeça estava longe (talvez ainda na pessoa que ignorava os meus posts depressivos e praticamente tudo o resto, é sempre assim, não é?) e a dele também, ou pelo menos assim parecia. No dia seguinte deixou-me uma mensagem romântica à qual não respondi. Não voltámos a falar.
Este homem, que aparentemente ainda arrastava todas e mais algumas correntes pela ex mulher, queria arranjar uma namorada e escolheu-me assim, como de um catálogo.
Não posso dizer que esta atitude me surpreenda, acho que a maioria dos homens age assim quase sempre. Antes os invejo de morte, também eu gostava de ir ao catálogo e buscá-los, ah que a vida seria tão mais fácil.

3.28.2008

As mulheres dos gatos

Tive uma bisavó que morreu muito velhinha numa casa cheia de gatos. Nunca entendi esta mania das velhinhas e os gatos, lembro-me um pouco da casa dela. Era numa casa grande, numa perpendicular da Duque de Loulé e eu tinha vómitos com o cheiro de cada vez que lá entrava. Algures naquela casa já tinham vivido pessoas, crianças, poucas, aliás só uma, o meu avô. E adultos, vários. Os meus bisavós, as criadas. Mais tarde no tempo o meu tio, a mulher do meu tio, o meu primo, talvez. Suponho que nessa altura ainda não existissem os gatos. Nunca conheci bem esta minha bisavó, ao contrário de outra que via quase diariamente e que não coleccionava gatos. A casa desta outra bisavó cheirava a coisas antigas e era perto do meu emprego de agora. Acho que hoje passei por lá. E muito próximo do meu ballet, do cheiro a resina das sapatilhas, dos risos das minhas colegas, todas sonhando em ir para o conservatório menos eu, da música clássica tocada ao piano, pliê, jetez e estica, primeira, segunda, terceira, pliê, esses braços, degagê.
Tive uma bisavó que algures no tempo se divorciou quando ainda não existiam divórcios, que conduzia quando nenhuma mulher podia conduzir e que morreu como a velhinha dos gatos. A pouco a pouco, também eu me torno na minha bisavó.

Ora

vai lá espreitar o mail do teu blog.

Agora que me retransferi para o sofá

vejo muita televisão e tento ver os piores programas possíveis.
Ontem um daqueles habituais programas americanos "nós sabemos que gostam de espreitar os freaks por isso, agora que já não é politicamente correcto mostrá-los no circo e em feiras, vamos fazer shows com eles e dizer que é para ajudar os outros". Uma daquelas senhoras que chegou aos 30 e decidiu ser homem, espantoso como não se lembrou disso antes de pôr três criancinhas no mundo. Diz o marido "foi bom porque assim posso assumir-me como gay" (também não se tinha lembrado antes de casar com uma, embora pouco, mulher), dizem os miudos "tenho medo de ser gozado na escola" (medo? Coitados, ou têm a sorte de ir para uma casa de acolhimento ou vão apanhar tareias todos os dias).
O propósito destas coisas tem de ser o de mostrar a pessoas como eu que uma vida morta de aborrecimento não é assim tão má (vejo daqui o aceno triste de cabeça da minha mãe, foi para isto que te arrastei às temporadas de ballet da Gulbenkian aqueles anos todos em criança).

3.27.2008

G&T



Já marchava um. Ou ainda é cedo?

Eu poderia dizer que estou com saudades



Mas seria mentira.

Volto ao sofá

enquanto me questiono sobre se as coisas se compõem por fases, e se esta é a fase de odiar de novo a minha cama. Depois deste tempo todo ainda durmo no mesmo lado duma cama que me parece enorme.

Talvez seja de idade

acredito que sim, que antes de lá chegarmos não fazemos ideia, ou por outra até fazemos mas depois esta ideia nunca bate certo com o que acaba por ser.
De que me lembro tão bem do cheiro do café me enjoar em criança e de agora já o suportar, o processo tem que ser idêntico.
De repente (nunca tal me tinha ocorrido) dei por mim a olhar para as mãos dos homens antes do resto. Descobri mais um turn off absoluto: aneis. Não suporto, o que fazer? E ultimamente parecem todos adorar este acessório (ou todos aqueles em que reparo, o que seria dizer muito sobre a diferença daqueles em que reparava, como diz uma amiga minha, "engravatadinhos").

3.26.2008

O hermafrodita narcísico moderno

é aquele que no Second Life (TM, R, como quiserem, não me processem se faz favor) cria um alt masculino e um feminino e os casa entre si.

(dedicado à minha amiga em greve de posts).

Entrou em casa

com uma sensação de satisfação a queimar-lhe o peito. Sim, estava de férias e haveria ainda muito a fazer antes de poder sair mas sentia-se aliviada e com uma ansiedade alegre, como uma criança que recebe um brinquedo novo.
Resolveu fazer a mala e, ao escolher a roupa para levar, ouvia-a numa torrente contínua de palavras "vais levar essa? Pareces uma putéfia com isso", "pois sim, esquece-te de levar coisas quentes com a mania que tens de que há-de correr tudo como queres". Não respondeu.
No carro a ladaínha continuava, reforçada agora pela falta de resposta dela, "achas mesmo que te aguentas sozinha?", "voltarás para casa no final do primeiro dia", "já te esqueceste como é?".
Passou no cais de embarque dissimulando um leve aceno e um sorriso, agora finalmente em paz.
Há muito que planeava tirar férias de si própria.

3.25.2008

Custa-me desde sempre

entender porque é que de todos os castigos que lhes imponho, ameaço, executo, desisto, o pior parece sempre ser o "ficam sem história na hora de deitar". Pior ainda do que "ficam sem a Nintendo durante uma semana". Isto vendo que a coisa, a Nintendo, parece ser o leitmotif da vida deles, aquilo pelo que e para o que existem.
Custa-me sobretudo entender quando ela sabe ler e lê sempre antes de se deitar, mesmo depois da minha história, muitas vezes lê outras histórias para ele, ele próprio fica a ver os incontornáveis livros do Corpo Humano depois de eu sair do quarto, quantas vezes o apanhei sentado, adormecido por cima de um fígado ou de uma cromatina.
Talvez não tenha relação nenhuma com os livros, é possível que seja algo que querem como garantido na vida, um ponto de apoio e segurança, a única coisa que se mantém constante depois de tudo já ter mudado.

3.24.2008

Verdade seja dita

realmente não é necessário ser lésbica para levar com coisas destas. Basta ser estúpida.

A stroke of good fortune

Sim, estou a ler a Flannery O'Connor. Eu e metade da blogosfera. Acho mesmo que se não estivesse a ler a Flannery O'Connor mais dia menos dia o blogger me barrava a publicação de posts por não ser meritória de pertencer ao meio (tomem isto como um aviso, ou como quiserem).
Mas estou a gostar, até agora do "A good man is hard to find" este é o meu conto favorito. Nele uma mulher está grávida em negação total, acho mesmo que prefere pensar que tem cancro do que uma gravidez e esta comparação não é de todo despropositada. Uma série de células estranhas a crescer dentro do corpo. A falta de saúde. O pensamento a ser obrigado a centrar-se na coisa a toda a hora.
Acho que o que safa as grávidas são as overdoses de hormonas que apanham. E é possível que algumas fiquem viciadas naquilo. Isso explicaria aquelas mulheres que dizem coisas como "o meu sonho é ter 7 filhos" ou "eu se pudesse seria só mãe".

Monday morning

Ave Caesar morituri te salutant.

3.20.2008

O meu querido

Comendador acabou de contar as suas aventuras sem chegar aos prometidos 100 dias. Não sem antes ter vindo almoçar comigo, vá lá.
E o que se pode esperar de um almoço com o Comendador, perguntam hordas de mulheres enlouquecidas.
Queriam saber, não era?
Pois bem, há certas coisas que eu pura e simplesmente me recuso a revelar.

Olhe

C, qualquer uma das pessoas que compartilha assentos de carruagem de metro comigo lhe pode confirmar isso. Ou pelo menos os que souberem ler inglês (com sotaque tão americano que até me custa ler).

3.19.2008

Cheguei

a casa, depois de andar às voltas a evitar a casa, sem vontade nenhuma, acabei por chegar a casa. Talvez seja incompreensível porque razão não quero ir para casa, eu poderia explicar mas não me apetece.
Não estou muito bem disposta, o que no fundo é minimizar a minha má disposição mas que se lixe, estou em negação há tanto tempo que também não é agora que vou começar a assumir.
Pois sim, posso ordenar aos químicos do meu cérebro que se comportem em condições mas também não é agora que eles me vão começar a ouvir. Como tal vou continuar na roleta russa (para evitar o vulgar "montanha") de emoções. Hoje foi quarta. Esperemos de quinta (uma quinta-sexta) uma afluência de químicos idêntica à de segunda.

Hoje

E sabes porque é que esse discurso

ficou famoso?
Porque lá, como cá, "Berliner" é um bolo (Bola de Berlim), pelo que o JFK se estava a auto-intitular uma Bola de Berlim.

3.18.2008

Quero aqui pedir publicamente desculpa

a todas as senhoras que tentaram ir à casa de banho da Galp na A5 algures entre Lisboa e o Estoril.
Sim, fui eu que fiquei com a chave. Não, não foi de propósito.
Tentem ver a coisa pelo positivo, de certa forma até foi um favor que vos fiz.

Há um ano e dois dias, no Porto



Hoje estou em Lisboa e de botas de cano alto. Ah pois é.

Já não há pachorra

para tanta gente grávida. Desculpem, minhas amigas (as amigas que estiverem grávidas) mas realmente começa-me a parecer uma atitude pouco original. É que nascem como cogumelos, de todos os cantos.

3.17.2008

A ler os outros II

De facto.

Ah, o meu blog até se interessa por debates políticos e coisas dessas que se passam no país. Quem o achava puramente fútil estava mesmo, mesmo enganado.

A ler os outros

muito bom.

via Sara.

Também eu

vamos?

Não sei se vos acontece

mas a mim é a toda a hora. Leio os blogs pelos feeds. E os feeds estão organizados por ordem alfabética. Quando leio um blog, e porque leio sempre os mesmos blogs (tenho cerca de 90 feeds mas há uns que nem leio), imagino o autor, sei o estilo de escrita, espero mais ou menos qualquer coisa do post. Então quando dois feeds estão por ler e estão juntos (por começarem pela mesma letra do alfabeto) leio um a pensar que estou a ler outro. Acho que não há um só dia que não me aconteça isto (e ainda pior, há mesmo feeds que troco por completo e não faço ideia o que são, os começados por "dias" são fatais).
É uma experiência surreal ler, por exemplo, o Coisas Simples a pensar que estou a ler o Complexidade e Contradição (um dia cheguei mesmo a interrogar-me se o Lourenço já teria sido pai).
A minha distração é fabulosamente divertida.

3.16.2008

Ainda me espanto

com a generosidade de algumas pessoas que tinham tudo para não me voltar a falar e voltam. Espanto-me e eu sei porquê, eu não sou boa a gerir os fins de uma relação, não sei lidar com aqueles bocados de sentimentos que ainda ficam agarrados e por isso evito. Posso parecer muito fria mas é só isso, o evitar por não saber lidar com aquilo, é o não querer encarar, a cobardia pura.

Evito ao máximo falar com o meu ex-marido mesmo tendo dois filhos em comum, evito o suficiente para estranhar a expressão "nossos filhos", não sei se lhes sente a falta, se se preocupa com eles para além daquilo que considera os deveres mínimos de pai. Sei que fica obcecado em não faltar às festas e a coisas como levar a filha à colónia e também sei porquê, mas não sei mais do que isto.

Conto-lhe que fui à reunião dele, que está optimo, eu e a educadora espantamo-nos como este miudo está sempre bem e sociável, a criança que durante o ano passado passou por 5 casas diferentes e acabo por dizer "é como o pai, mete tudo para dentro".
Ele sorriu de orgulho (não lhe vi o sorriso mas sei que sim) e respondeu qualquer coisa como "Assim é que é" e confessa-me a preocupação com ela.
Espanto-me. Essa criança que é a mais responsável, madura e inteligente que conheço, que nunca me levantou uma preocupação sequer.
"Preferia que ela fosse menos essas coisas e mais estável emocionalmente".
Não o disse, mas sabemos ambos o que queria dizer, "menos como tu". Menos como eu.
Também eu. Também eu preferia que ela fosse menos como eu. E até mesmo que eu fosse menos como eu.

3.14.2008

Piadinhas aos 3

Quantos anos tens, mãe?

32.

Então tens 32 rabos.


Tens noção que não voltas aos livros de anatomia da Fnac?

Estou apaixonada por ti,

casamos?

Não. Não quero casar contigo mãe.

Não? Porquê?

Porque não quero casar assim com pessoas grandes.

Ah não? Então e com pequenas?

Claro que sim!

Casavas com quem então?

Com Marias!

(atestando a grande originalidade das miudas da sala. Acho que só uma é que não é Maria).

A prova que o meu blog

não sou eu é que ele hoje não corresponde de todo à maneira como me sinto.

Se correspondesse ele estaria hoje apenas escuro, um vórtice sugando energia, um Buraco Negro, uma Supernova em declínio.

E aí está ele todo cor-de-rosa, esvoaçantemente irritante.

3.13.2008

Abram alas para o meu blog

segundo o Pedro, é tautológico.

E eu que pensava que ele era só muitíssimo egocêntrico.

3.12.2008

Eu não posso ver nada








O template agora combina com o filme que nunca mais estreia. E, reparem, foi filmado em Lisboa. Ou aquela estátua ali à direita (no site) não era a que estava no Rossio?

3.11.2008

branco, branco não ponho, fica assim clarinho em tua honra. Das fontes, fico limitada às fontes comuns para web. Qualquer browser ao fazer o parse do código vai buscar as fontes à máquina onde está instalado, o que significa que não vai ter a maioria das fontes (ou eu tenho que assumir que assim é) e corre tudo a Arial e a Times (dependendo da original), daí esta.

3.10.2008

Quase todos os dias

mudo a cor do meu template. Sabia? Se sabia é porque não me lê pelos feeds. Se não sabia é porque lê. Hoje é fuschia, a pedido do Leão.

A coisa estava mal para posts

mas agora está péssima. Vejo-me obrigada aos transportes públicos e a fluência de pensamentos que me ocorre quando conduzo desaparece no meio das carruagens. É impossível pensar quando estamos rodeados das conversas dos outros, dos toques de telemóvel dos outros e a contar as estações cuidadosamente, o risco de sair na estação errada é tão grande que me apavora. Os bilhetes de metro também são um mimo à inovação e a prova de que nós, portugueses, quando queremos inventar coisas para parecermos modernos e em simultâneo tornar infernalmente complexo o simples acto de comprar um bilhete, somos fantásticos.

3.09.2008

3.08.2008

Chafurdando nos drafts

Enquanto conduzo afloram-me à mente os pensamentos mais obscuros. Como por exemplo, porque é que gostamos de algumas pessoas e de outras não? O que é que faz darmo-nos muito bem com alguém e não assim tão bem com outros.
Tem de ser mais do que simples afinidade, background semelhante. É o tipo de pensamento que me massacra.
Dizem os brasileiros daquelas pessoas por quem sentimos uma antipatia imediata e persistente "o nosso santo não joga", frase que adoro, primeiro porque imagino logo dois santos sentados a uma mesa de poquer com um charuto ao canto da boca e a atirarem fichas para o centro de uma mesa. Mas também porque é inexplicável essa sensação. Raríssimas são as vezes que a sinto, mas quando sinto é persistente e incomoda como uma picada de melga, por muito que me esforce por ignorá-la, por combatê-la, parece que a cada tentativa essa sensação fica mais forte ainda.

Hoje

vou ao casino. Ando há demasiado tempo a desperdiçar a sorte que, de acordo com o provérbio, me persegue incessantemente.
O problema é eu não ter paciência nenhuma para jogos. De nenhum tipo.

3.06.2008

És tu e eu

embora enfim, não sei se o Depp andará muito pelo Chiado, e já não uso aliança.

De manhã fiz um interrogatório ao meu filho acerca do professor de ginástica e, segundo ele, não é casado nem tem namorada.

Tive que justificar a coisa como "a mãe não conhece homens interessantes", e não posso aqui escrever o que a minha filha perguntou a seguir.

Aliás posso: "Aquele seu amigo, o X., é casado?", "É casado, sim, muito casado mesmo" (o que outro amigo chama "ética feminina").

3.05.2008

Bom bom

é ter uma pessoa que nos corrige quando damos erros ortográficos e da maneira mais correcta, em privado (embora eu pessoalmente não me importe nada que me corrijam em público, ainda agora corrigi uma série de erros no post anterior ao anterior).

Ah, hoje tenho tempo para escrever



MAS EU QUERO É TER TEMPO PARA DORMIR!

A minha estatística

de "Recent keyword activity" é tão desinteressante que nem dá para um post com piada.

A maior parte das pessoas que vem dar ao meu blog por pesquisa de palavras vem de "contos de fuga" (suponho que se enganem a digitar o p inicial).
depois há um solitário "desejos secretos o conto blogspot" (alguém anda confuso), dois "jogos fuga quarto adulto" (lamento a desilusão) e um "o meu filho não sabe ler" (pois não, também aos 3 anos só se fosse um adiantadinho mental).

Inveja

Ao longo do dia (eu sei que isto não é bonito) vou invejando várias pessoas:

invejo as pessoas que têm um só filho e são dois pais em casa.
invejo as pessoas que têm vários filhos e são dois pais em casa.
invejo as pessoas que não têm filhos.
invejo as pessoas que têm tempo e dinheiro para viajar.
invejo as pessoas que podem ir ao cinema a meio da semana.
invejo as pessoas que têm empregada.
invejo as pessoas que têm os filhos na mesma escola.
invejo as pessoas que saem cedo e não levam trabalho para casa.
invejo as pessoas que têm filhos crescidos.
invejo as pessoas que podem ir à casa de banho sem entrar na sala de outra pessoa.
invejo as pessoas que estão apaixonadas.
invejo as pessoas que podem largar tudo de um momento para o outro.
(a lista é infindável).

E não invejo outras:
não invejo metade dos pais do colégio do meu filho (é um colégio integrado).
não invejo as pessoas que trabalham naquilo que não gostam.
não invejo as pessoas que passam anos num casamento sem sentimentos.
não invejo as pessoas que não podem ter filhos.
não invejo as pessoas que são infelizes sem saber porquê.
não invejo as pessoas que não sabem o que fazer com o tempo livre.
não invejo as pessoas que nasceram num meio onde o programa cultural mais elevado é ir ao Colombo.
não invejo as pessoas que moram longe do emprego.
não invejo as pessoas que não gostam de pessoas, ou de crianças, ou de animais.
não invejo as pessoas que não gostam de ler.
não invejo as pessoas que estão apaixonadas sem ser correspondidas.
não invejo as pessoas que são viciadas em alguma coisa.
(a lista também é infindável).

Adenda: também invejo as pessoas que conseguem fazer coisas destas.

À hora do jantar

a briga costumeira entre o canal Panda e a Fox. Diz ela "Ganhamos, sabes, somos 40 contra 3".

Interrogo-me, entre mim e ela não vejo (e bem me esforço, mas estes olhos já não vêm tão bem como há tempos) mais do que duas.

"Os anos da mãe e os meus juntos, 40."

Portanto é assim, somos umas quarentonas. E o puto há-de estar sempre lixado, menos nos dias em que, tolerantemente, cedemos a que veja uns minutos do Panda (aquilo é mesmo intragável).

3.03.2008

Confessei

numa caixa de comments que dou beijos na boca ao meu filho. Que mal aplicada a palavra, confessar. Sim, eu dou beijos na boca ao meu filho. E já não dou à minha filha porque ela não me deixa, tem vergonha, porque até ter idade para recusar também dava. Em Espanha é comum a família chegada cumprimentar-se assim e eu, como 99% dos portugueses descendo de espanhóis.
Dou beijos na boca (mas sem troca de fluidos) o que no fundo é tão (ou tão pouco) higiénico como dar beijos na cara, a boca é só uma parte da cara, por sinal a mais irrigada e onde há mais centros nervosos.
Um beijo na boca é um beijo absolutamente recíproco, simultâneo, muito mais próximo do que um beijo noutro sítio. Dou beijos na boca aos meus filhos mas não gosto que venham dormir na minha cama, não sei porquê. Afinal eu também sou feita destas idiossincrasias.

(amanhã respondo).

3.02.2008

We all love him dearly


Não, não vi os Oscares, o que não impede que eu saiba que foi a Tilda Swanson a ganhar Oscar de melhor actriz e em simultâneo ser a mais mal vestida da cerimónia. O que eu só descobri agora foi que a Tilda é muito à frente no bom sentido (não só no de quem usa vestidos horrorosos apanhados num flea market qualquer só porque se está a lixar para o que os outros dizem dela).

3.01.2008

Estou a perder

muito ao ver tão pouca televisão. Ainda há bocado olhei para o ecrán e estava o Grissom a dizer a um dos da equipa "os chatos guardam ADN do portador e do receptor". Fabuloso (será que também indicam quem foi o receptor e o portador? Serão os chatos uma espécie de bufos das DSTs?).

Ainda acho

que o inferno somos nós uns para os outros. E que o paraíso também. O resto é cenário.



E sim, há caminhos sem saída. O problema é que só descobrimos isso tarde demais.

pessoas com extremo bom gosto