suspendo-me para não me acabar.
(e acabo-me na mesma)
11.29.2006
Eu hoje acordei assim
"[...]A toca continuou a direito como um túnel, e de repente afundou-se, tão de repente que a menina nem teve tempo de relectir e parar antes de dar consigo a descer o que lhe parecia ser um poço muito fundo.
Das duas uma: ou o poço era realmente muito fundo, ou ela estava a cair muito devagar, pois enquanto descia teve tempo de sobra para olhar em redor, e interogar-se sobre o que iria acontecer a seguir. Primeiro tentou olhar para baixo e perceber onde ia chegar, mas estava demasiado escuro para ver fosse o que fosse[...]. A descer, a descer sempre a descer. Será que a queda nunca mais acabava?[...]"
Impressionante como o Lewis Carrol conseguiu descrever o meu estado de espírito.
Mas também pode ser só a ressaca da table dance de ontem.
11.27.2006
Peso
Hoje sinto-me pesada.
Pesa-me o dia, o ar, a cabeça.
Sonho em tornar-me leve, primeiro levitar e pairar no ar um pouco a observar, depois esvoaçar. Imagino que voar seja como nadar mas com menos atrito, uma sensação de liberdade esmagadora.
Hoje quero voar como se fosse um avatar da second life, entrar na atmosfera sem sentir a gravidade nos pés, as amarras nos pulsos.
Vou ter com a minha amiga a África.
Vou mergulhar com os tubarões em Bora-bora.
Vou voltar para a minha casa.
Pesa-me o dia, o ar, a cabeça.
Sonho em tornar-me leve, primeiro levitar e pairar no ar um pouco a observar, depois esvoaçar. Imagino que voar seja como nadar mas com menos atrito, uma sensação de liberdade esmagadora.
Hoje quero voar como se fosse um avatar da second life, entrar na atmosfera sem sentir a gravidade nos pés, as amarras nos pulsos.
Vou ter com a minha amiga a África.
Vou mergulhar com os tubarões em Bora-bora.
Vou voltar para a minha casa.
11.23.2006
Não deixava de ser uma grande ironia, pensava ele agora estendido na escuridão.
Que ele, que toda a vida tinha fugido da solidão acolhendo-se sempre no meio de multidões, ainda que para tal tivesse que suportar (a custo) os gritos estridentes das crianças mal educadas do centro comercial aos domingos.
Que agora estivesse ele aqui estendido sozinho, não sabendo bem por quanto tempo, supondo que fosse para sempre, deitado e sem conseguir mexer nenhuma parte do corpo mas com o cérebro estranhamente lúcido e activo.
Sentia os bichos a entrarem e sairem lentamente dos buracos do corpo, das entranhas. Não lhe causavam dor nem incomodas comichões (pois se as extremidades nervosas estavam mortas como o resto do seu corpo, como poderia sentir dor?), e no entanto sabia-os lá, "o caruncho" como lhes chamou, sendo que no caso a madeira era ele.
Tentava agora calcular quanto tempo demoraria até a carne desaparecer, depois os ossos, até ser pó, e se nessa altura (em que o cérebro estaria literalmente desfeito, transformado em energia orgânica) ainda teria pensamentos.
Lembrava-se ainda de pessoas que acreditavam em alma, em vida após a morte e em como ele, o céptico do costume, se tinha rido dessas ideias.
Pensava nisto do interior do caixão e também em se tudo aquilo não passava de um sonho. Apenas para concluir que, sonho ou não, essa era agora a realidade dele, a que tinha que viver e não seria por se descobrir num sonho que esta lhe custava menos.
Odiava a solidão e interrogou-se porquê.
Este homem achava as interrogações (sobretudo as interrogações interiores) uma pura perda de tempo. Mas tempo era tudo o que ele tinha agora e por isso podia interrogar-se.
Odiava a solidão talvez porque odiava ouvir-se, ter os pensamentos a ecoarem na cabeça de um lado para o outro como uma bola ténis a meio de um jogo. Era isso, não gostava de se ouvir. A conclusão desconcertou-o, toda a vida tinha achado que tinha um nível de auto-estima muito bom, acima da maioria com quem se cruzava.
Afinal descobria-se no meio de um sonho de morte, ou da sua morte mesmo.
O homem pensou em como isso era extremamente injusto porque depois morto de nada lhe servia descobrir-se.
Que ele, que toda a vida tinha fugido da solidão acolhendo-se sempre no meio de multidões, ainda que para tal tivesse que suportar (a custo) os gritos estridentes das crianças mal educadas do centro comercial aos domingos.
Que agora estivesse ele aqui estendido sozinho, não sabendo bem por quanto tempo, supondo que fosse para sempre, deitado e sem conseguir mexer nenhuma parte do corpo mas com o cérebro estranhamente lúcido e activo.
Sentia os bichos a entrarem e sairem lentamente dos buracos do corpo, das entranhas. Não lhe causavam dor nem incomodas comichões (pois se as extremidades nervosas estavam mortas como o resto do seu corpo, como poderia sentir dor?), e no entanto sabia-os lá, "o caruncho" como lhes chamou, sendo que no caso a madeira era ele.
Tentava agora calcular quanto tempo demoraria até a carne desaparecer, depois os ossos, até ser pó, e se nessa altura (em que o cérebro estaria literalmente desfeito, transformado em energia orgânica) ainda teria pensamentos.
Lembrava-se ainda de pessoas que acreditavam em alma, em vida após a morte e em como ele, o céptico do costume, se tinha rido dessas ideias.
Pensava nisto do interior do caixão e também em se tudo aquilo não passava de um sonho. Apenas para concluir que, sonho ou não, essa era agora a realidade dele, a que tinha que viver e não seria por se descobrir num sonho que esta lhe custava menos.
Odiava a solidão e interrogou-se porquê.
Este homem achava as interrogações (sobretudo as interrogações interiores) uma pura perda de tempo. Mas tempo era tudo o que ele tinha agora e por isso podia interrogar-se.
Odiava a solidão talvez porque odiava ouvir-se, ter os pensamentos a ecoarem na cabeça de um lado para o outro como uma bola ténis a meio de um jogo. Era isso, não gostava de se ouvir. A conclusão desconcertou-o, toda a vida tinha achado que tinha um nível de auto-estima muito bom, acima da maioria com quem se cruzava.
Afinal descobria-se no meio de um sonho de morte, ou da sua morte mesmo.
O homem pensou em como isso era extremamente injusto porque depois morto de nada lhe servia descobrir-se.
11.22.2006
Não conta para nada
mas ainda assim faço a minha votação pessoal (e intransmissível):
Melhor blog/blogger masculino:este aqui.
Melhor blog/blogger feminino (já cá escrevi mas escrevo de novo):esta senhora.
Melhor blog/blogger masculino:este aqui.
Melhor blog/blogger feminino (já cá escrevi mas escrevo de novo):esta senhora.
11.21.2006
Foi desde essa noite
Em que ele lhe perguntou se as estrelas não seriam olhos de monstros, espreitando-os.
Há frases, perguntas assim, que nos entram pela cabeça e parecem não querer sair mais.
Desde aí resguardava-se de noite, fechando as persianas para que os olhos não a espreitassem a lingerie quando se despia, trancando-se no quarto interior para que não lhe perscutassem os pensamentos mais ou menos impuros quando eles surgiam.
Porquê de noite e não de dia isso não sabia explicar, pois certo era que de dia as estrelas continuavam lá embora não visíveis, a maior de todas ofuscando-as sem dó nem piedade. Pois de dia pouco se importava em se exibir em frente às janelas, sabendo que os vizinhos a podiam ver perfeitamente, era o jogo, eles que espreitassem à vontade, era apenas o que podiam fazer.
Há frases, perguntas assim, que nos entram pela cabeça e parecem não querer sair mais.
Desde aí resguardava-se de noite, fechando as persianas para que os olhos não a espreitassem a lingerie quando se despia, trancando-se no quarto interior para que não lhe perscutassem os pensamentos mais ou menos impuros quando eles surgiam.
Porquê de noite e não de dia isso não sabia explicar, pois certo era que de dia as estrelas continuavam lá embora não visíveis, a maior de todas ofuscando-as sem dó nem piedade. Pois de dia pouco se importava em se exibir em frente às janelas, sabendo que os vizinhos a podiam ver perfeitamente, era o jogo, eles que espreitassem à vontade, era apenas o que podiam fazer.
Depois de ter perdido
uma preciosa hora de sono a tentar formatar o meu avatar (completo insucesso com a máscara de capuchinho vermelho), estou pronta para mandar aquela coisa às urtigas. Aquele edit demora horas e está cheio de bugs (desculpa lá, Cat, mas é verdade).
11.17.2006
Eu
vejo nos gestos e formas de falar da minha filha como sou dura e impaciente com eles (as minhas amigas dizem que ela é uma fotocópia minha, não fisicamente mas nas atitudes). Eu tenho bem presente na minha cabeça que tipo de mãe gostava de ser (por incrível que pareça eu já a conheci, ela existe).
Eu não chego lá.
Eu não chego lá.
11.16.2006
Aquele ultimo post,
olho para ele e quase não o consigo ler. Está uma espécie de Saramago (não na qualidade, na salgalhada) porque não o revisionei. Foi de propósito, escrevi-o e lancei-o. Reli-o no blog e pensei "não tem legibilidade nenhuma". Deve ser mais ou menos assim que o Saramago se sente quando acaba de escrever um livro (e eu adoro o Saramago).
De manhã
Num desses amanheceres que parece vir enrolado em discussões e em birras. Depois da birra para comer papa(não quero papa, mas não é papa é ranho de marciano constipado, não quero papa, mas não é papa é vomitado da Veneta de Vénus, estratégias que aprendemos a ver bons desenhos animados). Depois da birra para vestir o casaco. Depois de mais de meia hora enfiados no trânsito, sozinho atrás no carro, os dedos enrodilhados: "Esse é o meu lugar!Não, é meu! É meu! Meu! Dedos não iscutam!".
11.15.2006
Estratégias de marketing
Quem terá sido o génio que achou que dois rapazes colocados cada um de um dos lados da estrada com bandeiras gigantes encarnadas convencia alguém a ir a um certo Centro Comercial?
Mas
uma mãe tem que ser paciente. Eu não sou. Sobretudo não com xixis nas cuecas depois de 6 meses de treino. Não com birras. Não quando lutam os dois a toda a hora. Não com gritos e guinchos.
Há dias em que não me apetece nada ser mãe. Ser pai é definitivamente mais fácil.
Correcção: ser o pai que não fica com a custódia é definitivamente mais fácil.
Há dias em que não me apetece nada ser mãe. Ser pai é definitivamente mais fácil.
Correcção: ser o pai que não fica com a custódia é definitivamente mais fácil.
Não sei se é normal
Há muito que deixei de me preocupar com normalidades. Aos 30 meses (feitos ontem, lembro-me agora) adora esta colecção. Comecei por comprá-la para a irmã, e porque eu gostava muito da série em criança. Ela não lhe liga nenhuma, nem se dá ao trabalho de abrir os livros quando os compro, e é ele quem devora os vídeos, que faz birra todas as noites porque a história antes de deitar tem de ser do "côpo humano", que vai invariávelmente buscar um dos livros da colecção quando eu me ofereço para lhe contar uma história.
É ele quem fica sossegado a ouvir coisas como "Os músculos são formados por um grande número de fibras musculares, agrupadas em feixes primários envolvidos por uma espécie de baínha. Por sua vez, estes feixes primários unem-se e formam os chamados feixes secundários que, reagrupados, compõem a totalidade do músculo que é rodeado por uma membrana de tecido conjuntivo brilhante chamada permísio, cujos prolongamentos são os tendões que unem os músculos aos ossos".
Qualquer dia passa-lhe, esta mania (que ele funciona muito assim, por manias).
É ele quem fica sossegado a ouvir coisas como "Os músculos são formados por um grande número de fibras musculares, agrupadas em feixes primários envolvidos por uma espécie de baínha. Por sua vez, estes feixes primários unem-se e formam os chamados feixes secundários que, reagrupados, compõem a totalidade do músculo que é rodeado por uma membrana de tecido conjuntivo brilhante chamada permísio, cujos prolongamentos são os tendões que unem os músculos aos ossos".
Qualquer dia passa-lhe, esta mania (que ele funciona muito assim, por manias).
11.14.2006
11.13.2006
A minha vida
que algures no tempo já foi como um novelo de lã que se ía desenrolando, não passa agora de um amontoado de nós que se embaraçam uns nos outros.
11.10.2006
11.08.2006
A propósito de comments e assim
Também me faz uma certa confusão, isso.
Já cá ando há 2 anos (na blogosfera) e nunca cacei visitas nem número de comentários. É verdade que tenho sitemeter mas raramente olho para aquilo, dou-me muito mal com o layout e mal consigo ler os dados.
Até entendo bem que haja quem de facto tenha outras atitudes com visitas, comentários, quantidades e assim. Cada um recolhe autoestima como quer, ou como pode, a mim passa-me de largo.
É portanto excusado comentarem no meu blog por reprocidade (porque comentei no deles), por publicidade (porque querem que eu vá comentar no deles) ou seja porque razão for que fuja àquela para a qual a caixa de comentários existe: para se comentar porque apetece ou porque há qualquer coisa a dizer.
E depois desta conversa toda que soa um bocado a "esta tem a mania que é boa mas anda cá à cata de atenção como os outros (da blogosfera, atente-se)", confesso uma coisa: há blogs que leio, que admiro, e nunca lá comento (a maioria porque nem são comentáveis) porque não me sinto à altura dos autores.
Já cá ando há 2 anos (na blogosfera) e nunca cacei visitas nem número de comentários. É verdade que tenho sitemeter mas raramente olho para aquilo, dou-me muito mal com o layout e mal consigo ler os dados.
Até entendo bem que haja quem de facto tenha outras atitudes com visitas, comentários, quantidades e assim. Cada um recolhe autoestima como quer, ou como pode, a mim passa-me de largo.
É portanto excusado comentarem no meu blog por reprocidade (porque comentei no deles), por publicidade (porque querem que eu vá comentar no deles) ou seja porque razão for que fuja àquela para a qual a caixa de comentários existe: para se comentar porque apetece ou porque há qualquer coisa a dizer.
E depois desta conversa toda que soa um bocado a "esta tem a mania que é boa mas anda cá à cata de atenção como os outros (da blogosfera, atente-se)", confesso uma coisa: há blogs que leio, que admiro, e nunca lá comento (a maioria porque nem são comentáveis) porque não me sinto à altura dos autores.
11.07.2006
Não sei se é por ser meu filho
Aliás sei, chega de falsas modéstias, espertíssimo o miúdo, sai à mãe.
A colar autocolantes dos "Cars":
-Este é mau.
-Como é que sabes que é mau?
-Puque tem olhos zangados.
-Mãe, encontei-lo, o jogo do sonic!
-Sim, a mãe trouxe-o ontem do carro.
-Touxeste-lo? Mãe, és fantástica!
A colar autocolantes dos "Cars":
-Este é mau.
-Como é que sabes que é mau?
-Puque tem olhos zangados.
-Mãe, encontei-lo, o jogo do sonic!
-Sim, a mãe trouxe-o ontem do carro.
-Touxeste-lo? Mãe, és fantástica!
11.03.2006
Às vezes penso que vai ser sempre assim
O dia todo com os nervos à flor da pele. O barulho do pião a cair no chão todo o dia, todos os dias. Os gritos, pulos, barulho do pião que se desmancha e de todas as coisas que atira para o chão.
A casa por arrumar todo o dia, todos os dias, tanta e tanta coisa para apanhar do chão.
As birras para sair de casa (e para entrar, e para todas as outras coisas).
Ela que começa a falar quando entra no carro e só se cala a dormir (nem sempre), um fluxo ininterrupto de palavras, impossível de acompanhar.
As noites interrompidas pelos dois, a enfiarem-se na minha cama à vez. As manhãs a começarem uma hora mais cedo porque ninguém consegue dormir (uns em cima dos outros).
48 horas de fim de semana que se resumem a 4 de descanso. Uma luxação no ombro, ou lá o que é, que dá dores horrorosas a mexer o braço (direito, claro).
Um exame para fazer até dia 24 (como?).
O dia todo a ouvir mãe, mãe , mãe, choramigos junto com o barulho do pião a cair no chão, os nervos à flor da pele.
Cansaço, falta de ar, falta de espaço, falta de paciência. Falta de mim.
Não vai ser sempre assim, pois não?
A casa por arrumar todo o dia, todos os dias, tanta e tanta coisa para apanhar do chão.
As birras para sair de casa (e para entrar, e para todas as outras coisas).
Ela que começa a falar quando entra no carro e só se cala a dormir (nem sempre), um fluxo ininterrupto de palavras, impossível de acompanhar.
As noites interrompidas pelos dois, a enfiarem-se na minha cama à vez. As manhãs a começarem uma hora mais cedo porque ninguém consegue dormir (uns em cima dos outros).
48 horas de fim de semana que se resumem a 4 de descanso. Uma luxação no ombro, ou lá o que é, que dá dores horrorosas a mexer o braço (direito, claro).
Um exame para fazer até dia 24 (como?).
O dia todo a ouvir mãe, mãe , mãe, choramigos junto com o barulho do pião a cair no chão, os nervos à flor da pele.
Cansaço, falta de ar, falta de espaço, falta de paciência. Falta de mim.
Não vai ser sempre assim, pois não?
11.02.2006
11.01.2006
Halloween
Como já vem sendo tradição desde há 2 anos para cá, lá foi ela mascarada de bruxa (bruxa de minisaia, o fato foi máscara quando tinha 2 anos e nessa altura chegava-lhe aos pés) com amigas do prédio pedir doces.
O resultado: um bebé e uma mãe cheios de sono que quase à meia noite tiveram que subir a casa da vizinha para que uma menina viesse para casa (recusava-se a descer enquanto o espólio, que incluía um chocolate de cozinha, não fosse dividido).
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