3.26.2012

monstros



em pequenos espreitamos debaixo da cama e atrás da porta antes de dormir. temos medo dos monstros que se escondem nas sombras, que nos venham assaltar o sono com pesadelos, desses pesadelos que são capazes de estragar uma manhã com o sabor desagradável do pavor colado à nossa pele.

depois crescemos e descobrimos que os monstros estiveram sempre dentro de nós, que fomos nós que aprendemos a dominá-los com a idade e que, embora por vezes ainda nos assaltem o sono [porque nunca aprenderemos a controlar os sonhos], são uma parte nossa que obedece ao nosso comando e não o inverso.

mais tarde ainda [ou nunca, se tivermos sorte] encontramos pessoas que, ao contrário de nós, são elas próprias controladas pelos seus monstros, como se nunca tivessem crescido o suficiente para deixar de temer o escuro, escuro esse que alimenta os monstros que as dominam e que vão contaminando tudo à sua volta, numa desesperada tentativa de se libertarem de si mesmos.
a tentação de as combater com uma espada gigante e de tentar salvar a pessoa que está dentro do escuro [e por consequência, o mundo à sua volta] é grande, mas há que ter noção do mais importante - ninguém tem capacidade de salvar o outro de si próprio.
virar as costas e não alimentar a única maneira de não sermos também nós sugados para a monstruosa voragem.

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