10.27.2012

nasci depois do 25 de abril

e possivelmente por isso nunca entendi a posição do meu avô que perdeu a maior parte dos amigos dele por motivos políticos.

a política sempre foi para mim uma coisa morna, com entendimento pacífico entre oposições e uma discussão saudável.

os amigos do meu avô eram oficiais carreiristas do exército, vindos de boas famílias, a quem interessava defender o status quo que a ditadura lhes proporcionava. ao meu avô também (sendo oficial do exército), mas nem por isso o fez e desprezou quem escolheu esse caminho - mesmo o melhor amigo.

foi preciso este momento de crise para entender o meu avô e nunca poderei dizer-lhe como afinal somos mais parecidos do que pensei, porque ele morreu há 6 anos.

6 comments:

S. G. said...

continuo a acreditar que a firmeza nas convicções e valores é o melhor caminho, embora me cale muitas vezes para não perder amigos (as discussões podem tornar-se muito acesas).

a política, como a economia e a vida, deveria ter a ética como único caminho. provavelmente o teu avô seguiu solitariamente esse caminho.

(não sabia que tinhas lido tanto saramago. vénias)

Clara said...

eu acreditava no respeito mutuo e que por causa dele podiamos ser amigos de todos, mas se calhar não é bem assim.

li saramago porque adoro a imaginação do saramago e não acho a escrita assim tão difícil. mas agora ando numa fase de ler TUDO do vargas llosa (hei-de conseguir, espero eu).

S. G. said...

bem, acho que já perdi essa crença na amizade "alargada". faço por manter perto os poucos que considero importantes.

quanto a livros, estou a tentar ler tudo do saul bellow. mas tenho de encomendar mais, e isso depende das promoções. uma boa forma de programar a leitur é ler um autor que se gosta muito até ao fim.

é um pouco como o saramago, mas numa vertente mais urbana e classicista. aconselho bellow para quando terminares a tua viagem nos andes.

Clara said...

tb estou meio na fase "ler tudo do richard zimmler", o que não é grande feito porque ele não publicou assim tanta coisa. mas ainda só li três (o Ultimo Cabalista, a Sétima Porta e os Anagramas de Varsóvia - fiquei particularmente tocada pela sétima porta, até chorei e tudo ;)

S. G. said...

:)

ou o livro mexe connosco (chorar também vale) ou então não é um bom livro.

este domingo li o "estorvo", o primeiro livro do chico buarque, o que faz dele mais um autor de quem li tudo (não é difícil, são só 4 :)

agora estou a ler o "fanny owen" da agustina, porque havia uma promoção na fnac do leve 2 e pague 1, mas entretanto acabou a promoção, e eu até estou a gostar da agustina.

do zimmler não li nada, mas deixa-me curioso o anagrama, porque é sobre o guetto dos judeus na segunda guerra (acho eu) o mesmo tema do filme o pianista. agrada-me muito essa temática.

Clara said...

são todos sobre o judeus, o sétima porta não tanto, é sobre a perseguição na alemanha aos judeus mas também aos arianos que tivessem qualquer tipo de deficiência (ou "diferença"). é muito bonito, mesmo sendo lamechas como tudo!

pessoas com extremo bom gosto