8.04.2008

Mais sono

Aborrecidíssima nesse outro sítio onde já só faço tempo para me ir embora (não quero dar parte fraca de quem já não tem pachorra para estas coisas), encosto-me ao bar gigantesco à espera que a minha amiga peça uma bebida (podem ser horas aqui), vejo uma rapariga numa outra ponta do bar. É muito bonita, linda, o suficiente para se destacar numa multidão de milhares de rostos que se encostam ao bar. Vários homens vão àquela parte do balcão a pretexto de pedir uma bebida. E são homens de aspecto suburbano, de cabelo à Cristiano Ronaldo, obviamente lêem revistas do social ou não estariam ali naquele caldeirão de wannabes. Vejo-a sorrir vagamente, não dá conversa mas também não os afugenta antipaticamente (como eu e as minhas amigas faríamos). Ao princípio estranho mas depois entendo, é provável que toda a imagem que essa rapariga tem de si própria tenha sido construída à volta das palavras dos outros, que se passar um dia em que ninguém lhe diga que é bonita se ache feia, que se sinta a desaparecer quando for perdendo atributos físicos.
Assim é que podemos nascer com(o) um bilhete de lotaria premiado mas de nada serve se não soubermos gerir o prémio.

pessoas com extremo bom gosto