em criança era frequentemente assolado por pesadelos. sonhava com carros que se despistavam na estrada decepando cabeças, com pontes que caiam, com enxurradas que viravam cheias e deixavam crianças e adultos sem casa, vogando entre telhados em jangadas improvisadas feitas de portas arrancadas pelo temporal. isto todas as noites, de tal maneira que começou a arranjar maneiras de não dormir à noite, cabeceando nas aulas o dia todo. a preocupação dos pais transformou-se no medicamento receitado pelo médico que o fazia dormir sem sonhos. de nada servia porém, mal se distraía durante o dia, apareciam de novo diante dos olhos imagens horrendas, corpos de bebés enterrados em escombros, pessoas torturadas, gritando sem som, naquilo que ele assumia como premonições [nunca o saberia].
foi só quando na escola entrou no clube de fotografia, onde aprendeu a tirar e a revelar fotografias analógicas, que os flashes de imagens começaram a escassear até desaparecerem por completo. parecia ter-se livrado dessa terrível maldição que o consumia.
até o dia em que, sozinho no estúdio, às escuras e com as mãos mergulhadas em ácido, ao revelar o seu primeiro rolo analógico, as descobriu lá todas, impressas em papel fotográfico.
2 comments:
sinistro... podias fazer uma curta metragem de terror com esta história!
concordo:)
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