8.31.2010
8.30.2010
imagine
imaginemos que tudo se passa em ciclos. imaginemos [se quisermos] que uma coisa passa hoje já sabendo que é repetida e há-de sê-lo infinitamente. imaginemos que não há mais nada para além de repetições. que o que foi ontem foi anteontem e o foi também no ano mês dia anterior. imaginemos então o que será amanhã.
back
estou de volta e logo no primeiro dia vi o meu subsídio de férias a escoar como água pelo ralo em dois arranjos consecutivos do carro - no mesmo dia, em diferentes oficinas. é só dinheiro e o dinheiro, como é sabido, nunca fez ninguém feliz. estou de volta e feliz.
8.27.2010
too much
agora que penso nisso acho que o problema das coisas é durarem tempo demais. o trabalho dura demasiadas horas do dia, as férias nunca mais acabam, os filhos nunca mais crescem, a bateria nunca mais acaba de carregar, uma viagem demora anos a passar, a vida tem sempre demasiados dias. tudo seria perfeito se servido em pequenas e homeopáticas doses, só suficientes para nos cansarmos um pouco e descansarmos quando mudassem. é o massacre que torna tudo insuportável, as doses massivas, demasiado tudo.
8.19.2010
férias
estou de férias e escrevo em português, sou a única portuguesa neste aldeamento [em portugal], acedo à net por cortesia de uns irlandeses que têm wi-fi no bar. estou de férias, sitiada num aldeamento de ingleses-irlandeses-possivelmente escoceses, ando 10 kms por dia para chegar à praia e à piscina sem entrar no carro e pago dois euros por café. há uma coisa extremamente positiva - os meus músculos das pernas estão a desenvolver. e os nativos do reino unido são pessoas extremamente silenciosas. paz e caminhadas longas - a caminho do zen.
8.13.2010
8.12.2010
kids
ter filhos é engraçado. quando são pequenos são muito amorosos, porque precisam de nós para tudo seduzem-nos constantemente. só assim conseguimos superar a falta de sono, de privacidade, de espaço, de tempo, de auto-qualquer-coisa-que-envolva-auto.
passamos muito tempo a desejar que cresçam para conseguirmos fazer as unhas em paz, dormir noites seguidas, ter uma conversa inteira com um amigo.
a coisa é que, mal eles chegam a esse ponto de menor necessidade, deixam de precisar de nos seduzir. acabou-se - nós agora somos umas criaturas insuportáveis que só tolhem as suas enormes necessidades de liberdade - ah, e também servimos para carregar o telemóvel.
passamos muito tempo a desejar que cresçam para conseguirmos fazer as unhas em paz, dormir noites seguidas, ter uma conversa inteira com um amigo.
a coisa é que, mal eles chegam a esse ponto de menor necessidade, deixam de precisar de nos seduzir. acabou-se - nós agora somos umas criaturas insuportáveis que só tolhem as suas enormes necessidades de liberdade - ah, e também servimos para carregar o telemóvel.
vacations
as férias ainda não começaram, eu ainda estou em minha casa e já ouvi um em minha casa fazes como eu disser - sendo que eu ainda estou em minha casa [já tinha dito?]. portanto acima de mim tenho os meus pais [em minha casa fazes como eu disser] e abaixo de mim tenho os meus filhos [quero ir para a piscina quero um gelado dê-me moedas para os matraquilhos não quero comer já vou agora não me apetece carregue-me o telemóvel] e a pessoa que era suposto partilhar estas coisas comigo - a minha prima - trocou-me por um tipo qualquer. ah férias.
8.10.2010
life
um dia eu tinha um amigo [isto já foi há uns anos]. nesse dia fui jantar com um ex-namorado. eu gostava desse ex-namorado. ou achava que gostava porque se calhar eu só me sentia sozinha. na manhã seguinte esse amigo mandou-me uma mensagem a perguntar como tinha corrido o jantar e eu respondi-lhe [vá, eu sempre gostei do drama] "estou à morte". o meu amigo estava em sines e disse "vamos almoçar, não a posso deixar a morrer". veio de sines a tempo da hora de almoço e a primeira coisa que me disse quando me viu foi "para quem está a morrer, tem um bronze invejável". rimos o almoço todo. eu hoje ainda tenho esse amigo, graças a Deus. no meio daquilo tudo se calhar nunca lhe agradeci por ter vindo de sines a correr para lisboa, por nunca mais me ter deixado repetir "estou a morrer" por um disparate qualquer, mas a melhor homenagem que lhe posso prestar foi ter dito hoje, pela primeira vez, "a vida é boa". porque essa é a lição que temos [as pessoas que têm a sorte de o ter na vida delas] de aprender com ele. que a vida é, de uma forma global, boa.
8.09.2010
so stupid
não gosto do sítio onde trabalho. não gosto particularmente do que faço [agora]. sou mal paga. tenho um contrato que é uma anedota. estou há mais de uma semana completamente sozinha no escritório. entro à hora, saio para almoçar à hora, chego do almoço à hora e saio, na melhor das hipóteses, uma hora mais tarde do que a minha hora de saída. isto não é dedicação. é falta de auto estima.
we’ll always have paris
a primeira vez que fui a Paris teria uns 20 anos. fui com o meu namorado, que mais tarde veio a ser meu marido. foi o pleno, Paris, romance e essas tretas todas. adoro Paris mas não viveria lá nem que me pagassem. há certas coisas [tantas] que são assim mesmo - maravilhosas - para outros. ou maravilhosas - temporariamente.
gosto muito do casablanca [fotografia fabulosa] mas a história de amor não me convence. ou convence mas é só mais uma história de amor não concretizado. e por não concretizado aqui significa que eles não tiveram essa experiência de amor diário desgastado pelo choro das crianças a meio da noite, das meias por apanhar no meio do quarto, das cedências que não apetece fazer, dos sítios onde se vai sem vontade. e é tão perfeito o amor assim, sem maçadas. perfeito e fácil por não existir senão na nossa imaginação.
we'll always have paris o caraças, mal me lembro de paris que já foi há cem anos e numa outra vida. para a Ilsa e para o Rick também foi assim a seguir ao fim do filme - tenho a certeza.
[post inspirado aqui]
8.06.2010
life in a nut shell
try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail-try-fail.
not enough
nada será nunca suficiente se continuarmos a dedicar toda a energia que nos sobra a ter coisas.
8.05.2010
not smart
escrevo às vezes posts que são como recados para o [meu] futuro. posts que provavelmente ninguém entende mas que eu escrevo para que num dia de tédio ou desespero total [que é quando releio esta coisa] possa pensar "ah, nesta altura eu estava assim e agora já passou tudo". o meu blog tem estes retalhos de memória afectiva porque eu sofro muito de uma péssima memória. e agora descobri um muito recente que não faço ideia a que se refere. não sei o que fazer com aquilo.
modern
a modernidade aborrece-me. não gosto de termos como:
inteligência emocional
politicamente correcto
consciência ecologica
disponibilidade emocional
corrupção moral
de repente deixámos de ter confiança na humanidade e precisamos de impôr uns aos outros um código de conduta para comportamentos que são, apenas, educação. não só não resulta em pessoas que não a tiveram [à educação] como aborrece todas as outras.
inteligência emocional
politicamente correcto
consciência ecologica
disponibilidade emocional
corrupção moral
de repente deixámos de ter confiança na humanidade e precisamos de impôr uns aos outros um código de conduta para comportamentos que são, apenas, educação. não só não resulta em pessoas que não a tiveram [à educação] como aborrece todas as outras.
source
nunca cessa de me surpreender como tantas vezes nossa imagem é bastante mais importante do que somos mesmo. mas o verdadeiro desafio é conseguir distinguir as duas coisas com clareza.
8.04.2010
age
olhando para trás conseguimos ver com tanta clareza quando a coisa se estragou. o dia o momento ou o acumular de pequenos momentos. podemos saber se a culpa foi nossa ou não mas primeiro é preciso que tudo já seja passado e já não tenha importância. e porque se trata de passado e não tem importância é por isso também irrelevante o momento a culpa o dia e o acumular de pequenos momentos. é por isso que a experiência não serve para muito, porque nem no futuro vamos poder usá-la - o que vier será forçosamente muito diferente. seremos assim velhos, um acumular de pequenas experiências aleatórias que não nos ensinaram a viver melhor e nenhum neto quer ouvir. idade sucks.
8.03.2010
corn
no meio de todas as crises - eu não estou em crise, lembrei-me apenas que no meio de todas as crises - há que saber escolher quem ouvir e quem não ouvir. porque um amigo não é necessariamente bom conselheiro por muito inteligente e amigo que seja, por muito bem que nos conheça. no meio de todas as crises - eu não estou em crise porque tenho cerca de 20 mini crises por dia é qualquer coisa como isto - tenho a sensação que ouvi a única pessoa que não me disse nada directamente.
11
de volta a casa - febre dores de barriga e de cabeça.
veredicto do pai: dores de amor.
veredicto da avó: coisas hormonais.
o meu veredicto: poupem-me por favor, uma drama queen por lar já é mais do que suficiente.
veredicto do pai: dores de amor.
veredicto da avó: coisas hormonais.
o meu veredicto: poupem-me por favor, uma drama queen por lar já é mais do que suficiente.
need
parece que passou tanto tempo tendo sido apenas ontem que esta música deixou de ter importância. e é sempre assim, não é? passa tudo demasiado rápido tão rápido que nem deixa marcas e poucas memórias somos demasiado velhos para sentir como eramos capazes. a minha volta aqui é um pouco triste. mas não muito porque, como diz o joão, os sentimentos são a coisa mais volátil do mundo.
[em sabática de outro tipo agora].
[em sabática de outro tipo agora].
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