Uma pessoa vai a caminhar descansadinha. Não tem bem a certeza de estar no caminho certo (tem aliás, muitas dúvidas que o seja), mas vai em frente, chutando umas pedras que lhe vão aparecendo mais ou menos no meio do caminho. Continua duvidando desse trilho, mas enxota as dúvidas como moscas incómodas de Verão, afinal parece não haver outro melhor e à falta de melhor, melhor será ficar por esse mesmo, enxotando as dúvidas como gotas de chuva incómodas na gola do casaco.
Andando em frente sem olhar muito para trás e de repente, ao mínimo descuído aí estava ele, um pedragulho de 2 metros que aparece assim, sem avisar. Íamos perdendo um pé debaixo dessa pedra enorme e ficou lá ainda uma poça de sangue. A dor é imensa, vamo-nos esvair parece, mas afinal não. Arrancamos a custo o pé (a poça de sangue coagulado ainda lá está) e fazemos um curativo, assim um bocado mal feito. Vai-se curar, sabemos.
Mas agora é impossivel seguir por esse caminho de novo. Não só por causa da pedra (e da poça de sangue, que nojo), porque essa até conseguiríamos contornar. É que por causa dela descobrimos que aquele caminho não é definitivamente o nosso. Não queremos caminhos onde possam cair pedras assim do meio do nada e arrancar-nos partes do corpo.
Foi há 1 ano. Faz hoje um ano que percorro outro(s) caminho(s). E quase agradeço a essa pedra, por hedionda que tenha sido, me ter mostrado que é possível fazê-lo (e sobreviver).
8 comments:
Hoje faz um ano e por isso o facto tem a relevância de uma data que começa.
É o primeiro do resto da vida.
Enquanto os factos têm como referência os dias e os meses, são difíceis e os ferimentos sangram facilmente.
Quando o contador passa aos anos muitas dores se esbatem, devagar é certo.
Beijos!
Essas pedras têm tanto de salvador como de destruidor.
Que os novos caminhos se mantenham desimpedidos por muito tempo.
eu sp tive a mania de dizer "que nada acontece por acaso". e que "mesmo que no início não pareça, acontece para nos melhorar a vida".
ando em reavaliações mas dá-me ideia que vou continuando a acreditar ;)
Minha querida, tu, como eu, sabes que, às vezes, um "começo" só pode vir depois de um "fim". Dói, e preferiamos que fosse de outro modo, mas foi o modo que a vida teve para nos fazer mudar de caminho.
E tu tens força, e mereces um caminho bom!
Bjs, muitos!
Acho que sobrevivemos sempre, mas só o sabemos depois. E as cicatrizes que ficam até dão um toque de graça e nos lembram que somos mais fortes do que pensamos ser.
um beijinho
um ano... é verdade! Eu esqueci-me, mas tinha outros motivos...
Faz agora um mês tb me caiu um pedragulho em cima... engraçado como tudo o q dizes se encaixa. engraçado como na blogesfera tenho encontrado tanta empatia, sinais, consolo e dicas para seguir em frente! obrigada!
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