10.12.2009

Os assaltantes eram de Leste

Na madrugada de sexta para sábado, os pais de um grande amigo meu foram assaltados em casa. Foram alvo de violência física e psicológica durante um par de horas, até darem tudo o que tinham de valor. Os energúmenos, encapuçados e com sotaque de Leste, queriam sempre mais. Não se contentavam. Homejacking, é o nome desta hedionda prática. O Correio da Manhã fez primeira página com o acontecimento.
As vítimas, na casa dos sessenta anos, estão muito fragilizadas psicologicamente. Quem sabe não recuperarão mais. Serão assaltadas outras vezes, dezenas delas, agora por pesadelos.
Se estivessem a passear pelas zonas mais escuras da Ribeira, poderiam ter sido assaltadas pelos gangues do Aleixo ou de Miragaia ou pelos Gunas.
Mas descansavam em sua casa e os assaltantes eram de Leste.
Se deixassem o carro com um telemóvel à vista na zona da Avenida de Roma, um "adicto" do Relógio poderia partir-lhes o vidro e levar-lhes o dito.
Mas descansavam em sua casa e os assaltantes eram de Leste.
Se fossem a Setúbal passear pela Avenida Todi nas noites quentes deste Outubro, um bando da Belavista podia gamar-lhes as carteiras.
Mas descansavam em sua casa e os assaltantes eram de Leste.
Portugal é um país demasiado fraco para lidar com estas novas ameaças de violência. Continuamos a receber demasiado bem quem não conhecemos.
Elogiamos a integração dos imigrantes de Leste, cuja cultura afinal não compreendemos bem. Franqueamos-lhes a portas, com um sorriso politicamente correcto nos lábios. Ignoramos que os países de Leste têm uma história de violência e desprezo pela vida humana incomparáveis, que se impregnou bem fundo na identidade dos seus cidadãos.
As máfias de leste são uma coisa abstracta para nós.
Nunca colocamos a hipótese da nossa simpática empregada moldava dever favores e prestar informações sobre os nossos pertences aos conterrâneos marginais e violentos que cá a puseram clandestinamente, em condições sub-humanas.
Não sabemos. Só nos preocupamos em preencher lugares com essa pobre gente, em empregos subqualificados, que os nossos conterrâneos há muito deixaram de querer.
Não nos preocupamos em registar a origem, a morada, os dados dessas pessoas, e em confirmá-las. Em pedir-lhes os papéis.
As autoridades não se obrigam a um período de vigilância e acompanhamento, por exemplo, de três anos, sobre a actividade que os imigrantes desenvolvem no nosso País. Seguindo-os no emprego e no desemprego e cruzando a informação com notificações obrigatórias das entidades patronais. Achamos isso desumano, ou muito dispendioso.
E depois gastamos o couro e o cabelo a tirar impressões digitais e a recolher DNA da casa das vítimas. E em prestar-lhes "apoio psicológico". Pobres de nós.

5 comments:

Clara said...

para não sermos xenófobos, isso para os portugueses é o maior insulto do mundo.

Martim said...

É um bom ponto: não se trata de qualquer xenofobia. Não tenho qualquer preconceito, comos sabes- antes pelo contrário. Por exemplo, adoro a cultura africana e vivi em África. por isso acho essencial que se acompanhe a fundo a mentalidade e cultura de quem acolhemos, para medir e mitigar riscos.
O grande problema é esse: é que, com receio de qualificativos depreciativos, descuramos a protecção e o acompanhamento das pessoas que recebemos na perspectiva da prevenção criminal.
Ora a verdade tem de ser dita: está historicamente demonstrado que existe uma cultura de violência e de apoucamento do valor da vida humana muito presente a leste (e por nós muito ignorada), que não tem nada a ver com a cultura de outras comunidades, como as ocidental, africana e brasileira e que se pode revelar muito exuberantemente em situações limite, de pulsão para a marginalidade. E há um fenómeno de organização mafiosa que não tem paralelo com o tipo de associação criminosa que temos encarado.
Tomar medidas de vigilância e acompanhamento, para prevenir ou detectar os casos em que os imigrantes sejam empurrados para as franjas do tecido social é muito importante e deveria ser levado mais a sério.

Maria Inês said...

pois bem, então e o que propões para os energúmenos nacionais? fiquei curiosa.

Martim said...

Em termos de punição não deve haver distinções, claro.
Energúmenos nacionais há muitos, de facto.
Em termos de prevenção, deve apostar-se num critério de risco.Incidir o acompanhamento naquilo que é potencialmente mais perigoso.
Ora, é evidente que há um tipo de criminalidade violenta, como o homejacking, que não é habitual no nosso país e tem origem num crime importado. Os esforços de prevenção deveriam ser para aí focados- eis o ponto do meu "post"

Sabina said...

Concordo, Martim. A actividade dos imigrantes deve ser vigiada com o objectivo de melhorar a sua integração e evitar este tipo de situações. Impraticável, face ao número de entradas, é fazer isto a todos os imigrantes. E não vejo como é possível fazer este tipo de acompanhamento só a uns, aqueles que têm outro tipo de história.

pessoas com extremo bom gosto