3.29.2007

A propósito

de um excelente post de outra amiga, lembro-me do primeiro dia deste ano. Dia 1, sim, e nós (eu, eles, a minha grande, grande amiga e os seus irmãos) num skate park a uma hora que era já nocturna. Eles de skate, ela de ténis com rodas e já a irmos embora quando ela aparece a choramingar com a mão no queixo. Caíu de uma rampa mas não confessa, diz que tropeçou nos ténis. A ferida é pequena e, como sempre desdramatizo, digo-lhe que já passa. Vamos embora.
No caminho relvado até ao carro vomita duas vezes e ensaia três desmaios. Corremos para o hospital onde lhe chamam "reações vagais" e lhe dão uns pontos no queixo. Fico com ela, ainda impressionada pela coragem desta miuda, 7 anos, nem um gemido. É cosida e pede-me para lhe dar a mão (tem um pano que lhe cobre a cara toda com excepção do queixo). Nem um ai e eu a perder o chão. Largo-lhe a mão e oiço o enfermeiro "sente-se ali, ponha a cabeça abaixo do nível dos joelhos".
Não me consigo levantar para lhe voltar a dar mão.
Não sei se já aqui tinha dito. Somos assim, nós as duas, iguais, vagais, a funcionar ao retardador com medo que alguém nos descubra as lágrimas e as fraquezas.
A parte boa é que, por nos conhecermos tão bem por dentro e por fora uma da outra, advinhamos-nos as dores, os medos e as alegrias contidas. Só entre nós.

PS: A musica de hoje é dedicada a ela, mesmo que não a oiça por estar na colónia. É a música preferida dela, quase quase aos 8 anos.

2 comments:

Margarida Atheling said...

Vocês são mesmo muito parecidas!

Deu-me umas saudades vossas...! Enormes!!!

Bjs!!

Rita Quintela said...

São tão boas, essas cumplicidades.
(eu cá não desmaiei porque não olhei)

pessoas com extremo bom gosto