4.03.2007

Olho o meu corpo (II)

Os nervos à flor da pele, cada vez mais. Não o aguento mais "maaaaaaaaae!", o dia todo, a meio da noite, às 7 da manhã, toda a manhã, tarde, choraminga para tudo, "mãaaaaaaaaaaaaaaae!", tapo os ouvidos para não o ouvir mais, não aguento, as mãos tremem-me, fui buscar os calmantes, martelo as teclas do computador, sou a única mãe que não quer ser chamada? Não quero ser. Não quero que seja o meu fim-de-semana. Não aguento, a exaustão, o choro constante, "mãaaaaaaaaaaae!".
Sinto a Catarina dentro de mim, a corda dela a apertar-me o pescoço, é verdade sim, ela e eu coincidimos várias vezes ao dia. "Mas tu és mais sólida", quem me dera acreditar nisso, Catarina. Todos os dias eu não sou sólida, liquefaço-me. Não há comprimidos que superem isto, os gritos por dentro, ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh. Quero gritar o dia todo, chorar, liquefazer-me em lágrimas. Quero sim que o meu corpo desapareça, que se torne invisível. Não quero que ninguém me chame "mãaaaaaaaaaaae!" quando eu não estou com estrutura para o ser, desfiz-me disso há quase 1 ano, no dia 6 de Março "mãaaaaaaaaaaae!". Acabou-se tudo, tudo, tudo. Morri toda nesse dia, fiquei em fantasma, não tenho estrutura para me aguentar no mundo dos vivos. Não, Catarina, eu não sou mais sólida, é provável até que seja mais gasosa.
Preciso de ti, minha querida Rita, tanto, tanto, tanto.

pessoas com extremo bom gosto