quase parece um crime contra a humanidade dizer isto mas o meu 2009 foi muito bom. e estou segura que o 2010 será melhor ainda, a margem de progressão é grande e tudo se encaminha de forma espectacular.
não se preocupem, é tudo questão de gestão de expectativas. para o final deste ano não me faltou dinheiro para pagar as contas e tenho uma pessoa maravilhosa [a minha mãezinha fofinha] que me vai buscar e às vezes levar os filhos à escola. o meu carro não se avariou [muito] e os quilos que engordei ainda não me impossibilitam de comprar roupa em lojas de tamanhos normais.
no meio de tudo isto, ganhei dois amigos fabulosos.
happy new year.
12.30.2009
12.28.2009
new year
talvez ainda seja cedo para balanços mas é agora que os faço, nem que seja por medo que a inspiração me venha a falhar posteriormente como é costume nestas coisas com data marcada. para além disso, dou ao meu parceiro de blog a oportunidade de fazer o balanço dele, se tal lhe aprouver, e será [como de costume] bastante mais erudito e interessante do que o meu:
blog do ano: Sete sombras
blogger do ano (XY): Pedro Lomba
blogger do ano (XX): Sofia Vieira ex aequo Lady oh my Dog
post do ano: por acaso gosto mais das bravo-esmolfe
banda sonora do ano: The XX
filme do ano: 500 days of summer [ah mas nem estreou cá...temos pena, é sacar da net como toda a gente]
livro do ano: triologia Millenium [são três, ah pois é, mas "triologia do ano" não ficava nada bem]
acontecimento do ano: o meu filho que aprendeu a ler sozinho [este é o MEU balanço]
vista do ano: esplanada do silk
blog do ano: Sete sombras
blogger do ano (XY): Pedro Lomba
blogger do ano (XX): Sofia Vieira ex aequo Lady oh my Dog
post do ano: por acaso gosto mais das bravo-esmolfe
banda sonora do ano: The XX
filme do ano: 500 days of summer [ah mas nem estreou cá...temos pena, é sacar da net como toda a gente]
livro do ano: triologia Millenium [são três, ah pois é, mas "triologia do ano" não ficava nada bem]
acontecimento do ano: o meu filho que aprendeu a ler sozinho [este é o MEU balanço]
vista do ano: esplanada do silk
12.23.2009
12.21.2009
Publi-felicidade
Beira-mar. Fim de um dia de sol. Salta um Labrador da traseira de uma carrinha Volvo e corre na direcção de duas crianças lindas. Salta mais e mais. As crianças abraçam-no, por entre risos de alegria. O pai apeia-se do banco do condutor. É moreno, bronzeado e muito bem parecido. Anda pelos 30 anos. Veste um consensual pólo e blusão de cabedal curto. Tem um olhar sólido, fixo na cena das crianças e do cão. A mãe junta-se-lhe. É louríssima, como uma das crianças. Magra e muito fininha. Mãos arranjadas. Sandálias simples e de bom gosto. Mãe e pai juntam-se às crianças. O Labrador salta e late à volta de todos, recortando o sol alaranjado que já enche o horizonte.
O que é isto? É a publicidade a um PPR. É a publi-felicidade.
Uma família. Tudo giro. Um cão a condizer. Uma carrinha.
Harmonia. E um PPR que protege aquela felicidade toda, como um anjo da guarda.O estereotipo vendido pela publi-felicidade corresponde ao ideal de muitos. Senão não seria eficaz. E são muitos os que replicam o modelo do pai perscrutador de horizontes, do cão saltador e da carrinha nas suas vidas.Pode dar-se o caso de o pai ser um filho da ** do pior e da magia já ter regressado à terra do Mago Merlin há anos. Mas a louríssima mãe tolera tudo. Umas vezes enfastiada. Outras esperançada. “Por causa dos filhos”. Por causa dos filhos? Não. Por causa de uma imagem. Porque aos domingos, mesmo que a semana tenha sido miserável, sobe ao palco a pequena encenação da publi-felicidade. No teatro de um restaurante. Quem sabe, de uma esplanada à beira-mar. Oxalá o Volvo não parta o turbo no regresso. O meu às vezes dava chatices. Porque raio temos de parecer todos felizes? E dizer que estamos sempre bem, sempre óptimos, quando nos perguntam? Por recato, em alguns casos. Mas porque a publi-felicidade se arvorou em ideal social, em muitos outros casos. E se uma pessoa se revela menos feliz, macambúzia, pensativa, preocupada, sei lá, ai, cuidado, coitada, pode estar deprimida. Que horror. E agora? No emprego, deprimida? Sair connosco, deprimida? Pode não se rir das piadas idiotas do Carlos. Já não há harmonia no nosso jantar. Ai Jesus. Que diabo, a felicidade não é uma linha recta.
O que é isto? É a publicidade a um PPR. É a publi-felicidade.
Uma família. Tudo giro. Um cão a condizer. Uma carrinha.
Harmonia. E um PPR que protege aquela felicidade toda, como um anjo da guarda.O estereotipo vendido pela publi-felicidade corresponde ao ideal de muitos. Senão não seria eficaz. E são muitos os que replicam o modelo do pai perscrutador de horizontes, do cão saltador e da carrinha nas suas vidas.Pode dar-se o caso de o pai ser um filho da ** do pior e da magia já ter regressado à terra do Mago Merlin há anos. Mas a louríssima mãe tolera tudo. Umas vezes enfastiada. Outras esperançada. “Por causa dos filhos”. Por causa dos filhos? Não. Por causa de uma imagem. Porque aos domingos, mesmo que a semana tenha sido miserável, sobe ao palco a pequena encenação da publi-felicidade. No teatro de um restaurante. Quem sabe, de uma esplanada à beira-mar. Oxalá o Volvo não parta o turbo no regresso. O meu às vezes dava chatices. Porque raio temos de parecer todos felizes? E dizer que estamos sempre bem, sempre óptimos, quando nos perguntam? Por recato, em alguns casos. Mas porque a publi-felicidade se arvorou em ideal social, em muitos outros casos. E se uma pessoa se revela menos feliz, macambúzia, pensativa, preocupada, sei lá, ai, cuidado, coitada, pode estar deprimida. Que horror. E agora? No emprego, deprimida? Sair connosco, deprimida? Pode não se rir das piadas idiotas do Carlos. Já não há harmonia no nosso jantar. Ai Jesus. Que diabo, a felicidade não é uma linha recta.
whole in one
mais importante do que estar sozinho ou acompanhado é estar inteiro.
para sempre, até daqui a uma semana, até daqui a dez anos, inteiro.
[não gosto do amor gritado, exibido, declarado nas ruas para estranhos ouvirem, publicitado, escrito em cartazes, anunciado, fotografado. acima de tudo faz-me impressão o amor que é fabricado para completar alguma lacuna]
para sempre, até daqui a uma semana, até daqui a dez anos, inteiro.
[não gosto do amor gritado, exibido, declarado nas ruas para estranhos ouvirem, publicitado, escrito em cartazes, anunciado, fotografado. acima de tudo faz-me impressão o amor que é fabricado para completar alguma lacuna]
12.19.2009
same sex
claro que um homossexual pode adoptar uma criança. basta que não seja casado com outro.
[os meus parabéns ao PS, criar este tipo de oxímoros não está ao alcance de todos].
[os meus parabéns ao PS, criar este tipo de oxímoros não está ao alcance de todos].
12.17.2009
richter
ainda mais vantagens de viver sozinho: é verdade que a cidade tremeu mas eu estava a dormir e ninguém para me acordar "olha, está a acontecer um tremor de terra neste momento" [e li vários testemunhos de pessoas a quem aconteceu isto].
[para o martim]
[para o martim]
12.16.2009
Sozinho, mesmo sozinho
O estado de “sozinho” pode gerar um misto de encantamento e embriaguez.
Falo do estado de “sozinho, mesmo sozinho”.Não me refiro ao estado “sozinho com pontas soltas”. Com coisas por resolver, que vão e vêm. Isso não é estar sozinho. É a pior coisa que há. Essas pontas dão-nos muito trabalho, a tentar atá-las ou desatá-las. Por ali nos consumimos, sem glória nem proveito duradouro. Ficamos focados na ponta e desfocados do que nos rodeia. Perdemos o bom que circula à nossa volta.
Acho que há cinco anos que não estava sozinho, mesmo sozinho. Tudo começa com uma decisão racional. E com um grito dado a nós mesmos. “Haja dignidade, pá !”, por exemplo. Dignidade para não magoar mais quem gostamos muito, mas não o suficiente. Ou dignidade para nos recusarmos a ser mais magoados por quem não gosta o suficiente de nós. Ou então, se for esse o caso, berramos “esta gaja é uma pulha. Não lhe vou perdoar mesmo”. Inscrevemos no nosso cérebro esse mal todo e com ele vacinamos o coração. Inicialmente custa estar sozinho, mesmo sozinho. Mas depois, aos poucos, vamos começando a saborear-nos. Há quanto tempo não nos saboreávamos, é a pergunta que surge à nossa frente. Deixamos de ter “dates”. Começa a ser natural chegar sexta à noite sem nada combinado. Ou sem a pressão de combinar algo. Para marcar espaço.De súbito, tudo se torna simples. Os amigos deixam de dizer “podes trazer alguém” e dizem apenas “vem”. Começamos a sentir um imenso poder. O poder de saber que não dependemos de ninguém. Começamos a ver a beleza à nossa volta. O nosso humor torna-se mais acutilante. Deixamo-nos de merdas. Sentimo-nos disponíveis para o que de novo aí vier. Deixamos de depender do passado. Deixamos de estar à espera e passamos a ter esperança a sério.Podemos vestir sem receios aqueles boxer anti-sexy, mas tão confortáveis, sem receio de que não possamos estar à altura das circunstâncias, porque sabemos que não vai haver circunstâncias dessas.
Nesta quadra de presentes, o sozinho, mesmo sozinho foi o melhor que pude oferecer a mim mesmo. E sorrio, porque amanhã à noite terei a sorte de estar a admirar as iluminações de Natal nos Champs Elysées. Como o ano passado. Como em todos os últimos anos.
Falo do estado de “sozinho, mesmo sozinho”.Não me refiro ao estado “sozinho com pontas soltas”. Com coisas por resolver, que vão e vêm. Isso não é estar sozinho. É a pior coisa que há. Essas pontas dão-nos muito trabalho, a tentar atá-las ou desatá-las. Por ali nos consumimos, sem glória nem proveito duradouro. Ficamos focados na ponta e desfocados do que nos rodeia. Perdemos o bom que circula à nossa volta.
Acho que há cinco anos que não estava sozinho, mesmo sozinho. Tudo começa com uma decisão racional. E com um grito dado a nós mesmos. “Haja dignidade, pá !”, por exemplo. Dignidade para não magoar mais quem gostamos muito, mas não o suficiente. Ou dignidade para nos recusarmos a ser mais magoados por quem não gosta o suficiente de nós. Ou então, se for esse o caso, berramos “esta gaja é uma pulha. Não lhe vou perdoar mesmo”. Inscrevemos no nosso cérebro esse mal todo e com ele vacinamos o coração. Inicialmente custa estar sozinho, mesmo sozinho. Mas depois, aos poucos, vamos começando a saborear-nos. Há quanto tempo não nos saboreávamos, é a pergunta que surge à nossa frente. Deixamos de ter “dates”. Começa a ser natural chegar sexta à noite sem nada combinado. Ou sem a pressão de combinar algo. Para marcar espaço.De súbito, tudo se torna simples. Os amigos deixam de dizer “podes trazer alguém” e dizem apenas “vem”. Começamos a sentir um imenso poder. O poder de saber que não dependemos de ninguém. Começamos a ver a beleza à nossa volta. O nosso humor torna-se mais acutilante. Deixamo-nos de merdas. Sentimo-nos disponíveis para o que de novo aí vier. Deixamos de depender do passado. Deixamos de estar à espera e passamos a ter esperança a sério.Podemos vestir sem receios aqueles boxer anti-sexy, mas tão confortáveis, sem receio de que não possamos estar à altura das circunstâncias, porque sabemos que não vai haver circunstâncias dessas.
Nesta quadra de presentes, o sozinho, mesmo sozinho foi o melhor que pude oferecer a mim mesmo. E sorrio, porque amanhã à noite terei a sorte de estar a admirar as iluminações de Natal nos Champs Elysées. Como o ano passado. Como em todos os últimos anos.
no mirrors
com amigos assim quem precisa de inimigos?
se isto fosse uma coisa à séria e não esta treta entre quase famosos e opinion fuckers agora estava a montar uma banquinha de bilhetes com o reacça.
neste mini circo blogosférico nacional não passa de um drama de pacotilha.
de qualquer forma, aprendemos sempre qualquer coisa que já sabíamos quando se zangam as comadres: que alguns pedros não têm espinha dorsal e outros sim.
se isto fosse uma coisa à séria e não esta treta entre quase famosos e opinion fuckers agora estava a montar uma banquinha de bilhetes com o reacça.
neste mini circo blogosférico nacional não passa de um drama de pacotilha.
de qualquer forma, aprendemos sempre qualquer coisa que já sabíamos quando se zangam as comadres: que alguns pedros não têm espinha dorsal e outros sim.
charlotte
fosse a minha vida uma vida normal e, à semelhança do Siddharta, andasse em busca da verdade [ou de mim própria, ou do nirvana, ou de qualquer coisa assim do género], teria já vivido na mentira, tentado os caminhos opostos e chegado ao caminho do meio.
mas, por azar, quem escreveu o guião da minha vida não foi o Hermann Hesse mas sim o argumentista do Sex and the City numa bad trip.
por isso, com licença, que vou só ali fugir com um transexual convertido em padre da opus portador de cilícios em ambas as pernas e braços e que anda a monte por ter morto à facada o pai e a mãe por ter descoberto que o pai não era o pai mas sim a mãe e que a mãe não era a mãe mas sim o pai.
volto já.
mas, por azar, quem escreveu o guião da minha vida não foi o Hermann Hesse mas sim o argumentista do Sex and the City numa bad trip.
por isso, com licença, que vou só ali fugir com um transexual convertido em padre da opus portador de cilícios em ambas as pernas e braços e que anda a monte por ter morto à facada o pai e a mãe por ter descoberto que o pai não era o pai mas sim a mãe e que a mãe não era a mãe mas sim o pai.
volto já.
12.15.2009
12.14.2009
chat
os meus filhos sentados lado a lado no sofá cada um com o seu laptop ao colo, a insultarem-se um ao outro no chat do facebook. parece perfeito e silencioso. e seria, não fosse o "oh mãe, ele chamou-me jtupida no chat". agora penso que ele aprendeu a ler só para poder insultar a irmã [antes pensava que era para poder falar com o sensei no club pinguim].
[dis]claimer
não é por escrevermos no mesmo blog que eu e o meu co-autor partilhamos necessariamente a mesma opinião sobre os assuntos acerca do qual escrevemos.
isto vale para o post imediatamente abaixo [e para tantos outros].
isto vale para o post imediatamente abaixo [e para tantos outros].
12.13.2009
Um discurso sublime
O discurso de Obama em Oslo, na aceitação do prémio Nobel da Paz, é uma peça literária e política magnífica.
Moncler: pode a cimeira de Copenhaga salvá-los?
Depois do post anterior, sinto-me obrigado a escrever algo de mais optimista.
Pois bem: tenho plena confiança na cimeira de Copenhaga. Acredito que vai pôr fim ao aquecimento global. Acredito que vai continuar a fazer frio, como hoje.
E a prova disso é que decidi presentear-me com um anorak Moncler na quinta passada, em Paris.
Seriam uma das espécies não animais vítimas do aquecimento global. São anoraks tão quentes que deixariam de ser fabricados. Mas eu acredito que vou dar uso ao meu por muitos anos. A cimeira de Copenhaga vai ter êxito. Acredito.
12.12.2009
Vamos ganhar menos 10% para salvar o País?
A proposta constante deste post é claramente impopular, mas é o que penso há já uns anos.
Parto do pressuposto que estamos mesmo fritos.
Quando o governo pensava que tinha margem para manter níveis altos de despesa em 2010, com os TGVs e apoios vários, eis que as grandes agências de rating nos colocam sobre outlook negativo devido ao endividamento excessivo e ao défice.
Isso significa, trocando por miúdos, que ou há sinais claros nos próximos meses de que é possível cortar esse défice e endividamento, ou o rating da República é de facto reduzido, como aconteceu à Grécia, que está à beira de um ataque de nervos.
Uma diminuição do rating significa taxas de juro mais altas para todos e crescimento nulo. E o crescimento nulo gera mais desemprego e menos receitas fiscais. E consequentemente mais défice. Estamos presos por num círculo vicioso.
A situação é realmente grave. Não nos iludamos.
Há uma razão central para tudo isto: de 1994 a 2000 os rendimentos nominais dos portugueses cresceram demasiado à custa de despesa pública, subsídios comunitários e crescimento induzido do exterior, sem que se fizesse qualquer reforma estrutural que melhorasse o tecido produtivo.
A globalização que se intensificou a partir do ano 2000, com o crescimento da China, apanhou-nos na curva, com salários altos e uma economia antiquada.
Normalmente, a solução seria uma desvalorização forçada e brutal da moeda, para ajustar a economia. Mas não podemos porque estamos no euro.
Por isso, estamos condenados a uma estagnação prolongada, e até mesmo um declínio, se não aceitarmos todos um grande sacrifício: um ajustamento nominal.
Ou seja, aceitarmos uma redução de salários da ordem dos 10%, para adequar mais os salários ao nível da nossa real produtividade.
Isso seria brutal para muitos de nós, mas teria os seguintes efeitos de curto prazo:
a) reduziria a receita fiscal, é certo, mas a despesa do Estado em salários da função pública reduzir-se-ia também.
b) tornaria, num abrir e fechar de olhos, a nossa mão-de-obra mais competitiva, atraindo investimentos estrangeiros que vão para outras paragens.
c) permitiria uma redução dos custos dos nossos produtos, que poderiam ganhar mais facilmente mercados.
d) permitiria a criação mais barata de novas empresas e o reajustamento das que estão activas.
e) diminuiria o desemprego e, consequentemente, aumentaria o número de pessoas que pagam impostos, aumentando de novo a receita fiscal.
f) o rating da República, com a diminuição do défice, aumentaria e teríamos juros mais baixos.
g) em 4 ou 5 anos poderíamos assistir a uma recuperação dos salários e estaríamos, de forma sustentada, muito melhor do que agora.
É duro, de facto. Mas a vida fácil dos anos 90 do século passado já lá vai e temos de fazer alguma coisa para evitar cair no abismo.
12.11.2009
forever young
sei do dia em que me apercebi disto. passagem de ano de 1999 para 2000, ligeiramente depois da meia noite.
passei esse ano em Maastricht. à meia noite fomos à baixa da cidade, lembro-me que não nevava mas havia uma máquina que atirava neve para o meio da rua. nesse momento eu tinha 25 anos e o meu pai 49. então o meu pai ia comigo na rua e ao passarmos a máquina que atirava neve por uma janela eu disse uma coisa qualquer sobre a passagem do milénio e ele respondeu-me "sabia que este dia ía chegar. toda a minha vida esperei que este momento chegasse, a passagem do milénio. sabia que nesta altura já teria 49 anos, mas nunca pensei que me sentisse tal e qual como quando tinha 25".
foi nessa altura que percebi que a idade era a coisa mais ingrata do mundo, porque quando temos 15 achamos que aos 20 vamos ser mais velhos e sentir-nos de forma diferente, quando temos 20 achamos que vamos chegar aos 30 e ser outras pessoas e por aí em diante. e no entanto, pese embora o facto da idade ser aparente para todos à nossa volta, mesmo que os filhos dos amigos nos tratem por tia [foi o dia em que me senti mais velha do mundo, a primeira vez que isso aconteceu] e ainda que ninguém nos peça identificação à porta de uma discoteca, por dentro ainda temos 15.
pensamos da mesma maneira ansiamos pelas mesmas coisas e mesmo que alguns sonhos tenham já morrido foram certamente substituídos por outros que almejamos exactamente com a mesma veemência. mas nem por isso nos podemos portar como tal.
passei esse ano em Maastricht. à meia noite fomos à baixa da cidade, lembro-me que não nevava mas havia uma máquina que atirava neve para o meio da rua. nesse momento eu tinha 25 anos e o meu pai 49. então o meu pai ia comigo na rua e ao passarmos a máquina que atirava neve por uma janela eu disse uma coisa qualquer sobre a passagem do milénio e ele respondeu-me "sabia que este dia ía chegar. toda a minha vida esperei que este momento chegasse, a passagem do milénio. sabia que nesta altura já teria 49 anos, mas nunca pensei que me sentisse tal e qual como quando tinha 25".
foi nessa altura que percebi que a idade era a coisa mais ingrata do mundo, porque quando temos 15 achamos que aos 20 vamos ser mais velhos e sentir-nos de forma diferente, quando temos 20 achamos que vamos chegar aos 30 e ser outras pessoas e por aí em diante. e no entanto, pese embora o facto da idade ser aparente para todos à nossa volta, mesmo que os filhos dos amigos nos tratem por tia [foi o dia em que me senti mais velha do mundo, a primeira vez que isso aconteceu] e ainda que ninguém nos peça identificação à porta de uma discoteca, por dentro ainda temos 15.
pensamos da mesma maneira ansiamos pelas mesmas coisas e mesmo que alguns sonhos tenham já morrido foram certamente substituídos por outros que almejamos exactamente com a mesma veemência. mas nem por isso nos podemos portar como tal.
12.10.2009
real talk
- sabes, o meu filho está apaixonado. é tão comovente.
- diz-lhe que o amor é uma merda e que se vai foder mais tarde ou mais cedo.
- é lindo, ele.
- também não é assim tão lindo. é uma pessoa normal.
- por isso mesmo. as pessoas que andam para aí são todas horrorosas.
- mas agora conheci o homem da minha vida, não quero saber do outro.
- quem é, o homem da tua vida?
- aquele. pelo menos esta semana é. e a próxima. na seguinte não sei, logo se vê.
- diz-lhe que o amor é uma merda e que se vai foder mais tarde ou mais cedo.
- é lindo, ele.
- também não é assim tão lindo. é uma pessoa normal.
- por isso mesmo. as pessoas que andam para aí são todas horrorosas.
- mas agora conheci o homem da minha vida, não quero saber do outro.
- quem é, o homem da tua vida?
- aquele. pelo menos esta semana é. e a próxima. na seguinte não sei, logo se vê.
12.09.2009
small expectations
o problema está aí. nunca vou conseguir ser a gata borralheira/cinderela dos suburbanos, a menina que estudou no liceu de queluz [ou do barreiro] e que ao crescer vai a festas da caras, compra sapatos dourados na gardénia e pulseiras de plástico na marc jacobs. não consigo escrever lugares comuns [o homens são...as mulheres vão juntas à casa de banho porque...] desses que enchem páginas de romances e revistas que as pessoas querem ler. posso culpar a minha mãe, que acha brega a marca da roupa a aparecer, a MRP, a caras e os dourados? posso.
é que estas expectativas seriam normais das pessoas. e provavelmente tornar-me-iam numa pessoa normal.
é que estas expectativas seriam normais das pessoas. e provavelmente tornar-me-iam numa pessoa normal.
4 dias em Marrakech
Em Marrakech ainda pode sentir-se a tensão pela ira dos circunstantes na Medina, quando se fotografa indevidamente uma mulher tapada, sabendo-se que um “pardon, pardon!” resolve a coisa, de modo civilizado, sem mais consequências.
Em Marrakech ainda pode sentir-se a adrenalina de nos perdermos por ruas estreitas e labirínticas, tendo a certeza de que, inevitavelmente, alguém senhor de um perfeito francês nos ajudará a encontrar a saída.
Em Marrakech ainda pode conviver-se todo o dia, fora de portas, com a simplicidade de um modo de vida ancestral, por entre esconsas edificações de cor ocre e rosa, e à noite recolher ao conforto de sumptuosos palacetes transformados em hotéis e amenizados ao gosto europeu pela observância dos clichés da estética lounge.
Em Marrakech pode andar-se à noite, vestido para matar, no meio de ruas fétidas e mal iluminadas, em busca dos sofisticados restaurantes que servem as melhores pastillas e tagines, sem que os berberes andrajosos com que nos cruzamos pareçam reparar minimamente nisso.
Marrakech é uma cidade pacífica, de pessoas simples e simpáticas. Marrakech dá-nos a aventura e o exotismo suficientes para sacudir um pouco a nossa rotina sonolenta, sem os reais perigos de uma grande metrópole muçulmana.
12.08.2009
12.07.2009
note to self
daqui
a única coisa pior do que uma pessoa antipática é uma pessoa antipática a tentar ser simpática.
12.04.2009
the fountainhead
é provável que o PBD seja um belíssimo arquitecto e um fabuloso fotógrafo. mas só ele conseguiria descrever a minha cidade favorita como eu a sinto. explicar porque Paris, sendo odiosa e fabulosa, é a minha cidade preferida não é fácil. talvez tenha mais em comum com ela do que gosto de admitir [eu não sou uma pessoa simpática, lamento].
12.03.2009
12.02.2009
cigarrete break
não fumo mas tenho inveja das pessoas que fumam e descem as escadas para a pausa do cigarro, abrem a porta e mesmo que chova respiram o ar frio da rua misturado com o do cigarro.
como não tenho motivo para fazer pausas, a cada pequena contrariedade [e são tantas] fecho a janela e abro outra. a do reader. a do mail. a do face.
não fumo porque quando fumava doiam-me os pulmões como se estivessem a rebentar e para que não me rebentassem os pulmões [sempre achei que ia morrer assim, afogada em liquído dos pulmões] deixei de fumar.
há-de me rebentar o cérebro e quando isso acontecer estarei certamente aqui sentada, pedaços de crânio vão sair projectados a 12.000 rpm e furar o tecto e as secretárias das colegas de sala. pedaços de massa cinzenta sairão a alta velocidade em todas as direcções formando um ângulo de 360º à volta da minha cadeira e há-de vir o homem do CSI analisar o perímetro e ao ver o angulo de 360º há-de escrever no relatório "explosão cerebral espontânea" e há-de segredar ao colega "ao menos se tivesse feito umas pausas para fumar".
como não tenho motivo para fazer pausas, a cada pequena contrariedade [e são tantas] fecho a janela e abro outra. a do reader. a do mail. a do face.
não fumo porque quando fumava doiam-me os pulmões como se estivessem a rebentar e para que não me rebentassem os pulmões [sempre achei que ia morrer assim, afogada em liquído dos pulmões] deixei de fumar.
há-de me rebentar o cérebro e quando isso acontecer estarei certamente aqui sentada, pedaços de crânio vão sair projectados a 12.000 rpm e furar o tecto e as secretárias das colegas de sala. pedaços de massa cinzenta sairão a alta velocidade em todas as direcções formando um ângulo de 360º à volta da minha cadeira e há-de vir o homem do CSI analisar o perímetro e ao ver o angulo de 360º há-de escrever no relatório "explosão cerebral espontânea" e há-de segredar ao colega "ao menos se tivesse feito umas pausas para fumar".
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