coisas que inventamos, medimos, contamos e contabilizamos deixamos de parte o mais importante. Como medir a velocidade a que a vida passa por nós? A medida das coisas boas, más, mais ou menos, que nos fazem felizes e nos destroem?
O meu filho todos os dias se enrola no meu colo de chucha na boca. Conta-me muitas coisas que lhe acontecem na escola, por vezes de cansaço nem o oiço, finjo apenas. Tem um discurso fluido mas entrecortado por muitos xixis e cocós, as palavras que mais gosta de proferir, deve ser da idade. Diz também "men" e "pá", coisas que não suporto ouvir e corrijo-o. Baralha-se no tratamento por tu e você, confunde-se e mistura tudo.
O meu filho ainda é pequeno mas torna-se grande a uma velocidade assombrosa, está na fronteira entre o bebé e o menino e diz coisas como "para a mãe sou bebé, para os outros sou um menino grande", que são absolutamente verdade.
O meu filho é feito de pele e cheira a filho, tem olhos maiores que a cara e quando se enrola no meu colo confunde-se comigo e sei bem que muitas vezes nos baralhamos, nos esquecemos onde começa um e acaba o outro. Já não vai durar muito, esta fase, acabará como todas as outras em que eles se afastam naturalmente de nós. Ainda assim a Natureza foi generosa, são anos desde que estão dentro de nós até se afastarem verdadeiramente e quando começam a fazê-lo ficam tão insuportáveis que começamos a desejá-lo verdadeiramente. Dá tempo para nos preparamos.
4 comments:
... que inveja (bom sentido, diga-se)... acho?...
... o tempo que resta, o tempo perdido... o tempo...
tudo verdade, incluindo a parte que ainda não experimentei (acho)
sempre tempos a natureza sábia
sim, regista, regista bem. pensamos que não nos esqueceremos de nada, mas acabamos por só nos lembrar, mais tarde, daquilo que vimos com muita atenção. é é tão bom, como dizes.
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