11.04.2009

Distorção



Ilha da Boavista, 2003, com objectiva fisheye.
A fisheye comprime todo o nosso campo de visão no pequeno espaço do negativo e provoca uma dramática distorção da paisagem. Por isso deixei de a usar. Talvez seja sinal de maturidade admitir que não abarcamos tudo sem pagar o preço da distorção. Se calhar não vale a pena querer contextualizar sempre as coisas. Acabamos por as distorcer, no esforço de as compreender. Se calhar vale a pena olhar apenas para a igrejinha e dizer "é uma igrejinha mesmo, pode ser bela, está em ruínas mas podemos reconstruí-la". Se calhar é melhor não cedermos à tentação de considerar também a paisagem desoladora para concluir que uma capelinha no deserto não vale a pena. Se calhar isso é distorcer as coisas.

2 comments:

Sabina said...

O ideal é, portanto, tirar várias fotografias para completar a paisagem toda?

Martim said...

ou focarmo-nos apenas numa parcela. Acho melhor.

pessoas com extremo bom gosto