Hoje, segunda-feira. Voo TAP das 8.00 da manhã para Bruxelas. O comandante avisa que há chuva e vento forte à chegada. Já sei o que isso significa. Bananal, como dizem os marítimos no Algarve.
Estou estoirado e ainda só são 8 da manhã. A reunião é muito importante e mal dormi a pensar em tudo. O amanhecer em Lisboa está lindo, mas sobre o o Tejo há uma neblina espessa. Nunca tinha visto nada assim do ar. A cidade perfeitamente visível e o Tejo rigorosamente recortado por neblina. Belo.
Os céus do Norte da Europa estão diferentes. Escuridão e nuvens tétricas. O avião abana por todos os lados. O "approach" à pista falha. Quase com as rodas na pista, o avião dança violenta e desajeitadamente, como um pézudo. O piloto põe os motores a fundo e levanta voo. O avião parece um folha de papel ao vento. Há credos em todas as filas. O piloto anuncia que vai tentar outra a aterragem. Tentar?Antes tem de conseguir subir.
E pensamos em quê nessa altura?
Alguns puxam dos telemóveis, talvez a pensar num derradeiro sms.
Pelo meu lado, talvez gostasse de pensar na minha filha, mas não tenho. Ou na minha namorada. Mas não tenho.
Em que pensei quando o avião borregou? Pensei no trollei de couro que habita no hall do apartamento, sempre preparado para mais um viagem. E na roupa, arrumadinha, espalhada por todos os roupeiros do T3 -um pouco original monumento ao celibato. E perguntei se vale a pena. Já com os pés em terra, no táxi a caminho do escritório, sob um dilúvio como não me lembro em Bruxelas, concluí que sim. Mas que é possível fazer algumas afinações. There gonna be some changes. No próximo fim de semana livre vou vagar um roupeiro. É um gesto de boa-fé para com terceiros.
1 comment:
Ui...
para quem tem medo de andar de avião esta tua história é..
não sei se aterradora se esperançosa. :-)
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