11.13.2009

Cara Tapada

Esta noite sonhei que vivia num País em que só havia pessoas francas, limpas, leais e honestas. Sonhei que, dada a honestidade colectiva e o uso generalizado do email, toda a gente vivia feliz, menos as fábricas de envelopes.
Estes curiosos artefactos de papel, cuja função primacial é o de envolver algo, escondendo-o ou protegendo-o, deixaram pura e simplesmente de ser vendidos.
A procura cessou e quem os produzia teve de se dedicar aos cartões de Natal e de Aniversário, com renas, pinheiros nevados e grandes corações vermelhuscos.
E a felicidade geral aumentou, pois toda a gente trocava estes cartões sem nada que os escondesse, às claras, manifestando abertamente os sentimentos sem receios.
Quando acordei, estremunhado, com o noticiário da TSF, fiquei triste.
A primeira notícia era, precisamente, sobre o consumo crescente de envelopes. E todos os jornais falam disso outra vez, pela enésima vez esta semana.
Triste. E paradoxal. No país do plano tecnológico continuar a usar-se muito o envelope de papel...

1 comment:

Maria Sousa said...

É curioso, ainda esta semana manifestei o desejo de receber uma carta, daquelas que os amigos distantes nos enviavam quando não existia mail, ou sms. Era tão bom :)E as cartas, as de amor, as que se escreviam antes? Essas não eram honestas? Adorei todas as cartas de amor que recebi. Acho que já não se escrevem cartas de amor, que pena :( Os envelopes protegem e guardam dentro de si algo que se quer valioso, para que continue íntimo. E como é uma carta de amor enviada por mail? E a magia de receber algo manuscrito?

pessoas com extremo bom gosto