12.11.2009

forever young

sei do dia em que me apercebi disto. passagem de ano de 1999 para 2000, ligeiramente depois da meia noite.
passei esse ano em Maastricht. à meia noite fomos à baixa da cidade, lembro-me que não nevava mas havia uma máquina que atirava neve para o meio da rua. nesse momento eu tinha 25 anos e o meu pai 49. então o meu pai ia comigo na rua e ao passarmos a máquina que atirava neve por uma janela eu disse uma coisa qualquer sobre a passagem do milénio e ele respondeu-me "sabia que este dia ía chegar. toda a minha vida esperei que este momento chegasse, a passagem do milénio. sabia que nesta altura já teria 49 anos, mas nunca pensei que me sentisse tal e qual como quando tinha 25".
foi nessa altura que percebi que a idade era a coisa mais ingrata do mundo, porque quando temos 15 achamos que aos 20 vamos ser mais velhos e sentir-nos de forma diferente, quando temos 20 achamos que vamos chegar aos 30 e ser outras pessoas e por aí em diante. e no entanto, pese embora o facto da idade ser aparente para todos à nossa volta, mesmo que os filhos dos amigos nos tratem por tia [foi o dia em que me senti mais velha do mundo, a primeira vez que isso aconteceu] e ainda que ninguém nos peça identificação à porta de uma discoteca, por dentro ainda temos 15.
pensamos da mesma maneira ansiamos pelas mesmas coisas e mesmo que alguns sonhos tenham já morrido foram certamente substituídos por outros que almejamos exactamente com a mesma veemência. mas nem por isso nos podemos portar como tal.

9 comments:

Mocas said...

não sinto assim como tu. mas percebo perfeitamente o que o teu pai sentiu. por outro lado acho que há um lado residual em nós, uma espécie de núcleo que é mesmo imutável. e isso torna a idade a coisa mais ingrata do mundo.

Crezia said...

Sinto tal qual o que descreves. Que alívio ver uma descrição tão perfeita do que também sinto.

CGM said...

isso, sim e' isso.

Rita Quintela said...

Sinto tanto isso

Martim said...
This comment has been removed by the author.
Martim said...

Eu continuo com 25 anos. E Maastricht é um sítio perfeito para sentir isso que o teu pai sentiu. De que lado do rio estavas? (que importa essa pergunta, dirás tu....)

Clara said...

Maastricht tem um rio?

Martim said...

Clara, Maastricht é cortada ao meio por um rio, o Mosa ou Meuse, com uma ponte bonita. De um lado, é a cidade velha, muralhada, do outro a cidade nova, com alguns hotéis e bares de design e o comércio. É muito bonita. Estive lá em 2004, num passeio de carro por aquela parte da Europa, que me levou à fabulosa Monschau, na Alemanha, mesmo na fronteira belga e holandesa.

Clara said...

Martim, os meus pais viveram lá 3 anos e claro que acabei por atravessar a ponte mas não me lembro do rio ser marca entre a parte antiga e nova. acho que estava na parte nova, mas já não me lembro.

Conheço bem Munschau, de Verão é bonito, tipo óbidos alemão, mas de Inverno e coberto de neve é lindíssimo.

pessoas com extremo bom gosto