8.10.2009
Das saudades
não sei bem já o que sentimos uns pelos outros. esqueço-me do que são saudades deles, do habituada que estou ao tempo-com-eles/tempo-sem-eles como um shift constante, uma mudança que se engata [da 1ª para 5ª e da 5ª para 1ª de novo, sucessivamente]. lembro-me que o primeiro ano foi doloroso, no meio das saudades e da falta dos braços deles à volta do pescoço em casa, a culpa esmagadora de não ter conseguido manter a família [como os outros]. despacham-me ao telefone, oiço do outro lado o pai e a madrastra a soletrarem o que têm de repetir como se fossem papagaios faz o favor de falar com a mãe, por saberem como como é estar do outro lado [já para a semana] é para falar com o pai, se faz favor. é uma coisa que se treina e se vai aperfeiçoando, a família cortada ao meio e uns dias com eles outros sem, o shift amigos sem filhos/amigos com filhos, solteira/não-solteira, é uma espécie de arte que há que dominar e que ao mínimo desequilíbrio desaba como um castelo de cartas [como todas as outras vidas, enfim]. isto para justificar porque não sinto saudades deles nos fins de semana em que não estão, nas quinzenas em que desaparecem com o pai mesmo que me despachem sem pachorra ao telefone. nestas coisas como nas outras é tudo uma questão de hábito.
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13 comments:
Obrigada. Por tê-lo dito. Porque ao fazê-lo, fez-me menos "allien". Parte da culpa de não ter saudades dele (é só um e talvez a culpa se multiplique quando são mais...ou não)ficou aqui.
marta, obrigado eu pelo seu comentário :))
Dura um ano inteiro, essa dor?
estava a falar do primeiro ano em que eles foram de férias com o pai, 15 dias seguidos. não sei quanto tempo dura, Xana. vai passando. se calhar da mesma maneira de que eles, ao crescer, se vão afastando e nós também nos habituamos a isso.
por exemplo, ela começou a ir para a colónia aos 6 anos, no primeiro ano ligávamos 3 vezes ao dia, havia choramingos e tal, este ano esqueci-me de ligar alguns dias [e ela esqueceu-se de ligar todos os dias].
eureferia-me mais ao "a culpa esmagadora de não ter conseguido manter a família [como os outros]. "
também vai passando. é muito pior ao princípio, mesmo [eu quando ainda vivia no Porto tinha dias em que saía à rua e voltava para casa a correr quando via casais com crianças - que lá são todos, não vês ninguém a passear criancinhas sem pai, mãe, avó, avô, 10 primos, padrinhos, o cão, o gato e os piriquitos].
TUDO!
sem tirar nem põr... ainda há bocado fui despaxada...
enfim. é como dizes e tão bem, tudo uma questão de hábito.
já não choro quando ele grita que quer ir para casa do pai, quando quem "carrega" tudo sozinha, sou eu.
again, é tudo uma questão de hábito e aqui acrescento, uma questão de tempo até eles se aperceberem quem é quem.
xxx e aproveita o tempo "livre" q é o que tenho feito
Belo post, co-blogger. It's hard to catch up with...
Ao contrário do que dizem, eu acho que eles não se habituam nunca. Adaptam-se porque não há solução alternativa. mas ficam sempre a perder.
Os meus perderam imenso. Coisa que jamais poderão recuperar.
Aqui as coisas são tudo menos equilibradas.
O "como os outros" refere-se aos que não mantêm a familia ou aos que mantêm a familia? É que os que não mantêm já são a maioria... Há que ter a noção disso.
Eu tenho saudades deles. principalmente da mais pequena, que estava, e está, muito ligada a mim. Os outros são mais velhos e já vivem a coisa de forma diferente.
Hoje, quase 3 anos depois, o que me parece é que todos perdemos.
Mas está feito é não há volta a dar!
Bom post (como sempre)
Miguel, a maioria não somos de certeza. os outros são os que mantêm, claro. na turma da minha filha, em 30, há duas com pais divorciados. na dele, em 25, há dois com pais nesta situação [contando com eles próprios]. somos minoria e em numero muito menor.
claro que neste post eu só falo por mim, que passo o ano inteiro com eles, a parte de tempo que passam com o pai é ínfima, fins de semana alternados e 15 dias em Agosto [por opção dele].
olá clara; é o meu primeiro ano; a culpa, pois, a culpa; o "como os outros"; fica(mos) bem; as coisas são como são e mudam para a semana
Eu continuo a sentir saudades.
Sinto mais quando ela vai com o pai do que quando eu por algum motivo tenho que ir sozinha e deixá-la com a minha mãe.
Fico sem saber o que fazer quando ela não está. Só me lembro de coisas que são para ser feitas com ela.
Mas entendo muito bem aquilo que está a dizer.
acm, MP, estou a dizer exactamente que é uma questão de tempo até aprendermos a gerir a coisa [que pode demora mais do que para outros]. e que, quando se chega lá, passa a ser óptimo ;))
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