3.31.2010
3.30.2010
for no reason
[e agora precisava de razões para postar aqui um rapazinho assim mais ou menos como o david gandy?]
be
algures na vida, teria os meus 13 ou 14 anos, e pensei que seria escritora um dia. eu e a minha amiga a escrevermos contos em cadernos que comprávamos especialmente para o efeito. seríamos escritoras, pois claro, que nem a falta de talento nem de histórias nos travariam. ela não sei mas eu queria ser o António Lobo Antunes. eu queria escrever como o António, sendo que apenas um livro dele consegui acabar de ler na vida inteira [o auto dos danados], mas mais do que isso, na minha mente eu já era o António, partilhávamos as depressões e eu também sonhava passear-me no meio de loucos com um frasco de comprimidos na mão - aí eu seria normal, deixaria de ter os tormentos dentro da cabeça que tinha, se curasse os outros a minha cabeça seria livre de porcariazinhas.
obviamente nunca lá cheguei, nem à psiquiatria nem à escrita, nem um livro do António Lobo Antunes consigo ler até ao fim e já nem os começo, deprimida já eu estou, obrigadinha.
as coisas são o que são e as pessoas como as coisas também são o que são. há distracções, claro, e isso é bom porque por uns momentos conseguimos esquecer só um bocadinho que as coisas são o que são e que as pessoas são o que são, a maioria das vezes tão longe daquilo que queremos que sejam, e assim é que leio as crónicas do António Lobo Antunes e continuo a pensar "o maior escritor do mundo" mas sem inveja, sem querer sê-lo, sem qualquer outro objectivo que não seja o prazer de ler aquele alinhamento de palavras e de [por uns momentos] esquecer-me que sou o que sou.
obviamente nunca lá cheguei, nem à psiquiatria nem à escrita, nem um livro do António Lobo Antunes consigo ler até ao fim e já nem os começo, deprimida já eu estou, obrigadinha.
as coisas são o que são e as pessoas como as coisas também são o que são. há distracções, claro, e isso é bom porque por uns momentos conseguimos esquecer só um bocadinho que as coisas são o que são e que as pessoas são o que são, a maioria das vezes tão longe daquilo que queremos que sejam, e assim é que leio as crónicas do António Lobo Antunes e continuo a pensar "o maior escritor do mundo" mas sem inveja, sem querer sê-lo, sem qualquer outro objectivo que não seja o prazer de ler aquele alinhamento de palavras e de [por uns momentos] esquecer-me que sou o que sou.
3.29.2010
3.28.2010
love
diz a sofia que o amor quando é bom não há muito a escrever sobre ele. a sofia diz e eu acredito. até provas em contrário, há que acreditar nas pessoas que já têm experiência nos assuntos*.
mas quando é mau, também não vale muito a pena escrever sobre o assunto. escrever não resolve. viver não resolve. gritar não resolve. conversar não resolve. a única coisa que resolve é não o carregar connosco.
*[o que não implica que de alguma forma o queira comprovar].
mas quando é mau, também não vale muito a pena escrever sobre o assunto. escrever não resolve. viver não resolve. gritar não resolve. conversar não resolve. a única coisa que resolve é não o carregar connosco.
*[o que não implica que de alguma forma o queira comprovar].
3.26.2010
friends again
sei que nunca falei aqui no jorge, ou já mas nunca especificamente no jorge. era o que faltava agora espraiar aqui a minha vida privada, os meus amigos íntimos, detalhar-lhes os contornos, explicitar as nossas conversas, expor as nossas fraquezas. sei que nunca falei aqui no jorge e em como infelizmente nos últimos dias tudo o que parecemos conseguir fazer é discutir e não concordar em absolutamente nada mas que nem sempre foi assim. o jorge tem quase sempre razão nas coisas que me diz e infelizmente para mim eu raramente o oiço com atenção que devia. em parte porque estamos a discutir e quando duas pessoas discutem deixa de haver espaço para ouvir na medida em que fica todo reservado para agressões/defesas. em parte porque como passo a vida a ouvir tudo o que me dizem e nunca tenho duas opiniões iguais sobre um assunto específico ando sempre meia perdida no meio das palavras dos outros como uma pessoa que perdeu a bússola interior. o que é triste mas nem por isso deixa de ser verdade.
3.25.2010
O galo de Barcelos e a águia teutónica
O gráfico de baixo mostra a queda do índice bolsista português, ontem, por volta das 10h, quando o rating português foi cortado pela Agência Fitch.
O gráfico de cima mostra a queda do índice da gigantesca bolsa alemã, ontem, por volta das 10h, quando o rating português foi cortado pela Agência Fitch.
Quedas iguais, do ponto de vista percentual; valores astronómicos de perdas na bolsa alemã, em termos absolutos.
Os gráficos falam por si. A Alemanha depois recuperou um pouco mais do que nós. Mas a queda abissal das 10h mostra como um sismo com epicentro em Portugal pode causar estragos monstruosos na poderosa Alemanha.
Que todos se lembrem disto hoje em Bruxelas quando discutirem a ajuda à Grécia.
friendship
Bem sei que isto não passará de um mera banalidade, mas são momentos gratificantes na vida de duas mulheres, voluntariamente dispostas a serem mal atendidas numa das clássicas pastelarias da zona, felizes por calcorrear a calçada sem outras aspirações que não sejam montras, música, e conversa, muita conversa que não acaba nunca. É verdade que a felicidade não é nenhum direito ou dever, mas nas nossas histórias acaba sempre por existir alguma ficção.
há dias em que questiono tudo tudo a felicidade o emprego a vida as minha escolhas o dinheiro a casa a minha maneira de ser o que digo as mensagens que mando o que escrevo a maneira como falo os sítios onde vou. há dias em que questiono quase tudo porque os meus amigos nunca questiono. são os melhores. do mundo.
há dias em que questiono tudo tudo a felicidade o emprego a vida as minha escolhas o dinheiro a casa a minha maneira de ser o que digo as mensagens que mando o que escrevo a maneira como falo os sítios onde vou. há dias em que questiono quase tudo porque os meus amigos nunca questiono. são os melhores. do mundo.
3.24.2010
3.23.2010
Os homens são difíceis de manter
Há excepções, claro. Mas as mulheres são mais difíceis de conquistar. É preciso empregar muitas forças, terrestres navais e aéreas. Tem de se fazer um grande desembarque. Se calhar não basta o dia D. Tem de se esgotar todas as letras do alfabeto.
Vencidas as defesas, pode deixar-se um pequeno regimento de guarda. Tem de se estar bem armado, claro, por causa de alguns focos de insurgentes. Mas não é preciso um arsenal apocalíptico.
Os homens são fáceis de conquistar. Basta uma surtida rápida de um pequeno mas esforçado pelotão de comandos para garantir a vitória. Da incursão à rendição vai um ápice. Bandeiras brancas por todo o lado. Fazem-se progressos no terreno a olhos vistos. Mas depois a resistência organiza-se no breu. Pela calada. É precisa mandar mais tropas. Mobilizar reservistas. Os homens são difíceis de manter.
Nestes casos, é preciso ser-se implacável face à resistência. Eliminar os seus chefes. Decapitá-la sem piedade. Antes que seja tarde. Senão a resistência ganha tanta força que o conflito transforma-se numa guerra de trincheiras. Fica-se preso ao terreno. Não se avança nem se recua. Fica-se separado por alguns metros de arame farpado. Canta-se e dança-se nos momentos de trégua, mas ninguém sai do seu buraco.
Tudo depende da excelência da táctica militar. Da formação das tropas. Do instinto guerreiro. Da dedicação à luta. Da sua forma física. Da coragem. E do fardamento. Sim. Desse também. Nos dias de hoje então….
Vencidas as defesas, pode deixar-se um pequeno regimento de guarda. Tem de se estar bem armado, claro, por causa de alguns focos de insurgentes. Mas não é preciso um arsenal apocalíptico.
Os homens são fáceis de conquistar. Basta uma surtida rápida de um pequeno mas esforçado pelotão de comandos para garantir a vitória. Da incursão à rendição vai um ápice. Bandeiras brancas por todo o lado. Fazem-se progressos no terreno a olhos vistos. Mas depois a resistência organiza-se no breu. Pela calada. É precisa mandar mais tropas. Mobilizar reservistas. Os homens são difíceis de manter.
Nestes casos, é preciso ser-se implacável face à resistência. Eliminar os seus chefes. Decapitá-la sem piedade. Antes que seja tarde. Senão a resistência ganha tanta força que o conflito transforma-se numa guerra de trincheiras. Fica-se preso ao terreno. Não se avança nem se recua. Fica-se separado por alguns metros de arame farpado. Canta-se e dança-se nos momentos de trégua, mas ninguém sai do seu buraco.
Tudo depende da excelência da táctica militar. Da formação das tropas. Do instinto guerreiro. Da dedicação à luta. Da sua forma física. Da coragem. E do fardamento. Sim. Desse também. Nos dias de hoje então….
Oh Lord, never buy me a Mercedes Benz!
Os alemães acham que os Países do sul e do leste da Europa são gastadores, perdulários e consumistas. São capazes de ter razão. Os alemães são muito mais frugais do que nós.
Os alemães acham, por isso, que não devem pôr um cêntimo de lado para ajudar a Grécia e os Países do sul. São capazes de estar a cometer um erro colossal.
Lá em casa há dois carros alemães. Um motociclo velhote alemão. Electrodomésticos alemães. Uma máquina fotográfica alemã. E por aqui paro. Com os meus amigos creio não ser muito diferente. E com uma boa parte de toda a gente também.
Os alemães acham que nos endividamos demais para lhes comprar estes bens todos, enquanto eles acumulam excedentes comerciais devido à sua contenção. São capazes de não ter razão.
Num País endividado e com pouca poupança, os bancos, para emprestar têm de se refinanciar lá fora. Adivinhem a que porta foram bater. Pois é. Aos bancos alemães, carregadinhos de poupança dos seus contidos residentes. Sobretudo no leste e na Grécia isso é evidente.
A Alemanha andou anos a fio a financiar a dívida dos países do Sul. Dívida que servia para fomentar as importações de bens alemães. E agora assobia para o lado, como se não fosse nada com ela.
A economia é como um rio. Os alemães devem pensar que não há problema se houver seca na foz, desde que continue a chover na nascente. Provavelmente não sabem onde se formam as nuvens que se desfazem na nascente….
Os alemães acham, por isso, que não devem pôr um cêntimo de lado para ajudar a Grécia e os Países do sul. São capazes de estar a cometer um erro colossal.
Lá em casa há dois carros alemães. Um motociclo velhote alemão. Electrodomésticos alemães. Uma máquina fotográfica alemã. E por aqui paro. Com os meus amigos creio não ser muito diferente. E com uma boa parte de toda a gente também.
Os alemães acham que nos endividamos demais para lhes comprar estes bens todos, enquanto eles acumulam excedentes comerciais devido à sua contenção. São capazes de não ter razão.
Num País endividado e com pouca poupança, os bancos, para emprestar têm de se refinanciar lá fora. Adivinhem a que porta foram bater. Pois é. Aos bancos alemães, carregadinhos de poupança dos seus contidos residentes. Sobretudo no leste e na Grécia isso é evidente.
A Alemanha andou anos a fio a financiar a dívida dos países do Sul. Dívida que servia para fomentar as importações de bens alemães. E agora assobia para o lado, como se não fosse nada com ela.
A economia é como um rio. Os alemães devem pensar que não há problema se houver seca na foz, desde que continue a chover na nascente. Provavelmente não sabem onde se formam as nuvens que se desfazem na nascente….
3.22.2010
life
continuem a levar tudo a sério. a achar que a vida das pessoas se escreve em fontes parsadas em html e lançadas para o éter no carregar do botão publicar. continuem a assumir que o Leadro se matou por causa do bullying. continuem a absorver a comentar a ler a não questionar a não levantar suspeitas nem procurar outras fontes. continuem. mas sem mim.
[Isabel, isto está a ser tão penoso que nem imaginas. e não pela razão que pensas].
[Isabel, isto está a ser tão penoso que nem imaginas. e não pela razão que pensas].
3.21.2010
fire
sei que nunca disse aqui como gosto disto:
Gostam tanto de música como de silêncio e nunca fazem perguntas porque dão um ao outro as respostas.
Tenho a certeza que nunca chamam um ao outro coisas foleiras como mor e que ela estremece sempre um bocadinho quando ele diz o nome dela.
até porque o descobri há pouco tempo [porque afinal também há coisas muito boas nos blogs, se não procurarmos obsessivamente a verdade].
e pronto, fico cá por mais uns tempos.
Gostam tanto de música como de silêncio e nunca fazem perguntas porque dão um ao outro as respostas.
Tenho a certeza que nunca chamam um ao outro coisas foleiras como mor e que ela estremece sempre um bocadinho quando ele diz o nome dela.
até porque o descobri há pouco tempo [porque afinal também há coisas muito boas nos blogs, se não procurarmos obsessivamente a verdade].
e pronto, fico cá por mais uns tempos.
3.19.2010
wag the dog
tenho sempre a sensação que não foi dada suficiente importância a este filme que retrata na perfeição o estado da informação actual. há demasiada informação demasiado acessível a qualquer cidadão de um estado livre [deixemos a china por agora] e há obviamente demasiada desinformação. é o produto óbvio da nossa obsessão por saber tudo - quem quiser vender meios terá de fornecer mais informação [muitas vezes, fabricá-la]. e quem quiser limpar uma informação que lhe possa ser prejudicial [uma empresa, por exemplo] terá sempre de recorrer à desinformação nos mesmos meios.
a coisa piorou bastante com a web 2.0, uma vez que qualquer pessoa armada de um teclado e uma ligação à rede pode efectivamente plantar escândalos e disparates sem necessidade de explicar como nem porquê.
por exemplo, os blogs - este fabuloso meio de comunicação em que andamos todos desenfreados a tentar mostrar-nos mais giros mais fashion mais inteligentes e mais informados do que os outros - make no mistake, ninguém é aquilo que mostra aqui.
3.18.2010
message in a post
de certas coisas que me irritam nos outros faço um esforço mínimo por não as reproduzir. nem sempre consigo, é um facto [e eu que almejo nada menos do que a perfeição tenho diariamente que me confrontar com muito menos do que isso]. mas às vezes sim. chamem-lhe maturidade, contenção ou medo e provavelmente acertarão, é um pouco de tudo e ainda de mais qualquer coisa.
chamem-lhe o que quiserem menos desonestidade intelectual. que eu até aprecio o insulto gratuito mas só quando sussurrado ao ouvido.
chamem-lhe o que quiserem menos desonestidade intelectual. que eu até aprecio o insulto gratuito mas só quando sussurrado ao ouvido.
3.17.2010
3.16.2010
Falta aquilo (post um pouco a derrapar)
É uma coisa curiosa. Os hotéis em Inglaterra não têm. Nas casas de banho dos hotéis não há. Já há muito tempo que tinha notado. Ontem foi o mesmo. Na casa de banho. Não há, definitivamente. Pelo menos, nos hotéis de Londres, que o resto não conheço. Na casa de banho falta. Quer dizer, banheira, lavatório e a louça dos aflitos, mais sua nuvem privativa, há. Mas aquilo a que me refiro, que normalmente repousa ao lado da louça, não há. É uma lacuna que exaspera à espera de ser integrada.
Acho estranho. Os ingleses são muito ciosos do due and fair process. A metodologia é omnipresente naqueles espíritos organizados.
Em Inglaterra, pode e deve ser-se imaginativo, inventivo, flexível, criativo, liberal. Mas as decisões têm de passar sempre por um exercício vinculado de racionalidade. O método inglês amarra a decisão do ser mais livre às grilhetas impiedosas da cost versus benefit analysis. Numa folha branca de papel, escreve-se os prós numa coluna e os contras noutra. Comparam-se e opta-se. E tem que haver alguém de fora a ver se a comparação está bem. Para a auditar. E, finalmente, deve consultar-se amplamente quem possa ser afectado. Nada a opor. Acho bem. Gostava que fossemos um pouco assim.
Se o que vai dito descreve com justiça os ingleses, então a omissão daquilo a que me refiro foi pensada friamente. Foi uma opção deliberada.
A vantagem de, numa casa de banho de hotel, haver aquilo, entra pelos olhos dentro. Mas quais as desvantagens que, neste caso, terão prevalecido para se ter optado por não se ter aquilo? O que terá impressionado autores e auditores da decisão?
O custo não é o problema, com certeza. Já são tão baratos… No Ikea, um simples exemplar não deve ultrapassar os 10 euros. E há o desconto de quantidade, com certeza. Um hotel com 100 quartos não gastaria mais de quinhentos euros por ano para os equipar a todos satisfatoriamente. Podiam ser de plástico. Não há problema.
Só posso pensar numa razão. Alguém decidiu e outrem auditou, num rasgo aristocrático, que um hóspede que paga a conta do hotel não deve ser obrigado a tratar do assunto com aquilo. O hóspede é o marquis do seu quarto e o earl do seu loo. Não é uma função nobre cuidar disso. Com aquilo.
Será que a sociedade inglesa ainda estende, porventura, a sua ancestral estratificação social à divisão destes trabalhos? Talvez que ao hóspede, brasonado pelo cartão magnético entregue pela recepção e investido na potestas sobre o quarto, só caiba accionar o dilúvio, confiar na força da tormenta e sair. Ao serviço competente do hotel caberá o resto. O trabalho dos duros. A reposição da imaculada ordem.
Não sei. Avento. Só sei mesmo que não há. Aquilo.
Acho estranho. Os ingleses são muito ciosos do due and fair process. A metodologia é omnipresente naqueles espíritos organizados.
Em Inglaterra, pode e deve ser-se imaginativo, inventivo, flexível, criativo, liberal. Mas as decisões têm de passar sempre por um exercício vinculado de racionalidade. O método inglês amarra a decisão do ser mais livre às grilhetas impiedosas da cost versus benefit analysis. Numa folha branca de papel, escreve-se os prós numa coluna e os contras noutra. Comparam-se e opta-se. E tem que haver alguém de fora a ver se a comparação está bem. Para a auditar. E, finalmente, deve consultar-se amplamente quem possa ser afectado. Nada a opor. Acho bem. Gostava que fossemos um pouco assim.
Se o que vai dito descreve com justiça os ingleses, então a omissão daquilo a que me refiro foi pensada friamente. Foi uma opção deliberada.
A vantagem de, numa casa de banho de hotel, haver aquilo, entra pelos olhos dentro. Mas quais as desvantagens que, neste caso, terão prevalecido para se ter optado por não se ter aquilo? O que terá impressionado autores e auditores da decisão?
O custo não é o problema, com certeza. Já são tão baratos… No Ikea, um simples exemplar não deve ultrapassar os 10 euros. E há o desconto de quantidade, com certeza. Um hotel com 100 quartos não gastaria mais de quinhentos euros por ano para os equipar a todos satisfatoriamente. Podiam ser de plástico. Não há problema.
Só posso pensar numa razão. Alguém decidiu e outrem auditou, num rasgo aristocrático, que um hóspede que paga a conta do hotel não deve ser obrigado a tratar do assunto com aquilo. O hóspede é o marquis do seu quarto e o earl do seu loo. Não é uma função nobre cuidar disso. Com aquilo.
Será que a sociedade inglesa ainda estende, porventura, a sua ancestral estratificação social à divisão destes trabalhos? Talvez que ao hóspede, brasonado pelo cartão magnético entregue pela recepção e investido na potestas sobre o quarto, só caiba accionar o dilúvio, confiar na força da tormenta e sair. Ao serviço competente do hotel caberá o resto. O trabalho dos duros. A reposição da imaculada ordem.
Não sei. Avento. Só sei mesmo que não há. Aquilo.
the leap
diz-nos o pordata que em 2008 a taxa de divórcios se fixou em 60,4%.
60,4% significa que, a acreditar na estatística [que não deve ser lida de forma linear, porque o percentual é feito número de casamentos/dissoluções e os divórcios devem-se a todos os antigos casamentos enquanto menos gente se casa actualmente], significa que quando duas pessoas se casam têm maior probabilidade de se divorciar do que ficar casadas.
Ou como diz o meu amigo Jorge,
Alguns garantem que os maus períodos das épocas são apenas uma consequência inevitável do progresso. Mas é quando os princípios são ultrapassados pela superficialidade e fugacidade desse mesmo progresso que percebemos a urgência do dogma da estabilidade e do equilíbrio.
[e eu acrescento esse maravilhoso ditado, porque os ditados carregam sempre consigo toda a sabedoria do mundo, quem casa não pensa e quem pensa não casa].
60,4% significa que, a acreditar na estatística [que não deve ser lida de forma linear, porque o percentual é feito número de casamentos/dissoluções e os divórcios devem-se a todos os antigos casamentos enquanto menos gente se casa actualmente], significa que quando duas pessoas se casam têm maior probabilidade de se divorciar do que ficar casadas.
Ou como diz o meu amigo Jorge,
Alguns garantem que os maus períodos das épocas são apenas uma consequência inevitável do progresso. Mas é quando os princípios são ultrapassados pela superficialidade e fugacidade desse mesmo progresso que percebemos a urgência do dogma da estabilidade e do equilíbrio.
[e eu acrescento esse maravilhoso ditado, porque os ditados carregam sempre consigo toda a sabedoria do mundo, quem casa não pensa e quem pensa não casa].
3.15.2010
revolution
fiquei a pensar neste post da Kitty que, cravejada de razão [como de costume, aliás] diz, gostamos de homens que nos protejam, homens de barba rija e mãos grandes, que sejam confiantes, fortes, capazes, independentes, cultos, decididos, que nos aparem as lágrimas, que saibam bem o que querem e o que têm de fazer para o conseguir.
das vezes que ouvi estas queixas [foram muitas e também algumas as que as fiz eu própria] só posso pensar que isto do feminismo e da igualdade foi uma coisa muito mal pensadinha [como a maior parte das revoluções], tanto para homens como para mulheres. nós porque passámos a ter de trabalhar tanto como eles e ainda acumular as funções que as nossas avós tinham em exclusivo. eles porque ficaram sem lugar definido acumulando com funções que nunca passariam pela cabeça do nossos avôs [como mudar fraldas]. presumo que a coisa não corresse assim tão bem para as senhoras andarem a queimar soutiens e reevindicar igualdade. mas estou em querer que já fazíamos uma nova [pelo direito de opção?].
das vezes que ouvi estas queixas [foram muitas e também algumas as que as fiz eu própria] só posso pensar que isto do feminismo e da igualdade foi uma coisa muito mal pensadinha [como a maior parte das revoluções], tanto para homens como para mulheres. nós porque passámos a ter de trabalhar tanto como eles e ainda acumular as funções que as nossas avós tinham em exclusivo. eles porque ficaram sem lugar definido acumulando com funções que nunca passariam pela cabeça do nossos avôs [como mudar fraldas]. presumo que a coisa não corresse assim tão bem para as senhoras andarem a queimar soutiens e reevindicar igualdade. mas estou em querer que já fazíamos uma nova [pelo direito de opção?].
3.12.2010
label me
Se o Up In The Air tivesse sido realizado em Portugal, este diálogo nunca poderia ter existido:
Natalie Keener: That's racist.
Ryan Bingham: I'm like my mother, I stereotype. It's faster.
por cá gostamos tanto de rótulos que nem nos damos ao trabalho de os combater. [o BPL explica melhor do que eu]
Um tipo criticar Israel, é para muitos de esquerda. Um tipo criticar o Sócrates, significa que é de direita. Um gajo embirrar com o Cavaco, só pode mesmo ser de esquerda.
Natalie Keener: That's racist.
Ryan Bingham: I'm like my mother, I stereotype. It's faster.
por cá gostamos tanto de rótulos que nem nos damos ao trabalho de os combater. [o BPL explica melhor do que eu]
Um tipo criticar Israel, é para muitos de esquerda. Um tipo criticar o Sócrates, significa que é de direita. Um gajo embirrar com o Cavaco, só pode mesmo ser de esquerda.
TGIF
a sexta é desde sempre o meu dia preferido porque carrega consigo toda uma antecipação do fim de semana. e toda a gente sabe que as expectativas são quase sempre muito superiores* do que a concretização das mesmas.
*são pelo menos, sempre muito diferentes.
*são pelo menos, sempre muito diferentes.
3.11.2010
3.10.2010
i'm so fucking modern
a criança mais nova esfrega o punho fechado na bochecha direita. é o sinal para homossexual em linguagem gestual portuguesa.
- sou eu, agora namoro com o miguel antónio.
- fixe, vamos à moda lisboa com a tia bebé, se ela arranjar passes.
- sou eu, agora namoro com o miguel antónio.
- fixe, vamos à moda lisboa com a tia bebé, se ela arranjar passes.
based on a true story
Henrique. Em criança era sossegado, uma criança normal, filho único, dos que não dão trabalho a criar. Passava horas a brincar com carrinhos e bonecos no quarto, fabricando lutas e jogos em que, invariavelmente, acabavam todos mortos ["matados"] e espalhados pelo chão do quarto. A mãe gritava-lhe que apanhasse aquelas coisas todas e as guardasse na arca dos brinquedos, ao que ele acedia, apanhando e guardando tudo como sabia ser obrigação sua. Por vezes era necessário chamá-lo repetidas vezes para a mesa ou para fazer os trabalhos de casa ["não ouve nada, este meu filho, está sempre com a cabeça na lua"] mas nem durante a puberdade se lhe ouviu um queixume, uma birra. Acontecia durante a infância os amigos gozarem com ele, como todas as crianças gozam com todas as crianças, e henrique limitava-se a sorrir meio desligado, o que fazia com que desistissem imediatamente e procurassem outro alvo, mais propenso a irritações.
Na adolescência, henrique tirava boas notas, não porque se dedicasse ao estudo mas porque se sentava na fila da frente, descobrira que se prestasse atenção suficiente nas aulas isso chegava. Por esta altura os pais preocupavam-se ligeramente, talvez henrique não tivesse amigos na escola, não parecia ser convidado para as festas como os filhos dos vizinhos e passava mais horas a esventrar objectos como telefones e lanternas para lhes compreender os segredos do que a jogar futebol na rua com os outros rapazes do bairro. Mas ele era assim, o que fazer, nem todas as crianças são iguais [pelo menos não se metia em confusões].
Não foi surpresa para os pais quando entrou para o Técnico na sua primeira opção: engenharia química, nem quando terminou o curso em 5 anos e foi convidado para ir trabalhar para uma grande empresa do estado. O menino sempre fora de oiro e agora poderiam começar a pensar no casamento com a namorada, sua colega de curso [boa rapariga]. os pais rebentavam de orgulho e, mesmo antes do casamento, fizeram questão de oferecer o sinal para a compra do T3 em Massamá. é verdade que assim se foram todas as suas economias, mas henrique merecia, tão bom rapaz, nunca lhes tinha dado um desgosto que fosse.
até março de 2010.
Na adolescência, henrique tirava boas notas, não porque se dedicasse ao estudo mas porque se sentava na fila da frente, descobrira que se prestasse atenção suficiente nas aulas isso chegava. Por esta altura os pais preocupavam-se ligeramente, talvez henrique não tivesse amigos na escola, não parecia ser convidado para as festas como os filhos dos vizinhos e passava mais horas a esventrar objectos como telefones e lanternas para lhes compreender os segredos do que a jogar futebol na rua com os outros rapazes do bairro. Mas ele era assim, o que fazer, nem todas as crianças são iguais [pelo menos não se metia em confusões].
Não foi surpresa para os pais quando entrou para o Técnico na sua primeira opção: engenharia química, nem quando terminou o curso em 5 anos e foi convidado para ir trabalhar para uma grande empresa do estado. O menino sempre fora de oiro e agora poderiam começar a pensar no casamento com a namorada, sua colega de curso [boa rapariga]. os pais rebentavam de orgulho e, mesmo antes do casamento, fizeram questão de oferecer o sinal para a compra do T3 em Massamá. é verdade que assim se foram todas as suas economias, mas henrique merecia, tão bom rapaz, nunca lhes tinha dado um desgosto que fosse.
até março de 2010.
3.09.2010
PECado no divã de uma agência de rating
O PEC. Andamos nisto há praticamente 10 anos. A sofrer para corrigir défices. Quando corrigimos um bocadinho, vem logo algo que faz descarrilar outra vez as contas públicas, ainda mais. Parecemos Sísifo, a empurrar eternamente uma pedra gigante montanha acima. Dez anos depois e estar no mesmo sítio não é motivo de grande regozijo.
Podia pensar-se que, por causa desta década a corrigir défices, há uma geração inteira que desconhece as amenidades do optimismo e do crescimento económicos. Não é verdade. Parece ter havido sempre um desencontro entre a situação real e as expectativas dos portugueses, muito por causa de uma espécie de duende financeiro que tudo tornava possível: o crédito barato e quase ilimitado.
Enquanto a economia real agonizava, a economia financeira prosperava à custa da multiplicação do crédito. O duende financeiro revelou-se, ao nível mundial, um mágico de feira, e a ilusão desabou. Veio a grande crise do final de 2008.
Para a combater, os Estados endividaram-se brutalmente. Aguentaram as coisas. O pior parecia ter passado. Os défices aumentaram exponencialmente, mas tal foi apresentado como uma situação provisória, necessária até, para superar a crise. Um mal menor. Uma panaceia para garantir a recuperação.
O PS ganhou as eleições prometendo manter os apoios à economia até 2010/2011 e construir o TGV. O PSD era contra o TGV mas a favor dos apoios à economia, ainda que mais dirigidos ao tecido produtivo (vulgo pequenas e médias empresas). Nenhum dos dois- repita-se, nenhum dos dois - pensava que era necessário corrigir brutalmente o défice já em 2010.
O que é que mudou? Nada. É isso mesmo. Na economia real, nada mesmo. Até houve lampejos de recuperação. Um défice alto não é bom, mas é como quem começa a fumar: não morre logo no ano a seguir de enfisema. Numa situação de debilidade económica, o défice pode até ser virtuoso. E um défice de 9,3%, transitoriamente, por dois ou três anos, não mata, desde que se possa financiá-lo, renovando a dívida que se vai vencendo com mais dívida.
Ora aqui é que surge o problema. Se de súbito toda a gente se corta a subscrever novas emissões de dívida do Estado, pensadas para refinanciar a dívida anterior, tudo desaba que nem um castelo de cartas.
Pois foi este ponto que obrigou à grande inflexão de Sócrates. Que seria, diga-se a verdade, a inflexão de Manuela Ferreira Leite ou de quem quer que estivesse no governo, face aos perigos de contágio do papão Grécia.
Foi o receio de que um défice alto pudesse gerar nos investidores pouca confiança para refinanciar a dívida portuguesa a juros que não fossem exorbitantes que obrigou o Governo a PECar. O PEC é fruto do nosso tempo: a economia tornou-se, de facto, numa mera psicologia de massas. Um produto da psique dos grandes investidores que se deitam todos os dias no divã das agências de rating para exorcizar os medos. Nós elegemos os nossos governantes. Mas são os fantasmas deles os soberanos.
Podia pensar-se que, por causa desta década a corrigir défices, há uma geração inteira que desconhece as amenidades do optimismo e do crescimento económicos. Não é verdade. Parece ter havido sempre um desencontro entre a situação real e as expectativas dos portugueses, muito por causa de uma espécie de duende financeiro que tudo tornava possível: o crédito barato e quase ilimitado.
Enquanto a economia real agonizava, a economia financeira prosperava à custa da multiplicação do crédito. O duende financeiro revelou-se, ao nível mundial, um mágico de feira, e a ilusão desabou. Veio a grande crise do final de 2008.
Para a combater, os Estados endividaram-se brutalmente. Aguentaram as coisas. O pior parecia ter passado. Os défices aumentaram exponencialmente, mas tal foi apresentado como uma situação provisória, necessária até, para superar a crise. Um mal menor. Uma panaceia para garantir a recuperação.
O PS ganhou as eleições prometendo manter os apoios à economia até 2010/2011 e construir o TGV. O PSD era contra o TGV mas a favor dos apoios à economia, ainda que mais dirigidos ao tecido produtivo (vulgo pequenas e médias empresas). Nenhum dos dois- repita-se, nenhum dos dois - pensava que era necessário corrigir brutalmente o défice já em 2010.
O que é que mudou? Nada. É isso mesmo. Na economia real, nada mesmo. Até houve lampejos de recuperação. Um défice alto não é bom, mas é como quem começa a fumar: não morre logo no ano a seguir de enfisema. Numa situação de debilidade económica, o défice pode até ser virtuoso. E um défice de 9,3%, transitoriamente, por dois ou três anos, não mata, desde que se possa financiá-lo, renovando a dívida que se vai vencendo com mais dívida.
Ora aqui é que surge o problema. Se de súbito toda a gente se corta a subscrever novas emissões de dívida do Estado, pensadas para refinanciar a dívida anterior, tudo desaba que nem um castelo de cartas.
Pois foi este ponto que obrigou à grande inflexão de Sócrates. Que seria, diga-se a verdade, a inflexão de Manuela Ferreira Leite ou de quem quer que estivesse no governo, face aos perigos de contágio do papão Grécia.
Foi o receio de que um défice alto pudesse gerar nos investidores pouca confiança para refinanciar a dívida portuguesa a juros que não fossem exorbitantes que obrigou o Governo a PECar. O PEC é fruto do nosso tempo: a economia tornou-se, de facto, numa mera psicologia de massas. Um produto da psique dos grandes investidores que se deitam todos os dias no divã das agências de rating para exorcizar os medos. Nós elegemos os nossos governantes. Mas são os fantasmas deles os soberanos.
3.08.2010
♥ is
"crida maria inês love maria inês".
- mas a namorada não era madalena?
[bem podia estar à espera que o meu filho me fizesse restaurar a fé no amor. algures ao longo do tempo achei que sim. mas, obviamente, isso é só estúpido]
- mas a namorada não era madalena?
[bem podia estar à espera que o meu filho me fizesse restaurar a fé no amor. algures ao longo do tempo achei que sim. mas, obviamente, isso é só estúpido]
sushi
a puta da chuva que nunca mais pára o meu filho adormecido ao meu lado a IC19 de manhã, mesmo em sentido contrário a voz da imogen heap o sono das insónias o primeiro dia de praia despedidas lençóis lavados o alarme de falta de água do carro as tuas mãos pessoas que odeiam toda a gente as fotos antigas da Life os gritos da minha filha a tua voz a rádio comercial o cheiro do mar em abril as ruas esburacadas de benfica vodka com tónica ou sumo de limão a minha casa sem espaço para nada a revista dwell peep shows o glee trânsito em dias de jogo do benfica o filme an education o toque do telefone de manhã o meu filho a ler-me sms a meio da noite o gary cooper o primeiro toque do despertador o greader revisionismo o Jorge de Sena desporto na televisão a voz da Cat Power.
[copiando a Mónica]
[copiando a Mónica]
3.06.2010
3.03.2010
Onde anda o coelhinho da Duracell?
Há uns meses, quando avariou o meu Blackberry de serviço, relativamente recente, a operadora entregou-me um modelo new old stock de 2005 para substituição temporária.
Trata-se daquele modelo muito tosco, grosseiro, de plástico rijo, pesadão. Não tira fotografias. Não tem música. Não passa filmes. Não tem o actual estilo clean, muito em voga, preto brilhante com moldura de aço ou alumínio. O acesso à Internet é miserável. Mas já não o devolvo nem por nada. Porquê?
Porque mesmo a receber chamadas em série e dezenas de emails por dia, sempre ligado, a bateria dura pelo menos três dias sem precisar do cordão umbilical para recarregar.
O marketing tem estas coisas.
Aparecem uns gadgets, todos lampeiros, cheios de funcionalidades novas, de peito feito, mas depois, pfff….Fotografia, toques, filmes, música, vídeo-conferência, está bem, mas bateria… está quieto, está…. E lá andamos todos ao tio ao tio, sempre agarradinhos à ficha e adictos ao carregador.
No que realmente interessa- a portabilidade- regredimos para trás do ano 2000, altura em os Nokia série 6 tinham estamina e estaleca para sete dias.
Se a indústria farmacêutica se movesse pelos mesmos valores da indústria electrónica, tinha lançado uma bisnaga que desse uns trejeitos meio esquisitos e sedutores à voz em vez do Viagra.
Com os carros eléctricos vai ser a mesma coisa. A pressão do marketing e a necessidade de rentabilização dos investimentos vai pôr esses bólides, de design meio marciano, na estrada já daqui a menos de um ano, pois os engenheiros lá garantiram que a pilha dá uns espasmozitos inconsequentes.
Vamos todos salvar o planeta mais cedo do que era previsto, mas com o credo na boca e os corações ao alto sempre que a miúda imponha um desvio por Sintra para comprar queijadas.
Trata-se daquele modelo muito tosco, grosseiro, de plástico rijo, pesadão. Não tira fotografias. Não tem música. Não passa filmes. Não tem o actual estilo clean, muito em voga, preto brilhante com moldura de aço ou alumínio. O acesso à Internet é miserável. Mas já não o devolvo nem por nada. Porquê?
Porque mesmo a receber chamadas em série e dezenas de emails por dia, sempre ligado, a bateria dura pelo menos três dias sem precisar do cordão umbilical para recarregar.
O marketing tem estas coisas.
Aparecem uns gadgets, todos lampeiros, cheios de funcionalidades novas, de peito feito, mas depois, pfff….Fotografia, toques, filmes, música, vídeo-conferência, está bem, mas bateria… está quieto, está…. E lá andamos todos ao tio ao tio, sempre agarradinhos à ficha e adictos ao carregador.
No que realmente interessa- a portabilidade- regredimos para trás do ano 2000, altura em os Nokia série 6 tinham estamina e estaleca para sete dias.
Se a indústria farmacêutica se movesse pelos mesmos valores da indústria electrónica, tinha lançado uma bisnaga que desse uns trejeitos meio esquisitos e sedutores à voz em vez do Viagra.
Com os carros eléctricos vai ser a mesma coisa. A pressão do marketing e a necessidade de rentabilização dos investimentos vai pôr esses bólides, de design meio marciano, na estrada já daqui a menos de um ano, pois os engenheiros lá garantiram que a pilha dá uns espasmozitos inconsequentes.
Vamos todos salvar o planeta mais cedo do que era previsto, mas com o credo na boca e os corações ao alto sempre que a miúda imponha um desvio por Sintra para comprar queijadas.
dear santa
daqui
cara entidade responsável por satisfazer os caprichos dos adultos perfeitamente mimados e sem grande noção [nem desejo] de realidade: é aqui que eu quero trabalhar.
3.02.2010
Ideias para a nova economia
É um lugar-comum evidenciar o quanto têm as tecnologias evoluído, resolvendo de forma cada vez mais brilhante complexíssimos problemas com que se defronta o ser humano.
Todavia, há coisas simples onde, desafortunadamente os bits e bytes ainda não chegaram, com grande pena minha.
Todas as semanas me entrego a uma inglória tarefa, do tipo daquele concurso antigo do Diário de Notícias “Descubra as Diferenças”: o mister de emparelhar meias vindas da máquina de lavar.
As minhas meias são todas escuras. Ou azul muito escuro ou preto. Não imagino outras cores para esta peça de vestuário.
Isso dificulta muito o emparelhamento. O tamanho não é critério. Há texturas diferentes. E matizes de cor.
Um erro de matching pode custar-nos muito caro numa reunião, se estiver presente uma daquelas impiedosas e organizadas colegas ou clientes, que nos faz logo a ficha a partir de umas meias desencontradas. Olha-nos para as pernas e imagina de forma elaborada a balda em cima da secretária de trabalho. A papelada toda desorganizada. Os restos de páginas de jornais empurrados para um canto. Os livros técnicos cheios de nódoas de café. E não confia em nós nem um bocadinho a partir desse momento.
Lanço daqui a ideia, que poderia ser desenvolvida por umas daquelas eternas start ups tecnológicas que por aí pululam à volta das Universidades: porque não desenvolver um mísero chip codificado e colocado em cada uma das meias do par, que se iluminasse quando estivesse a menos de um milímetro da sua verdadeira cara-metade?
Todavia, há coisas simples onde, desafortunadamente os bits e bytes ainda não chegaram, com grande pena minha.
Todas as semanas me entrego a uma inglória tarefa, do tipo daquele concurso antigo do Diário de Notícias “Descubra as Diferenças”: o mister de emparelhar meias vindas da máquina de lavar.
As minhas meias são todas escuras. Ou azul muito escuro ou preto. Não imagino outras cores para esta peça de vestuário.
Isso dificulta muito o emparelhamento. O tamanho não é critério. Há texturas diferentes. E matizes de cor.
Um erro de matching pode custar-nos muito caro numa reunião, se estiver presente uma daquelas impiedosas e organizadas colegas ou clientes, que nos faz logo a ficha a partir de umas meias desencontradas. Olha-nos para as pernas e imagina de forma elaborada a balda em cima da secretária de trabalho. A papelada toda desorganizada. Os restos de páginas de jornais empurrados para um canto. Os livros técnicos cheios de nódoas de café. E não confia em nós nem um bocadinho a partir desse momento.
Lanço daqui a ideia, que poderia ser desenvolvida por umas daquelas eternas start ups tecnológicas que por aí pululam à volta das Universidades: porque não desenvolver um mísero chip codificado e colocado em cada uma das meias do par, que se iluminasse quando estivesse a menos de um milímetro da sua verdadeira cara-metade?
handle with care
os tempos não estão fáceis. por isso é andarmos todos em pontas dos pés para não maçar. por favor.
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