algures na vida, teria os meus 13 ou 14 anos, e pensei que seria escritora um dia. eu e a minha amiga a escrevermos contos em cadernos que comprávamos especialmente para o efeito. seríamos escritoras, pois claro, que nem a falta de talento nem de histórias nos travariam. ela não sei mas eu queria ser o António Lobo Antunes. eu queria escrever como o António, sendo que apenas um livro dele consegui acabar de ler na vida inteira [o auto dos danados], mas mais do que isso, na minha mente eu já era o António, partilhávamos as depressões e eu também sonhava passear-me no meio de loucos com um frasco de comprimidos na mão - aí eu seria normal, deixaria de ter os tormentos dentro da cabeça que tinha, se curasse os outros a minha cabeça seria livre de porcariazinhas.
obviamente nunca lá cheguei, nem à psiquiatria nem à escrita, nem um livro do António Lobo Antunes consigo ler até ao fim e já nem os começo, deprimida já eu estou, obrigadinha.
as coisas são o que são e as pessoas como as coisas também são o que são. há distracções, claro, e isso é bom porque por uns momentos conseguimos esquecer só um bocadinho que as coisas são o que são e que as pessoas são o que são, a maioria das vezes tão longe daquilo que queremos que sejam, e assim é que leio as crónicas do António Lobo Antunes e continuo a pensar "o maior escritor do mundo" mas sem inveja, sem querer sê-lo, sem qualquer outro objectivo que não seja o prazer de ler aquele alinhamento de palavras e de [por uns momentos] esquecer-me que sou o que sou.
6 comments:
eu aos 14 queria ser "intelectual" como a maria filomena mónica. estranho, admito.
aos 14 ainda só queria ser feliz...
nós as miudas somos sempre muito crescidas aos 14.
muito melhores as crónicas que os livros...
muito melhores as crónicas que os livros...
António Lobo Antunes não passa de um escroque. Desequilibrado. Arrogante. Mal criado.
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