10.24.2010
adeus
Começo a medo, com receio de tocar nas teclas do computador. Devagar constato que os meus dedos ainda não se esqueceram das posições das teclas, ainda percorrem o teclado à mesma velocidade de antes.
Hesito em começar, em criar este blog, mesmo sabendo que vou precisar dele daqui a uns tempos (dias? meses? horas?). Foram 45 dias de férias, um mês e meio sem vir a casa e sem lhe sentir a falta. Não quero passar a porta, recomeçar a vida depois da praia, dos amigos, das saídas. Não quero.
É por isso também que não quero começar a escrever aqui (e escrevo), porque isso é assumir que tudo voltou ao mesmo. Tenho o corpo e a cabeça ainda em férias. Sinto o cheiro do mar e o toque da areia. Ainda estou na cidade onde estão as pessoas de que gosto (as muitas que não estão aqui), ainda não voltei realmente para a cidade que me vai manter cativa por largos meses (A contar os dias como os prisioneiros dos filmes, com pauzinhos riscados na parede, um pauzinho por dia até perfazer 9 meses).
Há cerca de 4 anos escrevi este post. sei porque o fiz, porque comecei o blog, e se não é evidente para todos, passo a explicar: comecei-o quando entrei num divórcio, sozinha com dois filhos, numa cidade estranha para onde fui para que a carreira do meu então marido pudesse florescer.
A pessoa pensa, passa pelas coisas e nada depois será pior, aprenderemos com as nossas dores, seremos pessoas melhores, mais fortes e nunca mais nada nos derrubará. pensamos, só temos de aguentar agora, só um bocadinho, só até o fim do dia e ficará tudo bem. até que um dia é mesmo verdade, ficou tudo bem ainda que não igual, diferente mas até a essa diferença nos habituamos pois há poucas coisas às quais o espírito humano não se habitue, à solidão, ao medo, ao terror, à fome, às tareias, à prisão. é ler sobre a vida num campo de concentração e entender que mesmo no meio do frio, das dores, da fome, da falta de amor, de amizade, de respeito, ainda assim importava apenas e só sobreviver, viver, por isso, não me lixem, o espirito humano é mesmo assim, habitua-se.
Passaram agora 4 anos, o que me parece uma altura perfeita para acabar aqui e recomeçar noutro lado porque é disso que preciso, de recomeçar, que amanhã seja outro dia e pelo menos, que me traga diferentes palavras, dores, alegrias. que seja diferente e não exista mais tudo aquilo que aqui escrevi, que seja outra coisa, noutro lado. enfim, que eu possa ser outra pessoa que não esta clara [nem outra].
Obrigado por me lerem, por me comentarem, talvez por se terem identificado um pouco comigo durante todo este tempo.
10.22.2010
texting in the company of others is ok
Traditional mores say that texting when you're with someone is rude. But is it really? Just look at today's teenagers—tomorrow's arbiters of behavior. For them, SMSing one person while hanging out with another is normal and expected; it may even be an inclusive gesture.
faço-o, tolero-o nos outros, mas não gosto quando me fazem.
10.21.2010
game II
também confundem muito:
1. não ter jogo nenhum por falta de figuras quando têm mais trunfos do que outros naipes e no fundo têm o melhor jogo da mesa.
2. ter um grande jogo porque têm muitos trunfos sem contar que ao destrunfar cortam as vazas do parceiro e vão ao buraco assim de fininho.
3. não saber se têm jogo ou não e persistir só porque sim.
4. não saber se têm jogo ou não e desistir só porque sim.
1. não ter jogo nenhum por falta de figuras quando têm mais trunfos do que outros naipes e no fundo têm o melhor jogo da mesa.
2. ter um grande jogo porque têm muitos trunfos sem contar que ao destrunfar cortam as vazas do parceiro e vão ao buraco assim de fininho.
3. não saber se têm jogo ou não e persistir só porque sim.
4. não saber se têm jogo ou não e desistir só porque sim.
game
coisas que as pessoas confundem muito:
1. ir a jogo ou mostrar todos as cartas que se tem na mão.
2. não ir a jogo ou nem sequer olhar para as cartas que foram deitadas na mesa.
eu sou pessoa, ergo...
1. ir a jogo ou mostrar todos as cartas que se tem na mão.
2. não ir a jogo ou nem sequer olhar para as cartas que foram deitadas na mesa.
eu sou pessoa, ergo...
10.20.2010
gone
é que não há um que fique. querem ir para o outro lado do mundo? tornem-se os meus melhores amigos.
not sure
não sei se preciso de Deus porque não sei se alguma vez o tive. mas sei que preciso de ti. e onde estás a menos do maior oceano do mundo?
ghost
livrei-me dos blogs no reader e do perfil no facebook e não ajudou. tomei banho e não ajudou. beijei o meu filho e não ajudou. não posso dizer o que finalmente ajudou porque isso não seria apropriado da minha parte.
and if
de repente tudo tudo seja o que for em que tenhamos acreditado deixe de fazer sentido. se tomar banho deixar de fazer sentido. se levantar da cama, escrever uma mensagem no telemóvel, escrever um post, falar com um amigo, ligar a televisão, atender o telefone, sentar na secretária, escolher uma roupa para vestir, decidir um caminho, pagar uma conta, beijar um filho, ligar-te, procurar uma casa, ler uma página de um livro, escrever um mail, tomar um comprimido. se de repente nem fazer sentido fizer sentido?
10.19.2010
what if
mas e se, de repente já tivermos investido tudo - o que tínhamos, o que não tínhamos - se declarámos bancarrota e temos ainda alguns credores à porta a perseguirem-nos cobrando dívidas que nem nos lembramos de ter contraído. e se a empresa não era só o sustento mas o trabalho de toda uma vida que vemos ruir, a acção saiu já de bolsa e há empregados na rua, se de repente o banco já nos hipotecou também os bens pessoais, cancelou as contas nem dinheiro temos para comer. se também, no meio de tudo isto, os amigos nos abandonaram, a família recusa conhecer-nos e quando pedimos esmola na rua as pessoas viram a cara às nossas chagas abertas. e se "não investir tanto para a próxima" já nem fizer sentido por nem fazer sentido estar aqui sentada na rua a pedir esmola a pessoas que viram a cara às chagas mais horrendas com medo de as ter para elas também, quando sei que virá o frio e não terei um tecto, deixarei de sentir os dedos, depois as mãos e as pernas até me afundar num sono lento. mas no sono mais profundo de todos.
10.18.2010
never
nunca disse isto e agora penso que ficarão na minha vida tantas coisas por dizer. mas é sempre assim não é? nunca dizemos.
O fim das ansiedades
Estou fortemente convencido que o ano de 2011 vai ser um ano bem mais zen para todos nós do que cada um dos dez últimos anos anteriores.
Não me refiro, obviamente, à mera conclusão empírica de que o despojamento reorienta os valores da vida.
Tenho antes em mente a erradicação completa, e cientificamente previsível, de dois tipos de ansiedade que corroem o nosso dia-a-dia, e que em inglês são denominadas cold feet e buyer’s remorse.
O cold feet e o buyer’s remorse vão ser tão exterminados como o foram os mosquitos vectores da malária dos arrozais de Alcácer, há umas décadas atrás.
O cold feet é aquela indecisão, medo e angústia que precede os grandes momentos. Nomeadamente, o momento daquela compra. Horas de comparações. Leituras de revistas da especialidade ou périplos intermináveis pelas lojas. E ainda voltamos sorrateiramente à montra, quando o empregado já não tem mais paciência, escondidos atrás de uma amiga. Tempo deitado ao lixo. Amigos, mulheres e maridos, namorados e namoradas massacrados com perguntas, convidados a participar na decisão, a aconselhar. A insónia. Qual destes? Ou aqueloutro?
O buyer’s remorse é angústia de se ter decidido, e se ser assaltado pela dúvida sobre o bem fundado da decisão. Mais horas de comparações mais outra e outra vez, para confirmar a escolha. Tempo deitado ao lixo. Releituras de revistas da especialidade. Outra vez, périplos intermináveis pelas lojas. Sai-se e volta-se a entrar. Pede-se desculpa. Humilhamo-nos. Em alguns casos, o nosso objectivo é a superior conquista da devolução do dinheiro gasto. Noutros, a simples troca. Às vezes já se aceita tudo. Uns pontos, um crédito em cartão, para alimentar novos cold feet, novas angústias.
O cold feet e o buyer’s remorse são as causas silenciosas e tantas vezes indetectadas de toda a violência urbana, de todos os desaguisados domésticos, de muitas relações destroçadas, de tantas depressões. Eram. A partir de 2011 acabam. Viva a felicidade.
Não me refiro, obviamente, à mera conclusão empírica de que o despojamento reorienta os valores da vida.
Tenho antes em mente a erradicação completa, e cientificamente previsível, de dois tipos de ansiedade que corroem o nosso dia-a-dia, e que em inglês são denominadas cold feet e buyer’s remorse.
O cold feet e o buyer’s remorse vão ser tão exterminados como o foram os mosquitos vectores da malária dos arrozais de Alcácer, há umas décadas atrás.
O cold feet é aquela indecisão, medo e angústia que precede os grandes momentos. Nomeadamente, o momento daquela compra. Horas de comparações. Leituras de revistas da especialidade ou périplos intermináveis pelas lojas. E ainda voltamos sorrateiramente à montra, quando o empregado já não tem mais paciência, escondidos atrás de uma amiga. Tempo deitado ao lixo. Amigos, mulheres e maridos, namorados e namoradas massacrados com perguntas, convidados a participar na decisão, a aconselhar. A insónia. Qual destes? Ou aqueloutro?
O buyer’s remorse é angústia de se ter decidido, e se ser assaltado pela dúvida sobre o bem fundado da decisão. Mais horas de comparações mais outra e outra vez, para confirmar a escolha. Tempo deitado ao lixo. Releituras de revistas da especialidade. Outra vez, périplos intermináveis pelas lojas. Sai-se e volta-se a entrar. Pede-se desculpa. Humilhamo-nos. Em alguns casos, o nosso objectivo é a superior conquista da devolução do dinheiro gasto. Noutros, a simples troca. Às vezes já se aceita tudo. Uns pontos, um crédito em cartão, para alimentar novos cold feet, novas angústias.
O cold feet e o buyer’s remorse são as causas silenciosas e tantas vezes indetectadas de toda a violência urbana, de todos os desaguisados domésticos, de muitas relações destroçadas, de tantas depressões. Eram. A partir de 2011 acabam. Viva a felicidade.
10.15.2010
and more
sabem a vontade que tenho quando abro o greader e vejo nem sei quantas pastas todas com mais de 1000 posts por ler que não me apetece ler? apagar aquilo tudo e começar do zero. quantas vezes se pode começar do zero?
disclaimer
eu, sempre muito de fora no que concerne a estes assuntos das tricas dos blogs, tenho de proclamar que de nada sabia [juro] ao escrever o post abaixo.
continuo a saber muito pouco, é um facto, mas as minhas ambições aqui são tão esparsas que é fácil alcançá-las: quero é que não me macem.
continuo a saber muito pouco, é um facto, mas as minhas ambições aqui são tão esparsas que é fácil alcançá-las: quero é que não me macem.
public
há coisas pelas quais tenho comiseração, como os mineiros que passaram quase três meses enfiados debaixo da terra, as crianças já que nascem sem nunca poderem vir a sair de uma cadeira de rodas ou falar, pessoas que são abusadas, pessoas que nasceram em buracos como a Guiné-Bissau onde nunca vão poder ter esperança de um emprego decente ou mesmo um cuidado paliativo quando necessitarem. dessas coisas tenho pena porque não há defesa contra estes processos. são pessoas que se limitaram a, involuntariamente, ter um azar do caneco.
já não tenho a menor compaixão é para o gozo permanente das tiradas atrasadas mentais da lucifloribela, dos ataques anónimos a bloggers [coitadinhos, que sofrimento, atacados por um anónimo numa caixa de comentários], das pessoas famosas que não conseguem usar um bikini sem ter a celulite exposta em todas as capas de revistas, ou ir jantar fora e ter as fotos com comentários do género "come imenso e por isso está uma baleia".
temos pena ou seja, não temos. porque cada vez que fazemos alguma coisa temos uma opção: ou nos expomos, ou não nos expomos. e há ainda uma outra opção: se nos expusermos, queremos manter a exposição ou sabemos lidar com isso como se não nos estivessem a arrancar um pulmão? há opção e, havendo opção, não pode haver comiseração.
já não tenho a menor compaixão é para o gozo permanente das tiradas atrasadas mentais da lucifloribela, dos ataques anónimos a bloggers [coitadinhos, que sofrimento, atacados por um anónimo numa caixa de comentários], das pessoas famosas que não conseguem usar um bikini sem ter a celulite exposta em todas as capas de revistas, ou ir jantar fora e ter as fotos com comentários do género "come imenso e por isso está uma baleia".
temos pena ou seja, não temos. porque cada vez que fazemos alguma coisa temos uma opção: ou nos expomos, ou não nos expomos. e há ainda uma outra opção: se nos expusermos, queremos manter a exposição ou sabemos lidar com isso como se não nos estivessem a arrancar um pulmão? há opção e, havendo opção, não pode haver comiseração.
10.14.2010
lost
aqui há uns posts atrás, o Prezado deixou o seguinte comentário:
resume numa frase aquilo que muitas pessoas pensam dos bloggers [sendo o Prezado um de nós - assumido] e categoriza-nos ali ao lado daqueles que vão a convenções da Star Wars vestidos de clone, entram nas Olimpíadas de Xadrez, óculos fundo de garrafa, meios gagos, com calças que não chegam a tapar as meias e coletes axadrezados tricotados pela mãe. não digo que para manter esta coisa não seja exigida uma espécie de dedicação nerd à net. mas. enquanto leio blogs não leio livros - erro. enquanto leio blogs não vejo televisão - não-erro. e sobretudo faço uma coisa que nunca faria se não tivesse blog: escrevo. não sou escritora, não quero ser escritora, sou blogger e com pouca dedicação à causa. leio pouquíssimos blogs [nunca posts com mais de 5 linhas] e sobretudo vejo [quando tenho tempo] blogs de design porque preciso, por necessidade absoluta profissional e de preservação da saúde mental. ter um blog nunca me foi impediu de sair para jantar, de levar os meus filhos a patinar, de namorar, de ouvir as minhas amigas a queixarem-se dos namorados. tenho outros impeditivos para isso, bem maiores. por isso [e embora me delicie um pouco a noção de ser blog-nerd]tenho de dizer que não concordo, um blog não serve só para mal fodidos. já repararam na quantidade deles que andam para aí a apregoar relações maravilhosas?
é por isto tudo que há tempos resumi a coisa dizendo que os bloggers são uma cambada de mal-fodidos.
resume numa frase aquilo que muitas pessoas pensam dos bloggers [sendo o Prezado um de nós - assumido] e categoriza-nos ali ao lado daqueles que vão a convenções da Star Wars vestidos de clone, entram nas Olimpíadas de Xadrez, óculos fundo de garrafa, meios gagos, com calças que não chegam a tapar as meias e coletes axadrezados tricotados pela mãe. não digo que para manter esta coisa não seja exigida uma espécie de dedicação nerd à net. mas. enquanto leio blogs não leio livros - erro. enquanto leio blogs não vejo televisão - não-erro. e sobretudo faço uma coisa que nunca faria se não tivesse blog: escrevo. não sou escritora, não quero ser escritora, sou blogger e com pouca dedicação à causa. leio pouquíssimos blogs [nunca posts com mais de 5 linhas] e sobretudo vejo [quando tenho tempo] blogs de design porque preciso, por necessidade absoluta profissional e de preservação da saúde mental. ter um blog nunca me foi impediu de sair para jantar, de levar os meus filhos a patinar, de namorar, de ouvir as minhas amigas a queixarem-se dos namorados. tenho outros impeditivos para isso, bem maiores. por isso [e embora me delicie um pouco a noção de ser blog-nerd]tenho de dizer que não concordo, um blog não serve só para mal fodidos. já repararam na quantidade deles que andam para aí a apregoar relações maravilhosas?
10.11.2010
ideal
quando penso nisso deve-nos ser quase impossível não idealizar o tipo de pessoa perfeita para nós.
para o meu amigo são raparigas dez anos mais novas com copas acima de C, belas, pálidas e cujo pequeno almoço completo inclui a filmografia completa do bergman.
para mim, o tipo perfeito é muito moreno, jogador obssessivo de rugby, detestando qualquer tipo de jogos de azar, passatempo favorito viajar a sítios insólitos e conhecendo de cor todos os livros de saramago e do gabriel garcia marquez. uma espécie de gonçalo cadilhe mas em maciço e intelectual.
as coisas perfeitas são boas para quando está sol lá fora e nós fechados no escritório com uma pilha de orçamentos para organizar. boas para quando chove e é sábado de manhã e não temos nada marcado para o resto do dia, nem sabemos se teremos.
boas para exercitar a mente como uma casa com piscina no meio das montanhas com a qual sonhamos mas onde nos aborreceríamos se tivéssemos de passar todos verões. porque a verdade é que a perfeição aborrece e, convenhamos, as pessoas reais e os seus defeitos são bastante mais interessantes.
para o meu amigo são raparigas dez anos mais novas com copas acima de C, belas, pálidas e cujo pequeno almoço completo inclui a filmografia completa do bergman.
para mim, o tipo perfeito é muito moreno, jogador obssessivo de rugby, detestando qualquer tipo de jogos de azar, passatempo favorito viajar a sítios insólitos e conhecendo de cor todos os livros de saramago e do gabriel garcia marquez. uma espécie de gonçalo cadilhe mas em maciço e intelectual.
as coisas perfeitas são boas para quando está sol lá fora e nós fechados no escritório com uma pilha de orçamentos para organizar. boas para quando chove e é sábado de manhã e não temos nada marcado para o resto do dia, nem sabemos se teremos.
boas para exercitar a mente como uma casa com piscina no meio das montanhas com a qual sonhamos mas onde nos aborreceríamos se tivéssemos de passar todos verões. porque a verdade é que a perfeição aborrece e, convenhamos, as pessoas reais e os seus defeitos são bastante mais interessantes.
10.08.2010
education
criança do primeiro ano vem mostrar o caderno à mãe. caderno parece uma coisa cheia de rabiscos que ele mostra com muito orgulho. mãe diz que sim, está muito bem, a letra tem de melhorar. mãe não percebeu nada dos rabiscos. o report final diz que ele tem de falar menos nas aulas. mãe sorri, dá-lhe um beijinho e manda-o mostrar o caderno à irmã. mãe fica sossegada enquanto a irmã grita "não quero ver nada disto de falar nas aulas para a semana" e "porque é que te portaste assim? não sabes que tens de estar sossegado nas aulas?". mãe considera que delegar é uma tarefa para duros e nem todos a conseguem fazer.
Inquietação
Se um francês é um italiano mal humorado, como dizia Cocteau, então um português será talvez um espanhol melodramático. Um Espanhol sem cañas e olés!, sempre a carregar de negro as coisas. Um espanhol que transporta nestes dias um fardozinho especial, mais pesado que a Espanha. Irra, que não há um jornal com uma boa notícia. Só dramas. Parece que vivemos na pequena aldeia gaulesa das desventura, rodeada de mundo perseverante por todos os lados. Mas já estamos habituados. Pudera. Mesmo se exageramos no discurso, lá dentro, lá no fundo, é muito nosso não sermos muito alegres nem muitos tristes. Brandos costumes, brandos sentires. E hoje, dois zero à Dinamarca.
10.07.2010
secretly
sou uma pessoa um bocado histérica, já se sabe. nervosinha, ansiosinha e isso. perco muito peso, muito cabelo, bebo demais, grito demais, quero sempre mais, exijo, não faço ideia da minha tensão [porque está sempre lá no pico] e acho sempre que mais dia menos dia me vou com um avc, que rebento de nervos. isto era eu até a semana passada. agora tenho um filtro para me tornar normal e a coisa vai. estou tão normal. por fora sim. e na verdade sinto-me normal [nem sabia o que era ser normal até a semana passada]. acontece que, apesar de tudo, a vida corre-me da mesma maneira estúpida. eu é que já nem quero saber disso para nada. tornei-me aborrecida.
10.05.2010
what a difference a day makes
ainda a semana passada todos pareciam arrastar os desgostos amorosos como malas pesadas e fora de moda e hoje já só vejo bebés a serem programados, aneis de noivado no facebook e namoros secretos que sugam os amigos para locais invisíveis.
tenho andado a olhar para o lado errado ou o mundo ficou muito equilibrado de repente?
tenho andado a olhar para o lado errado ou o mundo ficou muito equilibrado de repente?
10.01.2010
blogs
ok, a vida é melhor sem dúvida. é muito melhor beber um vodka tónico do que postar aqui uma foto de um vodka tónico. é muito melhor sair para uma festa, ir a um restaurante com um amigo, telefonar à mãe, ir às compras com amigas. a vida é melhor. mas muitas vezes a vida não é feita de nada disto e somos só nós enfiados num sítio onde não nos apetece, sem podermos ligar a quem nos apetece, sem poder sair para ir à esplanada do bairro alto hotel com o namorado. porque estamos sozinhos, porque não temos namorado, porque temos filhos em casa, porque as amigas foram para a festa. nessas alturas, os blogs são melhores.
a cause
alguém ofereça um iphone à mulher certa para ela poder blogar das 8 às 5. a sério, os posts dela são dos poucos que consigo ler enquanto trabalho. e aposto que não sou única nisso.
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