5.29.2008

Continuamos no périplo

dos homevideos (o cabelo para o curto fica-me horrivelmente mal) e eis que descubro aquilo que, hoje, mais me custa no meu divórcio. Perdi, irreversivelmente, o meu melhor amigo.
E escrevo irreversivelmente porque segundo um amigo meu os homens e mulheres não podem ser amigos se não dormirem juntos. Ou qualquer coisa assim do género.
Ora isso levanta outras questões ainda. Eu gosto muito deste meu amigo. E tenho a certeza que não dormiremos juntos. Nunca seremos amigos? Ou somos a excepção que confirma a (sua) regra?

Do preço dos combustíveis e boicotes da treta

Não é que eu não aprecie um bom boicote como toda a gente. Acho piada às manifestações espontâneas, quase sempre revestidas por uma boa dose de ignorância da parte de quem participa.

Os combustíveis sofrem aumentos. E porquê? Porque o o preço do barril, a materia-prima aumenta.
Podemos querer culpar a Galp e as todas as gasolineiras porque (as bestas) querem ter lucro. Mas por cada litro de gasolina (cerca de um euro e meio), 15 cêntimos são o lucro de quem vende. 15 cêntimos. Podem as gasolineiras baixar o lucro? Podem, correndo o enorme risco de falência (e sim, são milhares de postos de trabalho que vão à vida).
Pode o governo baixar o segundo imposto (depois do IVA), o ISP? Em teoria, pode. Na prática, como precisa da receita do ISP para não esburacar o Orçamento de Estado, só o pode fazer à custa do aumento de outro imposto qualquer. Ou seja, não pode.
Porque acham os boicotantes que aumenta diariamente o preço do barril? Especulação. E é. Mas especulação da parte de quem vende a matéria prima, tem liberdade absoluta para fixar preços, manipular a produção e nenhuma concorrência.
Contra isto, boicotem o que quiserem, as gasolineiras estão já com perdas de 30% por isso o próximo passo será (provavelmente) deixarem de vender aos hipermercados. Se tivesse que apostar, diria que era já para a semana.

5.28.2008

Politicamente correcto

O absurdo dos desenhos animados terem de respeitar o politicamente correcto, resulta em diálogos como:

- Tenham cuidado, aí nessa caverna há o monstro da caverna.
- Então, não podemos descriminar alguém só por ser um monstro!

Se alguma vez, nos tempos áureos do Vasco havia essa preocupação pelo politicamente correcto. As animações que ganhavam o primeiro prémio do Grande Festival de Animação Checoslovaco tinha mais com que se preocupar. Eu cá também só via aquilo na esperança vã de que algum dia um checo tresloucado caísse na tentação de fazer uns desenhos com piada. Que me lembre, nunca aconteceu, mas pode ser a minha memória a pregar-me partidas, ela faz-me muito isso, a parva.

5.27.2008

Nunca hei-de ser uma intelectual*

Não suporto o Vian, abomino o Alberoni e não consigo ler o Lobo Antunes. Não me parece que a minha particular admiração pelo Saramago e pelo Lars consiga anular estas graves falhas.

*graças a Deus

Do viver entalado entre mulheres mais velhas

O meu filho chama "jogo de paciência" aos chutos maricas que dá numa bola do FCB (Futbal Club Barcelona) e Project Runway aos DVDs do Sexo e a Cidade.

5.26.2008

Obrigado,

por nada.

É na ausência que sou forçada apreender aquilo que não quero.

É no vazio que sou forçada a encarar as coisas de que fujo.

O meu mantra antigo, "un dia más", é agora "nem mais um dia".

5.25.2008

Das memórias

Este fim de semana, entre outras coisas, passámos (eu e a minha filha) horas a ver todos os home videos que tínhamos aqui, desde que ela tinha 3 meses.
É um exercício pernicioso e nada aconselhado ao meu estado de espírito actual, mas necessário.
Conclusões abreviadas:

Alguns de nós envelheceram bem. Outros ganharam barriga e perderam cabelo. Lucky me.

A minha filha foi completamente shopinha de masha até aos 5/6 anos e agora tem uma dicção perfeita sem ter feito terapia da fala. É a filha milagre.

O meu filho será milagre se chegar a adulto sem graves problemas mentais. A diferença de tratamento, disponibilidade e oportunidades entre os dois é abissal.

Não vale a pena estar a pensar "seríamos mais felizes?". Não há resposta para essa pergunta.

Eu fui uma mãe insuportavelmente exigente para a minha filha, obviamente por ser a primeira.

Eu era mais chata do que sou agora. Mas não tão chata como pensava que era (sou).

A minha vida já foi muito boa e depois eu estraguei-a. Não o fiz por ser parva mas só por não ter maturidade para agir de forma diferente.

Não quero voltar para trás nunca mais, por horrivelmente mal que me esteja a sentir, há coisas que não são recicláveis (esta vai para além dos home videos).

5.23.2008

Da publicidade

Começo a achar que o deixo ver demasiada televisão quando o meu filho - 4 anos feitos este mês - me tenta convencer a comprar Calgon, no supermercado.
Nem eu nem ele temos a mínima ideia para que serve aquilo.

5.22.2008

Tempo



daqui.

É tão assustador imaginarmos o quanto somos reféns desta palavra.
Como ficar a trabalhar até às 3 da manhã, ver o nosso nome numa ficha técnica pela primeira vez, acordar cedo.
Como percorrer Lisboa (que saudades da minha cidade), passar na Castilho e ver os Jacarandás pisados pela chuva (eu sem máquina fotográfica), lembrar-me da Feira do Livro daqui a dois dias, a Feira do Livro de Lisboa que sempre foi subir e descer o Parque Eduardo VII com carrinhos de bebé, agonizando com o calor, atirar livros para a rede do carrinho, comer gelados e disputar garrafas de água (como será agora debaixo dos chapéus de chuva?).
Como morrer num hospital, velar a morte de alguém, imaginarmos a nossa morte (não quero que ninguém me vele, não quero medidas extremas e máquinas, quero que me lembrem viva e não nesse momento em que a morte me tornará suplicante).
Como lembrar-me da minha avó no velório dela e pensar que aquela não era a minha avó, que a teriam trocado na morgue, de não a reconhecer tendo-a visto apenas umas semanas antes, e não era, a alma dela (ou energia, ou sopro, ou vida, como lhe quiserem chamar) tinha já partido e por isso já não era a minha avó. Que o mesmo acontecerá comigo (não quero que me velem, ver-me-ão reflectida nos genes dos meus filhos, netos se os tiver).
Que o tempo será o que tudo cura, o que tudo traz, o que tudo leva.

5.20.2008

De aniversários

de blogs.
Não imagino a Cat há 5 anos. Não será isso de admirar, hoje ao reler-me num blog que mantive uns meros 6 meses não me imagino a mim nessa altura, há 2 anos. Não faço ideia do que pensava, o que imaginava, com o que sonhava (se é que sonhava), se tinha preocupações e quais eram. E também não é lendo esse blog que descubro, à semelhança de um álbum de recordações guarda apenas uns momentos esparsos e superficiais daquilo que era a minha vida nessa altura.
E depois penso que tem de ser mesmo assim, que se recordarmos com exactidão todos os momentos ficaremos presos neles, estacados nos maus, sem querer largar os bons.

5.19.2008

Um dia da caça

Há uns largos meses um blogger que conheço chamou-me a atenção para a forma aberta como eu usava o blog para terapizar os meus problemas e como, quando isso estava relacionado com terceiros, os poderia expor e magoar.
Sei que o ouvi mas que não lhe prestei grande atenção, não achava eu ser explícita de nenhuma forma e assumi sempre que os blogs são e serão inevitavelmente ferramenta de exorcismo de fantasmas, não só para mim, para todos os que neles escrevem.

Pois.

Mas agora a verdade é que, tendo agora experimentado a sensação de ficar na outra ponta, dou-lhe razão: não é fácil e não é agradável estar do outro lado, mesmo que isso não seja propriamente óbvio para ninguém, eu leio e entendo e isso basta. Também não sou obrigada a ler, é um facto.
Mas leio, calo-me e engulo, nem que seja por não ter moral para agir de outra forma. E fico à espera (não com grande confiança, verdade seja dita) que, no dia em que tudo passe, possamos passar a outra fase.

No escuro

no meio de tantas vibrações de que estou farta, farta, escuto o meu corpo (e é tão raro escutar o meu corpo). Ele diz uma só palavra em repetição exaustiva. E é certamente uma palavra muito diferente da que os outros, tantos corpos que me rodeiam, emitem (amor; sexo; calor; beijar-te; assumir-me; tocar-te; odeio-te; larga-me).

5.18.2008

Comunhão

primeira comunhão

daqui.

"Imaginem a pessoa de quem mais gostam neste mundo, aquela sem a qual não imaginam ficar, a que vos faz sentir melhor quando estão com ela, a pessoa que mais adoram e que mais gosta de vocês, quem mais vos abraça e vos consola. Pois bem, tenho uma novidade para vocês: Jesus gosta muito mais de vocês ainda do que o vosso amor por essa pessoa".

Não sei se estou a blasfemar, mas para mim, enough tough love.

5.15.2008

Prostituição infantil

Do artigo da Visão, retenho sobretudo um depoimento chocante;
-Qual é a idade em que as crianças se começam a prostituir?
-O caso mais flagrante que tive conhecimento foi o de uma mãe que vinha deixar a criança de 8 meses num quarto de hotel e depois vinha buscá-la à hora marcada.
-E como é que os turistas têm acesso a essas crianças?
-São os funcionários do hotel que fazem o contactos, eram eles quem chamavam aquela mãe.

(estou a citar de cor, não tenho a revista comigo).

Não vou sequer tentar imaginar a que miséria humana é necessário passar para chegar para este ponto, mas acho que prova qualquer coisa. Que todos temos dentro de nós um Fritlz em potência, que ninguém está livre de cometer as maiores atrocidades, tudo depende do seu gatilho ser ou não premido. Se acreditarmos no melhor nas pessoas, também temos de acreditar no pior, não é?

5.14.2008

Bons genes



Mãe, tire-me esta música para o iPod.

4

Nasceu há 4 anos já. 4 anos é bastante, mas a ele custam-lhe a admitir. Gosta de ser bebé, de se aninhar, de chucha, biberon, fralda de noite, bonequinhos. Gosta da dependência não sei porquê, põe-me a mim e à minha impaciência à prova todos os dias. O meu filho Peter Pan é o que pede beijinhos quando me zango com ele, o que estabelece alianças estratégicas no recreio para não lhe baterem, o que demora 3 horas a sair de casa porque precisa de trazer colecções inteiras de pokemons, o que se deita no chão da Fnac a ver radiografias nos livros de anatomia, o que gosta tanto tanto da mãe e da mana (e tanto quanto da avó, da educadora e da namorada do pai), o que pede tudo, o que fica satisfeito com qualquer coisa, o que dá muitos beijinhos, o que pede colo todo o dia, o que se ri sempre, o que faz birras sem parar, o que detesta comida que se mastigue ("mãe, o meu maxilar mastiga muito depressa"), o que passa o tempo todo a roubar chocolates e se pode alimentar dias a fio de gelados, o que adora cantar, o que detesta tomar banho e o mar, o que ainda acorda de noite e se enfia na minha cama. É...ele.4.

5.13.2008

Sorte não é

entrar à frente da fila que contorna o quarteirão do Lux, isso é ser conhecida dos porteiros. Sorte é vir a subir as escadas e um tipo que não conhecemos de lado nenhum passar-nos para as mãos 18 euros em senhas de bebidas porque se vai embora.
E aposto que é só uma das muitas, muitas vezes em que sorte rima com ressaca.

5.10.2008

Confissão

Tenho saudades, de alguma forma (não de todas) de ser casada. Da vida correr lisa como uma autoestrada, comprida, sem curvas, rectilínea. De não haver complicações nem questões nem problemas sérios, de tudo ser perfeito. Sei agora (porque realmente não tinha maneira de saber antes) porque é que o meu cérebro tinha nessa altura necessidade de me atormentar com imagens intermitentes de catástrofes, de acidentes potenciais, de tragédias. Eu não sou capaz de conviver com essa linearidade, de ter paz. Agora que todos os tormentos podem vir de fontes externas, já não os imagino, eles são-no. E, de uma forma absurda, só quero que tudo volte a ser como dantes. Provavelmente para que volte a desejar que não seja.

5.08.2008

Pois

Estou fartinha de dizer que não tenho saudades do Porto. Eu não tenho saudades de viver no Porto, mas hoje ao desejar boa viagem a um amigo que foi para lá, memórias de sítios que adoro no Porto e onde fui (durante os momentos em que lá estive) feliz, surgiram-me em catadupa.
A Tavi, com a melhor esplanada da Foz onde comi tantos croissants com os miúdos. O Bazaar, onde a minha amiga protagonizou a cena mais hilariante da minha vida, a esplanada da praia do titan, onde passei todas as tardes do último ano em que lá vivi, o bar da praia da luz, a esplanada da marina nos almoços de domingo, a vista dos jardins do palácio de cristal, o restaurante de Serralves.
Não vale a pena estar zangada com uma cidade que não me fez nada apenas porque tive momentos menos bons lá. Carrego comigo estas memórias felizes, cada vez mais do que as menos felizes.

É este o post

onde declaro o meu socialismo assumido? É um bocado ao contrário mas pronto...

5.07.2008

Candidatos PSD

Vou poupar-nos a todos a mais um post de opinião política, não que não a tenha mas porque sinceramente até a mim pouco me interessa, quanto mais aos outros. Mas dei-me ao trabalho de visitar os sites dos candidatos do PSD (não sei se há ou haverá mais candidatos, tirei-os deste post, todos bonitinhos a abrir em blank como convém, se existirem mais avisem) mais por uma questão de curiosidade gráfica do que ideológica.
O primeiro que vi foi Por Portugal, pelo PSD - Manuela Ferreira Leite. É um site bem feito, as fontes serifadas dão-lhe um ar sério e um bocadinho antiquado (suponho que por indicação do cliente, o target serão os militantes de idade mais avançada). Apesar de ter sido feito on a budget e muito provavelmente num prazo apertado, tem leitura fácil, aspecto profissional e navegação agradável. Eu mudaria: os títulos do menu (alguns estão longos e outros curtos), a caixa "quero inscrever-me", parece encravada entre o menu e o header. É pena não ter um blog ou fórum associado.
O site Objectivo Portugal - Pedro Santana Lopes abre muito bem, com uma boa imagem de fundo e o hino do PSD (que tantas boas memórias me traz), é um site que vive de vídeos e que se pretendia dinâmico mas acaba por se tornar muito confuso. Tem o link para o manifesto abrir em pdf (perfeitamente desnecessário), algumas partes dos vídeos têm a imagem invertida,a conjunção de vídeos com textos a rodar em cima e em baixo dão dores de cabeça e, sinceramente, alguém tem paciência para abrir 20 ou 30 vídeos? Tem um blog associado, mas infelizmente não adaptado à imagem do site.
O futuro é agora - Pedro Passos Coelho sem dúvida o melhor site, menu em JavaScript muito bonito, bom aspecto, boa leitura, navegação clara e simples. É um pouco estático o que, a meu ver, é uma qualidade num site de uma candidatura política onde demasiados adornos parecem querer desviar a atenção dos conteúdos. A agenda é clara e fácil de seguir, todo o site está muito bem construído e estruturado. Deveria ter linkado o blog de apoio.
O site da candidatura de Patinha Antão está em baixo e não o consigo visualizar, mas já lá estive e achei fraquinho (a começar pelo nome do candidato, que parece ter sido criado com o único propósito de servir como chamariz para trocadilhos).
Finalmente, António Neto da Silva, nunca ouvi falar deste candidato, como suponho que a maioria da população, militantes do PSD incluídos, e também não é pelo site que fico a saber mais dele. É um site bastante simples, artesanal quase, e simples pode ser bom mas neste caso não ajuda muito. As páginas são todas iguais e só muda o texto, a sensação com que se fica é de que se está sempre na mesma página. Tem um único script cuja função é esconder a única imagem do site (a fotografia do candidato) e o menu de navegação (o que faz tanto sentido como usar uma peneira para transportar água, mas isto sou eu a dizer). Se tivesse que apostar, diria que o site foi feito por um programador.

5.06.2008

Deve estar alguma coisa errada na minha

vida quando oiço um anúncio a um anti rugas e penso "mas como é que as pessoas têm tempo para reparar que têm rugas?" (mas depois perdi uns minutos a matutar nisto quando devia era ter ido ver se tenho rugas).

Porque é que eu nunca poderia ser de esquerda

falta-me esta espécie de demagogia, o que fazer?

5.04.2008

Demasiado

Há muitos dias em que acordamos e achamos demasiado. É provável que sejam mais estes dias até do que os outros, ou pelo menos para mim são. No Natal o meu pai deu-me alguns livros, um dos quais da Doris Lessing, chama-se Amar de Novo. Ainda o estou a ler (já li outros no meio, aquele não sei porquê vai ficando para trás) mas não deixei de o olhar nunca como o livro da encalhada.
Hoje ao consultar a "recent keyword activity" do blog, no topo vejo "lista das mulheres que nunca namoraram" (quem o raio é que pesquisa uma lista de mulheres que nunca namoraram? Sim, sou encalhada, mas não exageremos); a seguir eis os "sentimentos virtuais" (tá bem tá); "aula patologia humana blogspot" (o quê?); "conto da doutora lésbica com a paciente" (não me parece que seja aqui no meu blog, mas pronto, podem continuar a mandar postais); "conto de sádico" (ui), "não vivemos numa sociedade machista" (ah pois não).

5.03.2008

Invejo as pessoas criativas,



(Salvador Dalí, Inaugural Goose Flesh 1928
© Salvador Dalí, FUNDACIÓ GALA-SALVADOR DALÍ)


juro que sim. As pessoas que não podem estar sem desenhar ou sem pintar ou sem escrever ou sem compor, para quem toda a produção é uma torrente sem fim à qual, se não for dada vazão, as consome até a poderem libertar. As que criam sem sofrimento e sem terem de pensar que aquilo é trabalho e que precisa de ser feito, sem se questionarem nem porem em causa nada do que lhes sai de dentro, se é arte ou não (que interessa isso) não podem é estar sem extravasar e depois criam, umas com sucesso, outras menos, possivelmente por uma questão de azar ou sorte (estar no local certo na hora certa, ter um gosto semelhante ao da maioria das pessoas). E invejo-as porque tudo o que crio é incerto e tremido e sem vontade, é trabalho, é sofrido, nunca fica exactamente como quero e não quero ter de depender disso para sobreviver.

5.02.2008

Será dia da mãe

e eu vou lembrar-me, nunca pensei que pudesse ser tão difícil ser mãe.
Será dia da mãe e pensarei que o que queria era descansar e não ser mãe por uns dias (semanas).
Vai ser dia da mãe e vai-me passar pela cabeça que ser mãe não deveria ser assim um sacrifício constante, ou que se calhar só pode ser assim, sair do emprego e ir buscar um e depois o outro a outra escola, ir a correr para a ginástica, voltar a correr para casa, arrastar duas mochilas, um cesto, sacos de compras e casacos, tirar a custo a chave da porta, ralhar porque ele não se despacha e eu estou tão carregada, entrar em casa, fazer o jantar e arrastá-lo para o banho aos gritos, depois rir muito porque diz uns disparates no banho, depois ralhar porque não me ajuda a vesti-lo, depois ir a correr buscá-la à ginástica, trazê-los de volta, gritar muitas vezes para ela ir para o banho, pôr a mesa, ralhar porque ele não janta sozinho, discutir de quem é o dia de ver televisão, depois ler-lhes uma história na cama (agora é a fada Oriana, a três ou quatro páginas por dia), depois ter ainda tantas coisas por fazer e estar tão tão cansada. Não sei se tem de ser assim. É-o. E não me deixa tempo para mais nada. Eu quero muito ter tempo para outras coisas, mas sinceramente não sei como.

pessoas com extremo bom gosto