Imaginemos que se inscreve no PSD um médico com uma carreira profissional de sucesso, cheio de ideias sobre a saúde e com vontade participar na renovação do partido.
Após receber o cartão pelo correio, o nosso médico é integrado na secção do partido do local onde reside. O que ele sabe é de saúde, mas não há nenhuma estrutura dos militantes da área de saúde. A área geográfica é que conta.
Lá vai ele, por exemplo, para a secção A, de Benfica. Na primeira Assembleia de Secção onde participa, cedo compreende que não é ali que vai poder discutir as suas ideias. Não há lá mais nenhum médico, nem sequer quem perceba de saúde. Aliás, o ambiente pode ser deletério.
O médico apercebe-se também que as pessoas que participam na Assembleia estão mais ou menos pré-ordenadas pelas tendências nacionais que degladiam: barrosista, cavaquista, santanista, passoscoelhista, etc. E fica desagradado com a confrangedora discussão a que assiste, pois que os participantes se limitam a repisar o que o que já foi pelos mentores das tendências.
O nosso médico não se revê em nada disto. Entrega então um pequeno memorando ao presidente da Secção com as suas ideias para a saúde, pedindo-lhe que o faça chegar à estrutura adequada do partido.
O presidente da secção, que está nesse cargo há mais de dez anos, e que apoiou todos os líderes, sem excepção, e que se sucederam uns contra os outros, desconfia. E o papel por ali se fica.
Inconformado pela falta de notícias quanto ao destino do memorando, o nosso médico decide que o melhor é tentar falar directamente ao coração dos militantes reunidos em Congresso, ou em Assembleia Distrital.
Não dá. Apesar de altamente qualificado e de ter propostas escritas, só se for eleito delegado na secção A é que lá pode ir. Mas para isso precisa de ter votos. De ser proposto e eleito delegado. Numa palavra, de estar inserido numa tendência pré-existente e de conhecer alguém na secção que valorize o seu contributo.
Ora, era contra as tendências já existentes que o nosso médico queria trabalhar. E para alguém valorizar o seu contributo, era preciso que percebesse do tema, o que não acontece.
Azar. Inconformado, decide mandar as suas propostas por carta ou email, para a sede do partido.
Ninguém lhe responde. O email está pensado para enviar propaganda a anunciar comícios e arruadas, não para receber contributos de militantes. E mesmo que os receba, é lido por uns funcionários que não têm competências para avaliar o seu conteúdo.
E lá morre uma segunda vez a contribuição do nosso médico.
A lição é simples: as estruturas partidárias não se adequam aos tempos modernos, que exigem uma hiper-especialização temática.
A estruturação por áreas de residência perpetua a máquina partidária, e afasta as pessoas de qualidade da sociedade civil que poderiam trazer ideias e propostas novas.
Com as máquinas partidárias imutáveis, as tendências instaladas perpetuam-se. As pretensas renovações não são mais do que cooptações promovidas pelas tendências dominantes e validadas em assembleias por elas condicionadas.
Para renovar é preciso abrir o partido. Mudar os estatutos. Criar secções por especialidade e não apenas por residência. Abrir o Congresso e as Assembleias Distritais aos militantes que registem uma proposta de moção temática, mesmo que não sejam eleitos delegados. Substituir a estrutura piramidal de organização territorial por uma geometria flexível sectorial.
Em suma, transportar o partido para o século XXI.
22 comments:
É de facto o que acontece e é uma pena, pessoas válidas nunca são bem vindas, nem se sentem bem vindas com este esquema.
Concordo!
Martim,
A politica é, cada vez mais, dos politicos profissionais. Esses andam nisto desde a faculdade e não percebem nada de nada a não ser desses joguinhos.
Basta ver quem nos governa há 15 anos...
saudações
Excelente crítica Martim. Muito boa mesmo. E daquelas que ensinam, não do bota-abaixo típico do partido sobre o qual escreveu.
Certeiro
e é uma descrição perfeita do aparelho de estado. compreendes agora porque sou liberal[ista]?
Estou a ver... A mim parece-me que os partidos se organizam da mesma forma que a sociedade, por freguesias, concelhos, distritos/regiões autónomas e de ambito nacional.
Mas segundo o seu raciocinio deveriamos organizar-nos por: produtores de carne, leiteiros, carteiros e não esquecer médicos com imenso talento! Sim... Sim... Isso iria por qqr sociedade em hiper-funcionamento! Que argumento LIBERAL mais pobre! Defender o que acreditamos exige um minimo de estudo.
Augusto,
Mas, um gajo, que não um politico profissional, que tenha ideias sobre isto ou sobre aquilo, que pode estar relacionado com a sua profissão ou não, chega lá como?
Explica-me lá, como se eu nem percebesse do que falo, como é que um medico explica uma ideia sobre o SNS a um politico profissional que só está interessado em subir na "escadinha" do partido...
É que o texto parece-me bastante explicativo. Já a tua opinião, nem por isso! Argumentas com um "argumento liberal pobre" (já agora explica-me isso também) e que as coisas requerem um minimo de estudos. Ou seja, de concreto, nada! O que explica a tua posição, parece-me.
Pois, caro Augusto, queres um estudo melhor que os 35 anos de "Democracia" em Portugal?
Olha, faz assim: tira os milhões que a UE meteu cá nos ultimos 20 anos e vê o que seria de nós, com a nossa produção e com as politicas que têm sido feitas, sem isso. Chega-te para estudar?
Se não chega, faz outro exercicio: pega nos nomes que estão no poder desde o 25 de Abril e vê o que as familias tinham, os cargos que ocuparam durante todo este tempo e o que têm hoje.
E já agora, faz uma continha simples: vê o endividamento do país em 1980 (e dou-te de barato 6 anos de gamanço puro, inclusive das ex-colónias), o actual e o estimado para 2012.
Depois de teres essas contas, fala-me de argumentos pobres...
E o texto nem é meu... não sei se "reparastes"...
Saudações
Caro Augusto: o que defendo é que, alem da organização regional, deve haver igualmente organizações sectoriais e temáticas, de forma a que cada possa dar o seu contributo específico, não diluído em agremiações generalistas que mal o podem avaliar.
A organização geográfica só serve para tartar de problemas locais e regionais, e não problemas transversais. A secção de Benfica de um partido não discute os problemas da Saúde, ou do sistema financeiro, por exemplo. Está mais vocacionada para problemas locais dos cidadãos enquanto residentes e utilizadores desse espaço.
Mas se vir bem, não são só essas as propostas que defendo. Por exemplo, o acesso ao Congresso a quem registar moções, para as defender, mesmo sem ser delegado
Caro Martim,
Tanto quanto sei, existem em todas as organizações de cidadãos a que nos referimos como partidos, existem secções temáticas transversais. Essas estruturas têm normalmente uma característica de englobarem os profissionais de um determinado concelho e/ou distrito. Ou seja por ai o assunto está resolvido. Se aparecer um "médico do melhor que há" acredite que não precisa de se filiar em nenhum partido para lhe irem pedir opinião... depois há aqueles que acham que são muito bons... depois acordam! ;) Também existem organizações profissionais que influenciam o poder politico, como as ordens e sindicatos. Acho k não ha estrutura mais especializada que essas na nossa sociedade...
Em relação ao seu último ponto, defende então que um delegado a um congresso, não deve ser escolhido pelos seus pares. Bastando apenas a um qualquer militante apresente um moção para deve poder ir directamente ao congresso. Eu acho isso incomportável... Repare aceita que um cidadão seja eleito pelos seus pares para o Parlamento, ou defende que cada cidadão tenham o direito de ir para la bastando para tal que tenha uma ideia para defender?
Miguel,
Mas um gajo quer chegar onde?
Penso ter respondido às suas questões na resposta ao Martim (único destinatário do meu primeiro comentário).
Em relação a este sistema democrático que refere de tão nocivo...
Penso que qualquer miúdo no secundário sabe que tem de fundamentar a sua argumentação e contextualizar os temas! Isto de generalizar é uma perigosa táctica política...
Repara, não defendendo que tudo é perfeito, mas que com o esforço de todos so poderemos melhorar.
Mas assim sei grande pesquisa:
- em 1974 tinhamos perto de 50% de analfabetos, e hoje?
- em 1974 não tinhamos SNS, e hoje?
- em 1974 eramos um estado isolado diplomáticamente, e hoje?
- em 1974 tinhamos a maior taxa de mortalidade infantil da OCDE, e hoje?
Se quiser posso continuar. Vamos pegar no de positivo que a nossa sociedade consegue produzir e galvanizar esta dinâmica!
Reparei que para ti o nosso regime democrático é entre aspas... Espero que me diga qual o melhor! Temos todo o mundo livre e democrático do mundo suspenso pela tua descoberta!
Aguardo o teu comentário!
Caro Augusto
A democracia conhece formas diversas de participação e não é de excluir que, mesmo nos órgãos de soberania ou de adminstração regional e local haja participação e intervenção directa de cidadãos
Veja, por exemplo, as sessões de Cãmara, que podem ser abertas a todos, com direito de intervenção. Porque não não um Congresso partidário, desde que, repito, haja inscrição e registo de propostas?
Num parlamento isso não acontece porque vale o princípio da represenatitividade democrática definido em termos rígidos pela Constituição, mas nada impede um partido de prever outras formas de participação (mesmo que sem direito a voto).
Repare, aliás, que no PSD há muitos participantes no Congresso não eleitos e sem direito a voto (Art.16º/2 dos Estatutos, pelo que não estaria em causa qualquer qestão de princípio.
Quanto às organizações transversais, parece que elas não estão previstas como órgãos do partido nos estatutos do PSD , que pode consultar http://www.psd.pt/archive/doc/estatutos_2006.pdf.
Augusto,
O sistema democrático não é nocivo. Não é perfeito e podia ser algo melhorado se houvesse interesse nisso.
Pois, o esforço de todos... Desculpa lá mas não vejo grande esforço em melhorar. O que vejo é esforço em confundir a coisa de modo a que se possa ir fazendo o que se quer (de jogos de interesses a pura corrupção) sem grandes problemas.
Por ISSO é que temos uma justiça MISERÁVEL. E num país onde a justiça não funciona, é dificil o resto funcionar bem.
Agora, estatisticamente, é quase tudo licenciado (dr para cá, dr para lá) mas somos realmente mais cultos, mais eficientes, mais productivos? Ou, de outra maneira, evoluimos nestes 35 anos aquilo que (a uma ritmo normal) seria de esperar? Aquilo que, por exemplo, os outros paises evoluiram?
Quando se parte do 0 (zero) é facil subir um pouco... penso eu...
De qualquer maneira, muito dessas 4 linhas que usas para exemplo têm a ver com tudo o que a UE meteu cá e não o que fizemos sozinhos.
É claro que se evoluiu.
É claro que hoje, no geral, é TUDO (ou quase) melhor que em 1973.
Para mim a politica é, ou devia ser, um momento altruista do cidadão em prol do país. Por momentos abandonava a sua actividade profissional e colocava os seus conhecimentos e capacidades ao serviço de todos. A politica seria uma missão.
Ora não é nada disso que se passa.
Hoje vive-se da politica e não para a politica. Haver pessoas que daem da faculdade e entram directamente para cargos politicos, ou empregos politicos, e fazem toda uma vida dentro do sistema politico é qualquer coisa de degradante. É aqui que o sistema falha. Essas pessoas vivem para a sua carreira e não para servir o país durante um determinado momento ou periodo. Claro, há um sem numero de interesses pessoais em cada movimento, em cada decisão...
Em relação ao regime "democrático", quer isso dizer que esse regime tem coisas que me parecem pouco democraticas, para usar a mesma palavra.
Haver 40% de abstenção, ou seja, 40% das pessoas não se revêem neste regime democratico ou nas pessoas que o representam, e isso não significar nada, ou não ter qualquer influência para esses representantes é algo com que discordo amplamente.
Levando isto ao extremo, poderemos chegar ao ponto em que TODOS os cidadãos que estão fora da politica, imagine-se que sejam 80%(só para servir de exemplo), não votem e sejam os 20% de politicos que decidem o SEU futuro (e o dos outros).
Ora o facto de TODOS os cidadãos se recusarem a dar o seu voto a qualquer politico é um sinal inequivoco que estão contra (não este ou aquele mas) todos e, claro, contra o sistema.
O que os politicos retiram daqui é que "é uma pena que haja 80% de abstenções" mas nada mais.
Quem não vota é porque não se revê em nenhum politico e em nenhuma politica. Pior, é porque não acredita sequer nessas pessoas.
Os outros regimes serem iguais ao nosso, não faz o nosso bom. Mas faz os outros igualmente maus. Mas, nem todos são exactamente iguais. Uns têm coisas melhores e outros piores.
O que me parece é que deviamos procurar melhorar o sistema. No minimo copiar o que outros têm de mais justo.
Bem, 40% de pessoas que se estão "a borrifar" para os politicos... como disse, devia querer dizer algo.
De qualquer maneira, agradeço a tua resposta.
Caro Martim,
Concordo que todas as formas de funcionamento de qualquer organização pode ser alterada. Mas gostaria de chamar a sua atenção que o exemplo que deu para sustentar a sua logica não existe (a do médico cheio de ideias).
Como vive em Benfica, passa pelo PSD ou qqr outro partido, e peça para ver a ficha de inscrição de militantes e poderá verificar, que tem uma opção para a sua inscrição em secções temáticas.
Obrigado pela resposta.
caro Augusto, verifico estarrecida que descobre muitas coisas através, certamente, de uma imaginação prodigiosa e completamente apartada dos factos.
desde logo, que não existem médicos cheios de ideias...[eu podia dar exemplos concretos que refutassem esta ideia, mas vou deixar esse espaço para a sua imaginação preencher]. outra: que o Martim vive em Benfica.
leia o que está escrito, boa?
Miguel,
Acho interessante que diga que subir do zero é fácil. Para já nao falar dos custos de oportunidade, lembro-lhe que os nossos parceiros europeus iniciaram em 1945 aquilo que nós não tinhamos em 1974. Ou seja o nosso investimento teve de ser mais intenso e num periodo de tempo bem mais curto para tentarmos chegar às médias. Ainda faltam coisas, mas a verdade é que muito já foi feito. Temos muitas empresas que há 30 anos não eram nada, e hoje são exemplos no mercado global! É preciso dar tempo ao tempo! E esse exemplo de que onde teriamos de estar... É pá! São suposições! Cientificamente é impossível de quantificar!
Em relação à suposta impunidade da justiça em relação aos políticos. A sua generalização é perigosa... Primeiro porque injusta e infundada, e segundo porque simplesmente afasta qualquer cidadão da política nem que não seja para não ser chamado de corrupto qd nada de grave fez.
Eu sou do Norte, aqui temos dois exemplo de autarcas que foram apresentados à justiça. O primeiro depois de varios anos de julgamento publico foi provada inocencia num tribunal! O outro foi dado como culpado, proibido de exercer cargos públicos durante 4 anos. Este ano vai voltar a concorrer e provavelmente ganhar! Ou seja! Do meu ponto de vista não são os políticos (como dizes) que estão mal... Somos todos nós (tb generalizando)!
Em relação aos abstencionistas... Estive há pouco em Londres, aproveitei e dei um salto ao parlamento mais antigo da europa... Para meu espanto, tinham votado nas autarquicas apenas 25% dos cidadãos! Lá nínguém acha que isso quer dizer que sejam contra o regime democrático, mas sim a favor! Confiam tanto no regime democrático que sabem que se não forem votar os que vão são responsáveis e defenderão sempre a democracia! No primeiro dia em que a democracia inglesa estiver em perigo, pode acreditar que a abstenção baixa rapidamente! O seu pensamento é resultante da ainda jovém cultura democrática que temos... Se por um acaso tivessemos de ter lutado contra um regime como o Nazi ou Marxista, acredite que hoje ninguém se preocuparia com a abstenção, porque teriamos enraizado na nossa cultural os valor da liberdade! Que acredito que a maioria de nós tem!
Clara,
Algum dia entrou num partido?
Algum dia entrou num sindicato?
Algum dia entrou numa ordem profissional?
Se sim! Sabe que o que escrevi é verdade! São os factos. Aqui quem tem imensa imaginação não sou eu... Um bocadinho mais de rigor só lhe ficaria bem!
Qual o problema de o Martim viver em Benfica, so se for por eu ser Portista! LOL
o martim não vive em benfica.
já entrei num partido, nunca num sindicato nem numa ordem.
onde está a minha falta de rigor?
Clara e nesse partido não havia secções temáticas? Honestamente!
O seu amigo médico se não encontrar um partido que o entenda... Imagine um médico muito bom e cheio de ideias, filiar-se no PCP. Pede para falar e apresentar as suas ideias... Vai e defende que o melhor do seu ponto de vista é a privatização do SNS... Acha que esse seu amigo tem sucesso? LOL
Por mim terá mais sucesso no CDS/PP, ou na ordem! Mas claro terá que estar preparado para a concorrência dos seus pares e para o contraditório e dialéctica. Se calhar muitas vezes o problema de muita gente de boa vontade, outro é ser considerado "corrputo" pelo rsto da sociedade!
Ainda bem que o Martim não vive em Benfica. :) Mas devera ter uma secção partidária no sitio onde vive, não?
ainda bem porquê?
[não reparou que eu n estava a debater o assunto do post, por pura e simplesmente não ter opinião formada no assunto em concreto? eu opino muito, mas não quando tenho desconhecimento de causa].
Martim,
Volto ao mesmo, que as pessoas tenham ideias e opinões é uma coisa, agora que venham com o link dos estatutos de um partido e digam que não há referência a estruturas temáticas! É no minimo irresponsabilidade!
No link que deu, mas que obviamente não leu! É sempre mais facil mandar bocas...
http://www.psd.pt/archive/doc/estatutos_2006.pdf
Poderá encontrar no Artigo 73º, na página 8.
Artigo 73º
(Conselhos Estratégicos, Grupos Temáticos e Conselhos de Opinião)
1. Junto do Presidente da CPN funciona, com a composição por este
determinada, o Conselho Estratégico, com natureza consultiva.
2.O Conselho Estratégico integra personalidades de reconhecido mérito, e
competência, militantes do PSD ou independentes, e destina-se a aconselhar o
Presidente da Comissão Política Nacional no que toca às grandes questões
nacionais.
3. Junto de cada Comissão Política Distrital existe, igualmente, um
Conselho Estratégico, com objectivos e composição similares.
4. Podem ainda ser criados, a nível local ou distrital, por decisão das
respectivas Assembleias, Grupos Temáticos.
5. Os Grupos Temáticos devem integrar militantes e cidadãos
independentes, em função da sua especialização política, técnica ou
profissional, e visam a reflexão e o debate de questões sectoriais com
relevância política.
6. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, as Comissões
Políticas podem instituir, em cada escalão da estrutura partidária,
Conselhos de Opinião de carácter consultivo, abertos a cidadãos
independentes, tendo como objectivo essencial a análise e o debate de
questões de interesse público.
Pode verificar! Ou seja, depois de ter-se demontrado que o seu blog está completamente errado, e não passa de uma suspeição infundada, não fazendo a menor ideia do que estava a escrever. Espero que por honestidade intelectual se retrate... Caso contrario as suas opiniões ficarão sempre manchadas pela suspeição do preconceito que tem em relação a este partido...
So por uma declaração de interesses, eu não sou do PSD, nem nunca fui! Sou um democrata e não engulo tudo...
Caro Augusto
Eu conheço bem os estatutos do PSD.
Repito o que disse: não existem na estrutura órgãos temáticos. repito, como órgãos. Cito o que disse acima: "Quanto às organizações transversais, parece que elas não estão previstas como órgãos do partido nos estatutos do PSD , que pode consultar".
Percebe concerteza a diferença entre um órgão (que expressa a vontade dos militantes)e um simples grupo consultivo ou de apoio, dependente das estruturas geográficas pré-instituídas. Além disso, como pode ver no que cita, não são obrigatórios. Podem ser criados, com natureza de apoio, mas não são obrigatórios. Na prática, não forma criados ou pura e simplesmente não funcionam, com excepção do gabinete de estudos. Creio que o Augusto compreenderá onde quero chegar: estruturas sem poder, não obrigatórios, não existente ou que não funcionam não podem ser citadas para contrariar o que escrevi.
Caro Martim,
Eu compreendo a sua argumentação no seu ultimo post. Penso que estamos perante uma gestão de expectativas.
Em relação aos congressos, e como conhece o PSD, existem três fases do mesmo. A primeira de discussão de moções(realizado em diversos locais e onde qualquer pessoa se pode inscrever e dar a conhecer a sua opinião), a segunda fase é a eleição pelas bases dos delegados (conforme a subscrição de moçoes) e a fase final (aquela que todos vemos na TV) que é a fase de votação das moções. Claro que quando chegamos a fase das moções e no caso de haver uma que obteve a maioria dos votos, não há muitas discussões entre delegados. Resumindo, qualquer pessoa pode apresentar e defender a sua moção, e esta será escolhida ou não pelos pares. Imagine um partido como o PSD, que tem dezena de milhares de militantes pelo país, se todos fossem apresentar moções no dia do congresso... duraria semanas!
Em relação aos órgãos temáticos. Eu defendo que deve ser em Assembleia Geral (onde todos os militantes têm o mesmo peso) que se devem criar ou encerrar este tipo de órgãos. Nunca deverá ser através de estatutos, e por uma razão simples... Hipoteticamente, eu defendo que deveria existir um órgão de discussão sobre os transplantes, o Martin defenderia um sobre a eutanásia, outra pessoa sobre o financiamento do SNS, e por ai fora. Eu defendo que as pessoas devem lutar pelo que querem, chegar a uma assembleia geral e pedir a constituição desse tipo de estrutura. Logicamente não é fácil, é preciso convencer os pares da importância de tal grupo e da sua sustentabilidade.
Mas há coisas simples que se podem fazer e que se calhar têm mais impacto. Como por exemplo, e isso qualquer militante o pode fazer, organizar um debate interno, com convidados do partido e/ou independentes... Isso existe muito! Tem mais interesse porque para além da discussão que provoca também tem um efeito pedagógico nas bases!
Penso que há coisas que se podem exigir aos partidos, mas só poderemos exigir aos outros na mesma intensidade com que somos exigentes connosco. Apresentar um argumento baseado na passagem de ideia de que as "coisas" não acontecem porque há interesses, não acho correcto. Defender o impraticável, também não me parece sensato.
Como diz o povo, O ÓPTIMO É INIMIGO DO BOM!
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