9.22.2009

À porta da escola

duas mulheres falam muito alto. discutem, penso, mas ao chegar mais perto estão apenas a contar as novidades uma à outra.

e disse-me que não me atrevesse a pôr lá os pés outra vez porque me matava. só estive com ele duas semanas e sabia lá que o homem era assim, parecia-me um senhor.

a minha mente, visual como de costume, preenche os brancos e imagina um homem género Francisco Pinto Balsemão ou Miguel Horta e Costa sentados numa sala de visitas de uma cadeia [das dos filmes, uma mesa metálica com um pequeno separador no meio, duas cadeiras de costas de metal], gravata de seda e fato Zegna, as bocas mexem sem dúvida mas não são aquelas as palavras proferidas.

obviamente, a minha noção de "senhor" e a desta mulher são completamente distintas, tento então imaginar o que será a imagem de "senhor" dela. não consigo, desisto.

chego apenas à conclusão que me persegue desde sempre - a mente humana tem uma capacidade infinita de se enganar a ela própria.

2 comments:

Sabina said...

O senhor dela seria mais do tipo Pinto da Costa.

(gosto muito, muito da última frase)

Anonymous said...

É mesmo verdade...
Custa-nos encarar a Verdade quando ela é bem diferente do que desejamos.

pessoas com extremo bom gosto