12.30.2009
old year
não se preocupem, é tudo questão de gestão de expectativas. para o final deste ano não me faltou dinheiro para pagar as contas e tenho uma pessoa maravilhosa [a minha mãezinha fofinha] que me vai buscar e às vezes levar os filhos à escola. o meu carro não se avariou [muito] e os quilos que engordei ainda não me impossibilitam de comprar roupa em lojas de tamanhos normais.
no meio de tudo isto, ganhei dois amigos fabulosos.
happy new year.
12.28.2009
new year
blog do ano: Sete sombras
blogger do ano (XY): Pedro Lomba
blogger do ano (XX): Sofia Vieira ex aequo Lady oh my Dog
post do ano: por acaso gosto mais das bravo-esmolfe
banda sonora do ano: The XX
filme do ano: 500 days of summer [ah mas nem estreou cá...temos pena, é sacar da net como toda a gente]
livro do ano: triologia Millenium [são três, ah pois é, mas "triologia do ano" não ficava nada bem]
acontecimento do ano: o meu filho que aprendeu a ler sozinho [este é o MEU balanço]
vista do ano: esplanada do silk
12.23.2009
12.21.2009
Publi-felicidade
O que é isto? É a publicidade a um PPR. É a publi-felicidade.
Uma família. Tudo giro. Um cão a condizer. Uma carrinha.
Harmonia. E um PPR que protege aquela felicidade toda, como um anjo da guarda.O estereotipo vendido pela publi-felicidade corresponde ao ideal de muitos. Senão não seria eficaz. E são muitos os que replicam o modelo do pai perscrutador de horizontes, do cão saltador e da carrinha nas suas vidas.Pode dar-se o caso de o pai ser um filho da ** do pior e da magia já ter regressado à terra do Mago Merlin há anos. Mas a louríssima mãe tolera tudo. Umas vezes enfastiada. Outras esperançada. “Por causa dos filhos”. Por causa dos filhos? Não. Por causa de uma imagem. Porque aos domingos, mesmo que a semana tenha sido miserável, sobe ao palco a pequena encenação da publi-felicidade. No teatro de um restaurante. Quem sabe, de uma esplanada à beira-mar. Oxalá o Volvo não parta o turbo no regresso. O meu às vezes dava chatices. Porque raio temos de parecer todos felizes? E dizer que estamos sempre bem, sempre óptimos, quando nos perguntam? Por recato, em alguns casos. Mas porque a publi-felicidade se arvorou em ideal social, em muitos outros casos. E se uma pessoa se revela menos feliz, macambúzia, pensativa, preocupada, sei lá, ai, cuidado, coitada, pode estar deprimida. Que horror. E agora? No emprego, deprimida? Sair connosco, deprimida? Pode não se rir das piadas idiotas do Carlos. Já não há harmonia no nosso jantar. Ai Jesus. Que diabo, a felicidade não é uma linha recta.
whole in one
para sempre, até daqui a uma semana, até daqui a dez anos, inteiro.
[não gosto do amor gritado, exibido, declarado nas ruas para estranhos ouvirem, publicitado, escrito em cartazes, anunciado, fotografado. acima de tudo faz-me impressão o amor que é fabricado para completar alguma lacuna]
12.19.2009
same sex
[os meus parabéns ao PS, criar este tipo de oxímoros não está ao alcance de todos].
12.17.2009
richter
[para o martim]
12.16.2009
Sozinho, mesmo sozinho
Falo do estado de “sozinho, mesmo sozinho”.Não me refiro ao estado “sozinho com pontas soltas”. Com coisas por resolver, que vão e vêm. Isso não é estar sozinho. É a pior coisa que há. Essas pontas dão-nos muito trabalho, a tentar atá-las ou desatá-las. Por ali nos consumimos, sem glória nem proveito duradouro. Ficamos focados na ponta e desfocados do que nos rodeia. Perdemos o bom que circula à nossa volta.
Acho que há cinco anos que não estava sozinho, mesmo sozinho. Tudo começa com uma decisão racional. E com um grito dado a nós mesmos. “Haja dignidade, pá !”, por exemplo. Dignidade para não magoar mais quem gostamos muito, mas não o suficiente. Ou dignidade para nos recusarmos a ser mais magoados por quem não gosta o suficiente de nós. Ou então, se for esse o caso, berramos “esta gaja é uma pulha. Não lhe vou perdoar mesmo”. Inscrevemos no nosso cérebro esse mal todo e com ele vacinamos o coração. Inicialmente custa estar sozinho, mesmo sozinho. Mas depois, aos poucos, vamos começando a saborear-nos. Há quanto tempo não nos saboreávamos, é a pergunta que surge à nossa frente. Deixamos de ter “dates”. Começa a ser natural chegar sexta à noite sem nada combinado. Ou sem a pressão de combinar algo. Para marcar espaço.De súbito, tudo se torna simples. Os amigos deixam de dizer “podes trazer alguém” e dizem apenas “vem”. Começamos a sentir um imenso poder. O poder de saber que não dependemos de ninguém. Começamos a ver a beleza à nossa volta. O nosso humor torna-se mais acutilante. Deixamo-nos de merdas. Sentimo-nos disponíveis para o que de novo aí vier. Deixamos de depender do passado. Deixamos de estar à espera e passamos a ter esperança a sério.Podemos vestir sem receios aqueles boxer anti-sexy, mas tão confortáveis, sem receio de que não possamos estar à altura das circunstâncias, porque sabemos que não vai haver circunstâncias dessas.
Nesta quadra de presentes, o sozinho, mesmo sozinho foi o melhor que pude oferecer a mim mesmo. E sorrio, porque amanhã à noite terei a sorte de estar a admirar as iluminações de Natal nos Champs Elysées. Como o ano passado. Como em todos os últimos anos.
no mirrors
se isto fosse uma coisa à séria e não esta treta entre quase famosos e opinion fuckers agora estava a montar uma banquinha de bilhetes com o reacça.
neste mini circo blogosférico nacional não passa de um drama de pacotilha.
de qualquer forma, aprendemos sempre qualquer coisa que já sabíamos quando se zangam as comadres: que alguns pedros não têm espinha dorsal e outros sim.
charlotte
mas, por azar, quem escreveu o guião da minha vida não foi o Hermann Hesse mas sim o argumentista do Sex and the City numa bad trip.
por isso, com licença, que vou só ali fugir com um transexual convertido em padre da opus portador de cilícios em ambas as pernas e braços e que anda a monte por ter morto à facada o pai e a mãe por ter descoberto que o pai não era o pai mas sim a mãe e que a mãe não era a mãe mas sim o pai.
volto já.
12.15.2009
12.14.2009
chat
[dis]claimer
isto vale para o post imediatamente abaixo [e para tantos outros].
12.13.2009
Um discurso sublime
Moncler: pode a cimeira de Copenhaga salvá-los?
12.12.2009
Vamos ganhar menos 10% para salvar o País?
12.11.2009
forever young
passei esse ano em Maastricht. à meia noite fomos à baixa da cidade, lembro-me que não nevava mas havia uma máquina que atirava neve para o meio da rua. nesse momento eu tinha 25 anos e o meu pai 49. então o meu pai ia comigo na rua e ao passarmos a máquina que atirava neve por uma janela eu disse uma coisa qualquer sobre a passagem do milénio e ele respondeu-me "sabia que este dia ía chegar. toda a minha vida esperei que este momento chegasse, a passagem do milénio. sabia que nesta altura já teria 49 anos, mas nunca pensei que me sentisse tal e qual como quando tinha 25".
foi nessa altura que percebi que a idade era a coisa mais ingrata do mundo, porque quando temos 15 achamos que aos 20 vamos ser mais velhos e sentir-nos de forma diferente, quando temos 20 achamos que vamos chegar aos 30 e ser outras pessoas e por aí em diante. e no entanto, pese embora o facto da idade ser aparente para todos à nossa volta, mesmo que os filhos dos amigos nos tratem por tia [foi o dia em que me senti mais velha do mundo, a primeira vez que isso aconteceu] e ainda que ninguém nos peça identificação à porta de uma discoteca, por dentro ainda temos 15.
pensamos da mesma maneira ansiamos pelas mesmas coisas e mesmo que alguns sonhos tenham já morrido foram certamente substituídos por outros que almejamos exactamente com a mesma veemência. mas nem por isso nos podemos portar como tal.
12.10.2009
real talk
- diz-lhe que o amor é uma merda e que se vai foder mais tarde ou mais cedo.
- é lindo, ele.
- também não é assim tão lindo. é uma pessoa normal.
- por isso mesmo. as pessoas que andam para aí são todas horrorosas.
- mas agora conheci o homem da minha vida, não quero saber do outro.
- quem é, o homem da tua vida?
- aquele. pelo menos esta semana é. e a próxima. na seguinte não sei, logo se vê.
12.09.2009
small expectations
é que estas expectativas seriam normais das pessoas. e provavelmente tornar-me-iam numa pessoa normal.
4 dias em Marrakech
Em Marrakech ainda pode sentir-se a tensão pela ira dos circunstantes na Medina, quando se fotografa indevidamente uma mulher tapada, sabendo-se que um “pardon, pardon!” resolve a coisa, de modo civilizado, sem mais consequências.
Em Marrakech ainda pode sentir-se a adrenalina de nos perdermos por ruas estreitas e labirínticas, tendo a certeza de que, inevitavelmente, alguém senhor de um perfeito francês nos ajudará a encontrar a saída.
Em Marrakech ainda pode conviver-se todo o dia, fora de portas, com a simplicidade de um modo de vida ancestral, por entre esconsas edificações de cor ocre e rosa, e à noite recolher ao conforto de sumptuosos palacetes transformados em hotéis e amenizados ao gosto europeu pela observância dos clichés da estética lounge.
Em Marrakech pode andar-se à noite, vestido para matar, no meio de ruas fétidas e mal iluminadas, em busca dos sofisticados restaurantes que servem as melhores pastillas e tagines, sem que os berberes andrajosos com que nos cruzamos pareçam reparar minimamente nisso.
Marrakech é uma cidade pacífica, de pessoas simples e simpáticas. Marrakech dá-nos a aventura e o exotismo suficientes para sacudir um pouco a nossa rotina sonolenta, sem os reais perigos de uma grande metrópole muçulmana.
12.08.2009
12.07.2009
note to self
daqui
a única coisa pior do que uma pessoa antipática é uma pessoa antipática a tentar ser simpática.
12.04.2009
the fountainhead
12.03.2009
12.02.2009
cigarrete break
como não tenho motivo para fazer pausas, a cada pequena contrariedade [e são tantas] fecho a janela e abro outra. a do reader. a do mail. a do face.
não fumo porque quando fumava doiam-me os pulmões como se estivessem a rebentar e para que não me rebentassem os pulmões [sempre achei que ia morrer assim, afogada em liquído dos pulmões] deixei de fumar.
há-de me rebentar o cérebro e quando isso acontecer estarei certamente aqui sentada, pedaços de crânio vão sair projectados a 12.000 rpm e furar o tecto e as secretárias das colegas de sala. pedaços de massa cinzenta sairão a alta velocidade em todas as direcções formando um ângulo de 360º à volta da minha cadeira e há-de vir o homem do CSI analisar o perímetro e ao ver o angulo de 360º há-de escrever no relatório "explosão cerebral espontânea" e há-de segredar ao colega "ao menos se tivesse feito umas pausas para fumar".
11.29.2009
Pedro Mexia e a Cinemateca Portuguesa
Pedro Mexia é uma das pessoas mais interessantes da geração dos trinta anos. É muito culto, polifacetado, muito inteligente, escreve muito bem, tem um humor sofisticadíssimo e um charme pessoal que lembra o de um cavalheiro inglês.
E consegue preservar-se. É raro o que diz ser posto em causa por quem quer que seja.
E é ainda director interino da Cinemateca, desde que João Bénard da Costa nos deixou.
Nessa qualidade escreveu o seguinte no website da Cinemateca, sobre a instituição que dirige:
"A Cinemateca deixou de ser um edifício administrativo com um cinema ao pé da porta. Agora é, toda ela, dos espaços subterrâneos aos espaços das cúpulas, um pórtico. Falta abrir a última das sete portas dele e continuar o percurso para o Museu com que sonhamos.
Quando esse Museu existir, o tempo da imagem e o espaço do imaginário confluirão no perpétuo movimento do começo e do retorno".
Creio que se trata de um overstatement literário de Pedro Mexia.
A Cinemateca é um espaço muito agradável e tem um acervo magnífico de filmes, mas é tudo menos um pórtico, na perspectiva do comum cinéfilo, que faça outras coisas além de gostar de cinema, como por exemplo trabalhar.
Não falo apenas de uma programação talvez desordenada e discutível, que isso é subjectivo. Falo de coisas simples, objectivas que qualquer um entende.
Depois de gabar a uma amiga o excelente "Unconquered", de Cecil B. de Mille, com Gary Cooper, descobri que passava na Cinemateca este Novembro. Feliz fiquei por poder partilhar com ela o filme.
Azar. Consulto o programa e passa às 15,30 no dia 4, quarta-feira.
Ela é banqueira de investimento, mas podia ser funcionária numa repartição, designer, whatever. Não dá para ir a essa hora. E o filme não repete.
"E que passa ao fim do dia? Se for às 19h já posso", diz-me ela.
Num horário mais acessível a todos deve haver um filme igualmente apelativo, pensei. Consulto o programa. Às 19h passa "El Crimen de la Pirindola", de 1965, Espanha. El Crimen de quê? Pode ser bom, penso com os meus botões, mas nunca ouvi falar. Até percebo de cinema, mas nunca tinha mesmo ouvido falar. Mas porque será que não puseram a Pirindola às 15,30 e o Unconquered às 19h?
Não desistamos. Descubro que no dia 6, pelas 21,30 passa o magnífico "Guess who's coming to dinner", de Stanley Kramer, e convido a minha amiga. A essa hora já dá. Perfeito. Vejo o horário da bilheteira.
A bilheteira funciona num horário limitadíssimo, entre as 14,30 e as 15,30 e as 18,00 e as 22.
E não se pode comprar bilhetes pela Internet. Incrível. Na época da Web 2.0, a Cinemateca ainda continua a vender bilhetes com os métodos usados aquando das estreias dos filmes que projecta.
Eu e a minha amiga trabalhamos perto do Marquês, mas não dá para ir comprar bilhetes às 14,30. Ela já está em frente aos monitores das cotações a essa hora. Combinamos um encontro às 19,30, junto à bilheteira. Compramos bilhetes e vamos picar qualquer coisa ao novo Luca, digo eu, meio satisfeito por lhe ter feito um sibilino convite para jantar. Jantar e filme. Um date completo.
Azar outra vez. Os bilhetes já tinham esgotado entre as 14,30 e as 15,30. E a Cinemateca está cheia de americanos que vivem em Lisboa. Pudera, com este filme... Filme que não repete. Não temos outra oportunidade para o ver.
Gostava tanto, mas tanto, que a enorme energia criativa de Pedro Mexia se pudesse também focar também nestas coisas , como direi, comezinhas. Bilheteira electrónica, horários mais acessíveis e repetição de filmes que se prevê poderem esgotar não é nenhuma coisa que se encontre no Faust de Goethe, mas é tão importante para as pessoas que utilizam instituições públicas como a Cinemateca....
(advertência final: os casos contados são imaginados a partir do estudo da programação de Novembro, mas tive experiências reais deste tipo mais de uma vez)
O Dubai aqui tão perto.
Já estive para ir ao Dubai, uma das sete cidades-estado que compõem os Emirados Árabes Unidos. Mas a ideia acabou por não me entusiasmar.
Qual era o objectivo? Sol e praia.
O Dubai praticamente não tem petróleo. Os rendimentos das actividades em torno do ouro negro representam apenas 2% do PNB. O resto vem de uma intensa actividade imobiliária, turismo e investimentos financeiros. O Dubai é uma praça livre para a actividade financeira e para o comércio, através do tão divulgado DIFC (Dubai International Financial Center), para a direcção do qual foram contratados especialistas europeus de renome.
O Dubai acalentava sonhos de expansão megalómanos no imobiliário e no turismo.
Naquele pedacinho de areia, sob um sol inclemente, projectam-se ilhas artificiais, em forma de palmeira. Constroem-se torres arrojadas que glosam as alturas de Manhatan. Constroem-se enormes pistas de ski indoor.
Em suma, desafia-se a ordem divina. Estende-se a terra para o ar e mar, traz-se a neve ao deserto. Planta-se finança em terra das tâmaras. Planeia-se um concentrado de mundo num espaço mínimo. Uma cidade global, diziam os dirigentes locais.
E como? Da mesma forma de sempre. Faz-se isso com o dinheiro de todos nós. Sim, com o dinheiro do mundo. Com títulos de dívida espalhados por todo o sistema financeiro. Mais pela Ásia e Inglaterra, eventualmente.
Os empréstimos obrigacionistas das empresas do Dubai atingem o valor colossal de oitenta mil milhões de dólares.
Menos, é claro, do que os seiscentos e treze mil milhões do Lehman Brothers no momento do seu ocaso, o ano passado, mas muito, muito para a dimensão do Dubai.
E pronto. A bolha estoirou, porque o imobiliário caiu dramaticamente. A Dubai World, há três dias, anunciou uma moratória unilateral no pagamento da sua colossal dívida. Pago mais tarde, lá para Maio, disse. Todos esperavam a massa em 14 de Dezembro, antes do Natal.
Nem tão cedo a confiança será reposta e as palmeiras poderão continuar a crescer em paz, agora livres do perigo de substituição por imitações de Alpes ou de pirâmides Maias.
Mais uma lição para todos nós. Há pequenos, médios e grandes Dubai espalhados pela Europa, do Algarve à Grécia. Empreendimentos turísticos megalómanos, financiados com dívida, tantas vezes numa modalidade chamada project finance (que se caracteriza por colocar o risco do lado dos financiadores), crescem por todo o lado junto ao mar, violando as regras elementare do bom-gosto e apresentando uma sustentabilidade financeira muito discutível.
É só olhar à nossa volta.
11.27.2009
mentally challenged
não me entendam mal, eu gosto daquilo que faço. pelo menos, a maior parte do tempo. a outra parte do tempo é aquela que a minha entidade patronal chama "um desafio".
pense nisto como um desafio, e a pessoa já sabe que vai passar 5 dias a fazer uma coisa e depois 10 a refazer a coisa porque a pessoa que devia ter fornecido os conteúdos não esteve para isso e chamou "um desafio" ao facto de eu ter de fazer o trabalho dela.
para a próxima trocamos, se eu tenho de fazer os conteúdos, a pessoa tem de se sentar aqui e com os programas de desenho [de merda aliás] que me forneceu faz a forma.
vamos pensar na coisa como "um desafio" para ela.
11.26.2009
private post II
na sequência deste post, vejo-me desafiada a escrever mal do blog do rui. eu gosto de desafios mas alguns revelam-se particularmente difíceis, para não dizer impossíveis. não posso apontar nada ao blog, a estética é irrepreensível, o rui escreve para caraças [posso dizer isto aqui?] mas demora demasiado tempo entre posts, escreve cada vez menos e isso não me parece nada bem. nem que fosse postar umas fotozinhas de vez em quando, só para encher [truque que eu praticamente nunca utilizei].
a foto é dele e lembra-me incontornavelmente o jack.
secrets
aos 5 anos está lá tudo, da maneira certa, limpa, clara, sem qualquer dos enrodilhanços que vamos passar o resto da vida a fazer. não podemos [todos] voltar aos 5?
[o meu filho apaixonado aos 5 é tão comovente].
11.25.2009
hot summer*
hoje o meu cabelo está totalmente Daria. pena que o resto nem por isso.
*[já tinha dito que nasci no Verão Quente?]
hot summer
nasci no Verão Quente. acreditasse eu que a data de nascimento está de alguma forma ligada à personalidade que viremos a desenvolver e seria eu agora uma pessoa apaixonada na defesa das minhas causas, caótica, em auto gestão e seria provável que plantasse algumas ocasionais bombas em sedes inimigas. não é de todo o caso, sou uma pessoa que não tem causas, nem inimigos e cujo único objectivo de vida é que a deixem em paz.
por alguma curiosidade histórica gostaria que os poucos meses que mediaram o meu nascimento e o dia que hoje completa 34 anos me permitissem devolver algumas memórias da data. não é o caso. à laia de compensação o meu pai garante-me que me levou ao colo a uma cooperativa de qualquer coisa.
11.24.2009
11.23.2009
E pensamos em quê, quando o avião "borrega"?
Estou estoirado e ainda só são 8 da manhã. A reunião é muito importante e mal dormi a pensar em tudo. O amanhecer em Lisboa está lindo, mas sobre o o Tejo há uma neblina espessa. Nunca tinha visto nada assim do ar. A cidade perfeitamente visível e o Tejo rigorosamente recortado por neblina. Belo.
Os céus do Norte da Europa estão diferentes. Escuridão e nuvens tétricas. O avião abana por todos os lados. O "approach" à pista falha. Quase com as rodas na pista, o avião dança violenta e desajeitadamente, como um pézudo. O piloto põe os motores a fundo e levanta voo. O avião parece um folha de papel ao vento. Há credos em todas as filas. O piloto anuncia que vai tentar outra a aterragem. Tentar?Antes tem de conseguir subir.
E pensamos em quê nessa altura?
Alguns puxam dos telemóveis, talvez a pensar num derradeiro sms.
Pelo meu lado, talvez gostasse de pensar na minha filha, mas não tenho. Ou na minha namorada. Mas não tenho.
Em que pensei quando o avião borregou? Pensei no trollei de couro que habita no hall do apartamento, sempre preparado para mais um viagem. E na roupa, arrumadinha, espalhada por todos os roupeiros do T3 -um pouco original monumento ao celibato. E perguntei se vale a pena. Já com os pés em terra, no táxi a caminho do escritório, sob um dilúvio como não me lembro em Bruxelas, concluí que sim. Mas que é possível fazer algumas afinações. There gonna be some changes. No próximo fim de semana livre vou vagar um roupeiro. É um gesto de boa-fé para com terceiros.
love is
olhar para um osso de dinossauro fossilizado e dizer "isto é muito muito muito interessante".
[aos 5 anos o amor existe, aos 10 já está revestido por uma série de distracções e não se distingue bem, aos 34 está tão tristemente ligado aos momentos que vimos em filmes que o melhor é nem ir por aí].
11.22.2009
Ich bin ein Eltviller
4 dias em Eltville parecem 4 semanas.A mesma rotina. Acordar bem cedo no quarto da espécie de residência universitária despojada. Não há televisão. Apenas mobiliário de pinho tipo quarto de crianças do IKEA. Funcionalidade. Olhar para o mítico e wagneriano Reno. Pequeno almoço frugal de pão escuro, fruta e queijo. Trabalhar. Passear pela cidade de casinhas independentes e jardins, com o travejamento de madeira pintada à vista, tão tipicamente alemãs. Um estilo imutável do século XVI ao século XIX. Apartamentos? Nada, ou pouco. E pouca iluminação nocturna. Céu vibrantemente estrelado. Muito comboio. Muitos Renault, Volkswagen, Toyotas e Opel. Muito comboio. Poucos Mercedes, BMW ou Audi, que isso é mais em Lisboa. Muitas lojinhas. Muitas. Poucos supermercados modernos. Não encontrei sequer recargas Gilette e a pele da minha cara, mal habituada, devolveu-me uns cortes jeitosos à passagem das lâminas Prinz, ou Prince (nunca tinha ouvido falar). O tempo parece parado. Há muito silêncio. As sonoras e francas gargalhadas das minhas colegas italianas tornam-se assim muito mais presentes. Correr no passeio junto ao Reno e cruzar-me com pessoas que passeiam vagarosamente os seus pastores alemães. Muitos pastores alemães, de focinho grave e calmo. Viajo, muito, ao ponto de estar muito cansado de estar sempre a partir, ou se calhar sempre a chegar, mas desde ontem trago Eltville no coração. Pronto, o café é mau.
11.21.2009
nobody gets me
11.20.2009
O Nome da Rosa
Ontem tive uma noite magica. Ou melhor, tivemos. Eu e a Mara, a Anna Maria, o Marc, o David, a Nicole, o Bob, o Horst, a Emanuela e a Anne-Sophie.
Estivemos no mosteiro de Eberbach.
O local onde Sean Connery disse nunca ter sentido tanto frio, quando protagonizou a adaptacao ao cinema d'"O Nome da Rosa".
A historia passa-se num mosteiro em Italia mas foi Eberbach, ao pe de Eltville, na Alemanha, o escolhido para acolher as cenas do filme.
Nao ha palavras para descrever uma visita a Eberbach numa noite gelada. Uma beleza despojada, simples, mas absoluta. Uma beleza impiedosa, que exigia rigor e provacoes sem fim aos monges beneditinos que lhe fizeram votos de fidelidade. Mas que lhes protegia as enormes pipas de Riesling sob os magnificos arcos romanicos e goticos. E que testemunhava a qualidade do vinho, cobrindo as paredes de manchas de fungos vinicolas, ainda hoje tao presentes.
Percorrer aquele mosteiro a noite, com um copo de vinho na mao, por entre luz palida e sombras, numa visita so para nos, e inesquecivel. Ha dias tao bons....
sad but true
Photo shop
daqui
retomo o tema do post anterior [é coisa para dar assim uma série infinita de posts].
adoro quando, olhando para uma fotografia como a de cima, oiço alguém dizer "isso é photoshop". eu trabalho todos os dias com o photoshop. não sou nenhum génio do photoshop, sou uma pessoa que usa o photoshop para trabalhar [todos os dias]. aqui há uns 9 anos, quando aprendi photoshop, gostei muito daquela ferramenta "magic wand". mas isso foi antes de descobrir que aquilo não se usa porque não transforma fotografias minhas em fotos como esta, limita-se a seleccionar pixeis da mesma cor ou semelhante.
[passa a ser um segredo nosso, mas o photoshop só suaviza, ajuda na luz ou pode apagar pequenas coisas, milagres não faz].
11.19.2009
bring it on
é espreitar a caixa de comentários deste post da kitty [rapariga que leio com gosto, diariamente]. a quantidade de mulheres que acha a helena coelho "banal e com pele péssima" e a claúdia vieira "parola cheia de silicone" não deixa de me chocar. peloamordedeus, são duas mulheres lindíssimas, uma [ou ambas, sei lá] pôs silicone, pois fez ela muito bem, eu também poria se pudesse, qual é o problema? deixou de ser bonita porque tem silicone, querem ver? temos de ser todas muito naturais. é por isso que não vamos à depilação, pintamos o cabelo, usamos maquilhagem, saltos altos e soutiens almofadados.
querem ser naturais, be my guest, eu vou continuar a sonhar com o silicone.
11.18.2009
on the other hand
*o blog, não a pessoa, que desconheço de todo.
heart break
infelizmente sim. e não se pode fazer um referendo/petição/demolição pública?
isto é pouco, mas é o que há. é assinar.
[um dos comentários da notícia do Público, que subscrevo na íntegra, diz "simplesmente a igreja mais feia que já vi na vida, nem Deus quer lá entrar"].
cold turkey*
o meu sonho menos original de todos é ser fotografada pelo sartorialist ou pelo alfaiate. o meu desejo de fama é muito modesto em quantidade mas pouco em qualidade.
*forçada a largar o facebook.
11.17.2009
these days
11.16.2009
fashion
[porque o Pedro e o Pedro são os maiores escritores da bloga, para mim].
whatever gets you through the day
foto Sara Dunn
o meu mantra é ainda o dos drogados um dia mais, só mais este dia, tenho agora noção que somos todos, ninguém aguenta a vida sem fugas, whatever gets you trough, jogo compras droga noites sexo alcool música filhos viagens televisão filmes jogos virtuais centros comerciais concertos internet revistas de moda jornais política ginásio, whatever gets you trough, e de repente o mundo divide-se entre os que se perdem e os que se encontram no meio de tudo isto, whatever gets you trough, viciosos somos todos, até mesmo os que enfiam um cilício na perna.
olá, eu sou a Clara e sou viciada em fotografia*
*[com certeza não esperavam que eu aqui confessasse os meus verdadeiros e perniciosos vícios]
11.13.2009
home
Cara Tapada
Estes curiosos artefactos de papel, cuja função primacial é o de envolver algo, escondendo-o ou protegendo-o, deixaram pura e simplesmente de ser vendidos.
A procura cessou e quem os produzia teve de se dedicar aos cartões de Natal e de Aniversário, com renas, pinheiros nevados e grandes corações vermelhuscos.
E a felicidade geral aumentou, pois toda a gente trocava estes cartões sem nada que os escondesse, às claras, manifestando abertamente os sentimentos sem receios.
Quando acordei, estremunhado, com o noticiário da TSF, fiquei triste.
A primeira notícia era, precisamente, sobre o consumo crescente de envelopes. E todos os jornais falam disso outra vez, pela enésima vez esta semana.
Triste. E paradoxal. No país do plano tecnológico continuar a usar-se muito o envelope de papel...
11.12.2009
just around the corner
quase que aposto que não foi nenhuma dessas quatro.
non sequitur II
agora [por já não ser verdade] amo-te.
[post dedicado a 3 amigos e um conhecido].
11.11.2009
love is
James Knight-Smith
do ponto de vista marxisto-patético o amor é um capricho burguês que pode ser contrariado com um reforço ideológico. do ponto de vista anarco-conservador quaisquer 50€ compram isso às 3 da manhã.
[gesto meio patético de agradecimento pela amizade do Jorge - porque eu não sei exprimir sentimentos - obrigada].
11.10.2009
11.09.2009
non sequitur
11.07.2009
11.06.2009
love
o meu amor às fotografias é tanto que sacrifiquei a estética do blog para as poder ter maiores.
[claro que o amor não é isto. alguém que saiba o que é faça o favor de me explicar sem poeminhas. ou vão ter de continuar a aturar estes posts estúpidos].
11.05.2009
Descodificador de blá-blá-blá político
a) “essa situação é delicada mas estamos a acompanhá-la com atenção” isso significa “não estamos a fazer rigorosamente nada, ou porque não é da nossa competência ou porque não temos meios, mas não o podemos admitir”.
b) “A solução dos problemas passa pelo aumento da competitividade e produtividade e pela aposta nas novas tecnologias” isso significa “não faço a mínima ideia sobre o que se deve fazer. Socorro!”.
c) ”não vamos abandonar este projecto porque ele é estratégico para o País” isso significa “vamos enterrar dinheiro até mais não nisto e vamos averbar prejuízos colossais, mas agora já não recuo possível, senão perdemos a face”.
d) “Portugal (ou a nossa empresa) tem de encontrar uma ambição, um desígnio, uma ideia mobilizadora” isso significa “não tive a mínima hipótese de preparar este discurso ou esta apresentação com tempo. Desculpem”.
11.04.2009
♥
♥
era só isto.
♥
Distorção
Ilha da Boavista, 2003, com objectiva fisheye.
A fisheye comprime todo o nosso campo de visão no pequeno espaço do negativo e provoca uma dramática distorção da paisagem. Por isso deixei de a usar. Talvez seja sinal de maturidade admitir que não abarcamos tudo sem pagar o preço da distorção. Se calhar não vale a pena querer contextualizar sempre as coisas. Acabamos por as distorcer, no esforço de as compreender. Se calhar vale a pena olhar apenas para a igrejinha e dizer "é uma igrejinha mesmo, pode ser bela, está em ruínas mas podemos reconstruí-la". Se calhar é melhor não cedermos à tentação de considerar também a paisagem desoladora para concluir que uma capelinha no deserto não vale a pena. Se calhar isso é distorcer as coisas.
11.02.2009
private post*
*para a Isabel [para o Rui também, mas isso goes without saying].
10.30.2009
hands on
daqui
faço as pazes com o meu corpo demasiado anguloso - sem formas voluptuosas nem arredondadas, sem interesse - nas fotografias de modelos.
[as pessoas magras têm complexos, as pessoas bonitas têm complexos, as pessoas inteligentes têm complexos. todas as pessoas têm complexos. só que algumas não o podem confessar].
toothache
daqui
ela pergunta porquê e eu a explicar-lhe que
- ah e quando eu queria fazer qualquer coisa, ir a algum lado, ele nunca vinha comigo, nunca queria vir.
- então não era seu amigo, mãe, a Mariana até à casa de banho comigo vem, se eu lhe pedir.
e de repente saudades das amizades de adolescência, da entrega completa, total, sem medo de, sem restrições auto impostas. não sei bem porquê, se no fundo eu continuo a viver estas coisas da mesma maneira. como se tivesse dez anos.
10.29.2009
love is
[claro que o amor não é isto].
10.28.2009
Bagdad Bob
Alguns ainda se lembrarão de um Ministro-clown de Saddam Hussein, o Ministro da Informação Muhammad Saeed al-Sahaf.
Sempre que aparecia na televisão, na II Guerra do Iraque, em 2003, dizia coisas absolutamente apalhaçadas para justificar o que se passava no campo de batalha.
Uma das mais divertidas foi esta:
It has been rumored that we have fired Scud missiles into Kuwait. I am here now to tell you, we do not have any Scud missiles and I don't know why they were fired into Kuwait.
A sua principal característica era pintar cenários côr-de-rosa e de vitória para as tropas iraquianas no combate com os americanos. Já com as tropas americanas dentro de Bagdad, disse que os iraquianos estavam a dar-lhes tanta tareia que os soldados americanos se suicidavam aos milhares nos muros da cidade:
I can say, and I am responsible for what I am saying, that they have started to commit suicide under the walls of Baghdad. We will encourage them to commit more suicides quickly.
Outra fantástica:
Now even the American command is under siege. We are hitting it from the north, east, south and west. We chase them here and they chase us there. But at the end we are the people who are laying siege to them. And it is not them who are besieging us.
No fundo era um optimista, um alheado da realidade.
Admito mesmo que, em certa medida, acreditasse em algumas coisas que dizia. Lembro-me muito dele. I miss him. Mas não sofro muito com isso, porque todos os dias há políticos que têm tiradas dignas daquele maravilhoso truão e que se encarregam de me matar saudades.
Há sinais claros de que a direcção do PSD tem vindo a passar à imprensa, de forma muito discreta, a ideia de que os resultados da passagem de Manuela Ferreira Leite e da sua equipa à frente do PSD até foram muito positivos. A edição de ontem de um jornal dava eco desse balanço positivo.
O propósito destes recados não é divertir-nos. É tão simplesmente o de preparar a sucessão de Manuela e justificar a entrega do partido a alguém da sua equipa, descartando a necessidade de uma renovação. Se a coisa até foi boa, em equipa que ganha não se mexe. Olha o caso do meu Sporting.
10.27.2009
works on paper
[é lamentável mas quanto mais depressa encararmos a verdade, mais rapidamente a vida segue o seu curso tranquila, com os ocasionais sobressaltos que lhe assistem].
10.26.2009
Os pássaros são assustadores?
10.25.2009
Julgamentos morais sobre a conduta de terceiros
10.23.2009
on my way
birthday
foto Helmut Newton
o meu colega de blog, Martim, faz anos.
os meus parabéns e eternos agradecimentos por partilhar comigo esta viagem que até para mim, em certos dias, se torna tremendamente aborrecida.
10.22.2009
silly season
parece-me que a silly season já terminou. por isso vamos começar a ignorar as polémicas do anúncio, da Maitê e do Saramago e começar a pensar em coisas sérias. como isto.
10.21.2009
true blue
queremos a verdade mas não aguentamos a verdade.
10.20.2009
the usual suspects
- nem pensar, mãe. eu gosto de dizer piadas mas é de fixes.
- [suspiro].
10.19.2009
too litlle too late
Dita e Scarlett
quando somos novos inexperientes ingénuos inocentes ou seja lá o que for, achamos sempre que aquela vez há-de ser a única última maior desesperada para sempre.
depois crescemos e descobrimos que atrás de uma vem outra. e depois outra. isto parece fixe e dá-nos um aspecto muito moderno, sempre cool e sem grandes dramas.
mas, make no mistake, o que nós gostávamos mesmo era de ainda ter capacidade de acreditar que aquela havia de ser a única última maior desesperada para sempre vez.
10.18.2009
A aspirina com Coca-Cola é uma droga fatal?
Antes do 25 de Abril, havia uma coisa chamada “condicionamento industrial”. A ideia era simples: a instalação de indústrias de relevo dependia de licença ou autorização mais ou menos discricionária do governo, que a negava quando os interesses da Nação estivessem em perigo.
O esquema protegia os grupos económicos nacionais da concorrência internacional e permitia que prosperassem à sombra da bananeira, mesmo se economicamente ineficazes. Foi por isso, por exemplo, que a Coca-Cola só entrou no nosso País em 1977. Antes era bebida non grata para o governo do Estado Novo.
Para ajudar à festa, espalhavam-se falsos rumores que atingiam a honorabilidade da marca. Lembro-me bem, ainda muito pequenino, para aí em 1973, de, no banco de trás do Fiat 850 Special Sport amarelo torrado da minha tia, ouvi-la contar à minha mãe sobre a pedrada fatal que uns jovens tinham apanhado em Angola por terem misturado Coca-Cola com aspirina. Um perigo, um perigo. As crianças não esquecem as histórias de terror.
Depois do 25 de Abril, os grupos económicos instalados com a protecção do Estado foram nacionalizados e os empresários perseguidos.
Por causa disso, na segunda metade da década de 70 e primeira da década de 80, podia dizer-se que havia uma clara e renhida luta de classes no País, com radicais clivagens ideológicas e sociais.
O CDS e o PSD, por exemplo, eram partidos muito ligados à agenda dos grandes empresários e para a restauração do capitalismo de mercado, pugnando pelas reprivatizações.
As nacionalizações provocavam uma divergência fundamental entre o CDS e o PSD, por um lado, e o PS e o PCP por outro, já que estes últimos as defendiam com unhas e dentes.
Quem ia a Cascais às discotecas, nos anos 80 não encontrava “betinho” de pullover Ted Lapidus à volta da cintura que não fosse do CDS ou do PSD e que não odiasse os “súcias” e os “comunas”.
Entretanto, no final dos anos 80, princípios dos anos 90, o Estado devolveu aos grupos económicos perseguidos aquilo que ilegitimamente lhes tinha expropriado.
E pronto. Acabou-se a razão para a luta de classes. Na posse do que era seu, os empresários deixaram de ter agenda ideológica. Deixaram de se importar com o capitalismo de mercado. O ideal era que o Estado os protegesse, como dantes. Não com o condicionamento industrial, que esse não é já possível no mundo globalizado e na União Europeia. Mas, por exemplo, gerando encomendas e contratos.
Para este tipo de ajuda os empresários já não precisam de um partido específico, de classe. Isso até é mau. Convém ter pontos de apoio em todos os partidos do chamado “arco da governabilidade”.
Os contratos e negócios não têm ideologia. Uns tantos empresários inteligentes passaram a fazer múltiplas no Totobola. Passaram a acolher, com afecto, colaboradores de destaque que apoiam diferentes partidos, incluindo o PS.
Hoje já não é nada possidónio um betinho de Cascais apoiar o PS.
A classe empresarial mais elevada continua a ser a classe social mais influente e dinâmica no País. Reparte-se entre o PS e o PSD. E não está nada interessada em liberalismos. Está mais preocupada em assegurar contratos.
Em rigor, é com isto que se tem de viver. Os escândalos financeiros do capitalismo anglo-saxónico, de matriz liberal, deixam-nos sem alternativa de monta. A única causa por que vale a pena lutar agora é muito simples: contratos, pois sim, mas com verdade e transparência. Só isto. Não é verdade que a aspirina não possa ser bebida com Coca-Cola.
10.16.2009
i'm really more of a dog person
[Ayn Rand]
não há qualquer nexo de causalidade entre a forma como vivemos ou como morremos. descobri ontem que afinal os gatos eram da empregada da minha avó.
não que isso tenha importância, a forma como morremos. a mim assusta-me mais a forma como envelhecemos.
10.15.2009
i could get used to this
10.14.2009
copo meio cheio II
gestão de expectativas II
parecendo pequenos milagres quando acontecem não passam dos produtos tóxicos da gestão de expectativas.
10.13.2009
copo meio cheio
10.12.2009
Os assaltantes eram de Leste
As vítimas, na casa dos sessenta anos, estão muito fragilizadas psicologicamente. Quem sabe não recuperarão mais. Serão assaltadas outras vezes, dezenas delas, agora por pesadelos.
Se estivessem a passear pelas zonas mais escuras da Ribeira, poderiam ter sido assaltadas pelos gangues do Aleixo ou de Miragaia ou pelos Gunas.
Mas descansavam em sua casa e os assaltantes eram de Leste.
Se deixassem o carro com um telemóvel à vista na zona da Avenida de Roma, um "adicto" do Relógio poderia partir-lhes o vidro e levar-lhes o dito.
Mas descansavam em sua casa e os assaltantes eram de Leste.
Se fossem a Setúbal passear pela Avenida Todi nas noites quentes deste Outubro, um bando da Belavista podia gamar-lhes as carteiras.
Mas descansavam em sua casa e os assaltantes eram de Leste.
Portugal é um país demasiado fraco para lidar com estas novas ameaças de violência. Continuamos a receber demasiado bem quem não conhecemos.
Elogiamos a integração dos imigrantes de Leste, cuja cultura afinal não compreendemos bem. Franqueamos-lhes a portas, com um sorriso politicamente correcto nos lábios. Ignoramos que os países de Leste têm uma história de violência e desprezo pela vida humana incomparáveis, que se impregnou bem fundo na identidade dos seus cidadãos.
As máfias de leste são uma coisa abstracta para nós.
Nunca colocamos a hipótese da nossa simpática empregada moldava dever favores e prestar informações sobre os nossos pertences aos conterrâneos marginais e violentos que cá a puseram clandestinamente, em condições sub-humanas.
Não sabemos. Só nos preocupamos em preencher lugares com essa pobre gente, em empregos subqualificados, que os nossos conterrâneos há muito deixaram de querer.
Não nos preocupamos em registar a origem, a morada, os dados dessas pessoas, e em confirmá-las. Em pedir-lhes os papéis.
As autoridades não se obrigam a um período de vigilância e acompanhamento, por exemplo, de três anos, sobre a actividade que os imigrantes desenvolvem no nosso País. Seguindo-os no emprego e no desemprego e cruzando a informação com notificações obrigatórias das entidades patronais. Achamos isso desumano, ou muito dispendioso.
E depois gastamos o couro e o cabelo a tirar impressões digitais e a recolher DNA da casa das vítimas. E em prestar-lhes "apoio psicológico". Pobres de nós.
10.08.2009
Estrelinhas flutuantes
Ahá!
Fisguei um micro-partido que defendia, nas legislativas, a nacionalização da grande propriedade e dos serviços básicos, entre os quais os transportes, a sustentar agora, nas autárquicas, a municipalização dos solos e dos transportes públicos. E quando forem as presidenciais? A presidencialização?
Alinhei a estrela à esquerda (trata-se de uma fotografia subaquática tirada por mim no Algarve)pelo conselho da Clara, num post abaixo.
gestão de expectativas
[Zig Ziglar]
imaginemos o sr. X., vai casar e precisa desesperadamente de um roupeiro novo para a roupa da futura mulher. veio a saber, numa conversa de corredor, que o IKEA vai ter uma promoção de roupeiros e marcou no calendário o dia da promoção e a referência do roupeiro que vai comprar. no dia marcado, à hora de abertura da loja acotovelou-se para entrar com mais uns milhares de pessoas. acontece que roupeiros daqueles só haviam 14 para venda e o sr. X foi o 15º cliente a chegar à zona de promoções de roupeiros, já vazia. furioso, procura um vendedor e faz a sua reclamação. embora no folheto de promoções esteja claramente escrito "limitado ao stock existente", o sr. X está furioso e tenciona deixar uma reclamação por escrito. é chamado o apoio ao cliente e o gerente oferece ao sr. X nova promoção: um roupeiro maior ao qual é feito um desconto de peso, ficando apenas por mais 10% do valor do primeiro mas com muito mais espaço e o formato exacto para tapar o buraco que o técnico da TV cabo deixou quando furou a parede do quarto para passar o cabo. o sr. X aceita a oferta e vai a correr telefonar à noiva, explicando devidamente que escolheu o maior roupeiro do IKEA. a noiva fica exultante com o espaço que terá para guardar a roupa no futuro e nem se maça quando o sr. X lhe conta que irá a 2 jogos de futebol nesse fim de semana.
imaginemos agora o sr.Y. neste fim de semana combinou com um grupo de amigos uma excursão no Douro no seu iate. tem tudo pronto e está prometido que um dos amigos levará a amiga da mulher recém divorciada que o sr. Y acha imensamente interessante. claro está que o sr. Y consultou todos os sites de meteorologia que existem e todos lhe garantiram tempo perfeito para o fim de semana: sol e vento suficiente para ir à bolina umas milhas pelo Douro, avistando vinhas enquanto se deliciam com o champanhe da reserva especial do amigo e as ostras que o sr. Y mandou vir do adriático. no sábado de manha, porém, rebenta uma tempestade monumental e são forçados a desmarcar o passeio. o sr. Y passa o resto do fim de semana enfiado na cama a beber jameson, furioso por ser derrubado por um factor que não controla.
na verdade, poderia ter pegado no seu jacto particular e ter ido até Zermat, onde a neve estava perfeita e bastaria um telefonema para a empresa que toma conta do seu chalé acender a lareira, rechear a despensa e preparar os quartos para os amigos. mas o sr. Y não se lembrou disso.
10.07.2009
O estranho homicídio de Sofia Azinhaga. Uma novela policiária em post(a)s
O Inspector Apolinário marcava encontros pelo Meetic e lixava-se sempre.
Desta vez, jantava vegetariano com uma fulana que não parava de falar sobre Astrologia e ainda tinha metade do Tali do Psi no prato, enquanto ele já tinha rapado o seu e queria pedir a sobremesa.
Apesar de ser um Inspector da Judiciária habituado à rudeza da profissão, Apolinário apagava-se perante as mulheres. Aos hábitos corteses que a mãe lhe incutira acrescia a mãe de todas as timidezes. Ainda por cima, não era um homem bonito, não senhor.
Pois era tudo isso que agora o paralisava face à ruidosa gralha de cabelo escarlate que tinha a sua frente, e que ele tomara por uma normalíssima cor castanha na fotografia a preto e branco, cheia de sombras, e que pensava ser apenas expressão de sensibilidade artística, afixada no portal do Meetic.
Como um azar nunca vem só, a manga esquerda da camisa, demasiado comprida para o braço curto do Inspector, eclipsara totalmente o Tissot quartzo do pulso, pelo que ler as horas implicava um ostensivo safanão que pusesse a cebola a descoberto, gesto inadequado para um cavalheiro.
Para agravar, a sua maçadora companhia havia retirado o seu próprio relógio do pulso e, à medida que discorria sobre as forças ocultas do Universo, girava a pulseira de metal dourado fechada em torno do dedo indicador. Assim, nem olhando de soslaio para aquele Citizen quartzo rotativo podia Apolinário aferir a duração do seu suplício com discrição.
A libertação de Apolinário chegou sob a forma de uma imprevista chamada de serviço. Tinha de ir, explicou à ruivaça, por causa de um homicídio. Pedia desculpa, muita. Mas é que, ainda por cima o cadáver tinha sido descoberto no Gabinete de Sua Excelência o Ministro das Ciências Sociais e da Língua Portuguesa.
CONTINUA
10.06.2009
mesmo básico
design = align right/align left/justify.
as hipóteses de falhar são de uma para quatro. e ainda assim conseguem acertar na errada tantas vezes.
10.02.2009
baby blog mood
bisavó - olha, mas sabes tu o que é o comunismo?
bisneta - sei que matou milhões de pessoas, sei!
[seguiu-se a explicação politicamente correcta do comunismo blá blá blá as pessoas dão tudo ao estado e depois o estado distribui pelas pessoas blá blá blá mas então as pessoas não podem escolher o que querem fazer nem vestir nem ler nem onde moram nem nada porque é o estado que decide por elas blá blá bla]
eu juro que tento explicar a coisa sem preconceitos mas eu não sei explicar a coisa sem preconceitos.
10.01.2009
Simplex [ou como andando por aqui há 34 anos a pessoa aprende a ser indiferente a tudo]
hesito entre enviar um mail ao pediatra particular da criança, que a passará sem o ver, ou pedi-la no Centro de Saúde. opto pela segunda, mesmo sabendo que terei de marcar consulta com um médico qualquer - à nossa família não foi atribuído médico de família desde que mudámos para a freguesia, há dois anos atrás. as razões são logísticas, o C. S. é muito mais perto de casa do que o consultório particular.
ligo para o C.S., descubro afinal que já tenho médico de família, mas noutra extensão: foi-me atribuído um a duas semanas das eleições, que coincidência espantosa.
ligo para a nova extensão a pedir consulta para a declaração médica obrigatória, a pessoa que atende pergunta para que quero a declaração e responde, singelamente, que se é para o Jardim de Infância, vai pedir ao médico de família que a passe [uma pessoa que nunca vi à frente] e posso levantá-la daí a 2 dias.
o estado que obriga à entrega de uma declaração médica para a frequência de um estabelecimento de ensino próprio é o mesmo que declara aos médicos que passem declarações para frequência do estabelecimento de ensino sem verem as crianças [aqui deve ser a parte simplex da coisa].
9.30.2009
É estúpido pensarmos que só se cresce com o sofrimento
crescer é sempre bom mesmo que seja à custa do sofrimento porque crescer é aprender e isso é sempre aumentativo para nós.
acontece que eu nem sempre lidei bem com as amizades que tive e também nisso tive de crescer, aprender a lidar melhor. o que me custou alguns amigos e muitas mágoas. mas permitiu-me ganhar outros e preservá-los.
actualmente já quase aperfeiçoei a arte de me afastar quando é preciso que um amigo caia estrondosamente. porque, embora isso me seja extremamente doloroso [aqui ainda não consigo apreender estas dores como não sendo minhas], sei que é a única maneira que tenho de o ajudar [quando tudo o resto já falhou].
se ele está à beira da piscina achando que são águas límpidas e maravilhosas [e eu sei que é apenas uma lama venenosa e tóxica] mas sem coragem de saltar, ou o empurro ou tenho de virar as costas para não ver.
Da amizade
A explicação parece simples, temos sempre vários amigos de quem vamos estando mais ou menos próximos conforme as circunstâncias da vida. Mas temos apenas um amor de cada vez [na maioria das vezes, pelo menos]. Os sentimentos "maus" que nutrimos por alguns amigos são diluídos, compensados, revistos noutros amigos. E assim, não se concentrando num único alvo, eles não são ampliados, desmesurados, complicados como são quando se focam apenas num individuo.
Não sei quem inventou a monogamia obrigatória [de certeza que terão sido os Cristãos ou Judeus, a culpa é sempre deles] mas está na hora de acabar com este preconceito. A minha convicção nisto é tal que estou quase a criar a causa no facebook [se não achasse que ela já existe].
9.29.2009
O Norton, o Kasperski e o Ursinho Panda
Sempre achei que Cavaco Silva tem muitas qualidades, mas estratégia política não é uma das mais salientes.
A sua principal arma política é a gestão do tempo para falar e do tempo para calar. Deixar mistérios no ar. Fazer longos silêncios. Cultivar tabus. Em muitos casos, com magros resultados, refira-se.
O célebre tabu de Cavaco Silva contribuiu decisivamente para o ambiente doentio dos idos de 94 e conduziu à sua inglória derrota eleitoral contra Jorge Sampaio e à entrada retumbante de Guterres no governo.
Hoje Cavaco Silva decidiu falar. Foi muito pouco claro sobre os factos. Nunca falou de escutas. Deixou espaço para que o PS, num discurso mais preciso de resposta, marcasse pontos.
E rematou com um argumento, que vai ficar na história, para credibilizar a existência de suspeitas: diz que ouviu pessoas "ligadas à segurança", que o alertaram para a existência de "vulnerabilidades" no computadores da Presidência- como que a dizer "vejam, vejam, que é plausível que tenha havido acesso ilegítimo a emails- pois se os computadores são vulneráveis...".
Estas coisas dos computadores já existem há alguns anos, e há três constantes nessa ainda curta história: o crash, o reset e a vulnerabilidade. E isso não prova que haja logo, por si só, fugas ou violações de privacidade.
Outra coisa que também sei é que, para descobrir vulnerabilidades graves em sistemas, não se ouvem pessoas à terça-feira. Manda-se fazer uma coisa chamada "auditoria informática", que demora tempo e é normalmente vertida num calhamaço que é preciso estudar. Pode ser que tenha sido isso que o Presidente mandou fazer. Não sei, porque não explicou.
É que ouvir, ouvir, é mais apropriado para generalidades computacionais. Tipo o Norton ser muito pesado, o Kasperski um verdadeiro glóbulo branco e o Panda um ursinho.
9.28.2009
Porque é tão difícil renovar um partido político como o PSD
Após receber o cartão pelo correio, o nosso médico é integrado na secção do partido do local onde reside. O que ele sabe é de saúde, mas não há nenhuma estrutura dos militantes da área de saúde. A área geográfica é que conta.
Lá vai ele, por exemplo, para a secção A, de Benfica. Na primeira Assembleia de Secção onde participa, cedo compreende que não é ali que vai poder discutir as suas ideias. Não há lá mais nenhum médico, nem sequer quem perceba de saúde. Aliás, o ambiente pode ser deletério.
O médico apercebe-se também que as pessoas que participam na Assembleia estão mais ou menos pré-ordenadas pelas tendências nacionais que degladiam: barrosista, cavaquista, santanista, passoscoelhista, etc. E fica desagradado com a confrangedora discussão a que assiste, pois que os participantes se limitam a repisar o que o que já foi pelos mentores das tendências.
O nosso médico não se revê em nada disto. Entrega então um pequeno memorando ao presidente da Secção com as suas ideias para a saúde, pedindo-lhe que o faça chegar à estrutura adequada do partido.
O presidente da secção, que está nesse cargo há mais de dez anos, e que apoiou todos os líderes, sem excepção, e que se sucederam uns contra os outros, desconfia. E o papel por ali se fica.
Inconformado pela falta de notícias quanto ao destino do memorando, o nosso médico decide que o melhor é tentar falar directamente ao coração dos militantes reunidos em Congresso, ou em Assembleia Distrital.
Não dá. Apesar de altamente qualificado e de ter propostas escritas, só se for eleito delegado na secção A é que lá pode ir. Mas para isso precisa de ter votos. De ser proposto e eleito delegado. Numa palavra, de estar inserido numa tendência pré-existente e de conhecer alguém na secção que valorize o seu contributo.
Ora, era contra as tendências já existentes que o nosso médico queria trabalhar. E para alguém valorizar o seu contributo, era preciso que percebesse do tema, o que não acontece.
Azar. Inconformado, decide mandar as suas propostas por carta ou email, para a sede do partido.
Ninguém lhe responde. O email está pensado para enviar propaganda a anunciar comícios e arruadas, não para receber contributos de militantes. E mesmo que os receba, é lido por uns funcionários que não têm competências para avaliar o seu conteúdo.
E lá morre uma segunda vez a contribuição do nosso médico.
A lição é simples: as estruturas partidárias não se adequam aos tempos modernos, que exigem uma hiper-especialização temática.
A estruturação por áreas de residência perpetua a máquina partidária, e afasta as pessoas de qualidade da sociedade civil que poderiam trazer ideias e propostas novas.
Com as máquinas partidárias imutáveis, as tendências instaladas perpetuam-se. As pretensas renovações não são mais do que cooptações promovidas pelas tendências dominantes e validadas em assembleias por elas condicionadas.
Para renovar é preciso abrir o partido. Mudar os estatutos. Criar secções por especialidade e não apenas por residência. Abrir o Congresso e as Assembleias Distritais aos militantes que registem uma proposta de moção temática, mesmo que não sejam eleitos delegados. Substituir a estrutura piramidal de organização territorial por uma geometria flexível sectorial.
Em suma, transportar o partido para o século XXI.
9.27.2009
O enjoo de terra
9.25.2009
Mandem-me um contacto de um exorcista, urgentemente
uma [maior] diz:
-mãe, vote na Ferreira Leite, nós* precisamos do seu voto.
outra[mais pequena] diz:
-mãe, vota no sócrates porque ele vai ganhar.
É óbvio que os seus pequenos corpos foram invadidos pelo espírito de dois assessores dos partidos do centro - os argumentos, a forma de tratamento e a insistência no tema eleitoral não deixam margem para dúvidas.
E agora, para não privilegiar nenhum, sou obrigada a votar noutro partido qualquer. ou em nenhum.
*não, não é filiada na JSD. pelo menos que eu saiba.
9.24.2009
9.23.2009
[da série] comentários fabulosos I
[anónima, no post aí em baixo].
Mais alguém tinha dúvidas que o país não anda para a frente por eu ter sono numa segunda feira, às 8 e meia da manhã?
Ainda bem que estamos esclarecidos.
9.22.2009
Credo como me aborreço
e mesmo esse sonho era melhor do que o da noite anterior onde tudo o que fazia era tentar comprar heroína.
À porta da escola
e disse-me que não me atrevesse a pôr lá os pés outra vez porque me matava. só estive com ele duas semanas e sabia lá que o homem era assim, parecia-me um senhor.
a minha mente, visual como de costume, preenche os brancos e imagina um homem género Francisco Pinto Balsemão ou Miguel Horta e Costa sentados numa sala de visitas de uma cadeia [das dos filmes, uma mesa metálica com um pequeno separador no meio, duas cadeiras de costas de metal], gravata de seda e fato Zegna, as bocas mexem sem dúvida mas não são aquelas as palavras proferidas.
obviamente, a minha noção de "senhor" e a desta mulher são completamente distintas, tento então imaginar o que será a imagem de "senhor" dela. não consigo, desisto.
chego apenas à conclusão que me persegue desde sempre - a mente humana tem uma capacidade infinita de se enganar a ela própria.
9.21.2009
À porta de casa
o homem diz vou vomitar. o do INEM responde vai vomitar? eu chamo o meu filho, puxo-o com força pela mão e arrasto-o até o carro. alvitro a hipótese de se tratar de um alcoólico, que os alcoólicos também têm tremuras, não só os epilépticos. num dia normal haveria uma qualquer lição de moral a tirar disto, mas não hoje, é segunda feira e ainda nem nove são da manhã.
9.18.2009
e pur si muove
todos os dias. aguardo.
já está?
9.17.2009
Coisas boas da crise
Estes voltaram ao conceito da tasca fina, mas low cost. O Sobral abriu em Campo de Ourique a Tasca da Esquina, que se recomenda. E agora o meu muito preferido Miguel Castro e Silva deixou o Porto e abriu o De Castro, na Elias Garcia, em Lisboa. Acabei agora mesmo uma excelente refeição, por um preço muito razoável. Que bom, que bom! Nem os dois piercings bem colocados da minha companhia me distrairam... excessivamente....
9.16.2009
Das caixas de comentários
Eu, sem dúvida que o faço por puro masoquismo. Gosto de umas chibatadas de vez em quando mas, a ver, selecciono cuidadosamente quem está na outra ponta do chicote.
Qualquer dia entro em greve aos comentários em blogs alheios*. Hoje é o dia.
*há apenas um em que posso comentar de acordo com a lógica mas, para não obviar a coisa, a greve estende-se a este também.