12.31.2007

2007

Li hoje vários balanços do ano 2007. Não tencionava fazer o meu mas não resisto à pirosada.
2007. Devia talvez marcá-lo como um ano de referência na minha vida. Juntamente com 1999, são os dois anos da minha vida adulta em que mais mudei.
Mudei de casa, de cidade, de vida, de estado civil. Conheci muitas pessoas novas, algumas das quais se tornaram meus amigos, outras talvez ainda se venham a tornar. Tive relações e acabei com todas. Tomei mais comprimidos do que na minha vida inteira, fiz alguns disparates, acertei algumas (poucas) vezes. Ri, chorei, dormi pouco, saí bastante, comi mal, caí, levantei-me (muitas vezes). Descobri sobretudo que, uma vez tudo partido e desfeito, ao refazer-se não se torna igual mas sim 100 vezes mais forte. Tornei-me uma melhor pessoa para mim própria (agora só falta para os outros), já não sou esta pessoa (estes registos servem para alguma coisa afinal) e só por isso valeu a pena este ano.
Comecei.
Em 2008 continuarei. Sei muito bem que será um ano excelente. Para todos os que me acompanharam este ano aqui, obrigada pela companhia, pelos comentários, por terem pachorra de me lerem (não sei bem como).

12.28.2007

A E. veio da Sibéria

não sei há quanto tempo. É rechonchuda, muito loura e tem sempre um ar sorridente. A primeira vez que a vi foi há 5 anos, quando fui estagiar para Espanha e ela foi apressadamente contratada para limpar a minha casa. No meio do seu português arrussado explicou-nos que nessa altura, na terra dela estavam 40º negativos, o que era perfeitamente normal para aquela altura do ano.
A E. limpa agora a casa da minha mãe, da minha avó e a minha. Quando vai a casa a E. demora 3 dias inteiros para chegar, meio dia para a viagem de avião, o resto do tempo de comboio. Por isso a E. só vai a casa de 2 em 2 anos ou mais. A E. tem um filho do marido português, tem mais de 40 anos mas parece ter pouco mais de 30.
Hoje de manhã, ao lembrar-me dela tive um pensamento absurdo (eu não sou muito boa pessoa, para o caso de não terem reparado). Não me apetecia ir trabalhar e lembrei-me que se fosse a E. teria um emprego bem pior (raio de consolação) e ao mesmo tempo sei que pensei qualquer coisa como "mas pelo menos tem alguém que lhe ature as crises" (esquecendo-me providencialmente que eu quando era casada não tinha ninguém que me aturasse as crises e que pensava das minhas amigas solteiras coisas como "pelo menos é solteira", coisa que me parecia ser a compensação para todos os males).
Por isso dá para imaginar o choque quando a meio da manhã recebo uma mensagem da minha mãe a avisar que a E. hoje não viria. O marido morreu-lhe.

12.27.2007

O Natal

trouxe-me de volta a minha amiga. Por breves instantes é um facto, mas trouxe. E quando chega pede-me, as usual, conselhos sobre o namorado.
Dou-lhe umas dicas sempre da minha maneira bruta de ver as coisas mas pensando que não, corrigindo-me, tu não precisas de conselhos meus, antes preciso eu dos teus. Como tudo seria facilitado se também na vida possuíssemos canetas de bezier para ir suavizando as maneiras abruptas de ser, as formas angulosas com a qual fomos esculpidas. Ou, no caso, eu.

12.22.2007

Andei este tempo todo a ignorar o Natal



e claro que ele acabou por me acertar em cheio.

Se o Natal é perdão, vou tentar. Mas não garanto, o mais provável é ficar tudo na mesma.

Para todos os que me lêem, um feliz Natal. Para os que não lêem também.

12.20.2007

Não sabia

o que era a Byblos e agora fiquei cheia de vontade de conhecer.

Ontem jantei com amigas

O problema da mulheres não é analisar demais as relações. É não viverem para o futebol e por isso passarem o tempo (quase) todo a falar de relações e não de jogos, passes, remates e treinadores.

12.19.2007

Cecília, estou contigo



Já toda a gente sabe que o presidente de França anda com uma ex-top model, a lindíssima e serena Carla Bruni. Eis que a população masculina à volta do mundo vem aclamar Sarkozy, o anão meio atarracado.
Compreendo muito bem o ponto de vista dos homens, a costumeira palmada nas costas e piscar de olho que costumam trocar entre eles nestas ocasiões, e o íntimo pensamento "Se aquele consegue, eu que não sou assim tão feio também poderia andar com a Carla Bruni". Claro que sabem bem que o apelo do Sarkozy não está na maneira de ser nem de se apresentar, mas no mero facto de ser o presidente de França.
Há mulheres que acham graça a isso, como a Carla.
Outras que nem por isso, como a Cecília.

8

Tem um bloco de desenho. Uma boneca por página e vem-me mostrar. A bailarina, a popular, a desportista.
"Mãe, gosta do meu travesti? Tem barba." É uma boneca com barba de 5 dias.
Tremo quando penso no que possa vir a seguir.

12.17.2007

Do livro da minha vida

Nunca tive um livro que pudesse considerar da minha vida, até ler o "Sinais de Fogo" do Jorge de Sena. Na verdade conto ainda viver mais uns anitos, posso perfeitamente encontrar mais uns dois ou três (daí que não o possa mesmo considerar assim, com a quantidade de livros que quero ainda ler).
É uma espécie de auto-biografia, na idade adulta deu-me para isto, gostar de auto-biografias mais do que dos outros livros, como se ler a vida nas palavras dos outros fosse realmente importante. Em mais nova prendia-me muito mais pelos livros completamente fantasiosos.
No "Sinais de Fogo" tenho um carinho especial pela Mercedes. É a principal figura feminina e está muito mal definida pelo autor. Oscila entre a rapariga tontinha e uma mulher manipuladora e falsa. Ela é o motor de toda a história mas nunca se chegam a definir as motivações que a levam aos comportamentos que tem e eu fiquei à espera até ao fim do livro que o esclarecimento chegasse (nunca chegou).
Na verdade, todas as personagens femininas são um pouco maltratadas pelo Jorge, suponho que à altura em que escreveu o livro o sexo feminino fosse um poço de escuro desconhecimento para ele, oscila entre o fascínio e o desprezo pelas mulheres (totalmente misógino). Como compreendo o Jorge. Eu se tivesse tido talento para a escrita escreveria assim também sobre homens.

Vou passar esta a 6 homens: Qual é o livro da vossa vida (ou o que mais vos impressionou) e porquê? Respondam por favor. À laia de vingança podem depois passá-la a 6 mulheres (ou homens).
Antídoto, , Pitx, Leão, António e Otium.

12.15.2007

É um homem

grisalho, cinquenta ou sessenta anos. Sai do Hipopótamo* e entra dentro de um carro muito velho que está estacionado à porta e tem um autocolante enorme no vidro traseiro onde se lê "Jesus". Felizmente resolveu deixar Jesus à porta. Pela hora (5 da tarde) trata-se de um empregado da casa, não de um cliente.
Não sou moralista para condenar quem paga para fazer ou quem é pago para fazer, é-me indiferente, há quem queira (ou precise) de fazer e quem queira (ou precise) de ser feito. Como diria um economista, o mercado auto-regula-se. Já quem vive da exploração da coisa me parece muito baixo moralmente.


*a boite de alterne.

12.14.2007

O meu colega que nunca vi mas com quem falo ao telefone

e tem a mania que é engatatão:

-Mas a S. conhece-me, pergunta lá.

-Cuidadinho com a S., essa menina tem 19 anos.

-Sim, e depois, tu és muito mais velha não?

-(contendo o bocejo) Sou uma senhora de idade, sim.

-O quê, trinta?

-Por aí.

-Essa é a idade mais interessante da mulher.

-(contendo o vómito) Ai, sim? Então porquê?

-Porque ainda tem energia mas já tem suficiente experiência para preferir qualidade a quantidade.

-(fonix, que estupor) Lamento, qualquer mulher prefere qualidade a quantidade. (deve ser por isso que não te safas).

Do Natal II

Talvez pareça muito presumido da minha parte dizer que não gosto do Natal. Na verdade eu não tenho nada contra o Natal. É uma festa, há jantares aos molhos, pessoas que vêm de fora, tradições a cumprir. Nada tenho contra isto, acho maravilhoso. O que não acho grande coisa é aquilo que fizeram do Natal. Vejamos, trata-se do nascimento de Cristo que estamos a celebrar, alguém no meio das luzes a piscar, dos supermercados apinhados, do trânsito infernal, dos anúncios a brinquedos non-stop se lembra disso?
Bem sei que nem todas as pessoas são católicas. O que celebram então? O pai natal da coca-cola? O subsídio de natal? As iluminações das ruas?
Há uma série de tradições que se misturam caoticamente, não faço ideia do que seja para uma criança a época do advento. Ou por outra, sei. São chocolates para sacar de um calendário, catálogos de presentes potenciais, roupa desconfortável obrigatoriamente vestida na véspera, jantar à pressa a olhar para o relógio à espera da meia-noite.
O que seria do Natal se não existisse o subsídio de natal? Existiria espírito algum? Certamente não existiriam luzes nas ruas (a coisa é supostamente paga pelos comerciantes que deixariam de ter o retorno), seria mais triste?
Eu gosto do Natal, dispenso é toda a obsessão com compras que inunda a época.

12.13.2007

Andar de metro

é uma experiência fantástica. Para quem não tem o privilégio de o poder fazer todos os dias (sem ironia, detesto conduzir) e o reserva para os dias em que tem que ir à Baixa (bom, eu não tinha que ir à Baixa) hoje ainda para mais sem pagar (o Tratado de Lisboa, pois, esse acontecimento) é mesmo uma experiência fabulosa.
O exercício físico - desviar-me de potenciais sítios onde os saltos ficam mesmo encaixados - e a cultura que se ganha - não sabia que existiam homens com botas de crocodilo brancas e agora já sei - são bonus a acrescentar ao facto de não ter que andar duas horas à procura de lugar para estacionar.

12.12.2007

Não foi desta



Não ganhei o tal concurso, o meu post (aquela bela porcaria, para ser muito sincera) nem foi nomeado. Que se lixem os 1000 euros, é só dinheiro, pena tenho mesmo é de já não ir provar o risotto do Pedro e de não levar o ao meu japonês favorito.
Por falar nisso não consigo convencer ninguém a vir comigo jantar ao meu japonês, não haverá nenhuma alma caridosa que me queira acompanhar?

foto roubada aqui.

12.11.2007

12.10.2007

A justiça na forma do costume

A quantidade de criminosos que anda por aí à solta continua a ser uma coisa admirável. Por exemplo, os arquitectos que desenharam o Colombo. Andam aí e até são premiados. Incrível. A pena deles cumprem as pessoas que, como eu, são obrigadas a olhar para a coisa um mínimo de duas vezes por dia.
E ainda me surpreendo como não param de lhe fazer acrescentos, como um monstro a quem crescem sem parar novas e mais assustadoras partes do corpo.
Os rapazes do eufigénia verde ou lá o que era bem que podiam começar a aplicar as tácticas deles a conceitos urbanos. Não me vão dizer que aquilo não polui mais do que o milho transgénico.

12.09.2007

Ou estou

cheia de sono, ou alguém está desesperado por me contactar. No espaço de uma hora, tudo aquilo em que toquei caiu ao chão (não tenho bem culpa por inteiro, o Newton já explicou, 9.8 m/s2). Então é assim: tenho o telemóvel ligado (e, espantoso, com som), o messenger não, mas respondo a mails (se os vir).

12.06.2007

Mau timming

Leio na Visão que seguradoras vão começar a comercializar o "life-style insurance" em Portugal. Por uns meros 700 euros por ano, pode-se garantir a manutenção do estilo de vida após acidentes ou divórcios. Mal pensado (nem vou fazer considerações ao facto de risco ser elevadíssimo, imagino que as condições de adesão e eventual usufruto sejam ridículas). Por uns meros 700 euros por ano eu agora poderia continuar na minha vida de dondoca cuja maior preocupação no mundo era descobrir a que praia ía tomar café nessa tarde.

Puto,

acho que ainda há um par de lençóis cá em casa aos quais não deste o teu tratamentozinho nocturno, os da tua irmã. Vê lá se tratas disso hoje, sff, estás a falhar.

Ai, a continência devia vir num chip embutido, programável desde o dia do nascimento. O que se poupava em fraldas? Altamente ecológico, não era André?

12.05.2007

Depois

de me chamarem "neo-liberal" no fim de semana, fui a correr fazer o teste.
Fiquei ali no limite do liberal de direita, quase a fugir para o liberal de esquerda, muito moderadinha, graças a Deus. Mais para o lado do Dalai Lama do que do Milton Friedman (gosto muito mais do Dalai Lama do que do Milton Friedman).
Hoje disse a um dirigente do Bloco de Esquerda que era do PNR* e só denotei pena na voz dele. Para verdadeiro nojo teria de me ter declarado da Nova Democracia, se calhar.

*só para o maçar.

12.04.2007

Do Natal

Pediu-me para levar a árvore e, obviamente, deixei. A árvore, que parecia concebida para aquele canto da sala antiga, não ia caber na minha sala minúscula (nem em lado nenhum).
Levou também os enfeites. Não sei sequer se deixou algum anjinho ou pai natal pelo meio. Montou-a com os miúdos na casa dele(s). Finalmente terei uma boa desculpa para não brincar às folhas verdes de plástico a imitar pinheiros? Debato-me entre a vontade de ter apenas o presépio e achar que eles precisam de coisas a lembrar o Natal dentro de casa.

12.03.2007

Sonhei-te

outra vez. Fiz de propósito, quando acordei a meio da madrugada imaginei que te sonhava e aconteceu. Sonhei-te como sempre te conheci, da mesma maneira como te vi sempre e em tudo era semelhante à realidade, esse sonho. Era portanto um sonho casto e inocente como o de uma criança. Não tenho problemas em manter contigo uma relação perfeitamente inocente, que são afinal as únicas que consigo manter. Já tenho problemas em manter nenhuma relação, sobretudo problemas de compreensão. Por isso se me leres (bem sei que não lês, mas gosto de imaginar que sim) ficas a saber. Que até em sonhos és inocente (já eu não posso dizer o mesmo).

12.02.2007

Durante muito tempo

assim foi. Falava muito, mas raras vezes sobre mim. Ouvia muito os problemas dos outros e vivia-os para que não tivesse que assumir os meus.
Durante quase toda a minha vida foi assim, assumir fraquezas era perder aos olhos dos outros. Ainda hoje detesto assumir sofrimentos. Eu não sofro, não tenho falta de sono nem de dinheiro nem de pessoas de quem gosto nem de objectivos. Eu sou perfeita e quase sempre tenho uma vida muito boa. Agora é mesmo verdade. Eu tenho uma vida muito boa. Porque pese embora o facto de não ter tudo aquilo que quero (eu quero muitas coisas, mas poucas são materiais) tenho muito daquilo que nem imaginava que podia ter. Mais do que se calhar mereço. Acima de tudo, já tenho é pouca necessidade de esconder seja o que for. E vendo bem, isso é quase tudo.

Ontem

trabalhei, fui ao circo, tive um jantar, dancei.
Tenho oito dias de trabalho pela frente. Trabalho no dia de Natal. E na véspera. A minha avó, condoída pelos meus horários absurdos, vai mandar a empregada dela para me limpar a casa. A empregada da minha avó ganha mais do que eu. Aguardo pelo fim da presidência da ue para mendigar qualquer coisa melhor. Não tenho pressa. Terá o meu corpo aprendido a esperar antes de se lançar no escuro da primeira situação que lhe apareça só para fugir à actual? Se sim, já valeram a pena todos estes últimos meses miseráveis.

12.01.2007

Por azar

ou se calhar é coisa corrente, mas também vi e não gostei. Senti-me como se estivesse a espreitar a senhora na casa de banho. Não é bonito e eu não gosto de espreitar ninguém na casa de banho.

11.30.2007

Do acordar

diariamente e ter que pensar "sou o que sou e não o que faço". Passou apenas um mês, bem sei. Mas quero ser o que sou e o que faço. É pedir muito? Eventualmente. Pura e simplesmente nem vale a pena pedir se for para pedir pouco.

Quando for grande

quero trabalhar na função pública e fazer greve à sexta-feira.
Pronto, também pode ser à segunda, não sou esquisita.

11.29.2007

Almost* famous

Sexta à noite faço o mesmo programa do Pedro, Sábado à noite encontro a Mónica Sintra no meu bar, hoje volto a encontrá-la numa inauguração (ou qualquer coisa que sinceramente não me interessa o que era) da megastore do Benfica (qual era a probabilidade?).
Calma, eu não fui à megastore do Benfica, vi-me forçada a passar por lá para ir ao café que vou sempre a esta hora e neste dia da semana.
Pedro, same time next friday (ou seja, amanhã)? Prometo que se tirar os phones até o cumprimento desta vez (tipo fã histérica e emocionada).

*sendo este almost tão carinhosamente resguardado, acarinhado, completamente incorruptível.

11.28.2007

Real Life Heroes

Isabel Jonet.

O BA tem recolhas em 137 supermercados do país este fim de semana.

O BA vive exclusivamente de doações, dispensando qualquer ajuda ou subsídio do estado. Parece impossível? Não é.

11.27.2007

Repost (para 1000 euros)

A semana passada li o público (de 4ª? de sábado?) e descobri um concurso.
Este blog dá um prémio de 1000 Euros ao melhor post introduzido no concurso. O mais votado por comentadores no blog no dia 30 deste mês, ganha.
Ora eu que nem sou assim pessoa de concursos nem nada (não que ache que tenha assim grandes hipóteses, qualquer babuíno treinado a digitar letras para formar palavras num teclado escreverá posts mais brilhantes do que os meus, mas enfim), cá vai:

"Estás-me debaixo da pele, liquefizeste-te no meu sangue.
Circulas-me por dentro ao ritmo do metabolismo, umas vezes de forma paciente e lenta, outras percorrendo-me as veias a uma velocidade brutal.
Oiço a tua voz no gorgolejar das minhas entranhas, sinto a tua respiração no restolhar das folhas, cheiro-te na toalha depois do banho.
Verdade é que me seria fácil eliminar-te para sempre, mas não gosto do vazio que deixarias, prefiro sentir-me acompanhada.
Só falta agora entrares lá, no núcleo, no centro onde se processam as fantasias. Ainda não me povoas os sonhos nem me preenches os pensamentos.
Melhor será que te apresses a fazê-lo, estou fartinha que seja sempre o outro."

1000 euros

Há temática? Não? Um post qualquer? O melhor post? O post mais lido? Hum...Vou ter que ler todos os posts que publiquei? Vou ter que publicar um post bom? Mas isso é quase uma impossibilidade. Os meus melhores posts não estão neste blog, acho eu.

Se fosse este?

Ou este?

Pronto, já decidi, publico em cima. Paizinhos e pessoas impressionáveis, não (re)leiam por favor.

11.26.2007

Os meus

escritores favoritos Saramago, Garcia Marquez, Luis Sepulveda. O meu arquitecto favorito, Niemeyer. Todos de esquerda. Leio-os e tantas vezes fico ali em conflito com as ideias deles. Se calhar é isso, precisar do conflito interior para poder apreciar qualquer coisa. Algumas das pessoas de quem mais gosto são as que melhor discutem comigo (não é melhor teimam mas sim melhor discutem, aqui implica aceitarmos, a algum ponto da discussão, as ideias ainda que parciais uns dos outros).

Há qualquer coisa

de sexy em mexer no html. Deve ser semelhante à sensação de mexer num motor de um carro ou enfiar as mãos inteiras até aos cotovelos em massa de fazer o pão. É tocar no core da coisa.

11.25.2007

Escrevi aquele post embaixo

sobre o 25 de Novembro (e sinto-o) mas na verdade confesso que tenho um fraquinho pelo PREC.
Vi uma vez um documentário da globo, o melhor que vi sobre o 25 de Abril (possivelmente por ter sido feito por estrangeiros teria uma perspectiva mais imparcial dos acontecimentos). Foi nesse documentário que vi trabalhadores rurais de uma herdade invadirem a casa do proprietário (que já tinha fugido), vestirem-lhe a roupa, sentarem-se nas cadeiras, beberem vinho por copos de cristal (como crianças a quem alguém dá livre trânsito para mexerem em tudo numa loja de brinquedos). Outros que tinham ocupado um campo de ténis para aí fazerem uma creche mas garantindo que os anteriores sócios do clube poderiam aí jogar ténis como sempre tinham feito (o que, estranhamente, não faziam). Redacções de jornais em auto-gestão, onde o caos e as ordens sobrepostas deveriam levar à loucura qualquer jornalista que tentasse escrever alguma coisa.
Acima de tudo foi um período de festa constante e onde os portugueses que se envolveram nesse processo (que foram muitos) se sentiam directamente responsáveis pelo sucesso ou falhanço do seu projecto, coisa tão rara em nós (sim, englobo-me aqui no nós, em algumas coisas sou mesmo tipicamente portuguesa). É claro que se as coisas se tinham mantido assim por muito mais tempo seria o descalabro do país.

Hoje

é 25 de Novembro. O que significa que é o dia em que temos que agradecer a um grupo de portugueses por não termos vivido num regime comunista.
Há quem ache que daria direito a feriado. Eu acho, nenhum feriado pode ser a mais e já há tantos que não fazem sentido.

11.24.2007

Mulheres giras



Helena
.

Não, não acordei assim (infelizmente).

11.23.2007

Não sou só eu, ufa

Também leio um blog (não, não vou dizer qual é) cujos textos dão ponta. E nunca li lá nenhuma referência sexual.

11.22.2007

Na Fox

acho que é, há uma série em que uma rapariga, advogada de divórcios na cidade mais impiedosa do mundo, tem um trabalho por fora como casamenteira. Só por esta sinopse dá para imaginar a qualidade da série, é mesmo má. Dá ao Domingo, parece-me, e acho que já adormeci umas vezes a olhar para aquilo (inevitavelmente as escassas horas que passo a ver televisão adormecem-me, o meu atention spam para a coisa é o de uma criança de 2 anos com hiperactividade).
Bonita, essa profissão, casamenteira. Suponho que nunca tenha sido considerada uma profissão com estatuto próprio, seria mais um "trabalhinho" por fora de alguma vizinha viúva ou coisa assim, não sei bem.
Talvez o fizessem mesmo sem obterem lucro pessoal, pelo gozo de verem casalinhos arranjados, pelo puro prazer de saberem pelas suas mãos tecidas famílias, de lhes nascerem enteados frutos de anos de observação dos outros e de umas quantas trocas de palavras, afinal não lhes dava grande trabalho e seria um entretenimento em tempos de escassez de entretens. Divago já.
Na adolescência eu passei por isso também, sempre gostei de ver as minhas amigas "arranjadas", de facto sabia bem que obtinha apenas prejuízo disso, o tempo que dispunham para mim quando arranjavam namorado passava para quase nulo, mas não sei bem porquê vejo-me hoje em dia a pensar o mesmo, em quem ficaria bem com quem, a prestar conselhos sobre relações, a ter paciência para ouvir as queixas que não ouvem eles.
A lógica deve ser a do "quem não sabe, ensina", não perdoaria a quem me fizesse o mesmo a mim, eu sou a pessoa mais inepta do mundo nestas coisas, sou boa a sabotá-las mas não me peçam mais.
Ontem ao reflectir sobre o assunto imaginei que a psiquiatria explicasse o assunto assumindo que ao projectar o meu desejo nos outros estaria apenas a salvaguardar-me a mim dessas situações.
Evito-as, sim. Não por estar traumatizada com nada. Não por "não querer voltar a passar pelo mesmo". Apenas por nunca ter querido passar por nada disso.
Nessas coisas tenho a aptidão de um gago para a fala. É verdade que com terapia até pode vir a falar correctamente, mas no fundo, nunca deixará de ser gago.
A única maneira de não gaguejar é não falando. Nunca.

11.21.2007

Design



Aqui há uns tempos aconselhei o meu ex marido a comprar, se tínhamos que gastar dinheiro, peças de Design reconhecido. Não só por serem giras mas porque seriam um bom investimento, o dinheiro pago a mais agora seria multiplicado no futuro, devo ter dito qualquer coisa como "O Design é a arte de amanhã" ou uma das minhas tiradas rebuscadas do costume. Foi graças a disparates destes que fiquei sem as minhas cadeiras da sala, a única coisa que ele levou de casa (amostra em cima).

Mas o que no fundo me irrita é que toda a gente sabe que o conceito de "Design" foi o de levar, a quem não podia pagar preços absurdos por peças de mobiliário, peças simples mas esteticamente agradáveis e práticas, com um custo mais reduzido do que as tradicionais (a diferença entre ter artesãos a fazerem as peças ou serem criadas por máquinas). Actualmente "práticas" e "a preços mais acessíveis" só se considerarmos o IKEA e a Area design (e são-no, de facto).

Velha conclusão: que quem mata não são as armas mas as pessoas que primem o gatilho.
Nova conclusão: não macem o Designer, ele tem sempre razão.

11.20.2007

Perturbações mentais

ou demasiado tempo em frente ao Panda. Começo a achar que alguns dos bonecos dos hot wheels acceleracers até têm pinta.

11.19.2007

Há qualquer coisa

de maravilhoso nos insultos que as crianças inventam umas para as outras.
"Não gosto de ti".
"És feia".
"Não gosto das tuas camisolas".
"Vais ser comida por ovelhas".

Comida por ovelhas é deliciosa, a próxima vez que me apetecer insultar alguém, vou usar esta. Ao invés de "Vai-te lixar, "Vais ser comida/o por ovelhas". Muito mais desconcertante.



imagem daqui.

Andamos

na troca de cromos. A idade avançada permite estas criancices de novo, já em versão upgrade da coisa. Ó Susana, o que me dizes de um bombeiro que se retrata em cima dum camião dos bombeiros com aquilo a deitar água por todos os lados e cujo perfil se resume a "aventureiro"? Guardei-o para ti.
O problema dos cromos é que ao fim de um certo número de carteirinhas já só saem é repetidos.

11.17.2007

Mais uma acha

para a fogueira "mas hoje em dia quem é que ainda, no seu estado de consciência perfeito, pensa casar-se?": aparentemente, a lei assume que duas pessoas casadas não têm direito de independência em relação a matérias como a procriação. Não fazia ideia que uma pessoa casada tivesse que pedir autorização ao cônjuge para se poder tornar estéril e, embora moralmente não discorde da lei, não posso admitir que a lei se intrometa em assuntos morais deste calibre.
Tenho a certeza absoluta que esta lei não é aplicada na generalidade das situações, mas o mero facto de o poder ser (e lembro-me agora de um médico que certamente a aplicará), enoja-me.
Dizer que isto é baseado no facto de o casamento ser uma instituição que visa proteger a prole, que sentido faz? A prole no caso ou não existe ou, se existe, não deixa de estar mais ou menos protegida pela lei em causa.
O casamento é um contrato como os outros. Ambas as partes têm deveres e direitos. Digo eu (que tenho esta visão tão romântica do casamento) que a lei pode/deve apenas regulamentar direitos patrimoniais no âmbito de um casamento. Que eficácia tem a lei em regulamentar comportamentos se uma das partes pode alegar que a outra não cumpre quando, em acordo de partes, tinham ambas estabelecido que isso não era dever?
Admiram-se de haver cada menos casamentos. A mim admira-me é como alguém ainda se casa.

Coincidências

Descobrir que um ex-amigo e ex-colega de liceu foi o arquitecto responsável pela concepção das lojas de um outro amigo. As coisas que poderia descobrir se me pusesse a navegar pela net ao invés de estar aqui a ler blogs.

11.15.2007

Querido blog,

uma miúda de 20 anos que não conheço de lado nenhum quer me adicionar no hi5. A miúda é gira. Mesmo gira. O que faço?

¡¿Por qué no te callas?!*

Aqui há uns tempos uma amiga apareceu no Expresso. No sábado disse-lhe "amanhã vou buscá-lo (ao Expresso)", ao que ela me respondeu, naturalmente, "amanhã já não há".
O que não lhe expliquei foi que ia buscá-lo a casa do meu avô porque o meu sistema de leitura das revistas que acompanham os jornais (jornais não consigo ler, têm uma escrita pouco estética e sujam os dedos) é andar a recolhê-los pelas casas por onde passo, especialmente na dos meus pais e avós. Posso justificar-me melhor, na verdade se tenho pouco tempo para ler, esse tempo aplico-o a ler livros e vou sabendo meia dúzia de coisas do estado do mundo pelos blogs e revistas que recolho (é por isso também que estou sempre atrasada a ler os suplementos).
Agora que já fiz figura da pessoa mais inculta da blogosfera, posso dizer que eu (32 anos) ainda me dou ao trabalho de discutir política com o meu avô (89 anos) e que ele não saindo do quarto há mais de um ano ainda me ganha com facilidade (cada vez me enterro mais).
Na verdade quero muito perguntar-lhe o que pensou ele desta declaração do rei Juan Carlos, sei que nutre um especial desprezo pelo personagem, não só por ser um republicano convicto mas principalmente porque o responsabiliza por um acidente de cavalo que levou a minha avó ao hospital durante uma montada (caçada a cavalo) em que participavam. O rei teria uns 9 ou 10 anos na altura.
Talvez já lhe tenha perdoado agora. Ou então ainda o despreza mais (com o meu avô nunca se sabe).

*(ou eu não posso ser a única a não fazer um post sobre isto).

11.14.2007

Há qualquer coisa

num amor platónico que roça a perfeição. Será o mais perto de uma relação perfeita que conseguiremos estar. Algures no tempo já escrevi sobre isto.
Quem diz amor platónico diz não concretizado, falhado, desigual. Esse é o amor que resiste a tudo e que fácil lhe é resistir, não tem que levar com más disposições, com os pés em cima da cadeira e a luta pela posse do comando. Não precisa de mais cuidados do que aqueles que a nossa imaginação lhes presta e é óbvio que ela não se lembra de o pôr a discutir furiosamente nem a ressonar ao nosso lado enquanto tentamos adormecer.
Também eu tive o meu primeiro amor, pelos 16 anos, falhadíssimo, rasgadíssimo, sofridíssimo. Nessa altura tudo era Camiliano para mim, a vida não valia a pena senão carregada de dores que eventualmente seriam anuladas pelos consequentes prazeres numa lógica de compensação contínua.
Assim viveu ele durante alguns anos, perfeitíssimo (pudera), intacto (como poderia não estar), inteiro (impossível de fragmentar).
A esse meu amor reencontrei-o há meia dúzia de dias, por coincidência tem o filho mais velho no colégio o meu filho mais novo. Não está diferente, tornou-se até um homem mais interessante, os anos revestiram-no de alguma profundidade (ou qualquer coisa que não sei descrever). No entanto, no meio da minha lucidez actual, consigo ver tão mas tão bem o desadequados que estaríamos um para o outro. Na verdade não passa de um homem banalmente comum.
E isso é imperdoável nesse reencontro, descobrir a banalidade com a qual até os nossos amores perfeitos estão revestidos.

Zuza,

Eu posso ser franciscana mas não sou estúpida, sei bem como é que adivinhaste. Vocação perdida era para detective, claro, não te vejo nada nas ocultas.
E, imagina, quando escolhi o meu nick não fazia ideia da história das Clarissas. Mais, há uns dois anos que carrego comigo todos os dias, desde que fui com a minha amiga a Compostela e ela ma ofereceu, uma cruz dos franciscanos (que também só descobri que era há pouco tempo). Destino?

11.13.2007

No meio da minha

cobardia prefiro imaginar que estás em silêncio do que dar-me ao trabalho de descobrir que não estás.

É seguro dizer

que há tantas verdades como pessoas no mundo. Nesta linha de pensamento não há é sequer uma verdade por definição, não passamos de mentirosos, e mesmo que queiramos dizer a verdade, mesmo que pensemos estar a dizer a verdade, essa verdade não é mais do que a nossa verdade e mentira para todos os outros.
Por outro lado, há apenas uma verdade absoluta e incontornável, verdade esta que não está ao alcance de ninguém, por ser impossível a alguém sequer olhá-la sem ser com esses olhos retorcidos e sem qualquer ponta de imparcialidade.
A verdade é assim uma coisa pessoal e intransmissível, tipo BI, palavras sem grande sentido ou firmeza e sobre as quais não vale a pena debruçarmo-nos com grande seriedade.
Será verdade isto? Sim, mas para mim apenas.

Nunca pensei vir a escrever um texto tão idiotamente filosófico.

11.12.2007

A

carta de amor mais bem escrita que já li.

11.11.2007

Da estética da escrita

Não sei porque me surpreendi quando o Pitx disse que gostava do meu blog pela estética da coisa. No fundo faço muitas vezes isso, privilegio a forma em detrimento do conteúdo. Muitas das coisas que leio não têm para mim especial interesse a não ser pela forma como estão escritas. Por exemplo, dificilmente leria isto se não fosse pela imaginação deliciosamente retorcida com que o Adolfo reveste os posts. Já o contrário me obriga a enormes esforços, prestar atenção a assuntos que até me interessam quando se apresentam sob formas entediantes.
Como escrevemos poderá dizer mais sobre nós do aquilo que escrevemos.
Eu, por exemplo, chego aqui e despejo qualquer coisa sem pensar muito nisso, as palavras saem-me pouco ensaiadas dos dedos, como que disparadas. Nunca escrevo posts muito longos porque me irrita rodear as questões, é perda de tempo e tenho sempre pouco tempo, mesmo que não tenha nada que fazer ando a correr e tenho sempre a impressão que tenho que me despachar. Sim, sou impaciente, impulsiva, embirrante (esta só às vezes, mas ainda assim vezes demais). Tenho a certeza que a minha escrita não o esconde.
Posto isto, aconselho vivamente este blog. Que coisa pode ser mais interessante do que os segredos dos outros? O meu (que nem é segredo para algumas pessoas que me conhecem) só não está lá porque...ou estará?

11.10.2007

Sítios giros



uma biblioteca conceptual.

(tirado do Daniel, claro).

Típico

Deitar-me no sofá a ler Faulkner com o "Rei Leão" como música de fundo [clara em modo sou tão culta não sou?]. Adormecer antes do primeiro parágrafo [clara em modo mas chega a 6ª feira e estou cansada como o raio].

11.09.2007

Estava a pensar

em voltar ao primeiro template do blog, o das flores pretas com fundo cinzento, mas depois de alguém me dizer que gosta de o que eu escrevo por causa deste template, desisti.

11.08.2007

Ah, portanto

Se eu disser aos meus filhos que eles estão aos berros, estou-me a auto-denominar "uma cabra". A ver se tenho mais cuidado com as coisas que digo.

Não que eu ache que precisem de avisos

afinal, os homens que têm o extremo bom gosto de ler o meu blog, certamente não precisam de ser recordados de certas coisas. Tenho a certeza que só usam fatos Armani (quando tem mesmo de ser) e roupa desportiva em todas as outras ocasiões, de preferência da que não tem símbolos à vista.
Ainda assim tenho que exprimir em algum lado o meu profundo desagrado por pormenores que, quando descurados, são mesmo um major turn off (lamento mas não existe expressão equivalente em português) para as mulheres (para as que valem a pena) e aqui é um sítio tão bom como outro: unhas compridas (não cortadas rente), meias brancas ou de qualquer cor clara e, o topo dos topos, pulseirinhas de ouro.

Ainda me transformam a criança

num benfiquista. Hoje, preparada para entrar pelo relvado da Luz adentro para mostrar ao miúdo o que é um estádio de futebol e fui impedida por um segurança porque "o tratador está a treinar a águia e se entram pessoas podem assustá-la" (sic). Ora estas coisas impressionam rapazes de 3 anos. Não estou em crer que treinem leões no estádio de Alvalade.

11.07.2007

Levanto-me da cadeira

satisfeita por já ter lavado a loiça e descubro que a mesa tinha ficado só meia levantada.

Estou tão cansada.

No computador tenho o trabalho que nunca mais acaba e todos os dias me leva horas de sono.

Estou tão cansada.

Passei mais horas no trânsito do que a ouvir as muitas coisas que os meus filhos tinham para me contar.

Estou tão cansada.

Tenho a roupa meio tirada da máquina.

Estou demasiado cansada.

No meio disto tudo lembrei-me da tua voz. Agora que mesmo quando falo em ti é já com a certeza de não te lembrar. Ah mas é verdade. Prometi a mim própria que não te iria esquecer e até essas promessas gosto de cumprir.

Estou cansadíssima, já tinha dito?

Muitas vezes

a ana escreve aquilo que eu quero dizer e não tenho coragem. E com melhor escrita também.
(Este seria o meu momento "why bother" mas na verdade se desisto de fazer seja o que for por haver quem faça melhor, daqui a pouco não posso fazer nada).

11.06.2007

"Quem era?"

ela, na idade das perguntas a ter que saber tudo, tudo, tudo (a desilusão que deve ser descobrir a prosaicidade que reveste todas as respostas).

-Oh, que homem liga à mãe todos os dias sem falta e às vezes várias vezes ao dia?
-O chefe da mãe?
-Quase, o meu cliente, sim, é uma espécie de chefe.

Ter um amigo

gay é do melhor. Os gays são em geral (passe-se a tipificação da coisa) mais divertidos, cultos, com bom gosto, paciência para conversas sobre acessórios, (os que cozinham) cozinham lindamente, conhecem sempre os melhores sítios para ir e, a cereja no topo do bolo, não ligam a futebol.
Mas na hora de escolher um vinho, a sério, peçam a um heterossexual.

Olha outro

a Dora escreve mesmo bem, o único defeito dela é ser tão afincadamente nortenha. E é tão bom, Dora, quando lemos um livro que nos faz ver a realidade distorcida à medida dele, faz-me ter (ainda mais) saudades de ter tempo para ler.

Ah calma

(a minha precipitação do costume), afinal há mesmo um texto para lincar.

O meu também.

Ah mas que chato

não me apetece lincar nada, não tenho inspiração para escrever. Vou ali dormir um bocadinho e já volto (era bom era).

11.05.2007

Com comments de novo

à experiência. E sim, o meu blog é tão esquizofrénico como eu.

11.04.2007

Se pudesse



escolher o sítio onde queria viver, seria certamente aqui.
Está localizado no melhor sítio de Lisboa, muitíssimo bem decorado, tem os empregados mais simpáticos que já conheci e a esplanada mais bonita que existe.

11.03.2007

Ui

já cá tenho o desafio desde Setembro...(peço desculpa, não sou fã do technocrati):

"A fogueira junto do terraço parecia apagada, ou, pelo menos, não lançava fumo."

William Golding, O Deus das Moscas.

Não é grande coisa, a frase, foi o que se pôde arranjar cumprindo escrupulosamente as regras:
Pegar no livro mais próximo,abri-lo na página 161,procurar a quinta frase completa, transcrever a referida frase no blog, não vale escolher a melhor frase nem o melhor livro (usar obrigatoriamente o mais próximo),passar o desafio a cinco pessoas.

Vou passar à minha Catzinha (que provavelmente não me vai ligar nenhuma), à querida Xana (ainda não fizeste, pois não?), ao (a ver se escrevinhas qualquer coisa), ao Tozinho (achavas que te safavas?), à minha amiga M.
As mulheres só mentem quando vão a jogo. Querem ganhar e mostrar a mão ao adversário não é opção.

11.02.2007

Não ter comentários é cobardia?

(é uma auto-pergunta).

O mundo quê?

as pessoas responsáveis pelos nomes dos programas da Sic Mulher ou têm um sentido de humor muito à frente ou são as mesmas que traduzem os títulos dos filmes americanos para português. Descobri hoje que há um programa chamado "O mundo das mulheres". Como se não bastasse a qualidade mais abaixo de cão que existe nas produções próprias do canal ainda dão nomes destes às coisas. E esperam o quê, milagres?

Um bocado nojento

No meu frigorífico tenho certamente mais fungos que a minha prima no laboratório. Alguns deles arrisco-me a dizer que estão a perder os pseudopedes e começam a ganhar meios de locomoção próprios. É deixá-los lá à larga, mais dia menos dia o frigorífico começa a entrar em auto-gestão.

11.01.2007

Portugal é um país de brandos costumes

e só assim se explica que o Pedro Arroja não só esteja vivo como escreva num blog.
Vivo também é maneira de dizer, acredito mesmo que ele seja uma personagem de ficção criada por algum blogger com um sentido de humor a puxar para o negro. E se assim é, ainda bem que o faz, os seus posts dão origem aos hate-comments mais inspirados que já li, superiores mesmo aos que a Professora Patrícia suscitou com aquele post anti-sodomia.

Miguel Sousa Tavares

Por alguma razão que desconheço, o MST é um moinho de vento dos Quixotes intelectuais blogosféricos portugueses.
Detestam o MST, acusam-no de plágio, de falta de estilo, de falta de originalidade.
Rebuscadamente conseguem comparações com autores "maiores", sabe-se lá à custa de que interpretações.
Ora eu, que não sou nenhuma intelectualoíde (nem gosto do Vian), nem crítica literária, nem nada demais a não ser uma leitora muito chatinha que até lê Saramago, li o Equador e até gostei. A parte do suspense barato do fim dispensava, era demasiado óbvio (se calhar pelas tardes inteiras que passei fechada na dispensa, na adolescência, a ler a colecção Vampiro inteira) mas de resto até achei bastante bem escrito, sem demasiadas pretensões.
Acima de tudo gosto do estilo do MST, faz o que quer, nasceu num meio intelectual mas resolveu escrever como lhe apetece, é honesto, vive bem, caça, diz o que lhe passa pela cabeça, sem grandes dramas existênciais. Numa recente entrevista li que quando lhe disseram que o Vasco Pulido Valente tinha desfeito o seu livro sem sequer se dar ao trabalho de o ler, a sua reacção foi virar-se para ele e dizer-lhe "olha lá, vai ler o livro, Vasco". É de homem.

10.31.2007

Descubro

a lista dos 100 maiores génios vivos, via Casa na Praia. Vou tentar esquecer que quem publicou a lista se gaba de serem os seus compatriotas britânicos os que figuram em maior numero na lista, quando a empresa de consultadoria que emitiu a lista o fez baseado num inquérito enviado a...britânicos (duuuuh). Para além deste facto, não entendo porque está o Tarantino em último lugar (abaixo do Paul MacCartney!) e porque aparece a J.K. Rowlings tão em baixo na lista, em 83º (abaixo do Paul MacCartney!) e o Chomski tão acima, em 32º (acima do Paul MacCartney!).

10.30.2007

Sim

ana, é muito bom poder dizer "moro em Nevolgilde". Já o "trabalho em Massarelos" não será assim propriamente o sonho de muitos portuenses.
Eu já residi (parolinho, não é, "residi"?) em Ramalde. O que pode ser muito bom ou muito mau, mas é sempre giro deixar os outros nesta dúvida.

Descobri

este blog.

Vejo-o dedicado ao Boris Vian e ao seu livro "A espuma dos dias". Li o livro há uns anos, detestei-o.

No entanto gosto muitíssimo do título. É poético e traz reminiscências, os dias desfazem-se, descompletam-se, aí está um dia inteirinho à nossa frente quando acordamos, mesmo à espera de ser arrastado, repleto de fomes e sonos, terá mais ou menos conversas dentro dele, estas serão pouco, muito ou qualquer coisa interessantes. Em cada dia aprenderemos algo, raros serão aqueles em que não aprendemos nada. Ganharemos qualquer coisa, perderemos outras, em alguns dias ficaremos no break-even, noutros gastaremos mais do que aquilo que ganhámos.

Mas do livro, para além de ser completamente esquerdista, de tentar passar da maneira mais dissimulada ideias básicas do comunismo, é todo ele um non-sense pegado. E não tenho nada contra o non-sense, se for bem escrito mas no caso pura e simplesmente não resulta.
Fala demasiado em ratos o que, para uma pessoa como eu que imagina tudo visualmente ao mais pequeno detalhe e tem absoluto nojo destes animais, não é agradável.
Para além disso tive que o ler obrigatoriamente para um trabalho de Arquitectura de Interiores, no qual tinha que desenhar a casa do Colin (ou como alguns colegas meus lhe chamaram, a casa dos ratos). E a casa do Colin mudou de configuração umas 10 vezes ao longo do livro.
Coisa fácil, portanto. É possível fazer um bom trabalho quando se odeia o objecto que o define?

10.29.2007

Pergunta-me uma amiga:

"Qual é a tua vocação?".

O tipo de pergunta que não faço a mínima ideia como responder.

Vou ao Priberam:

Vocação: do Lat. vocatione

s. f.,
acto de chamar;
inclinação ou propensão natural para um estado ou profissão;
predestinação;
escolha, talento.


Um amigo meu vai para padre porque, nas suas palavras, a sua vocação não era casar e ter filhos.
Eu acho que a minha também não é, e no entanto fi-lo. Sem convicção, é um facto, aconteceu. Na minha vida as coisas acontecem e eu reajo-lhes. Sem planear grande coisa (talvez por isso depois nada corra lá assim muito bem).
Este meu amigo, a partir do momento em que decidiu ser padre, largou as rédeas da decisão e entregou-se nas mãos de Deus e da sua Ordem. A isto chamam "voto de obediência". Nem é um voto, parece-me cada vez mais um privilégio, não ter que decidir absolutamente nada. Ficamos livres de falhar.
Não é minha vocação viver uma vida consagrada, também. A minha fé, embora existente, não está a esse nível nem de perto, sou demasiado cínica.
Se calhar não tenho é vocação nenhuma.

10.28.2007

Ainda

disto, basta frequentar qualquer parque infantil a um Domingo à tarde para se ver como as células básicas da sociedade vivem e se propagam como um tumor, metastaseando tudo à volta com o tédio que lhes é inerente. É deprimente, secante e não aconselhado a gente que pensa casar em breve.

Ainda mais frustrante

Ter visto o "Fiel jardineiro" todo e adormecer quase no final, sem perceber como acaba o filme. E claro que posso ir alugá-lo, mas só para ver os 10mns do fim parece-me estúpido.

Frustrante é

acordar às 9 e 11 de Domingo, feliz da vida porque o miúdo não me obrigou a acordar antes do nascer do sol num fim de semana, e descobrir que afinal são só 8 e 11.

10.27.2007

Orientações II

Li algures num blog de lésbicas algo semelhante a "irrita-me imenso que as mulheres heterossexuais digam que se vão voltar para as mulheres quando as coisas correm mal com os homens. Isso é assumir que nós somos mais fáceis, que estamos de mais disponíveis do que eles".

Realmente, pensando minimamente na coisa até é espantoso é como mulheres conseguem ter relações amorosas com outras mulheres, complicadinhas como somos.

Como será no início da relação, ambas a fazerem-se de difíceis e com joguinhos uma para a outra, que se conseguem encontrar no meio deste caminho?

Como será, se ambas sofrerem TPM e a data de ambas coincidir? Matam-se uma à outra?

Como será a comunicação entre ambas, sempre cheia de meias palavras e de "nunca sabes o que eu quero" mas em estéreo, de uma para a outra e da outra para a primeira de novo?

Terá as suas vantagens, claro.

As duas quererem ir às compras e poderem trocar peças de roupa entre si (a tal coisa do roupeiro duplicado).

Ambas terem um sex-drive semelhante e não serem tão incompatíveis como a maior parte dos casais ao fim de uns anos.

Não terem necessidade de contracepção.

Bom mesmo era poder aproveitar as vantagens de ambas as opções (que são de facto tudo menos opcionais), nem que fosse em períodos alternados. Mas claro que aí teríamos que levar com as desvantagens de ambas...


post dedicado à Sem-se-ver e à Arlindinha (saudades).

10.26.2007

Hum

Vejamos, quando escrevi "ninguém lhes pega" não me estava a referir a todos os solteiros, apenas aos que tenho a infelicidade de conhecer. Não poderia acreditar nisso ou então entrava já para as Clarissas (e que bem se deve estar lá) sem passar pela casa da partida.
Ainda tenho uma espécie de fé cega em que o mercado, não sendo abundante, não se extinguiu por completo. Claro que a maioria deles são "damaged goods" mas mais pela reacção (são solteiros logo é porque não querem ser doutra forma) do que pela acção em si (serem solteiros).

Ah, e há mesmo mulheres que são parvas, é óbvio.

A

minha escola
é a 58ª no ranking do JN, a 43ª no da SIC.

Se não achasse isto tudo uma treta, até poderiam ser argumentos para explicar a minha superioridade intelectual, fisíca, moral. É pena.

10.25.2007

Sem pachorra para variar

não leio nada, arranquei metade do meu carro a estacionar, tudo me irrita, os mínimos problemas dos outros enervam-me, não quero saber, querem trocar?

Entretanto descobri um blog interessante e um activista da Quercus
bem apessoado (na Visão), que são um bocado agulhas num palheiro.

10.24.2007

Ah, mas agora

é que já não concordo Vieira, de todo.
Não posso garantir, mas desconfio assim com muita força que meninos com mães assim crescem uns pequenos monstros de egocentrismo e perfeccionismo, muitíssimo mal preparados para viver no mundo real, adultos tremendamente desajustados que nunca disseram uma mentira aos pais, nunca fugiram para ir sair à noite, nunca namoraram às escondidas nem apanharam uma bebedeira.

10.23.2007

Tenho um sinal

dentro do olho (na íris). Tenho outro no mesmo olho, naquela parte de baixo onde a pálpebra bate quando o olho fecha (tem algum nome específico, esta parte do olho?). Tenho sinais nas partes mais inusitadas o corpo: dentro do umbigo, nas palmas das mãos, nas plantas dos pés, no couro cabeludo.
Quando mostrei ao meu ex marido (ainda éramos casados na altura) o meu sinal na íris, respondeu-me qualquer coisa como Isso é perfeito para o engate, viravas-te para alguém e "queres ver o meu sinal no interior do olho?".
Isto sim era um verdadeiro sinal.

10.22.2007

Tem

a certeza Pedro?
Porque eu só vou conhecendo é homens casados, de vez em quando um ou outro solteiro mas daqueles que só o são porque ninguém lhes pega.
Por isso, imagine, para mim, a célula básica da sociedade continua a ser o casamento. E ainda bem, porque não me vejo nada a formar o tecido social massivo.

10.21.2007

Gosto

da expressão "realismo mágico".
Gosto do blog a Arte de Ler.
Gosto (muito) do Gabriel Garcia Marques.
Melhor só se descobrisse o que raio significa "realismo mágico".

Eu devo ser uma pessoa muito desinteressante

Dos pesadelos recorrentes que tenho há anos, desde a infância, o único de que me lembro é de perder os sapatos e andar descalça e aflita à procura deles.
A variante agora é encontrá-los no fim do sonho.

10.20.2007

Das diferenças que são, afinal, iguais

Num documentário que vi há uns tempos, um homem tinha ataques, uma espécie de convulsões que surgiram após um traumatismo craniano. Durante esses ataques, ele tinha visões, coisas religiosas, ouvia Deus falar com ele, experienciava sensações de fé muito fortes, coisas assim.
Foram feitos testes e conseguiram por fim determinar a área do cérebro dele que era afectada durante os ataques. Essa área foi identificada como sendo responsável pelo sentido de religiosidade, pela adoração e fé.
Facções crentes disseram que, por fim, essa era a prova que Deus existia: criara-nos com essa área activa para que tomássemos consciência da Sua presença.
Descrentes afirmaram que isso era a prova da inexistência de Deus: era apenas uma área do cérebro que, ao tornar-se mais ou menos activa, criava a ilusão da fé.

Da escrita aqui

quando criei a Clara foi como se quisesse apenas mostrar o meu lado mais luminoso (agora entendo porque escolhi este nome). Um tempo depois fui, noutro blog, uma outra autora com uma escrita mais obscura.
Calo-me aqui quando sinto que a escrita está a resvalar para o lado mais depressivo, mas claro está que escrevo noutro lado.
Vou criando alter-egos aleatoriamente, tenho já uns 5 ou 6, não sei se convivem alegremente dentro de mim, se me vão tornando progressivamente mais esquizofrénica.

Só para avisar

as várias pessoas que vieram aqui dar em buscas no google por "seduzir uma mulher numa discoteca" que não dou workshops sobre o assunto, foi actividade à qual nunca me dediquei (seduzir uma mulher numa discoteca) e, não podendo jurar a pés juntos, tenho a forte impressão que nunca me vou dedicar à causa.

É admirável que alguém procure guidelines destas no google.

10.10.2007

Esfoliação*

Enquanto estou neste processo, pauso aqui. É provável que arranque indevidamente algumas camadas, paciência, é essencial fazê-lo por agora.


*do Lat. exfoliare,
separar, por esfoliação, a casca ou pele;
descamar.

10.08.2007

Cada vez mais

passo tempo a dar razão aos outros, o que deve significar que a vou perdendo cada vez mais (ou ganhando, nem sei bem).

Sim, Leão, tinha razão, a vida é maravilhosa e essas coisas todas.

Ou sou eu que estou num buraco tão fundo que já só me rio, assim como assim chorar não ia servir de nada.

10.07.2007

Mais um repost

isto não é falta de imaginação, é mais andar em círculos sem parar.

"é a dor dos músculos retesados pelos gritos calados, pela raiva surda que faz zumbir os pensamentos. É querer desatar a correr sem parar nunca, sem querer saber em que direcção, até os músculos aguentarem sem colapsarem.
É apenas não querer estar aqui (nem em lado nenhum no fundo), não querer saber de nada, de ninguém, de nunca.
É não querer ser, esperar, ficar, agir, correr, parar, dormir, acordar. É no fundo não querer nada a não ser que isto passe e, já agora, depressinha sim?"

10.06.2007

No feriado

fui à Estufa Fria ver isto.
Sábado vejo-me obrigada ao IKEA (ter só 3 cadeiras em casa não faz maravilhas pela nossa vida social, é um facto).
O ratio de pessoas giras por metro quadrado entre as duas coisas é perfeitamente desproporcionado. A mesma coisa posso dizer se comparar a World Press Photo com qualquer ida ao supermercado e até mesmo a coisa-um-bocadinho-medíocre-do-Berardo com qualquer praia da Linha num fim-de-semana de Verão. Tenho meditado um bocadinho nisto e a conclusão que retiro é: a cultura embeleza. Com um bocado de sorte é capaz de emagrecer também.
Esqueçam as plásticas, as dietas, a maquilhagem.
Esqueçam o Colombo, o Lux ao fim-de-semana, a Fnac, as sessões de cinema da meia-noite.
Querem ver homens giros? Enfiem-se dentro de um museu.

10.05.2007

Posso repostar?

posso, afinal esta coisa é minha (plo menos até alguém a flagar).

"Em alguns raros momentos de (i)lucidez passa-me pela cabeça que os homens, coitados, têm mesmo uma vida de duras tarefas. Para além de terem que se mostrar uns aos outros extremamente machos, saber de cor o nome de uns 30 ou mais jogadores de futebol (sendo que alguns, oriundos de países longínquos são bem difíceis de pronunciar, quanto mais de decorar), gabarem-se de conquistas (o que na maioria das vezes os obriga a esforços notórios de imaginação e auto-convencimento), manterem tesão mesmo quando estão cheios de problemas (ou alcool), e ainda terem que, para conquistar uma mulher, conseguir manter uma conversa com espécimens femininos que na maioria das vezes lhes demonstra o maior dos desprezos (ainda que fingido e fazendo parte do jogo).
Ao pé disto, as depilações a cera quente umas vezes ao ano e os cremes espalhados duas vezes por dia na cara para manter a pele "jovem" parecem brincadeira de criança.

Uma das coisas mais injustas para eles são os piropos: a maioria das mulheres gosta de receber piropos mas não sob a forma de tiradas pirosas do tipo "magoaste-te muito quando caíste do céu?" e outras que tais, já ouvidas e reouvidas.
Os únicos piropos aceitáveis são aqueles que nunca ouvimos antes ou seja, podemos fingir que acreditamos que aquele foi mesmo inventado para nós e não papagueado 300 vezes antes (e mesmo assim muitas vezes vamos torcer o nariz e fingir que ignoramos, it's all part of the game).

O último que ouvi assim (homens aprendam que eu não duro sempre) foi numa discoteca apinhada, horas avançadas da noite, já no momento do engate puro e duro, um puto com uns bons 10 anos a menos do que eu: "Tens planos para os próximos 20 anos?".
Ainda rendeu umas boas gargalhadas, especialmente no dia seguinte ao fazer a revisão da noite (claro que a ele não lhe rendeu grande coisa).
E ainda teve sorte de só levar com as gargalhadas, porque a resposta da minha miúda pré-pré-pré-pré adolescente seria, segundo ela, "Sim, ser avó, por exemplo!"."

10.04.2007

Hoje descobri

que o padre da minha paróquia tem o sugestivo nome "Cónego José Traquina".

Não sei muito bem o que pensar disto.

A ver se me faço entender melhor

o que eu queria dizer era que, se já quando não há dúvidas as coisas correm tão mal tantas vezes, quando as há então é quase fatal. Não só porque todas as dúvidas têm razão de existir (mesmo sem fundamento) mas porque causam sempre uma espécie de envenenamento daquilo com o qual se relacionam.

Infelizmente a maioria dos erros não os conseguimos evitar com a experiência dos outros (era tão bom que assim fosse).

10.03.2007

Na Pública

desta semana (porque raio leio sempre as revistas e os jornais com atraso?), magnífica reportagem sobre o parque da Gorongosa, com testemunhos directos da minha amiga (que faz lá voluntariado).

Instinto

segundo Darwin, seremos os herdeiros daqueles que se reproduziram mais, ou seja daqueles que acreditaram que não poderiam viver sozinhos e precisavam de uma alma gémea para se completarem. Pesada carga genética carregamos em nós e tão visível é, bastando olhar em volta. A maioria das relações que vejo não passam de duas solidões juntas (o que não deixa de ser uma razão legítima) mas mais tarde ou mais cedo isso fica mesmo patente a olho nu.

10.01.2007

Às vezes penso que se escrever

sem parar sobre qualquer coisa que não me apetece carregar comigo ela eventualmente se soltará, como uma dor gritada, passa a doer menos, como uma dor chorada.
Outras vezes parece que não.

Mais um

muito bom.

Ainda não,

afinal.
Eu que não acredito no destino só gostaria de poder inverter esse minuto em que fui. Poderia ter ido noutro dia qualquer, noutra hora, mas não, tinha que ter ido nessa.
Eu que não acredito em destino só queria mudar esse pequeno, ínfimo pormenor.

Agora pondero ir para aqui, para fugir à questão. Sabendo o que isso pode significar. Que a paz tem que ter um custo alto, sim, ou não será verdadeiramente paz.

9.30.2007

A propósito do post anterior,

lembrei-me de uma história da qual não me lembrava há anos, a da minha filiação na JS.

Teria os meus 15 anos quando um amigo meu, filiado na JS, concorrendo à presidência da Associação de Estudantes do nosso liceu, me pediu, entre as muitas assinaturas que ía pedindo dia-a-dia: "assina aí para a lista, sff". Estupidamente assinei, como sempre fazia, e qual não é o meu espanto (horror e vómito) quando passado uns dias ou semanas recebo em casa um cartão da JS com, imagine-se, o meu nome inscrito.
Meia passada com a coisa andei uns tempos atrás desse meu amigo para que tratasse da situação e ele a evitar-me.
Um dia encontra-me à saída da Mexicana e dá-me um sermão, não tinha gostado da carta que eu tinha enviado ao António José Seguro (na altura o presidente da Jota Esse) explicando os métodos de recrutamento pouco ortodoxos dos seus partidários e exigindo o meu desvinculamento imediato da coisa. Ao que parece o presidente ter-lhe-ia dado uma enorme descompustura e talvez ele tenha visto o seu futuro partidário a ir por água abaixo.
Virei-lhe costas com um singelo "rapaz, depois de andar 3 meses a pedir-te que tratasses da situação e sem obter resultados, era isso ou uma carta para a tua mãe".

Hoje em dia seria piada, a forma como na altura o meu pânico estava intimamente ligado a que um dia pudesse querer fazer carreira na política e ter algures estado associada ao PS.
Ou talvez não tenha assim tanta piada se considerar que a Teresa Caeiro foi nomeada Secretária de Estado da Defesa (cargo que acabou por não exercer) por ser filha e neta de oficiais de marinha.
Ora eu, sendo filha, neta, bisneta, sobrinha-neta e trisneta de oficiais das forças armadas teria potencial para chegar a ministra, quiçá não fosse a cartinha ao António José Seguro.

9.29.2007

Sulista eltista

fico feliz por não me ter filiado nesse partido quando, há 16 anos atrás, me enfiavam diariamente propostas de filiação debaixo do nariz. Poupo-me ao trabalho de me desfiliar hoje.

(obviamente não será apenas por o senhor ser do Norte).

9.28.2007

Numa loja de chineses,

esse metaverso onde se encontra tudo o que não é preciso e nunca se encontra o que precisamos (a minha irmã uma vez comprou uns dados de peluche para o carro do namorado), vasculhando à procura de sacos de pano necessários para a escola dele (necessidade que seria facilmente suprida não fosse a minha proverbial falta de talento para a costura), descubro um objecto absolutamente extraordinário: uma capa para a máquina de lavar. Será para não terem frio? Já estará patenteado?

Os meus filhos

são tão, mas tão cultos que dormem sempre com livros na cama.

Ah sim

também acho. Chamar àquilo sentido de Estado (é assim, é com as duas maíusculas, com as duas minúsculas?) é um exagero, quanto muito seria sense of self (não tem tradução em português, tem?)

Ao homem da minha vida

Eu sei que daqui a uns tempos não me vou lembrar nem de metade disto. Dos teus dedos a enrolarem o cabelo enquanto chuchas. Dos teus beijos, muitos, tantos ("eu pumeto que agora vai ser sem língua, mãe").
Eu sei que não falta muito para entrecortares as nossas conversas com muitos dahhs, para achares que a mãe é velha ("a mãe não é vela, é nova") e uma seca e que talvez nessas alturas eu também já tenha esquecido o cheiro dos teus cabelos na minha cara, do calor dos teus braços no meu pescoço quando te pego ao colo ("ai, não aguento, tou cansado").
Eu sei que algum dia, não muito distante, não quererás que eu te leve à escola, que te vá buscar ou mesmo passear comigo na rua ("mãe, eu quero ficar contigo sempe, sempe") e espero conseguir recordar-me que algures ao longo do nosso tempo as coisas foram muito diferentes.
Eu sei que haverão discussões entre nós em que nos esqueceremos de todas estas coisas ("mãe, eu adóu-te, a ti e à mana") e que estes tempos, do difícil que são fisicamente, vão parecer tempos maravilhosos e cor de rosa e em que era tão fácil lidar contigo.
No meio da minha péssima, fraquíssima memória, espero pelo menos lembrar-me de onde guardei estes textos (se me lembrar algum dia de o fazer)

9.27.2007

Espera, é mesmo isto

quando for grande quero ser "deputada eleita pelo círculo do Resto do Mundo".

Ah, mas Lisboa



é outra cidade tão e tão diferente.

Muito, muito boa a revista. Os cronistas são tão pragmáticos que poderiam mesmo escrever neste blog.

Prémio virtual a quem adivinhar o nome da ovelha.

faltas

ou de como o tempo consegue dourar até as coisas mais obscuras.
Há umas duas semanas que não vou à praia (seria impensável lá) e hoje fiquei com vontade de comer uma francesinha no Capa Negra (coisa que, em 3 anos no Porto fiz umas duas vezes, mas enfim).

9.26.2007

Hoje

almocei com uma amiga. Gostei muito.
Porque as amizades afinem-se (de afinidade) e depois afinam-se, com o tempo.
Claro que (como sempre) falei demais e deixei falar de menos.
Para a próxima estarei melhorada, prometo.

Nem era tanto assim, já desconfiava.
Que tudo passa, como uma onda (mesmo aquelas grandes, os tsunamis, também eles passam e acabam numa espuminha que vem morrer aos nossos pés). O tempo faz com que todas as memórias se esbatam em tons pasteis, eu nunca gostei de tons pasteis, de coisas mornas a morrer aos nossos pés. Aquilo que contigo aprendi, porém, era isso que gostava de guardar em mim, a paz, a calma, a memória do que nunca poderíamos ter (nunca vou saber se quererias ter, e parece-me mesmo que nem tu saberás) e do que isso provocou em mim nesses dias em que escrevi o texto.
E nem mesmo isso sei se consigo. As coisas à minha volta, palavras, pessoas, imagens, tudo isso me afasta dessa sensação por muito que me esforce para a guardar. A normalidade, por oposição à santidade é sempre um apelo demasiado forte. Ou sou eu tão demasiado normal, real, carnal que não me consigo aproximar dessa sensação do que por mais do que uns momentos.

Originalidade

vou ser a única blogger portuguesa a não fazer um post sobre o Weeds esta semana (ou este já se pode considerar?)

A propósito (de nada) tenho google reader e bloglines e nunca, mas nunca coincidem no numero de feeds. E onde é que esconderam o botão "mark all read" no google?

Hoje é quarta, certo?

então contribuo para o movimento:



Julian McMahon, da melhor série de televisão actual.

9.25.2007

Comer

uma pastilha sem açúcar é um bocado como ouvir uma piada seca, a única sensação que transmite é o sabor a fracasso.

Note to self:

treinar um "que bom!" verdadeiramente entusiástico para quando alguém me anunciar a sua primeira gravidez. O sorriso amarelo e o "nem imaginas no que te vais meter" entredentes não causam nos outros uma boa impressão minha.

Não sei o que faça

Detesto o you tube. Não publico coisas dessas, não as abro nos blogs dos outros, aquilo irrita-me, não consigo ter paciência para ver um inteiro, os tempos de carregamento da coisa desesperam-me.
Nisto sinto-me completamente só na blogosfera, duvido que alguém partilhe desta minha incapacidade.

9.24.2007

Sono

enxoto-o como às moscas num almoço de verão. A lembrar-me das moscas num almoço de há pouco tempo, o calor, moscas às dezenas e de repente todas a poisarem num peixe meio abandonado, quase propositadamente depositado para ser o chamariz das moscas, de fartos que estávamos das enxotar.
O meu sono, não faço ideia de quantas horas ou minutos dormidos a menos porque há muito que não tenho relógios em casa, enxoto-o diariamente, perseverantemente, desde que acordo até que me deito e sem grande sucesso. É feito das noites sucessivas de vómitos dos meus filhos, das muitas chamadas nocturnas, dos muitos acordares sucessivos, das muitas manhãs de fim de semana a acordar cedo.
Incomoda-me, distrai-me, abstrai-me, domina-me, como as moscas meias zonzas em cima do peixe (ali deixado para ser mordido por elas) e não só não consigo formular um pensamento em condições como também não escrevo nada de jeito.
Perdoem-me então, é do sono.

Comida virtual

aqui.

Nós

-Mas quantos carros tem?

-São uns 5.

-Quem deu esses carros todos?

-Foi a avó M., eu quia aquela pista, então negociámos.

Ouvido no café:

ele: Então vá, paga já a cena.

ela: Não é a cena, é o comer.

9.22.2007

Do futebol

prometi, não foi? (não tencionava cumprir, mas aconteceu).

Eu não gosto de futebol. Nem é não gostar, é daquelas coisas que me passam perfeitamente ao lado, perto dos ranchos folclóricos, das novelas da tvi, das revistas cor-de-rosa, dos livros da Margarida Rebelo Pinto: sei que existem, faço uma ideia do que são, compreendo que existam pessoas que se interessem por estas coisas, mas não me peçam para as ver ou ler, não consigo, não despertam em mim ponta de interesse, dão-me sono, fazem-me desligar e a minha mente vai divagando sobre todos os outros assuntos.
O meu conhecimento sobre jogadores de futebol não vai além do Figo, Eusébio, Cristiano Ronaldo e Beckham mas se me perguntarem onde joga cada um deles (se é que ainda jogam em algum lado) sinceramente não vou conseguir responder.

Ainda assim, e meramente por herança genética, simpatizo com o Sporting e sinto uma pequena aversão visceral ao Benfica. Pode até estar relacionada com as cores da coisa, aquele encarnado por todo o lado não me parece minimamente promissor, lembro-me que o meu pai não consegue comer alimentos de cor vermelha, poderá ser algum desses genes em mim.
Pois bem, nunca tendo passado, no estádio do Sporting, do centro comercial da coisa, em duas semanas consegui ir ao estádio do Benfica por duas vezes já. E parece-me que vou lá voltar 3 vezes por semana a partir de agora.

Descobri entretanto que chamam à coisa "catedral". Talvez haja uma explicação científica para isso, mas a mim parece-me que deve ter sido nome dado por aqueles cromos que andam para lá mascarados de jogadores (pessoas com mais de 10 anos com equipamento de um clube de futebol, please...) e que imaginam que aquela águia seja uma representação de Deus (certamente possuem oratórios daquilo a em casa e uma réplica em tamanho menor pendurada sobre a cama, à laia de protecção).

9.21.2007

Parabéns

ao Pedro, dois anos de blog.
Só não concordo de todo com isto.

Vícios

Não contente com o facto de ter passado as noites em branco a vomitar desde 6ª, o meu aspirante a actor conseguiu cometer a proeza de perder todas as chuchas. Mais uma noite maravilhosa e uma manhã intensa entre muitos "ai, eu não aguento sem chucha!" e pontapés à irmã (da ressaca) pelo menos até às 9 da manhã, quando a farmácia abriu. A capacidade dramática desta criança é impressionante, se o deixo na escola 2 horas, quando chego "a escola foi horrível mãe, tive tantas saudades tuas!", se anda mais do que da porta para o carro ou do carro para a porta "ai, eu não aguento mais, estou cansado, pega-me ao colo", se vai a uma consulta "este médico é óptimo, mãe, o outro era uma seca!".
Permito-lhe todos os vícios, do biberon à chucha para evitar os dramas para os quais me falta tanta paciência, e depois penso, se há homens feitos que se debatem com vícios, porque não há-de ele aos três anos os ter?

9.19.2007

Será possível

descobrir alguém pela maneira de escrever, pelas palavras que escolhe publicar, a maneira como conjuga frases e tempos verbais, pela cor das fotografias com que ilustra os posts, ou a forma como pontua?
Quando começamos a ler as palavras dos outros, aqui ou em livros, revistas, jornais, ser-nos-á possível não imaginar o estado de espírito de quem escolheu aquelas e não outras palavras?
E ao fim de certo tempo de lermos alguém, conheceremos mais intimamente esse alguém do que alguns seus amigos pessoais?
E quando já conhecemos quem de facto escreveu e lhe adivinhamos o tom, a intenção, o não-escrito por entre o escrito?

Ao fim de certo tempo de andar aqui, de conhecer pessoas que aqui andam também, é exercício inevitável. Sabemos que quem escreve iradamente será provavelmente magro, novo, de cabelo liso e curto, gestos enérgicos.
Que a textos longos e nostálgicos pertencerão a uma senhora de certa idade, cabelos ondulados, riso fácil.
Que quem se prolonga infindavelmente por temas políticos será certamente um advogado bem instalado, barriga proeminente, gravata em tons de azul e carrinha com dois bancos de criança atrás.
Mas acima de tudo sabemos que estes clichés só muito raramente se aplicam na vida real.

9.18.2007

Por vezes

quando escrevo posts como este, imagino que algumas pessoas possam lê-lo e, vaidosamente, imaginar que se refere a elas. Se algures no tempo hesitei em publicá-los por causa disto, rapidamente esta hesitação se transformou num encolher de ombros, que responsabilidade tenho sobre a imaginação dos outros?
Ainda bem para eles, se pensarem, ficam mais contentinhos da vida.
Certeza, certeza, tenho de que a pessoa a quem são dirigidos não o lerá e que, caso o fizesse, não imaginaria que seriam para ele. Isto sim me dá vontade de pontapear qualquer coisa pelo caminho.

Tenho net finalmente

e roubo uns minutos entre as slices, as provas reais e a loiça para escrever isto. Não que isto, este post, seja importante, ou belo ou maravilhoso por aí além. Não que escrever sobre fantasmas seja original ou vá mudar a vida a alguém que o leia ou mesmo que o escreva. É só saudades de escrever, talvez.

Enquanto vivi fora havia, associada a estar fora, uma espécie de anonimato que, se por vezes me pareceu brutalmente cru e frio, outras vezes trazia consigo a calma que só o anonimato pode trazer. Essa maneira de começar de novo, sem trazer atrás de si nenhuma história, nenhum fio pendurado. Fora, eu que sou normalmente uma pessoa intimidante e não propriamente afável no trato, poderia tornar-me amorosa, dessas pessoas de quem toda a gente gosta e quer estar perto. Poderia, não fosse dar-se o facto de eu não saber ter outro eu que não o meu, assim não propriamente afável no trato.
Voltei há uns meses, sem me lembrar da quantidade de coisas que afinal tinha deixado para trás. Eram mais do que imaginava, são sempre mais, suponho.
Era escusado era aparecerem-me todas ao mesmo tempo.

9.16.2007

SEO*

Agora se durante os próximos meses eu só fizer posts sobre futebol, a Maddie, sexo, mulheres nuas, Benfica, Sccolari, terei o blog mais visto do mundo?



*Search Engine Optimization, ferramenta de marketing para optimizar as buscas num site.

9.12.2007

Porque hoje

falei com um amigo de outros tempos, sendo que os outros tempos seriam mais outros locais, mas aqui tempos e locais confundem-se, a vida passa à velocidade da luz e um mês é um ano em vida de blogosfera, sobre isto sei que já escrevi. Mas escrevo este post que pertence afinal lá, e lá daria azo a discussões várias, a risos (meus muitos certamente), numa espécie de revivalismo.

Uma mulher que goste de si própria não admite faltas de educação, faltas de respeito, falta de piada, desinteresse, falta de cultura, falta de higiene, falta de esforço.
Uma mulher que se adore é por isso completamente inacessível.

9.10.2007

Pois

minha querida, acho que sim, que existem pessoas assim que nos ligam os botões todos. Mas se falas de homens, e contemplando a minha fase "bem podem morrer a tentar antes que consigam sequer ligar um único botão", nem imaginas a paz interior que se ganha sem isso.

9.08.2007

To be or not to be

a criança mais nova vai de caixa craniana na mão para a escola. Porque do que ele gosta mesmo é do "cébero e do encéfalo".

9.06.2007

Enquanto a saudade

se dissipa nesses pequenos gestos indiferentes e diários, no barrar da manteiga no pão, no apanhar a roupa, no pegar nele ao colo porque chora, no atender do telefone. Enquanto isso, sei que não te vou esquecer nunca.
E não apenas porque não posso, mas até mesmo porque não quero.
E agora sim, é a primeira vez que tal acontece.

Muitas vezes

à beira desse precipício fundo onde jazi durante meses ainda não há muito tempo, nessas vezes, oiço por dentro "nunca Deus dá a cruz maior que as costas". Em simultâneo com a voz do meu professor de arquitectura do segundo ano (o arquitecto Nuno Mateus), quando eu protestava por ele me ter mandado reproduzir uma casa do Rem Koolhaas em inúmeras maquetes e plantas, "dou o trabalho conforme a capacidade o aluno". Olhei para a minha colega que ficou com o pavilhão de Barcelona e senti-me de alguma forma recompensada.

9.05.2007

Do mais novo

diz as coisas mais incríveis, muito próprio dos seus 3 anos.

-mãe, o outo pai tá a ficar velo.
-Outro pai? Mas quantos pais é que o menino tem?
-dois.
-dois? Quem são?
-o pai e o avô.
-E qual é que está a ficar velho?
-o pai.

Hoje, 1 ano de blog

1 ano de vida escrita aqui. Ou parte dela pelo menos.

Aprendemos muito neste ano (eu e o meu blog). Tanto, tanto (eu, um pouco por intermédio dele) que agora só temo já não ir a tempo de corrigir todos os erros anteriores.

9.04.2007

E também

das coisas que escrevo, nada é aquilo que quero dizer. Das coisas que digo também não.
Grito-me toda por dentro mas calo-me para fora, que nada do que quero dizer é passível de ser ouvido por outros.

Desde que voltei de férias

que não consigo escrever nada de jeito. As palavras saem-me atabalhoadas, pouco claras. Nada faz sentido, pareço gaga no papel (como se chama a gaguez da escrita? Existe termo para isso?), deve ser da confusão geral em que me encontro.

Existirá alguém que não tenha

medo de envelhecer? E desse medo, o que mais tememos? A morte? A degradação do corpo? A aniquilação do espírito? A solidão?

Digo já que medo, medo tenho de ir perdendo, uma a uma, todas as minhas capacidades físicas mantendo as da mente intactas. Deve ser um bocado como fazer uma operação de coração aberto com anestesia local, protagonizar um espectáculo triste sem saber sequer quando aparece o final.

9.03.2007

Eu que

pinto as unhas e as arranjo (pés e mãos), tenho voz fina (não fininha, normal), cabelo comprido, só uso sapatos com salto e bikinis na praia. Eu que sempre achei que era muito normalzinha, pronto, sem grande pachorra para certas coisas como comédias românticas e musiquinhas da Celine Dion, mas de resto passo horas a falar de cabeleireiros e consigo manter uma conversa sobre roupa. Por isso custa-me um bocado a entender quando me dizem, duas pessoas diferentes já esta semana, que tenho feitio de homem.

9.01.2007

A coisa (III)

Depois destas duas coisas, tinha que vir a terceira (ou não, mas vá).

De vez em quando acontecem, essas coisas. Sem razão aparente, talvez, como disse a Margarida, elas sejam um propósito em si mesmas.
Ao fim de um certo tempo habituámo-nos a viver com ela e não há já sequer uma ponta de angústia ligada à coisa. Ela é.
Assim como é, perfeita, intocável, imutável. É assim porque não vive na realidade, existe apenas como uma metáfora, num mundo paralelo ao real e só aí ela pode ser como é, ideal. Um dia trazida à luz, efectivada, ela tornar-se-ia banal, corrompida, cheia de pequenos buracos como o são todas as coisas. Assim como está, imaginária, não causa angústias e também não traz grandes alegrias, é um facto. Mas assim foi ela desde sempre, assim concebida e, se algures no passado isso me enraiveceu, entristeceu, agora só me causa alegrias.
Bendito o dia em que até as coisas que não posso ter me causam alegria.

PS: Durante o tempo que mediou o ter escrito o post (no bloquinho) e a tê-lo publicado aqui (hoje), a coisa, sem que eu sobre ela tivesse qualquer espécie de controlo, virou-se, transmutou-se, transferiu-se para outra coisa. Em tudo semelhante. Em tudo diferente. Ainda assim o post manteve-se válido, em tudo absolutamente igual, talvez as minhas palavras sirvam afinal todas as coisas e as submetam ao que escrevo. Ou então são as coisas que me aparecem sob estas formas como que a indicar-me algo, nada de muito místico, apenas o caminho natural a seguir que tantas e tantas vezes pedi a Deus para me indicar.

Adenda: afinal é mesmo a quarta vez que falo na coisa

8.16.2007

8.12.2007

Olha!

Lembrei-me agora (eu que nunca me lembro dos sonhos que tenho), esta noite sonhei que era lésbica (mais não conto).

8.11.2007

O post sério

A menos de um mês de fazer um ano de blog. A menos de 1 mês de fazer 3 anos de blogosfera.
Debato-me menos com esta questão e mais com outras.
Em Janeiro esta minha amiga esteve em minha casa, foi a última vez que a vi. Vive ela agora noutro continente e eu noutra cidade e raramente falamos. Isto porque tudo o que seja comunicação virtual (mails, msn, blogs, chats) é muito estranho para ela, não gosta e causa-lhe uma enorme confusão. Será então de prever que, tendo passado ela uma semana em minha casa no auge desta minha febre, as nossas conversas tenham passado muito por este tema. Suponho que a verdade (se é que tal existe) esteja aí no meio das nossas opiniões: para ela estas formas de comunicação são apenas maneiras de evitar o encontro real, contribuindo em absoluto para um futuro em que as pessoas perderam já a capacidade de interacção pessoal e se limitam a comunicar usando interfaces.
Para mim era excelente (devo dizer que nem nunca tinha entrado numa sala de chat e nutria/nutro mesmo grande desconfiança pelas mesmas), algo que nunca substituiria nada e que servia para quando era impossível a tal interacção pessoal.
Estando dentro das coisas torna-se impossível olhar com distância que permita isenção na análise destas coisas.
Mas, é um facto que nos 11 anos de generation gap entre mim e a minha irmã, eu saía de casa todos os dias para ir ao café com os meus amigos e ela fica sentada em frente do computador a falar com os dela. É um facto que a interacção pessoal é infinitamente mais rica do que qualquer outra (e tive das conversas mais profundas da minha vida no msn e no sl, mas todas as minhas memórias provêem de momentos que se passaram mesmo, ainda que seja com as mesmíssimas pessoas). Mas também é um facto que muitas vezes não a podemos ter e por isso, mais vale ter outras formas de comunicação do que nenhumas. O problema existe (e existe sempre) quando ficamos tão habituados a estas formas alternativas que as preferimos às não-alternativas (por preguiça, por facilitismo), aí dou razão à minha amiga (mas baixinho, que sei que ela não lê blogs).

8.10.2007

Deixo crescer

ainda mais o cabelo, a ver se pesa.
Isto para que ninguém repare que não consigo manter-me acima dos 47kg (funcionará?).

Sim mãe, a mãe tinha razão ("estás mais magra outra vez").

8.08.2007

Agora

dei em politicamente correcta e só comento a dizer mal depois de alguém o fazer, assim naquela "também acho", de resto, guardo para mim.

8.06.2007

Do divórcio

Dividem-se as casas, as coisas, as fotos, as memórias, os filhos.

Como se dividem os filhos? Em saudades quando saem de férias para só voltarem daí a 15 dias.

Em períodos de telefone em que nos despacham. Em "estamos tão bem aqui" e ainda bem que não precisam da mãe, mas, temos pena, a mãe precisa de vocês.

Na verdade não somos mais do que as pessoas que tomam conta deles durante uns tempos, para eles.
Na verdade pois ainda bem que estão bem onde estiverem, claro.
Na verdade podiam só sentir um bocadinho a falta da mãe, e não precisava de ser essa dor surda que a mãe sente quando descobre uns calções debaixo de uma cama ou um desenho que nunca tinha visto escondido num fundo de uma mala, era um bocadinho só.

Dividimos tudo que afinal é nada quando o dividir é partir em dois o já tão pouco tempo que eles no fundo vão querer passar connosco.

8.05.2007

Eu gostei muito deste texto

e mesmo correndo o enorme risco de ser mal interpretada, vou deixá-lo aqui:

"Deveremos tratar amorosamente o desamor, o desmame de um afecto. Cuidadosamente, como se fosse um vestido de cebola. O luto, o tirar e pôr a pele de lagarto, o retratarmo-nos, o sermos longe, distância, ontem o Pedro perguntava-me se as coisas que estavam muito longe eram muito pequeninas, viemos a filosofar pelo comboio, não, não são pequenas, apenas estão longe e a distância faz isso ao tamanho das coisas, das pessoas, torna-as pequenas, pontos na paisagem, lembro-me que sempre que uma antiga namorada me contava, ou eu vinha a saber, que ela tinha reconstituído a sua vida, o seu afecto, passava por mim uma suave sensação de desconforto, uma angústia, um simulacro de dor. E nada mudava com as circunstâncias. Não interessava nada se era eu ou ela que tinha terminado a relação. Não há protagonistas na dor de corno, no luto de um afecto. Lembro-me dos meus brinquedos que tinha deixado de usar, de lhes dar vida. Se íam parar á mão de um irmão logo eu descobria que ainda eram meus, que ainda queria fazer imensas coisas com eles, reinventá-los em mim. Não que as pessoas sejam construções de lego, ursos de peluche, carros de polícia, actions men's. Só que o facto de as amarmos como antes amámos as coisas, os brinquedos, desmonta-nos a nós em peças de amar, de odiar, de enciumar, de alindar. Não me importo com a minha dor de corno. Até lhe acho graça, penso, enquanto distraidamente coloco a sopa passada dentro dos copos de sumo. É preciso amarmos o desamor, laboriosamente descascar a cebola, rirmo-nos de nós mesmos. A poesia e a luz que irrompe das pequenas maquinetas que somos,assim nos pede."
Daqui

8.04.2007

Momento autoestima em alta

quando não me apetece ler os feeds que tenho (re)leio o meu próprio blog e fico muito contente por ter escrito aqueles posts.

8.02.2007

Pronto, era mentira

não estão todos de férias, por exemplo:

1. As pessoas que fazem a segunda circular ao mesmo tempo do que eu (praticamente nenhuma foi de férias).

2. Duas amigas giras, engraçadas, interessantes, cultas e com bom gosto que fizeram o favor de me aturar com os meus dramas existenciais ao almoço de hoje.

8.01.2007

É Agosto

tudo de férias (até os meus filhos) menos eu que estou a ter o pior mês da minha vida.

Agora assim de repente

lembrei-me que aquele Caine, o ruivo do CSI Miami atingiu o limite do suportável quando se ajoelhou ao lado de uma rapariga morta e disse "sorry".

7.30.2007

Finalmente

consegui reparar o bug do meu template!

Das conversas

com o meu (ex)marido:

Ex: Mas acabaste com ele porquê?
Eu: Olha, sei lá, provavelmente por ser ainda a mesma pessoa um bocado má que sempre fui.
Ex: Não digas isso de ti, não és assim.

Acho que ainda o elejo o meu confidente masculino, no dia que o meu amigo-um-bocado-bruto-e-somos-tão-parecidos-que-até-irrita se fartar de me aturar (não te linco porque podes não gostar).

No outro dia quis perguntar se estava tudo bem com a namorada, mas achei que não tinha nada que me meter na vida dele.

7.27.2007

Isto é assim para o histórico

embora de uma forma um bocado deprimente. A minha filha, 8 anos, teve hoje o seu primeiro desgosto de amor. Não foi bem um desgosto, foi mais talvez uma desilusão, chamar-lhe "de amor" é também poetizar, um miúdo que era par dela no baile da colónia trocou-a por outra, nada de namoros nem beijos e ele era "horroroso" nas palavras dela mas pronto é sempre chato e a mim apetecia-me era dar uns quantos sopapos na criancinha a ver se abria os olhos e pronto (mas não, não faço).

O que faz a minha filha, 8 anos saltitantes em rodas, pinos e cambalhotas? Pois tá claro que descarrega em quem dá mais jeito, no caso os paizinhos dela, ao pai desliga-lhe o telefone e manda-lhe sms ameaçadores "não me ligues mais!". A mim não me atende e responde a uma mensagem que lhe mandei a dizer que gostava dela com um " a mãe pode gostar de mim mas eu não gosto da mãe". A coisa vai.

A pior coisa de ter um blog pessoal

é no fundo não poder (ou não conseguir) muitas vezes escrever o que queremos, com medo de sermos demasiado bem entendidos ou de magoar alguém.

7.26.2007

A melhor coisa de um blog pessoal

é podermos olhar em retrospectiva para a nossa vida.

Lendo as nossas próprias palavras torna-se evidente, muito menos dourado por essa película que a nossa memória tantas vezes lhe aplica, o passado (mais ou menos recente).
Ainda agora por exemplo, acabo de descobrir que uma presença antiga foi apenas uma ausência (nada de grave porém).

7.25.2007



Um dos meus desejos secretos (agora pouco secreto) era ser assim uma matrona italiana, de formas generosas, arredondadas, voluptuosas. Coxas grossas, soutiens de copa D e afins.

Qualquer coisa que não fossem as minhas quase anorécticas formas que me obrigam a vasculhar roupa na secção infantil (enquanto finjo que estou à procura de roupa para a minha filha, coisa que aliás não deve interessar a ninguém, mas penso sempre que estou a fingir que procuro coisas para a minha filha).

As partes de baixo (calças, vá) são o drama, os modelos infantis obviamente não encaixam no meu corpo de adulta e os modelos de adulto começam a escala no número a seguir ao meu.

O que adoro

quando as pessoas justificam seja o que for com recurso à astrologia. "Sou assim porque sou gémeos", ou "já sabes que ele é assim, é capricórnio, os capricórnios são todos...(qualquer coisa)"
Ainda dou um desconto quando se trata de alguém que trabalhe num cabeleireiro, mas quando aparece (e logo numa entrevista para uma revista do Público) uma senhora educadíssima e com alguns estudos ("[...]sou do signo gémeos e embora goste muito de um ambiente hoje, se o modifico (...), adapto-me rapidamente ao novo ambiente"), falando daquilo como se fosse uma ciência exacta (não me venham com conversas que existe há milhares de anos, há milhares de anos as pessoas também achavam que os relâmpagos eram magia negra) só me dá vontade de rir.
Eu sou caranguejo, o que deve implicar que todas as pessoas deste signo achem ridícula esta obsessão colectiva com a astrologia.

Cada um é para o que nasce

que diferentes maneiras de pensar possam coexistir numa mesma pessoa, ainda que num mesmo momento e não em diferentes espaços temporais não me surpreende. Já não vejo é como maneiras estar/ser diversas possam estar presentes num mesmo corpo sem haver uma espécie de esquizofrenia.
Não vale a pena pena admirarmos alguém por ser muito racional e a seguir ficarmos muito desapontados por essa pessoa ser incapaz de deixar de o ser. São apenas faces diferentes de uma mesma moeda.
Aceitação é a palavra (não resignação, mas apenas aceitação dos diferentes papeis e graus que cada uma das pessoas que compõem a nossa vida têm nela).

7.24.2007

Foge-me

corre-me por entre os dedos, escorrega-me.
Quando assim é não há nada a fazer, só esperar sem angústia.
Que a falta dela faz-me sentir já menor, inferior, menos eu.
Mas estou convicta que voltará, mais dia, menos dia, mais hora, menos hora.
Que podem passar dias ou apenas horas mas depois aparece de novo, sem se saber muito bem de onde e vem como uma onde que se não for entornada (para aqui ou para o bloco) certamente me submergirá.
Por agora limito-me a esperá-la.

pessoas com extremo bom gosto